domingo, outubro 07, 2012

Narrar-se - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 07/10


Quem escreve está sempre se delatando, seja de forma direta ou camuflada

Sou fã de psicanálise, de livros de psicanálise, de filmes sobre psicanálise e não pretendo desgrudar o olho da nova série do GNT, Sessão de Terapia, dirigida por Selton Mello. Algum voyeurismo nisso? Total. Quem não gostaria de ter acesso ao raio-x emocional dos outros? Somos todos bem resolvidos na hora de falar sobre nós mesmos num bar, num almoço em família, até escrevendo crônicas. Mas, em colóquio secreto e confidencial com um terapeuta, nossas fraquezas é que protagonizam a conversa.

Por 50 minutos, despejamos nossas dúvidas, traumas, desejos, sem temer passar por egocêntricos. É a hora de abrir-se profundamente para uma pessoa que não está ali para condenar ou absolver, e sim para estimular que você escute atentamente a si mesmo e assim consiga exorcizar seus fantasmas e viver de forma mais desestressada. Alguns pacientes desaparecem do consultório logo após o início das sessões não estão preparados para esse enfrentamento.

Outros levam anos até receber alta. E há os que nem quando recebem vão embora, tal é o prazer de se autoconhecer, um processo que não termina nunca. Desconfio que será o meu caso. Minha psicanalista um dia terá que correr comigo e colocar um rottweiler na recepção para impedir que eu volte. Já estou bolando umas neuroses bem cabeludas para o caso de ela tentar me dispensar.

Analisar-se é aprender a narrar a si mesmo. Parece fácil, mas muitas pessoas não conseguem falar de si, não sabem dizer o que sentem. Para mim não é tão difícil, já que escrever ajuda muito no exercício de expor-se. Quem escreve está sempre se delatando, seja de forma direta ou camuflada. E como temos inquietações parecidas, os leitores se identificam: “Parece que você lê meus pensamentos”. Não raro, eles levam textos de seus autores preferidos para as consultas com o analista, a fim de que aqueles escritos ajudem a elaborar sua própria narrativa.

Meus pensamentos também são provocados por diversos outros escritores, e ainda por músicos, jornalistas, cineastas. Esse intercâmbio de palavras e sentimentos ajuda de maneira significativa na nossa própria narração interna. Escutando o outro, lendo o outro, se emocionando com o outro, vamos escrevendo vários capítulos da nossa própria história e tornando-nos cada vez mais íntimos do personagem principal – você sabe quem.

Selton Mello, em entrevista, disse que para algumas pessoas o programa pode parecer chato, pois é todo baseado no diálogo entre terapeuta e paciente, e isso é algo incomum na televisão, que vive de muita ação e gritaria. De minha parte, terá audiência cativa até o último episódio, pois, mesmo não vivenciando os problemas específicos que a série apresenta, todos nós aprendemos com os dramas que acontecem na porta ao lado, é um bem-vindo convite a valorizar o humano que há em cada um. A introspecção não costuma atingir muitos pontos no ibope, mas é a partir dela que se constrói uma vida que merece ser contada.

O triunfo da justiça - REPORTAGEM DE CAPA DA REVISTA VEJA

REVISTA VEJA


Os ministros do Supremo Tribunal Federal condenam os mensaleiros, denunciam a corrupção e caem nas graças dos brasileiros, carentes de referências éticas

HUGO MARQUES E LAURA DINIZ


O menino Joaquim Barbosa nunca se acomodou àquilo que o destino parecia lhe reservar. Filho de um pedreiro, cresceu ouvindo dos adultos que nas festas de aniversário de famílias mais abastadas deveria ficar sempre no fundo do salão. Só comia doces se alguém lhe oferecesse. Na última quarta-feira, o ministro Joaquim Barbosa, 58 anos, apresentou seu voto sobre um dos mais marcantes capítulos do julgamento do mensalão — o “last act (bri-bery)”, “último ato (suborno)”, como ele anotou em inglês no envelope pardo que guardava o texto de sua decisão. Além do português, Barbosa domina quatro idiomas — inglês, alemão, italiano e francês. Pouco antes da sessão, o ministro fez uma última revisão no texto. Cortou algumas citações, acrescentou outras e destacou trechos. Não alterou em nada a essência da sua convicção, cristalizada depois de sete anos como relator do processo. Durante mais de três horas, Barbosa demoliu a defesa e as esperanças dos petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, mostrando como eles usaram dinheiro desviado dos cofres públicos para subornar parlamentares e comprar o apoio de partidos políticos ao governo Lula. Exaurido pela dor nas costas que o martiriza há anos, o ministro anunciou seu “last act” no mesmo tom monocórdio com que discorreu sobre as provas: condenou por crime de corrupção ativa Dirceu, Genoino e Delúbio, que formavam ^ a cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT). Dois ministros acompanharam o relator e um aceitou em parte as teses da defesa. A votação continua nesta semana, quando os seis ministros restantes vão revelar suas decisões, mas o I Supremo Tribunal Federal, o STF, I já consolidou perante os brasilei-I ros o conceito — sem o qual uma nação não se sustenta — de que a Justiça funciona também para os 'l 1 ricos e poderosos.

Ao apontarem o caminho da prisão para corruptos e corruptores, os ministros do STF deram ao Brasil o alento de que a Justiça está aí para punir quem não cumpre a lei, independentemente da cor da camisa ou do colarinho.

Essa percepção otimista tem levado muita gente a exprimir uma inusitada admiração pelo Supremo Tribunal — uma corte até então distante, aparentemente inacessível à grande maioria, mas imprescindível para a democracia. Desde que foram anunciadas as primeiras condenações dos mensaleiros, os ministros, com raras exceções, passaram a ser assediados nas ruas e a receber centenas de mensagens de apoio e solidariedade. Joaquim Barbosa, que quando criança preferia não ir às festas a ter de se submeter à humilhação de ficar separado dos colegas, é o personagem mais visível desse embate que está impondo à corrupção uma estrondosa derrota.

O ministro Joaquim é relator do processo do mensalão. Por ter coordenado toda a fase de instrução do processo, é, em tese, quem conhece os mínimos detalhes das mais de 50000 páginas de depoimentos, laudos, memoriais e perícias. Seu voto, por isso, é diferenciado. Serve como bússola para os demais ministros. Dos 38 réus acusados de integrar a quadrilha, 26 já foram julgados e, destes, 22 acabaram condenados. Joaquim foi seguido pela maioria dos ministros em 53 de um total de 58 votações. Oito políticos, três banqueiros e vários empresários vão cumprir pena de prisão. Em Paracatu, no interior de Minas Gerais, “Fritz” já era uma celebridade. Desde criança, Joaquim trabalhou com o pai, ora ajudando a fazer tijolo, ora entregando lenha num caminhão velho que a família adquiriu em um período de maior prosperidade. O apelido germânico era uma troça dos colegas. O menino tinha alguns hábitos considerados estranhos: lia tudo o que encontrava, escrevia no ar, cantava em outros idiomas e gostava de andar com o peito estufado, imitando gente importante. “Todos viam que o Joaquim seria alguém quando crescesse”, diz o tio José Barbosa, de 78 anos. “Choro muito de emoção quando ouço a voz dele no rádio, no julgamento desse povo aí”, ressalta. Que povo? O tio não sabe direito. “São esses políticos aí...”.

