quarta-feira, abril 15, 2009

ILIMAR FRANCO

O enigma Serra

Panorama Político
O Globo - 15/04/2009
 

O que se diz é que o governador José Serra está obcecado para concorrer à Presidência da República e que não aceita prévias no PSDB para escolher o candidato. O que ele afirmou à coluna é o contrário: 1. “Você pode não acreditar. Mas para mim não há uma decisão 100% tomada de ser candidato à Presidência.

 

Tem um ano pela frente”; 2.“Nunca houve de minha parte nenhum problema em relação à prévia. Se for necessário, se for o caso, se não houver consenso, se faz a consulta. Mas isso é coisa para bem mais adiante”.

 

Ele pode optar pela reeleição

 

Determinado a deixar portas abertas, Serra também fez questão de elogiar seu adversário no PSDB, o governador Aécio Neves: "O Aécio tem todos os títulos para ser candidato, alta aprovação, experiência, oito anos de mandato".

 

Serra aposta moderadamente nos dividendos eleitorais da crise: "Neste ano a contração já está dada. O crescimento real será negativo.

 

Mas não acho que no ano da eleição vamos estar no pior momento". Serra afirma que o Brasil vive uma crise de crédito e não poupa o Banco Central: "O nosso calcanhar de aquiles é a política monetária".

 

Sobre o futuro, Serra avalia que tudo depende "da medida em que a economia americana vai reagir".

 

Não tenho nenhuma saudade do Congresso. É um escândalo atrás do outro” — Sebastião Madeira, exdeputado federal (PSDB) e prefeito de Imperatriz (MA)

 

OS RADICAIS DO CAMPO. Em maio de 1998, o dirigente do MST, João Pedro Stédile, chocou o país ao declarar num seminário na Áustria: “Não venham para o Brasil, porque vocês vão perder dinheiro”. Dez anos depois, numa entrevista à “Folha de S.Paulo”, a ex-dirigente da UDR e presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), disse que tem orientado seus associados a investirem menos na produção. Katia afirmou: “Não quero pregar o terror, mas é preciso cautela”. Será que eles são iguais?

 

Vulnerável Como a capacidade de armazenar dados do e-mail da Câmara é pequena, a Consultoria de Orçamento guarda planilhas e documentos sigilosos em caixas de correio pessoais, de provedores gratuitos, que não são tão seguros.

 

Céu de brigadeiro O secretário da Fazenda do Rio, Joaquim Levy, anda se gabando. O governo federal segurando o orçamento e o Rio descontingenciou R$ 500 milhões. “Fizemos uma espécie de Fundo Soberano e a Cedae arrecadou mais”, explica.

 

O partido do povão O diretório municipal do PSDB de São Paulo fez um recadastramento e chegou à conclusão que possui 14.947 filiados. Desses, 30% concluíram o ensino médio; 27% não informaram o grau de instrução; 24% têm o ensino superior; 14%, o ensino fundamental; 3% sabem ler e escrever e 0,34% é analfabeta. De acordo com o presidente do diretório, José Henrique Reis Lobo, isso desmente a imagem de que o PSDB é um partido elitista.

 

Dinheiro para fiscalização

 

O Ministério do Desenvolvimento Social vai liberar, nesta semana, R$ 19,9 milhões para 5.021 municípios.

 

O dinheiro é para ser usado na administração do Bolsa Família, garantindo a gestão do cadastro dos beneficiários do programa e a fiscalização da frequência escolar das crianças. Dos 5.564 municípios, apenas 543 municípios nada receberão por falta de prestação de contas.

TRABALHAR no CCBB, sede provisória da Presidência, virou uma aventura. O local tem sido alvo de ataques de abelhas. Bombeiros foram chamados e retiraram uma colmeia de lá. Três pessoas já foram atacadas.

A CGU ressalta que a participação no Conselho de Transparência Pública, para o qual o ex-ministro Waldir Pires foi indicado, não é remunerada.

O MINISTRO José Múcio (Relações Institucionais) diz que os estados foram indiretamente atendidos com a compensação do FPM. O pacote deles será acanhado.

BRASÍLIA- DF

Usineiros pedem socorro


Correio Braziliense - 15/04/2009
 

Os usineiros de Pernambuco e de Alagoas fizeram chegar à mesa da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, esta semana um pedido para criação de uma linha de crédito R$ 600 milhões. Para sensibilizar a ministra e o presidente Lula, a solicitação traz como justificativa a manutenção dos empregos até novembro, quando termina a entressafra. 

*
Para driblar as pendências que impedem os usineiros de pegar empréstimo do governo, eles propõem que o dinheiro seja depositado diretamente na conta dos empregados, com base nos valores da folha de pagamento de 2008. E o pedido tem costa quente. Estão nessa onda os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), ministros e parlamentares. Depois do prefeitos, será um dos maiores lobbies pró-socorro.


Cássio de saída

O ex-governador da Paraíba Cássio Cunha Lima (PSDB) estuda seriamente uma mudança de partido. Seus maiores aliados avaliam que o ninho tucano não foi tão solidário quanto deveria no processo que tramitou na Justiça Eleitoral e que terminou lhe custando o mandato de governador. A conversa está quente com o PTB que, por ironia do destino, não descarta seguir em 2010 ao lado do PSDB de Aécio Neves ou José Serra. 

Por pouco

O governo manobrou ontem de todo o jeito para tentar segurar a convocação do delegado Paulo Lacerda, que deporia amanha na CPI das Escutas Telefônicas. Enviou até o seu vice-líder, Ricardo Barros (PP-PR), só para cuidar dessa missão. A convocação só prosperou no Congresso porque, com a hora da votação no plenário da Câmara, o presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), suspendeu rapidamente a sessão e não houve tempo de votar os pedidos dos governistas. A convocação acabou caindo na Justiça. 

Os três tempos

Antes mesmo da reunião de ontem à noite da ministra Dilma Rousseff com a bancada do PT, um ilustre militante do partido definia assim a situação dela em relação aos petistas: “Ela já conquistou a cabeça do PT, falta o coração e as alianças. Se chegar ao coração, o partido vai para a rua com paixão. Se fizer as alianças, terá, além da paixão, outros partidos à volta”. Em tempo: o PT acredita que a bancada será esse elo. Daí, o encontro de ontem. 

 Foi como matar a fome do leão com alface. E uma folhinha de cada vez 

Do presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB-ES), referindo-se à ajuda de R$ 1 bilhão do governo aos municípios


Dormindo com o inimigo

Líderes governistas fazem malabarismos para evitar que a cobiçada relatoria setorial de infraestrutura na Comissão Mista de Orçamento acabe nas mãos do DEM. Os democratas querem emplacar o senador Efraim Morais (PB), que perdeu a liderança da Maioria no Congresso, no posto responsável por definir a destinação dos recursos das principais obras do PAC. 

No cafezinho

 
 

Na fila/ As excelências já estão preocupadas e dizem que terão que pensar duas vezes antes de cometer alguma irregularidade nas eleições do ano que vem. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que já não dá colher de chá para ninguém, será presidido pelo ministro Joaquim Barbosa (foto) em 2010. 

Excelências FC/ A turma de deputados peladeiros da Câmara viaja na sexta-feira para Maceió, onde fará uma exibição de seus dons futebolísticos. Os 31 parlamentares do escrete enfrentarão um combinado de jornalistas da capital alagoana num amistoso na abertura da partida entre o CRB e o Corinthians de Alagoas, no domingo. 

Libera geral, Sarney!/ Calma pessoal, não é passagem aérea... É que os secretários estaduais de Administração têm reunião com o presidente do Senado, José Sarney, para pedir mudanças na Lei de Licitações. Eles querem a ampliação do pregão eletrônico. 

De volta às campanhas/ O ex-secretário-geral do DEM, Saulo Queiroz, será candidato a deputado federal por São Paulo. Vai disputar uma vaga na Câmara pela sua terra natal, Guaíra (SP), depois de ter feito política em Mato Grosso do Sul.

BRASIL S/A

Jogo de cintura

Correio Braziliense - 15/04/2009
 


Meirelles sai em defesa da atuação do BC, que coincide com o seu maior ativo político para 2010


As manifestações contundentes e frequentes do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em defesa da política monetária não devem ser confundidas com o que não parecem ser: um balde de água fria na expectativa de continuidade da distensão da taxa de juros. 

Outras razões para a sua eloquência tornam improvável que desista de seu melhor momento à frente do BC, já que está entregando juros em queda e não há ameaças relevantes à trajetória da inflação. 

Um dos dirigentes mais políticos e hábeis dos muitos que passaram pelo BC, o provável é que Meirelles esteja praticando com a maciça aparição nos últimos tempos em seminários, palestras e entrevistas à imprensa duas funções que sempre exercitou com fluência nos dois mandatos do presidente Lula: o direcionamento das expectativas dos mercados e a orientação dos espaços possíveis da política fiscal. 