Dos tempos em que morou em Paracatu, o ministro guarda apenas memórias. Imagem? Nenhuma. A família não podia gastar dinheiro com tal luxo. O único registro que existe do menino Joaquim é uma foto 3x4 anexada a sua ficha de matrícula no Colégio Estadual Antônio Carlos. Irascível, o ministro Joaquim Barbosa também ganhou notoriedade por ter protagonizado debates para lá de acalorados durante o julgamento. A postura muitas vezes agressiva do ministro, vista com certa reserva até pelos próprios colegas da corte, ajudou a fixar a imagem do cavaleiro disposto a enfrentar as resistências em busca de justiça — um ato de bravura. Diz o professor Jorge Forbes, do Instituto da Psicanálise Lacaniana: “As pessoas que vêm das camadas de exclusão social podem dar menos atenção a satisfazer os pares, pois não têm muita esperança do reconhecimento desses pares. Essas pessoas podem parecer imperiais, mas muitas vezes não o são”. Já existem milhares de citações na internet ressaltando as virtudes heróicas do ministro Joaquim. Há duas semanas, o ministro atendeu, no intervalo do julgamento, uma senhora que dizia ter viajado do Rio de Janeiro a Brasília apenas para conhecê-lo. Chorando, ela elogiou o trabalho do relator. “O ministro incorpora uma espécie de herói do século XXI. Precisávamos de uma pessoa com o perfil dele para romper com os rapapés aristocráticos, pois chegamos ao limite da tolerância com a calhordice no poder”, diz o antropólogo Roberto DaMatta.

O hoje empresário Joaquim Rath, amigo de infância do ministro, lembra que na casa de adobe onde Joaquim Barbosa morava com os pais e mais sete irmãos não havia sofá, geladeira nem televisão. Só uma mesa com cadeiras. “Mas com o Joaquim não tinha essa história de negro humilde e pobre, e ele não se subordinava aos ricos e brancos”, conta. Em 2003, Joaquim Barbosa estava em Los Angeles, nos Estados Unidos, quando recebeu uma ligação de Márcio Thomaz Bastos — então ministro da Justiça e hoje advogado de um dos réus do mensalão — informando-o de que seu nome estava sendo cotado para uma vaga no Supremo Tribunal. O presidente Lula queria indicar um juiz negro para o cargo — celebrado como o primeiro na história da corte. Joaquim era o nome certo. Não tinha inimigos no PT e tinha currículo. Quando o velho caminhão do pai quebrou, em 1971, a família resolveu tentar a vida em Brasília, que fica a 250 quilômetros de Paracatu. Na capital, Joaquim se formou em direito, foi aprovado no concurso para oficial de chancelaria e depois em outro para procurador da República. Fez doutorado na Sorbonne, em Paris, foi professor visitante na Universidade Colúmbia, em Nova York, e na Universidade da Califórnia. Dois meses depois da primeira sondagem, saiu a indicação de Joaquim Barbosa para o STF. O ato foi assinado pelo então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

O ministro Joaquim intercala um estilo de vida simples com hábitos sofisticados. Seu carro é um Honda Civic fabricado em 2004. É amante de música clássica, adora Zeca Pagodinho e prefere os ternos importados. Ele mora em um apartamento funcional e, controlado, consegue economizar metade do que ganha (26700 reais). Atribui muito do seu perfil à influência da mãe, Benedita, uma evangélica que há 45 anos frequenta os cultos da Assembleia de Deus. O pai morreu há dois anos. O ex-jogador Dario Alegria, primo distante de Joaquim, lembra que os garotos negros da cidade eram vítimas de um verdadeiro apartheid. “Mas o Joaquim quebrou toda essa lógica, ele era diferente, nunca levava desaforo para casa e não aceitava humilhação”, diz. Das vinte conferências e seminários de que participou nas últimas duas décadas, no Brasil e no exterior, em quase todas abordou a questão racial e o direito das minorias. Logo que Joaquim tomou posse, um amigo perguntou sua opinião sobre a polêmica política de cotas. Respondeu o ministro: “Sem as ações afirmativas os Estados Unidos não teriam um Barack Obama”.

Joaquim Barbosa, pela posição que ocupa, é quem mais se destaca no julgamento, mas coube ao decano do STF, ministro Celso de Mello, deixar clara a disposição do tribunal de punir os mensaleiros e mandar um recado de intransigência com as aves de rapina que dão rasantes sobre os cofres públicos. “A corrupção compromete a inte-gralidade dos valores que dão significado à própria ideia de República, frustra a consolidação das instituições, compromete a execução de políticas públicas em áreas sensíveis, como as da saúde e da educação, além de afetar o próprio princípio democrático.” Celso de Mello foi duro e bem didático nas palavras. Ele disse que os réus do mensalâo formaram uma “quadrilha de verdadeiros assaltantes dos cofres públicos” e comprometeram a República ao agir com “espírito de facção” para obter privilégios. Um voto histórico num julgamento histórico: “Este processo’criminal revela a face sombria daqueles que, no controle do aparelho de estado, transformaram a cultura da transgressão em prática ordinária e désonesta de poder, como se o exercício das instituições da República pudesse ser degradado a uma função de mêra satisfação instrumental de interesses governamentais e de desígnios pessoais”, disse o decano. Essa manifestação contundente, feita ao vivo na TV, diante de milhares de telespectadores, serve de alerta aos poderosos acostumados com um quadro secular de impunidade.

Na última década, o Ministério Público e a polícia até avançaram em investigações de crimes de colarinho-branco, mas os resultados produzidos ainda são risíveis. Em 2008, havia 409 corruptos e corruptores presos no Brasil, num universo de quase 500000 detentos. No ano passado, o número subiu para módicos 632. Milhares de servidores, prefeitos e deputados são réus em ações criminais por corrupção e em processos civis por improbidade administrativa. Mas são casos paroquiais, com pouca divulgação e pequena repercussão. O bom exemplo, como se sabe, deve vir de cima — no caso, do STF com seus réus de foro privilegiado. “Ao condenar os mensa-leiros, o Judiciário não está rompendo um padrão de impunidade absoluta, mas está rompendo o padrão da impunidade de quem tem sangue azul”, diz o sociólogo Demétrio Magnoli. O julgamento estendeu a notoriedade aos demais ministros do STF. Antes, o assédio a eles era tímido, protagonizado basicamente por estudantes de direito e advogados. Agora, os ministros são reconhecidos em restaurantes, aviões e até na praia. O decano Celso de Mello até já posou para fotos com uma criança no colo a pedido dos pais. “As pessoas comentam que o Supremo está projetando uma imagem que dá muito orgulho aos cidadãos, na medida em que demonstra intolerância ao fenômeno criminoso da corrupção. Este é um processo impregnado de alto valor pedagógico”, disse o decano.