Uma terceira função começa também a aparecer em suas intervenções — a explicitação do protagonismo da política monetária, portanto, de sua obra no governo Lula, “sem excessos”, ele disse dias atrás, para o sucesso da estabilidade econômica desde 2003. 

Esse é o seu ativo para voltar à carreira política, provavelmente como candidato ao governo de Goiás, pelo qual se elegeu deputado federal pelo PSDB em 2002, depois de se aposentar como executivo do Bank Boston, e renunciou para presidir o BC convidado por Lula. 

A política lhe entranhou como um desafio. Mas ele é impelido para ela também por setores do arco de partidos da base de apoio a Lula e do empresariado, e não só a banca, que o veem como moderador das incursões mais populistas, sobretudo por encarnar a força do real, ainda o grande trunfo da elevada popularidade de Lula. 

Bolsa Família, aposentadorias, salário mínimo, nada ficaria de pé se o poder aquisitivo da moeda fosse corroído pela inflação. Lula lançou a ministra Dilma Rousseff à sua sucessão como “mãe do PAC”. Meirelles poderia ser “pai do dinheiro a mais no bolso” — discurso mais eficaz, assumido integralmente por Lula na eleição de 2006. 

Havia outros meios para se obter o mesmo objetivo com menos danos ao crescimento, o que já faz da crítica à vertente monetarista do governo Lula a grande argumentação da pré-candidatura presidencial do governador José Serra. Mas de modo cada vez menos velado também a desconstrução do papel de Meirelles poderá estar nas diretrizes da candidatura de Dilma, se ela der ouvidos ao PT — e é ai que a posição futura de Meirelles no cenário político é considerada. 

Contraponto em 2010 
Meirelles poderia ser contraponto mais adiante — seja no governo de Goiás, como parlamentar ou vice de uma candidatura presidencial da base aliada — quanto ao receio de viradas abruptas da economia, exercendo influência por meio das coalizões formadas para garantir a governabilidade no Congresso. Esse é um cenário vislumbrado por apoiadores de sua candidatura, não por ele. Por ora, seu discurso vai em direção de valorizar os resultados do BC. Numa palestra em São Paulo, afirmou que o consumo interno crescia antes da crise ao ritmo de 9,3%, e o PIB, a 6,8%, a taxa anualizada do segundo para o terceiro — o que seria evidência, segundo sua lógica, de que “a política monetária não é conservadora em excesso”. 

Vacilo após a crise 
O que está lá atrás, no passado ficou, embora seja difícil negar que se o BC tivesse sido mais ágil na calibragem dos juros o tombo da economia depois de setembro talvez fosse menor. Ele também não usou sua credibilidade para manter elevado o astral, já que sempre foi visto como o mais destacado personagem da política econômica do governo Lula. Nessa função, a oposição externa e a insatisfação do PT — que ganhou força com a substituição de Antonio Palocci por Guido Mantega no Ministério da Fazenda — nunca o ameaçaram. 

O BC, porém, perdeu tempo ao esperar até janeiro para começar a tosquiar a Selic, temendo uma pressão de demanda já cadente. 

Habilidade com Lula 
O que mais se valoriza na atuação de Meirelles, no entanto, foi ter conseguido conciliar a mão aberta de Lula no plano fiscal com a mão fechada do monetarismo. Lula fez o que queria, sem ameaçar a inflação, apesar do contrapeso do arrocho dos juros. Mas a dívida pública desinchou. E a própria apreciação do real não derrubou as exportações, graças à febre externa. Tudo deu mais ou menos certo. 

A crise acabou com esse idílio, exigindo de Meirelles muito jogo de cintura para defender a lógica do BC. E sua carreira política. 

Futuros interligados 
Tanto quanto a força de Lula para influenciar a sucessão o futuro político de Meirelles depende da volta da economia ao crescimento e de menos juros. Isso está posto, se superar ajustes finos, como da remuneração da caderneta de poupança, tema que ele já atiçou. 

O foco sobre o crédito, ainda caro e escasso, foi de algum jeito desviado para os bancos públicos, depois que ele mesmo lançou ao fogo a questão dos spreads cobrados pelo Banco do Brasil e a CEF. O desfecho agradou a Mantega, que pode trocar o presidente do BB por outro mais afinado com ele, e aliviou a pressão sobre o BC. A prática da política monetária não é questão apenas técnica...

DOIS IDIOTAS


ANCELMO GOIS

Dilma do quê?


O Globo - 15/04/2009
 

No encontro de ontem com Lula, no Copacabana Palace, o vice Pezão contou que um eleitor do interior o avisou: — O nome dela eu não sei pronunciar. Mas eu vou votar na mulher do Lula.

Deixa pra depois...

No mesmo encontro, Lula pediu a Sérgio Cabral para convencer a Portela a desistir do enredo sobre ele: — Sou grato por lembrarem meu nome. Mas acho que, enquanto eu for presidente, não faz sentido.

Luz no fim do túnel

A Quattor, gigante petroquímica formada pela Petrobras e pela Unipar, está operando com 90% de sua capacidade.

No auge da crise, em dezembro, o grupo operava com 50% de capacidade ociosa.

Luz que segue...

A ponte aérea Rio-São Paulo, que costuma ser usada como termômetro da economia, está crescendo uns 7% em abril, em relação a março.

Marketing pronto

Roseana Sarney, que pode assumir o governo maranhense amanhã no lugar de Jackson Lago, já tem slogan pronto.

Será “Maranhão: o trabalho está de volta”.

Faz sentido...

Por falar em slogan, circula na internet que o delegado Protógenes vai usar (que maldade) o seguinte mote em sua campanha em 2010, pelo PSOL: “O deputado que te escuta”.

Felizes para sempre

Está cada vez mais próximo um acordo entre a Vale (Roger Agnelli) e a CSN (Benjamin Steinbruch).

Casa de ferreiro

Ontem, vários telefones estavam mudos na sede do Ministério das Comunicações, em Brasília.

O modelo é o cara

Lula será clicado para um ensaio pelas lentes do superfotógrafo Walter Firmo.

Cine BNDES

O BNDES divulga segunda agora seu edital de fomento ao cinema em 2009. O banco vai repartir R$ 12 milhões entre 15 filmes de ficção. Outros dez documentários ratearão R$ 2 milhões.

INFORME JB

Presidente cedeu ao lobby do vice


Jornal do Brasil - 15/04/2009
 

A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de estender a municípios pequenos – com população até de 5 mil habitantes – o novo plano habitacional, segundo decreto publicado ontem, teve forte participação do vice José Alencar (foto). Aconteceu que, pressionado por prefeitos do interior e deputados federais, principalmente de Minas, Alencar foi a Lula e lembrou que os pequenos municípios correspondem a nada menos que 46% da população nacional. Fatores sociais pesaram, como a lembrança de que os bolsões de pobreza nas capitais são fomentados por gente que abandona as essas cidades – muitas delas não são contempladas com programas federais. Quem comemorou foi o deputado Luiz Fernando Faria (PP-MG), de Santos Dumont. Esteve com Alencar semana passada para cobrar isso. E não só ele.

Anúncio

Na segunda-feira à noite, o anúncio da contemplação maior do programa habitacional foi feito pelo ministro das Cidades, Marcio Fortes. Onde estava? Em Minas, claro. Em Ipatinga.

País mineiro

Não por acaso, o lobby da bancada mineira tem lógica. O estado tem o maior número de cidades do país. E muitas bem pequenas.

Conselhão

Foi criado um Comitê de Acompanhamento do programa Minha Casa, Minha Vida, que prestará contas periodicamente ao Conselho das Cidades, onde os movimentos sociais têm forte representação.

No show

Decepção na Câmara dos Deputados. Convidados, Joelma e Chimbinha, da banda Calypso, não compareceram à audiência da Comissão Especial de Fonogramas e Videogramas Musicais para debater a pirataria. Provavelmente a pauta mais importante do dia...

Tietes

A comissão ficou lotada de servidores, com seus filhos, e deputados que nunca foram lá.

Guerra...

A Câmara Empresarial Israel-América Latina convidou governadores e secretários de segurança para irem ao Oriente Médio conhecer as novas tecnologias de ponta de combate ao crime. Alguns já confirmaram presença.

...e paz

A viagem será na 1ª quinzena de maio e coincide com a visita do papa Bento XVI a Israel.

Alô, doutor

A E-Pharma, com 9 mil drogarias credenciadas em 900 cidades, que tem convênio com o governo federal para a farmácia popular, vai lançar um um serviço on-line.

Alô, doutor 2

É o balcão de atendimento de múltiplas assistências – uma consulta por telefone. O cidadão cadastra-se no serviço e liga. Do outro lado da linha, nutricionistas, psicólogos e orientação médica para uma terceira opinião.

O alvo

O ministro Guido Mantega será sabatinado hoje na Comissão de Desenvolvimento da Câmara. Esperto, pediu ajuda: a presença do presidente da Casa, deputado Michel Temer.