O ministro Marco Aurélio tem recebido uma média de trinta e-mails sobre o mensalâo por dia no gabinete. É o dobro do que recebia antes do início do julgamento. “Percebo que há um acompanhamento da matéria, o que revela um avanço cultural da sociedade.” Luiz Fux, Cármen Lúcia e o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, até mudaram alguns hábitos e estão mais reclusos, para evitar acusações de que se tornaram vedetes. Fux não tem ido à praia e só anda em carros com película nos vidros, Cármen viaja menos de avião, e Britto sai menos para jantar fora. O ministro Lewandowski também está mais recluso, mas por outra razão. Devido a seus frequentes votos pela absolvição de réus, Lewandowski foi vaiado em um aeroporto e pediu reforço de segurança, por se sentir ameaçado. “Parece que somos pop stars e heróis, mas somos apenas servidores. Não estamos fazendo um justiçamen-to, mas julgando a partir da prova e com respeito a todas as garantias constitucionais”, diz Marco Aurélio.

Joaquim Barbosa vai assumir a presidência do STF em novembro. Quem acompanha o julgamento pela televisão percebe que existe algo que incomoda o ministro tanto quanto tentar cooptá-lo. A todo instante, ele troca de posição, troca de cadeira, sai do plenário, transpira. Parece irritado. São as fortíssimas e constantes dores causadas pela sacroileíte, uma inflamação na base da coluna. Na quarta-feira, enquanto proclamava a condenação da cúpula do PT, o ministro experimentou uma almofada elétrica importada que aquece e relaxa os músculos. Não adiantou. O problema de saúde fez Joaquim abrir mão de uma de suas maiores paixões: jogar futebol. Antes disso, ele passou a ser muito requisitado para atuar em jogos disputados em campos desconhecidos, e isso o deixava constrangido. Foi convidado diversas vezes pelo então presidente Lula para participar de uma pelada com os convivas do Palácio da Alvorada, alguns deles agora sob julgamento. Joaquim Barbosa nunca aceitou.

Vamos votar? - DANUZA LEÃO

FOLHA DE SP - 07/10


Hoje é dia de festa, e não desperdice o privilégio de escolher os que você acha que vão ser os melhores


Política é coisa complicada, todo mundo sabe, e essa eleição está ainda mais complicada que as outras. A cada vez, segundo os resultados, se tem uma ideia: se os eleitores aprenderam a votar melhor, se já percebem quais candidatos pensam sinceramente em fazer alguma coisa decente pelo país, ou se continuam a votar nos mesmos de sempre, que acabam envolvidos nos escândalos de sempre -aliás, cada vez maiores.

É interessante avaliar até que ponto a propaganda eleitoral funciona. Mais tempo na televisão significa mais votos? Mais cartazes nas ruas quer dizer que a eleição está ganha? A realidade diz que não. Às vezes parece que o eleitor está mandando um recado aos que achavam que a transferência de votos seria automática, mas se houvesse a receita do sucesso tudo seria bem fácil. E o tempo dos marqueteiros parece estar em seus estertores, ufa.

Só quando forem abertas as urnas vamos saber, e muitos eleitores -segundo as pesquisas- parecem estar dizendo "voto em quem quero". Convenhamos, é um progresso. E quando você não tem certeza de em quem deve votar? Alguns preferem os que estão na frente das pesquisas, para estar do lado dos vitoriosos; já outros escolhem seu candidato por eliminação e votam contra um candidato ou contra um partido (ou vários).

Eleição é sempre um dia de grandes emoções. O resultado vai mostrar -mais ou menos- para onde estamos indo, e participar dessa escolha é uma chance que não pode ser desprezada.

Existem os que não têm mais obrigação de votar por terem atingido os 70 anos. Mas como assim? Abrir mão desse direito é desistir de muita coisa, sobretudo de ajudar a melhorar o país -fora a sensação de estar vivo e atuante, o que é muito bom. Eu sempre vou votar, mesmo que o voto venha a ser facultativo.

Vote com sua cabeça, mas também com seu coração, e não importa se seu candidato -segundo as pesquisas- não tem chance de ganhar. O que interessa é a certeza de estar votando bem, naquele que parece ser o melhor, de acordo com a sua consciência.

Complicada é a escolha do vereador; são tantos os candidatos, a maioria deles tão insignificante, com seus slogans bizarros (e sempre com um sambinha ao fundo), que é um problema ter que escolher um deles para nos representar. Algum -ou alguns- deve merecer o voto, mas esses eu não conheço, e votar em branco é uma questão de princípios: eu me recuso.

Então, se esse for também seu caso, escolha uma legenda na qual acredita, vote nela e saia da cabine com o coração leve, com a consciência de ter feito o melhor que podia, e não invente nenhuma desculpa para não votar; votar é bom.

Hoje é dia de festa, e não desperdice o privilégio que é poder escolher os que você acha que vão ser os melhores; vote bem.

PS - Recebi e-mail de um leitor informando que, segundo denúncia do Ministério Público Federal, a Justiça Federal de Paranaguá mandou a júri popular, por tentativa de homicídio qualificado, os cinco tripulantes acusados de torturar e jogar ao mar o clandestino camaronês.

O júri deverá acontecer ainda neste mês de outubro, e o camaronês terá de volta seu passaporte, para poder retornar a seu país.

A Justiça não falhou e foi rápida, viva ela.

Um dia a casa cai - DORA KRAMER


O Estado de S.Paulo - 07/10


Incorreu em grave equívoco quem considerou para efeito de ceticismo supostamente engajado que o processo do mensalão acabaria "dando em nada".

As condenações em massa que no Supremo Tribunal Federal alcançam os generais da banda do núcleo político fecham um ciclo. Se, quando e como outro vai se abrir, veremos. Mas a descrença e a apatia até aqui sofreram um duro revés.

Já no recebimento da denúncia, há cinco anos, havia ficado patente que o STF não estava disposto a contemporizar.

Note-se que a composição não era a mesma de hoje. Ainda assim, lá os juízes de maneira quase sempre unânime deram o aviso geral aos navegantes que agora se confirma: chega. Ou os políticos entendem que precisam andar nos trilhos como qualquer cidadão ou terão de arcar com as consequências legais.

Não vai nisso o peso da responsabilidade exclusiva do PT. O partido não inventou a delinquência governamental nem a venalidade legislativa - para usar palavras do ministro Celso de Mello -, não obstante tenha se valido delas à exorbitância.

Agravou um quadro grave quando emprestou à ilicitude sua marca construída na defesa da ética.

Conferiu indulgência social à cultura de transgressão, além de associar sua ideologia aos piores instrumentos, e de se aliar aos mais nefastos operadores para pôr o aparelho de Estado a serviço de um projeto partidário tão longevo quanto hegemônico.

Quando decidiu abrir o processo, o STF também surpreendeu. Pela veemência dos termos usados pelos ministros e pela implacável objetividade do retrato traçado na denúncia do então procurador-geral Antônio Fernando de Souza sobre o esquema montado pelo PT para dar suporte financeiro ao seu projeto.

Na ocasião, o uso de métodos espúrios para o exercício do que se chama de política, mas não passa de pura bandidagem, já tinha chegado ao limite do insuportável. No entanto, mandantes e executores acharam por bem prosseguir.

E pelo visto agora com as apreensões de dinheiro para abastecer campanhas do PT no Amazonas e no Pará, insistem.

Quando se vê um assessor do partido em Manaus ser flagrado com notas na cueca anos depois de vexame semelhante, é de se perguntar o que ainda mais será preciso além de punição pesada para que o recado seja devidamente compreendido.