Pré-campanha

Geraldo Magela, do PT de Brasília, convocou a turma para encontro no sábado a fim de debater a melhor forma de levar o "PT à vitória em 2010 para a Presidência e o GDF".

Sem cheque

Justiça seja feita: Waldir Pires, nomeado para o Conselho de Transparência e Combate à Corrupção da CGU, não terá remuneração. Só ganha as passagens.

CELSO MING

Hora de apostar


O Estado de S. Paulo - 15/04/2009
 


O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tem uma visão privilegiada da economia americana. Talvez nem o secretário do Tesouro tem melhores condições para aferir a pulsação cardíaca do setor produtivo.

Pois ontem, depois de meses vendo coisas sinistras, Ben Bernanke mudou sua música em pronunciamento lido em Atlanta, na Geórgia: "Verificamos sinais de que o forte declínio da atividade econômica está perdendo força." Citou números sobre a melhora nas vendas de residências, no consumo e no mercado de veículos. E acrescentou: "É o primeiro passo para a recuperação."

Não ignorou o que ainda há de ruim. Reconheceu que as condições são difíceis, mas que "os fundamentos estão fortes e que estamos diante de problemas que podemos vencer com criatividade, paciência e persistência".

São termos substancialmente diferentes dos que estão na ata do Fed divulgada seis dias antes: "A atividade econômica caiu fortemente. (...) A contração se refletiu em vasta queda do emprego e da produção, (...) o consumo se mantém em níveis baixos..."

O novo discurso de Bernanke ainda avisa que não haverá recuperação sustentável sem que antes se obtenha a estabilização dos mercados financeiro e de crédito. Mas observa que há novidades: "Estamos conseguindo progressos também nessa frente."

E, de fato, há cinco semanas, Citigroup, Bank of America e JP Morgan Chase já haviam notificado os mercados dos excelentes resultados obtidos no primeiro bimestre. Segunda-feira, o Goldman Sachs antecipou um lucro líquido no primeiro trimestre acima do esperado, de US$ 1,8 bilhão, e anunciou uma nova subscrição, de US$ 5 bilhões, para completar a devolução de US$ 10 bilhões ao Tesouro.

E, ainda ontem, mesmo alertando que a crise continua forte, o presidente Obama disse que há progresso e mais esperança.

No Brasil, dá para dizer algo mais do que simplesmente que os indicadores da economia deixaram de piorar. Dá para dizer que melhoraram, especialmente nos segmentos que não dependem tanto do crédito ao consumo (veja gráficos). É preciso acrescentar que o resultado comercial (superávit) deste ano até a segunda semana de abril já é 10,9% mais alto do que no mesmo período do ano passado. E que a produção industrial parece mais robusta.

Nenhum desses indicadores pode ser tomado como garantia de recuperação. Crises como a atual estão sujeitas a recaídas e bastaria uma quebra de qualquer um dos símbolos da velha pujança dos países ricos para trazer de volta a retranca no consumo e no investimento.

Mas as apostas na vida econômica, profissional e nos investimentos não podem esperar até que haja 100% de certeza. Ninguém aposta mais, por exemplo, em que o Palmeiras foi o campeão paulista no ano passado. A hora de apostar é agora.


Confira


É por aí - De olho nas eleições, o governador José Serra ocupou, em São Paulo, um segmento que Lula ignorou: o das micro, pequenas e médias empresas.


Para atender às demandas da crise, o presidente Lula deu preferência à indústria de veículos e à construção civil. E, na semana passada, deixou vazar a informação de que estudava a redução de impostos para o setor de aparelhos domésticos. 


Mas, se é para socorrer o setor que mais emprega, a faixa das micro, pequenas e médias empresas é bem mais abrangente. Emprega 17 milhões no Brasil e 9 milhões em São Paulo (dados do Dieese).

ARI CUNHA

Excesso ou abuso de poder


Correio Braziliense - 15/04/2009
 

Os presidentes dos Três Poderes assinaram documento com detalhes importantes. Isso de entendimento entre os Poderes é da Constituição. Os assuntos tratados podem ser estudados em encontros, e não como um pacto. O humor de Lula falou das brigas até entre os clérigos. Não valeu o humor exagerado. Mas escondido entre as peças estava uma singular: reter a força da Polícia Federal. Afinal, jamais um homem de bem foi obrigado a usar algemas. Esse fato não poderia merecer assinatura do alto poder de mando. O presidente Lula da Silva, o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo, o deputado Michel Temer, presidente da Câmara, o senador José Sarney, presidente do Senado, assinaram documento irregular. Caiu a liturgia do cargo. Alguma coisa está sendo escondida. E gente boa não é. Os Estados Unidos querem devolver o dinheiro do Opportunity. Não o fazem porque o Brasil fez o pedido contra cidadão que, para nossas leis, é inocente. Pedimos a apreensão de bilhões de dólares de um homem protegido no Brasil. Perdemos o rumo. A Justiça americana quer explicações. Se o Brasil se negar, lavará o rosto com peroba. O dinheiro ficará com o banqueiro inocente pelas nossas leis.


A frase que não foi pronunciada

“Delegado Protógenes, de tanto investigar, passou a réu. Pisou no pé de alguém.”
Delegados da Polícia Federal não aceitam interferência. Estão unidos. A PF é o único departamento do governo que procura desvendar punições.


Trânsito 
Nosso blog publicou por que as rádios dos Estados Unidos não passam o dia informando onde há concentração de trânsito. A coisa lá se resolve de maneira mais fácil. Veja no blog a soma de viadutos para evitar balbúrdia. 

Som perfeito 
No aeroporto John Kennedy, em Nova York, o som é perfeito. Voz baixa e técnica na reprodução das mensagens. Onde estiver, o passageiro ouve o que deseja, o que quer saber. A coleção de caixas mostra que a tecnologia é única nos aeroportos dos EUA. 

FMI 
A notícia como foi divulgada no Brasil deixou o povo em desalinho. O Brasil faz parte dos países que não devem ao Fundo Monetário Internacional. Dizer que nós íamos mandar dinheiro para lá seria bizarro. Humilha o povo em dificuldades. 

Daslu 
Condenada a 94 anos de prisão, a presidente da Daslu, Eliana Tranchesi, passou apenas 38 horas na penitenciária. Foi rápido o tempo na cadeia. Não esqueçam de que o evento tisnou a biografia da mulher elegante que não paga imposto. A Justiça não diz quem pagará por ela. 

Economia 
Pelo índice do Odse, se merecer confiança, a renda per capita de São Paulo, na proporção de 100%, é de R$ 1.138. Brasília concorre com 99,9% e a renda per capita é de R$ 1.833. 

Privacidade 
Usar o dinheiro do FGTS não é função do governo. Os recursos pertencem aos trabalhadores. Qualquer decisão só poderá ser tomada em reunião da Comissão de Controle. A partir daí, a República poderá fazer uso desse dinheiro, que tem dono. Usurpar, é sinal vermelho.

História de Brasília

Dia 25 foi o aniversário do presidente eleito. De Brasília para São Paulo, a demora de um telefonema atingiu ao máximo de duas horas, tal era o número de chamados. (Publicado em 27/1/1961)

BOMBA-RELÓGIO

EDITORIAL

O Globo - 15/04/2009
 

 

A decisão tomada pelo presidente Lula, com o apoio de sua candidata e ministrachefe da Casa Civil Dilma Rousseff, de conceder a todos os 5.564 municípios os recursos necessários para que os prefeitos não tenham perda de receita na crise é estridente e irrefutável sinal de que a política econômica passou a se subordinar às eleições do ano que vem. Não há outra explicação.

 

Rememoremos. O Fundo de Participação dos Municípios (FPM), como o dos estados, padece, e não poderia deixar de ser assim, da retração na coleta de impostos causada pelo impacto da crise mundial no país. Retração econômica resulta em arrecadação menor, o que deve levar o poder público a “apertar os cintos”, segundo o próprio Lula pregou na semana passada.

 

Sensato conselho respondido com uma chantagem pelo bloco mais fisiológico dos prefeitos, liderados pelo inesquecível Severino Cavalcanti (PP), escorraçado da Câmara por ter cobrado propina de um prestador de serviço à Casa, e eleito no município pernambucano de João Alfredo: o governo abre os cofres ou trabalharemos contra a candidata do presidente no ano que vem, e contra a reeleição de deputados e senadores aliados.

 

A manobra estilo baixo clero funcionou e, contra a opinião dos ministérios do Planejamento e da Fazenda, a dupla Lula-Dilma criará por medida provisória um piso para os repasses do FPM de R$ 51,3 bilhões, mesma cifra transferida no ano passado. Atenção: com isso, o Planalto se compromete a repassar aos municípios o valor mais alto que eles receberam em toda a história do FPM, por ter sido 2008 o ano do ápice do ciclo de crescimento recente da economia brasileira, e da carga tributária. Um indiscutível absurdo técnico, diante do cenário já preocupante do quadro fiscal e das incertezas externas e internas.