Não são suficientemente duras as lições de um julgamento em que gente acostumada ao tratamento de "excelência" é chamada de "quadrilha" e referida pela autoria de tramas sórdidas reveladas para todo o País no relato dos autos?



Seja qual for o rumo dos acontecimentos logo após o desfecho desse caso, algo de útil já ficou patente: não dá para fazer tudo do jeito mais errado e esperar que dê certo no final.

Por lamentável que seja o cenário, por mais lentas que sejam as mudanças, nada disso terá sido em vão. E o PT, se tiver cabeça, ainda poderá se redimir e algum dia dizer que deu - por vias transversas e adversas - uma grande contribuição ao Brasil.

Gato por lebre. A presença do vereador e suplente de Marta Suplicy no Senado, Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), na campanha do tucano José Serra, traduz a grave distorção que o atual modelo de suplência provoca na vontade do eleitor.

A pessoa vota em Marta, do PT, mas acaba representada por um político que milita no campo adversário, do PSDB. E isso sem ter dado um único voto ao substituto, incluído na chapa por obra dos acertos entre partidos.

Banca do distinto. É o tal negócio: quanto mais alto o coqueiro maior é o tombo.

Vai ficando claro que o foro especial para autoridades nem sempre é um privilégio. Depende muito da disposição da Corte de não deixar que a justiça tarde e muito menos falhe.

Reforma política - JOÃO UBALDO RIBEIRO


O Estado de S.Paulo - 07/10


O pessoal mais antigo da ilha tem muita saudade das eleições nos velhos tempos. Uns se queixam da avacalhação, porque outrora era uma coisa solene e séria, os homens de bem envergavam paletó e gravata, faziam a barba, botavam água de cheiro atrás das orelhas, no sovaco e no lenço, metiam no bolso a caneta Parker usada somente nas grandes assinaturas e se apresentavam decentemente para o cumprimento do sagrado dever. Outros reclamam da falta de graça de não ter mais de ficar escondido por trás de uma cortina, escolhendo cédulas e enchendo envelopes, ou marcando cruzinhas na chapa. E, além disso, eram tempos fartos, o eleitor se dava melhor. Há quem se recorde saudoso da ocasião em que um certo coronel, além dos benefícios que fazia a todos os correligionários, deu um queijo de cuia a cada eleitor - isto mesmo, um queijo de cuia inteiro, ainda dentro da cuia - era acabar de votar e retirar o queijo. Hoje não há mais disso, já se perdeu essa grandeza, eles só querem continuar mamando e não dão nada a ninguém.

Ainda outros argumentam que a maior falta de graça nas eleições atuais é que acaba tudo na hora e se conhece o resultado imediatamente, não tem mais torcida nem espera pela virada da noite, para não falar em recontagem, anulação de urna, fiscal de apuração e aula de como desenhar o nome. A isso se acresça o argumento, ventilado por Ary de Maninha, em meio a uma concorrida palestra no bar de Espanha, segundo o qual está provado por A mais B, nos mais altos círculos da altíssima espionagem, que as urnas eletrônicas são controladas pela CIA, através de satélites especializados. "Pode votar quem quiser, em quem quiser", disse Ary. "Mas a eleição de Itaparica já está na mão da CIA e do FBI, americano não facilita com ninguém. A gente vota num candidato, eles dão um camone boy nas urnas e o resultado sai o contrário."

A ilha fechou com Dilma na última eleição presidencial, de maneira que somente uns dois ou três gatos-pingados mantinham a esperança de que ela aparecesse na semana passada, para um discursinho ou para pegar uma moquequinha no Negão e tomar um copo da milagrosa água da Fonte da Bica. Sabe como é, a ilha já são favas contadas e ela dispõe de ampla maioria, de forma que pôde dar preferência a outras praças, como São Paulo, onde o perigo é maior e nesse ponto são mais atrasados, não adotaram nem o queijo de cuia ainda. Lula, que era esperadíssimo por Pitu Petê, também não apareceu. Diz Pitu que ele mandou um telegrama, mas ninguém viu esse tal telegrama, Pitu de vez em quando inventa umas coisas.

No mais, sabe-se que Jacob Branco já pediu a Manolo do bar para guardar as petições de um habeas corpus preventivo e de um mandado de segurança que ele providenciou com um grande advogado amigo seu, no caso de, no seu dizer, "vierem os poderes públicos a mais uma vez impor restrições despóticas aos direitos etílicos do cidadão, quando deveriam reconhecer que, para votar hodiernamente, necessita o indivíduo normal não só de vedar as narículas como, já sentencia o vulgo, de botar umas duas no juízo". Pitu Petê, apesar de marcadas e inconciliáveis divergências políticas com Jacob, concordou nesse ponto e selaram o acordo com um aperto de mão e diversos brindes.

E a grande surpresa este ano foi a posição de Zecamunista, que, pela primeira vez na história política da ilha, não apoiou nenhum candidato e muito menos fez campanha. Quando alguém puxava papo de eleição, ele tentava mudar de assunto, bocejava espalhafatosamente e às vezes se retirava, para ir passear na beira do cais da contracosta ou voltar para casa. Numa dessas vezes, me telefonou. Não queria conversar sobre política local. Aquilo tudo era passado, eu não imaginava quão passado. Claro, ele era um visionário e, como todo visionário, tinha um sonho. E agora, depois de meditação e estudo, chegara à solução para os problemas políticos do Brasil, à nossa verdadeira reforma política. Não, não era a criação da carreira de corrupto, ia muito além disso, era a forma democrática e universalizada de todo mundo se fazer, como é o ideal do político brasileiro.

- É tudo baseado em conceitos democráticos - disse ele. - Na democracia não são todos iguais? Se são todos iguais, não há necessidade de eleição, basta um sorteio benfeito, todo mundo com chances também iguais. Sorteava Senado, sorteava Câmara, sorteava assembleias, sorteava tudo. Entrariam no páreo todos os acima de 21 anos, 35 para o Senado, de qualquer sexo e classe social. Não ia ter essa de poder econômico, popularidade de televisão, apadrinhamento, cara bonita, nada disso, chances democraticamente iguais para todos, ninguém ia poder alegar favoritismo. Quem fosse sorteado tinha que servir, como no Exército. Sentiu a revolução? Sentiu como está resolvido o problema da corrupção?

- Você acha que a corrupção será eliminada desse jeito?

- Claro que não, é exatamente o contrário. Você esquece que meu projeto não é eliminar a corrupção, é democratizar a corrupção, é um processo de inclusão dos marginalizados. Você já imaginou, dentro desse esquema, as oportunidades de negociatas e altas jogadas de todo tipo? Só ia ficar de fora quem quisesse, até porque a primeira coisa que eles iam aprovar seria a possibilidade de se vender a vaga de vereador, deputado ou senador. Ia ser um mercado mais movimentado que a bolsa de valores de Nova York.

- Mas você acha que ia dar certo?

- Claro que dá, tenho plena certeza. Eu sei porque é o mesmo que eles já fazem hoje, é a mesma ladroeira de sempre, só que desta vez vai ser às claras, nosso mal tem sido querer negar nossa vocação histórica.

Todos contra um? - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 07/10

Preocupados como clima conflagrado entre Fernando Haddad, Celso Russomanno e Gabriel Chalita na reta final da campanha paulistana, emissários de Dilma Rousseff e Lula procuraram dirigentes de PT, PRB e PMDB para costurar a união no possível segundo turno contra José Serra, seja quem for o finalista. Para permitir o "acordão" e não melindrar os aliados, Dilma fez questão de não atacar adversários de Haddad na sua rápida participação na campanha, na última semana.

Procon 
Caso avance, Russomanno vai mesmo mudar a equipe de marketing. O publicitário Ricardo Bérgamo terá companhia de Agnelo Pacheco, indicado por Campos Machado (PTB). O "reforço" será anunciado amanhã.

Sonho meu 
O cenário de embate com Russomanno no segundo turno é o trabalhado pelo marqueteiro do PSDB, Luiz González, há 20 dias, desde que Serra estancou sua curva de queda nas pesquisas. O QG guardou munição contra o candidato do PRB para a nova fase.

DR 
O Planalto começa a debater procedimentos para o segundo turno com partidos da base em reuniões a partir de terça, capitaneadas por Ideli Salvatti (Relações Institucionais). A ministra receberá os líderes governistas Arlindo Chinaglia (PT-SP), Eduardo Braga (PMDB-AM) e José Pimentel (PT-CE). Também é esperada a participação dos representantes de PT e PMDB no Congresso.

Pastel de vento 
Desde quinta-feira, petistas são bombardeados com números conflitantes sobre quem vai para a segunda fase da disputa em São Paulo. "Parece pastelaria: tem para todo gosto".

Ponte aérea 
Dividido entre São Paulo, Belo Horizonte e a campanha de Hugo Chávez na Venezuela, também hoje, João Santana começa o dia em Caracas, embarca à tarde para São Paulo e pode ir ainda hoje à capital mineira. Amanhã, volta à Venezuela.

Sem pausa 
Dilma manifestou a Lula medo de que, encerrada a disputa municipal, comece outra, pela vaga de candidato do PT ao governo de São Paulo. Ela vai chamar Aloizio Mercadante (Educação), Alexandre Padilha (Saúde) e Marta Suplicy (Cultura) e dizer que não quer que 2014 comece em 2012.

Rojão 
Com a expectativa de vencer ou disputar o segundo turno em sete capitais e em Campinas (SP), que tem "status" equivalente na contabilidade interna, o PSB deve só esperar a apuração para bater bumbo do saldo eleitoral, com o presidenciável Eduardo Campos à frente.

Em casa 
O PSB considera vital liquidar a fatura no Recife hoje. Embora os institutos apontem tendência de segundo turno com o tucano Daniel Coelho, o argentino Diego Brandy -que é chamado de "mago" das pesquisas no QG de Geraldo Júlio- tem prometido vitória antecipada ao amigo Eduardo Campos.

Mudando... 
Presidente do TSE, Cármen Lúcia deve se pronunciar pelo menos duas vezes hoje. Fará balanços sobre os problemas em urnas eletrônicas e dará um panorama geral quando a votação terminar. Já os resultados serão proclamados pelos TREs.

... de assunto 
Também integrante do STF, a ministra quer se manifestar publicamente para responder às críticas de que teria deixado a condução do processo eleitoral em segundo plano por causa do mensalão.

Trote 
Tasso Jereissati (PSDB) recebeu ligação de telemarketing em que Lula pedia votos para Elmano Freitas (PT). Em 2010, gravação similar instava os cearenses a não votarem em Tasso, alvo do petista graças à derrota na prorrogação da CPMF.

Tiroteio

O eleitorado paulistano pregou uma peça em todos. Parece sinalizar que deseja um segundo turno diferente: com três candidatos.

DO HISTORIADOR MARCO ANTONIO VILLA, analisando a embolada disputa pela Prefeitura de São Paulo, com cenário indefinido até a eleição.

Contraponto


Urna indevassável

Candidato a prefeito de Salvador pelo PRTB, Rogério da Luz roubou a cena no debate da Rede Bahia, afiliada da Rede Globo no Estado, que pertence aos herdeiros do senador Antonio Carlos Magalhães, cujo neto, ACM Neto (DEM), disputa uma vaga no segundo turno na capital.

Com tiradas e brincadeiras, o candidato foi o franco-atirador do debate. Já na saída do evento, ao concluir a entrevista com os jornalistas, tripudiou:

-Espero o voto de todos, inclusive do pessoal que trabalha aqui na Rede Bahia, porque, afinal, o voto é secreto. Não precisa votar em Neto, não!

A igualdade dos extremos - JANIO DE FREITAS

FOLHA DE SP - 07/10


Não há dúvida de que o julgamento do Processo 470 ficará na história -por muitos motivos


Nem Joaquim Barbosa nem Ricardo Lewandowski. Nem a ânsia de condenação a granel nem a absolvição seletiva. Nem as suposições forçadas nem o escamoteio de evidências. Julgamento é outra coisa. Ou deve ser.

A origem fraudulenta do dinheiro repassado a políticos, como pessoas ou em nome dos seus partidos, está demonstrada com provas suficientes. A imprecisão do montante destinado aos repasses, pelo PT, não diminui a obviedade, também demonstrada, de que Delúbio Soares não agiu por decisão própria para tomar os empréstimos e para distribuí-los. Pois o próprio presidente do partido, José Genoino, avalizou um dos empréstimos e, também não há dúvida, as relações do comando petista com deputados e partidos eram influenciadas pelas quitações de dívidas ou, dizem as condenações, compras de votos na Câmara.

Os repasses conhecidos de dinheiro tinham essa precisa finalidade de influir nos relacionamentos políticos do PT. Finalidade que não conta, no processo, com provas da maneira como se tenha efetivado. A rigor, tais provas não seriam necessárias para haver consequências judiciais, para isso bastando os repasses de dinheiro com origem fraudulenta.

Mas a acusação quis atribuir um objetivo definido -indicou a compra de votos em apoio a projetos do governo-, para assim chegar à acusação maior a José Dirceu. Tanto o relator como ministros do Supremo Tribunal Federal subscreveram o objetivo petista indicado pelo procurador-geral. O revisor quis a linha oposta.

Na argumentação caótica do seu voto, o revisor Ricardo Lewandowski chegou a exageros de negação patéticos. Apresentar como "documento muito importante" a comprovação de que o empréstimo avalizado por José Genoino foi pago, mas silenciando que o pagamento se deu em 2011 e 2012, é de uma parcialidade gritante. Assim como negar a participação de Marcos Valério no mesmo aval, apesar da prova documental. E perder-se na invocação, para defender José Dirceu, de incontáveis depoimentos de petistas, vários deles com desempenhos grotescos na CPI que investigou o mensalão, foi desfazer da atenção alheia. Nem isso foi tudo.

No outro extremo ficam o relator Joaquim Barbosa e os ministros que o têm acompanhado. Considerar, como fazem, que as votações das reformas previdenciária e tributária confirmam a "compra" dos recebedores de repasses do PT, é comprometedor. Os oposicionistas também votaram a favor dos dois projetos, porque ali estava o PT dando as costas a si mesmo, lutando pelo que sempre repelira.