 

Atrás de votos, o governo engessa ainda mais as despesas, enquanto as receitas caem. E não vale o argumento de que se trata de uma “medida anticíclica”, pois os municípios são clássicos gastadores de dinheiro do contribuinte no custeio de máquinas burocráticas, cuja contribuição para amortecer a tendência à recessão é praticamente nula — ou negativa, por desviar recursos de investimentos. De 2004 a 2008, o conjunto de prefeituras aumentou o quadro de servidores em 13,3%, ampliando-o de 4,5 milhões para 5,1 milhões, 5,2% da população economicamente ativa do país.

 

É esta gastança que o governo acaba de sancionar.

 

O Planalto parece confiante demais em usar a economia que a queda dos juros produz na rolagem da dívida. Pois, como a política de gastos sem limites gerará inflação, os juros terão de subir novamente, e esse dinheiro não poderá mais financiar essas despesas. É, portanto, manobra suicida bancar gastos permanentes com receitas eventuais.

 

Uma bomba-relógio já havia sido instalada nas contas públicas com os desmedidos aumentos salariais do funcionalismo, a ampliação no número de servidores, o assistencialismo avassalador e a política de reajuste do salário mínimo sem cuidados com a Previdência. Agora, a bomba foi engatilhada.

PAINEL

Plataforma 2010


RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 15/04/09

Com a mesma desenvoltura exibida ao negociar patrocínio da Petrobras à festa de São João em municípios baianos, Rosemberg Pinto, assessor do presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, atuou intensamente em campanhas petistas no Estado. Em 2008, seu apoio foi decisivo para eleger prefeitos em cidades como Itapetinga e São Francisco do Conde. A maioria dos municípios do circuito de Rosemberg recebe royalties por abrigar unidades da Petrobras. 
Amigo do governador Jaques Wagner, que o chama de ‘Berg’ desde os tempos de sindicalismo, o assessor pretende disputar vaga de deputado estadual em 2010, além de trabalhar pela candidatura de Gabrielli ao Senado e, claro, pela reeleição de Wagner.

Bala - De Michel Hagge (PMDB), prefeito de Itapetinga derrotado pelo candidato de Rosemberg no ano passado: ‘Ele trouxe e gastou muito dinheiro na campanha’.

Outro lado - A Petrobras diz que, ‘desde julho de 2008, Rosemberg Pinto não atua na área de patrocínios e não exerce suas atividades profissionais na Bahia’, ao contrário do que afirmam prefeitos do Estado. A empresa acrescenta que, neste ano, bancará o São João também em Pernambuco, Sergipe e Paraíba.

Terceiros - Apontada por prefeitos como uma das empresas escolhidas por Rosemberg para montar o São João baiano, a ST Estruturas alega que atuou nas festas de ‘apenas quatro municípios do interior baiano em 2008’. A ST é do grupo da Camarote Marketing, que recebeu R$ 200 mil da Petrobras, sem licitação, para organizar em Salvador o ‘Arraiá da Capitá’.

Classificados - José Dirceu procurou conhecidos no setor de mineração em busca de vaga para Walter Cover, que foi seu assessor na Casa Civil e acaba de espirrar da Vale.

É show! - Do presidente José Carlos Araújo (PR-BA), sobre a possibilidade de ir parar no Conselho de Ética o caso de Fábio Faria (PMN-RN), que ofereceu passagens aéreas da Câmara à então namorada famosa: ‘Eu mesmo quero ser o relator. Convoco a Adriane Galisteu em primeiro lugar’.

Conta outra 1 - Das nove modalidades de empréstimos monitoradas pelo BC, oito tiveram os juros reduzidos pelo Banco do Brasil desde janeiro. A queda média foi de 18%. Na maior parte dos rankings, as taxas do BB estão bem abaixo das de outras instituições.

Conta outra 2 - Os dados constam de boletim do Instituto Teotônio Vilela. Para os tucanos, os números desmontam o discurso de que a ‘obsessão’ de Lula pela queda do spread bancário foi o motivo da degola de Lima Neto do BB.

Pedágio - Sindicatos do setor de caminhões foram à Casa Civil se queixar. Estimam queda de até 50% nos fretes.

Menos - Os presidentes do Supremo, do STJ e do TST enviarão ao Congresso um projeto de lei para reduzir o número de feriados específicos do Judiciário. Devem desaparecer as folgas nos dias do Advogado (11 de agosto) e da Justiça (8 de dezembro), além da Semana Santa ‘diferenciada’ (começa na quarta-feira).

Tiroteio

O governo Lula passou os últimos seis anos consertando rombos deixados pelo ex-ministro Paulo Renato. Portanto, antes de falar qualquer coisa ele deveria cuidar melhor de seu quintal.

Do deputado JILMAR TATTO (PT-SP), sobre as críticas do novo secretário da Educação de São Paulo ao desempenho do governo federal na área.

Contraponto

Presente de grego

Os deputados Antonio Palocci (PT-SP) e Paulo Bornhausen (DEM-SC) conversavam sobre a crise econômica no fundo do plenário da Câmara. O petista comentou que acabara de ser designado para relatar mais uma medida provisória. Ele é um dos campeões de relatorias da Casa. 
-Acho que o governo sabe que só dá para confiar em você-, brincou o colega ‘demo’. 
Palocci riu, e Bornhausen aproveitou para provocá-lo sobre possível mudança na remuneração da poupança: 
-Tome cuidado! Desse jeito ainda vão colocar você para relatar a MP da tunga na caderneta! 
-Muito meu amigo, você...- reagiu o ex-ministro.

TOSTÃO

O corpo fala primeiro


JORNAL DO BRASIL - 15/04/09


Além de saber comandar um grupo, executar bons treinamentos, escalar bem e mudar corretamente o time durante a partida, o técnico tem a função, quase a obrigação, de definir bem a maneira de jogar, independentemente do esquema tático e do estilo de sua preferência.

A partir daí, e só assim, os atletas terão segurança para criar e improvisar. O conteúdo não sobrevive sem a forma.

Mano Menezes faz isso muito bem. O Corinthians é um time bastante organizado desde a Segunda Divisão. Não joga melhor por falta de mais talento individual.

Apesar de não ter criado boas chances de gol quando o São Paulo estava com 11 jogadores, o Corinthians foi melhor, pressionou e teve mais a posse de bola. A principal razão disso foi a necessidade, a gana de vencer. No Morumbi, as posturas podem se inverter.

Ronaldo não brilhou contra o São Paulo. Uma de suas grandes qualidades sempre foi a movimentação para receber a bola no lugar certo, no pé, para driblar o zagueiro, ou nas costas do marcador. Antes do passe, ele dribla o defensor com o corpo. Quando o zagueiro percebe seus movimentos, não dá mais para pará-lo.

Ronaldo perdeu muito de sua mobilidade, mas não perdeu a velocidade do raciocínio. Os companheiros não conseguem acompanhá-lo. Demoram uma fração de segundos, uma eternidade, para dar o passe. Dá tempo para os zagueiros chegarem primeiro.

A comunicação analógica, sem palavras, com o olhar e com outros movimentos corporais é importantíssima no futebol. O corpo fala primeiro. E não engana.

Ver sem enxergar

Na vitória sobre o Sport, Luxemburgo adotou a tática de recuar para contra-atacar. Fez o mesmo na derrota para o Santos. Não foi a tática que venceu no Recife nem foi a tática que perdeu na Vila Belmiro. Mais importantes foram outros detalhes técnicos e vários fatores imprevisíveis.

Os treinadores tentam de todas as formas se proteger do acaso e das surpresas de um jogo. Não conseguem. Assim é também na vida. Tentamos controlar o futuro, o imponderável. É impossível.

Uma das razões da vitória do Santos foi o belo gol de Neymar. Durante toda a partida, ele tentou, até conseguir, uma jogada diferente e decisiva, como devem fazer os jogadores de talento. Neymar recebeu a bola de costas, girou e, sem ver o goleiro, mas vendo, colocou a bola no canto.

Emoção e razão

Adriano não vai parar de jogar. É o que ele sabe fazer bem. Independentemente de tantas especulações sobre seus problemas, que não sei quais são, ele, depois de ter ido bem no São Paulo e de ver Ronaldo ganhar um bom dinheiro no Corinthians, decidiu voltar para o Brasil.

Adriano percebeu que é muito melhor ganhar menos aqui, que já é uma fortuna, sem perder as coisas que tanto gosta, do que ganhar mais e ficar infeliz na Europa. Foi uma atitude também racional, desde que pague as multas rescisórias do contrato. A Inter não vai querer jogar dinheiro fora.

De bermudas e chinelo, sorrindo para dizer que está muito triste, Adriano aguarda as propostas dos investidores e dos times brasileiros.