No PT, e não fora dele, foi necessária a ação do comando petista por votos nas reformas. A ponto de que esse empenho culminasse com a expulsão, por fidelidade à posição programática do petismo, da senadora Heloísa Helena e dos deputados Luciana Genro, Babá e João Fontes, logo seguidos pela exoneração voluntária de outros petistas tradicionais.

Se aquela é a demonstração mais firme da compra de votos, não é melhor a afirmação de que José Dirceu mandou o petebista Emerson Palmieri a Lisboa com Marcos Valério, em viagem para coletar milhões na Portugal Telecom. Tal versão criada por Roberto Jefferson, chefe de Palmieri, encobre algo importante, que permanece obscuro porque a Procuradoria-Geral da República preferiu, em vez de abrir uma investigação específica, beneficiar-se do valor acusatório da versão.

Não há dúvida de que o julgamento do Processo 470 ficará na história. Por muitos motivos.

Fragmentada e complicada - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 07/10


A eleição "mais complicada" já havida em São Paulo, na opinião de Lula, deve ser também, em nível nacional, a mais fragmentada dos últimos tempos, de acordo com pesquisa do Datafolha, com pequenas legendas ganhando destaques pontuais, como o PRB em São Paulo. Mas, segundo todas as previsões, terminará com o quadro mais ou menos estável: PT e PSDB polarizam as disputas nos maiores colégios eleitorais do país, confirmando o protagonismo que terão na eleição presidencial de 2014, enquanto o PMDB deverá eleger o maior número de prefeitos, mantendo a posição de fiel da balança em qualquer coligação eleitoral.

Se é verdade que as eleições municipais não representam um prognóstico do que serão as eleições nacionais dois anos depois, desta vez temos diversos fatores que levam para o campo nacional certas disputas regionais, determinando uma influência mais perene de seus resultados.

A começar pela presença do ex-presidente Lula no cenário nacional, cuja influência pode estar declinando à medida que suas intervenções parecem não ter surtido o efeito pretendido.

A "mais complicada" eleição paulistana pode acabar deixando de fora da disputa Fernando Haddad, o candidato que o ex-presidente tirou do bolso de seu colete, outrora considerado milagreiro. Terá sido a primeira vez que o PT não disputará o segundo turno na capital paulista, derrota capaz de quebrar o encanto que se criou em torno das qualidades quase mágicas do líder operário tornado presidente.

Ir para o segundo turno em São Paulo seria uma compensação política razoável para o PT contrabalançar derrotas que parecem mais que prováveis, como em Recife e em Belo Horizonte. Por isso o esforço final de Lula, abandonando os candidatos sem maiores chances. Não apenas derrotas, mas para um adversário saído da coligação governista, o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o que aumenta suas repercussões, que em Recife pode ter contornos patéticos com o candidato imposto pela direção nacional petista ficando fora de um eventual segundo turno.

O partido de Campos não tem a relevância dos três maiores rivais PMDB, PT e PSDB, mas terá resultados políticos importantes que o colocarão na vitrine nacional com ares de independência diante do PT, ao qual continua aliado, mas "costeando o alambrado", pronto para sair do cerco petista.

Vitórias em Belo Horizonte, Recife e Fortaleza darão musculatura às ambições políticas de Eduardo Campos, mesmo que as vitórias não sejam completamente dele. A de Minas é mais do tucano Aécio Neves, e a de Fortaleza, se acontecer, deve ser atribuída à família Gomes, que não é exatamente aliada do governador pernambucano, embora do mesmo partido.

Mas, em compensação, a vitória de Recife é toda de Campos, e tem dimensão especial por ter derrotado a máquina petista. Eduardo Campos sai desta eleição maior do que entrou, com chances de aspirar a um papel mais relevante nos próximos anos.

Mesmo que diga que não nasceu para ser vice de ninguém, mesmo com a elevação de sua importância política, ainda não tem condições de protagonista nacional. Pode, no entanto, vir a compor uma chapa presidencial tanto com Dilma quanto com o oposicionista tucano.

Especialmente porque o senador Aécio Neves, potencial candidato do PSDB à Presidência em 2014, saiu da letargia e partiu para atuação oposicionista efetiva, confirmando sua dimensão política presumida, que andava sendo questionada.

O rompimento com o PT mineiro e o embate com a presidente Dilma em seu território, provocado pela própria, que inventou a candidatura de Patrus Ananias, foram benéficos para os planos de Aécio.

O senador tucano também aproveitou as eleições municipais para viajar pelo Brasil apoiando candidatos do PSDB, assumindo uma liderança nacional que lhe caíra no colo na disputa com o hoje candidato a prefeito de São Paulo José Serra. Mesmo que venha a vencer a eleição paulistana, Serra tem seu futuro imediato atrelado à prefeitura, não lhe sendo mais possível pensar em Presidência em 2014.

Mais que isso. Um dos movimentos mais radicais para ajudá-lo a convencer o eleitorado paulistano de que continuará na prefeitura pelo menos os próximos quatro anos seria, na campanha de um eventual segundo turno, oficializar seu apoio a Aécio para a disputa presidencial, um desses paradoxos que somente a política pode provocar.

Choques do novo - LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

O GLOBO - 07/10


Na noite de 29 de maio de 1913 quase tiveram que chamar a polícia para conter uma revolta que começara no interior do Théâtre des Champs-Élysées, em Paris, e ameaçava transbordar para a rua. A revolta era da plateia contra o ballet Ritos da Primavera de Igor Stravinsky, com coreografia de Nijinski para o Ballet Russe de Sergei Diaghilev.

Não se sabe o que provocou as primeiras manifestações de desagrado da plateia, que foram num “crescendo” até se transformarem em rebelião: se a música de Stravinsky ou a coreografia de Nijinski. Suponho que o ballet tenha ido até o fim, apesar das vaias e da iminência de invasão do palco pelo público, com o risco de linchamento de bailarinos.

Hoje você ouve a música de Stravinsky e não consegue entender o que revoltou tanta gente. E não dá para imaginar uma coreografia tão estranha que destoasse do que se vê hoje em qualquer palco. O que aconteceu com a plateia no Théâtre des Champs-Élysées na noite de 29 de maio de 1913 foi o mais notório exemplo do choque do novo na história da arte. Criadores incompreendidos que precisaram esperar anos para o reconhecimento da sua novidade foram muitos, mas nenhum episódio reverberou tanto, na sua época e depois, quanto a violenta rejeição de Ritos da Primavera. Até se pode dizer que a revolta da plateia naquela noite de primavera foi uma espécie de rito de passagem. Depois dela, nenhum choque do novo foi tão grande, ou pelo menos tão barulhento.

Qualquer vanguardista lhe dirá que fica cada vez mais difícil espantar a burguesia. Coisas como a ex-posição de animais esquartejados como arte podem enojar, o que não é o mesmo que chocar. É como se tivesse ficado na nossa memória coletiva o comportamento daquela plateia em 1913 e nos preocupássemos em não repetir o vexame. Nada mais nos choca, e se chocasse não diríamos.

Mas também não deixa de haver uma certa nostalgia pelo tempo em que a arte nova despertava paixões, mesmo paixões reacionárias. E ela tinha uma importância que perdeu, agora que se aceita tudo.
TCHAU
Vou parar de escrever. Mas não festeje, é só por um mês. Férias. Volto no dia 8 de novembro. Até lá.

Tripé capenga - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 07/10


Não é somente uma vaga impressão. Agora é certeza. O tripé em que se assentava a política econômica do Brasil durante os governos Fernando Henrique e Lula está se desmanchando pouco a pouco.

É possível argumentar que, diante de tanta crise e mudança no mundo, seja natural que o tripé vencedor possa ou mesmo deva sofrer ajustes importantes. O governo Dilma não reconhece que está derrubando paredes e redesenhando a planta da casa. Prefere dizer que são ajustes apenas circunstanciais e que está só trocando os móveis de lugar. Isso mostra a falta de clareza do governo federal. Não consegue mostrar até onde vão as mexidas nem propor, como definitiva, nova modelagem.

O efeito é um grau progressivo de incerteza, cujo reflexo tende a ser a retração do investimento privado.

O primeiro pé do tripé, a meta de inflação, vai sendo sistematicamente "flexibilizado". O Banco Central já não persegue a inflação no centro da meta - neste ano, de 4,5%. Tolera índices bem mais elevados, sugerindo que, mais adiante, retomará o controle. Nas justificativas, é claro, não admite ter desistido. Dá a entender que se trata de descolamento temporário. Nos recados para os agentes econômicos, opta por declarar que "a inflação tende a se deslocar para a meta de forma não linear".

O segundo pé, o câmbio flutuante, foi substituído por um câmbio administrado relativamente fixo, de R$ 2 por dólar. Seu principal problema é a falta de molejo na absorção de choques externos - caso, por exemplo, da alta dos alimentos causada pela seca nos Estados Unidos ou do maior afluxo de moeda estrangeira subsequente às emissões promovidas pelos grandes bancos centrais.

Explicando melhor: a um câmbio fixo, o encarecimento dos alimentos lá fora é transmitido diretamente para o mercado interno, à proporção de R$ 2 por dólar. E a perspectiva de entrada de mais dólares obriga o Banco Central a comprar maiores volumes de moeda estrangeira - o que, por sua vez, exige mais emissão de títulos públicos (mais endividamento bruto).

O terceiro apoio do tripé é a responsabilidade fiscal. Uma de suas disposições é o cumprimento do superávit primário que, em 2012, deveria alcançar R$ 139,8 bilhões, o equivalente a 3,1% do PIB. (Superávit primário é sobra de arrecadação destinada ao pagamento da dívida pública.) Como o PIB encolheu, o governo Dilma desistiu da meta nominal do superávit, medida em reais. Mas, ainda assim, vinha garantindo o cumprimento da meta dos 3,1% do PIB, qualquer que viessem a ser o crescimento econômico e o tamanho do PIB.

A novidade é que o governo federal agora vai abrindo mão também desse objetivo, sob a alegação de que as despesas públicas subiram mais do que a arrecadação e que é preciso fechar as contas. Não está claro qual serão as novas proporções do superávit primário. Mas, já se sabe, além de encolher, vai ser contabilizado com truques já conhecidos, como o de travestir certas despesas de investimento.

Como se viu, por motivos diferentes, o tripé que deu certo antes está sendo preterido por uma mistura de metas flácidas que tornam toda a política econômica mais rígida e o resultado geral bem mais instável.

Apesar de todos os apelos da presidente Dilma para que mobilize o tal espírito animal, o empresário brasileiro se mantém relutante a desengavetar seus projetos de investimento - como mostram tanto os números da Formação Bruta do Capital Fixo das Contas Nacionais quanto o baixo apetite das empresas para compras de máquinas e equipamentos.

Até recentemente, o principal fator que explicava essa resistência do empresário em investir era o alto custo Brasil. Alguns custos têm baixado, é preciso reconhecer. É o caso dos juros e dos encargos sociais cobrados na folha de pagamentos. Mas essa derrubada não tem sido suficientemente vigorosa a ponto de descolar os necessários investimentos.

Agora, a esse entrave, tende a se somar outro: o aumento das incertezas. É um climão geral de desconfiança, não captado em câmeras fotográficas nem em telas de radar, que vai se instalando na economia, a princípio como uma neblina tênue que aos poucos toma corpo.

Nem o governo Dilma sabe ao certo o que fazer com as mudanças. Não sabe se deve voltar ao modelo antigo ou se tem de buscar nova formatação macroeconômica. O risco é que fique mais difícil administrar toda a economia.

Brasil acorda e incomoda - ALBERTO TAMER


O Estado de S.Paulo - 07/10


Mais protestos contra a nova política comercial brasileira. Agora está sendo liderado pela União Europeia que não se conforme com as novas regras do setor automotivo e ameaça ir oficialmente à OMC. Não concorda e não aceita porque isso vai prejudicar a sua indústria automobilística. É estranho, porque ela não parou agora, está estagnada há dois anos, não porque exporta menos,, mas porque o mercado interno simplesmente afundou. O escritório de estatística da UE revisou na sexta-feira a previsão de queda do PIB no segundo trimestre, de 0,5% para 0,9%. Um recuo agora generalizado, confirmando a recessão. Não há sinais de saída e o FMI já fala em dez anos para retomar um crescimento sustentável. E se podemos apontar a responsabilidade por isso, não seria as importações, mas a política de austeridade intensificada em plena recessão pelos governos europeus.

Falem com a China. Não serão as ínfimas exportações do Brasil ou de outros países que vão agravar esse cenário. Se há alguma queixa deveria ser contra a China, que teve um superávit com a Europa de mais de US$ 200 bilhões no ano passado! O nosso com a comunidade nos últimos 12 meses está (acreditem) em US$ 2,4 bilhões. E vem recuando.

O desafio é outro. Mas números divulgados pela OMC mostram que o desafio da desaceleração do comércio mundial vai além dos desentendimento e confrontos que vemos agora. O risco é outro. A OMC divulgou esta semana dados mostrando que há uma forte e crescente concentração do comércio mundial nos Estados Unidos, na China e na União Europeia. Eles representam quase 45% do comércio mundial estimado pela OMC em US$ 12,7 trilhões. (é oportuno lembrar que o Brasil deve exportar este ano, se houver recuperação no último trimestre, quando muito, US$ 290 bilhões). Qualquer recuperação do comércio e da economia mundial depende deles. São transações bilaterais acima de US$ 200 e US$ 300 bilhões. Por exemplo, no ano passado, as exportações dos EUA para a China chegaram a US$ 103 bilhões, mas as vendas da China para o mercado americano ficaram em nada menos que US$ 399 bilhões. A concentração foi ainda maior no comércio bilateral com a Europa, acima de US$ 500 bilhões. Em resumo, as transações entre esses três parceiros comerciais se situa na casa da centenas de bilhões de dólares. E, lembra a OMC, não estão incluídos aí o comércio intrarregional entre os países da comunidade europeia. Vamos resumir para o leitor que se perdeu em meio aos números.

1 - Brasil exportará US$ 290 bilhões (é bi mesmo);

2 - União Europeia (menos comércio intrarregional) exportará US$ 2.131 trilhões (é trilhão mesmo);

2- China, US$ 1,898 trilhão;

3 - Estados Unidos, 1,511 trilhão.

Não somos nada, somos anões nesse mercado trilionário e agora todos reclamam quando o governo pretende alterar um pouco esse cenário. O Brasil é "protecionista". Não são países como Brasil, Argentina, e outros que pesam e podem evitar uma retração ainda maior no comércio mundial - porta por onde entra e sai a recessão. Mesmo assim, eles se queixam...

Mas por quê? Sim, por que esses protestos contra a tentativa do Brasil de exportar mais do que a ninharia de US$ 300 bilhões por ano, e a importar, digamos, US$ 270 bilhões mantendo um "superávit" condenável e estigmado de US$ 30 bilhões? No fundo pode-se dizer, eles ocupam espaço no mercado interno, um dos poucos que, mesmo pequeno, tem potencial e ainda cresce. Será? Não é só isso. Há uma outra razão. Eles estão preocupados mesmo porque suas indústrias estão sendo estimuladas a investir no Brasil e em outros mercados mais promissores, como se revela agora no setor automotivo. E as empresas estão vindo, sim. Em 12 meses, os investimentos diretos chegaram a US$ 65,7 bilhões. E isso porque há novos incentivos e condições mais atraentes para produzir aqui. A economia brasileira não está esclerosada, como a europeia. Avança, retrai, se adapta agora às novas circunstâncias, mas há ações, não se acomodou e murchou como na Europa. Nada mais lógico as indústrias virem se instalar aqui.

A resposta. É o caso agora tumultuado do setor automotivo. Uma gritaria generalizada com as medidas do governo. O ministro Fernando Pimentel foi muito incisivo: o Brasil é o quarto maior mercado do mundo desse setor e o sétimo produtor. A nova política industrial, não só automotiva, visa desonerar, atrair investimento, produção, emprego em "todas" os setores da economia.

E, apesar das críticas dos EUA e da União Europeia, as empresas estão vindo para o Brasil. No caso automotivo, apenas quatro, Chery, Jac Motors, Nisam e, acreditem, BMW planejam investir US$ 5 bilhões. Outras asiáticas, mais US$ 3,5 bilhões na produção de caminhões. Mantega estima que até 2017 esses investimentos chegarão a R$ 44 bilhões. A Anfavea é mais otimista, falam R$ 60 bilhões. Por quê? Ora, diz a associação, mesmo em 2008, quando a indústria automobilística mundial entrou em crise nos EUA tiveram de ser socorridas às pressas para não falir. No Brasil, ela continuou crescendo.

Mas e os protestos? A resposta foi muito clara: as regras da OMC foram rigorosamente respeitadas. Podem gritar que estamos ouvindo e até recorrer à OMC que leva anos para decidir. Enquanto isso, as grandes empresas continuarão instalando fábricas e produzindo no Brasil.

CLAUDIO HUMBERTO

“Acho que é a eleição mais complicada de São Paulo”
Lula deixando escapar seu pessimismo quanto às chances de Fernando Haddad (PT)


GOVERNO JÁ NEGOCIA APOIO DO PMDB A RUSSOMANNO
Apesar da queda vertiginosa de Celso Russomanno (PRB) nas pesquisas das últimas duas semanas, o Palácio do Planalto e a cúpula do PT avaliam que é ele quem vai disputar com José Serra (PSDB) o segundo turno da eleição para prefeito paulistano. Já na sexta-feira (5), líderes partidários da base aliada foram solicitados a passar o fim de semana em São Paulo negociando o apoio do PMDB a Russomanno.

À MESA
Os líderes aliados marcaram reuniões neste domingo com o vice-presidente Michel Temer e o candidato Gabriel Chalita, do PMDB.

FATOR PTB
Partido do vice de Russomanno, o PTB joga um papel decisivo nas negociações para o PMDB apoiar o candidato do PRB no 2º turno.

RESULTADO INCERTO
Apesar do pessimismo do governo, Russomanno, Serra e Haddad chegam praticamente empatados nas pesquisas, neste domingo.

CUECAS SAFADAS
Mais um petista preso com dinheiro na cueca, agora em Manaus. Logo a Justiça Eleitoral vai proibir uso de cuecas 48 horas antes da votação.

ELA PRESIDE ELEIÇÕES E GANHA MENOS QUE VEREADOR
A ministra Cármen Lúcia, que preside as eleições deste domingo em todo o País, trabalha como poucos e ganha apenas R$ 5.406,33 líquidos (R$ 6,4 mil brutos) para chefiar o Tribunal Superior Eleitoral. O valor é cerca de um terço dos vencimentos de um vereador da cidade de São Paulo, que a partir de janeiro vai receber R$ 15.031,76. No Supremo Tribunal Federal, a ministra ganha mais R$ 17,8 mil líquidos.

BRUTOS
Os vencimentos brutos da ministra Cármen Lúcia, no STF e no TSE, somam R$ 33,1 mil, mas os descontos totalizam quase R$ 10 mil.

AVANÇO PETEBISTA
O PTB espera um crescimento importante, nas eleições deste domingo. A meta é conquistar cerca de quinhentos municípios em todo o País.

BENDITO FRUTO
O Ministério da Agricultura abriu concurso para adido agrícola em Pequim. O candidato, claro, deverá ser especialista em abobrinha.

O PLANALTO MONITORA
A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) coordena o grupo do Palácio do Planalto que vai monitorar as eleições deste domingo. Ideli vai informar a Dilma, durante todo o domingo, sobre a disputa nas capitais e nos 78 municípios onde espera que haverá segundo turno.

GRANDE VENCEDOR
Com a reviravolta espetacular que promoveu no Recife, o governador Eduardo Campos (PSB) sairá da eleição politicamente muito mais forte, neste domingo. E com a candidatura presidencial na mão, se quiser.

PT TEME ‘EFEITO MENSALÃO’ 
Com candidatos pendentes de segundo turno ou já fora do páreo nas principais capitais – Recife, Belo Horizonte, Fortaleza e Porto Alegre –, caciques do PT veem, mas não admitem, que seu capital político minguou, atropelado pelo escândalo do mensalão. 

DESÂNIMO GERAL
Acompanhada de perto pelos petistas, a repercussão nas redes sociais também preocupa: a condenação do ex-ministro José Dirceu às vésperas da eleição contribuiu para o desânimo quase geral no PT. 

NOVA GERAÇÃO
Filho do ex-senador e ex-ministro do TCU Guilherme Palmeira, o tucano Rui Palmeira, candidato favorito em Maceió, representa a novíssima geração de políticos que surgirá das urnas, neste domingo.

HOLERITE
Condenado no mensalão, o ex-tesoureiro do PL (atual PR) Jacinto Lamas garantiu seu mensalinho: o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS) aposentou-o como analista legislativo com R$ 25,7 líquidos. 

MARCADO PARA CASSAR
Na véspera da eleição, o candidato a prefeito de Águas Lindas (GO), no entorno do DF, já respondia a ação do Ministério Público Eleitoral pela compra e distribuição de vale-transporte para o eleitorado.

CADEADO
A moda pegou: o Ministério Público Eleitoral do Maranhão proibiu a circulação de até R$ 2 mil em Pedreiras, temendo compra de votos. Só não adiantou se pode levar, inclusive moedas, em cuecas e meias. 

PENSANDO BEM...
...neste domingo pode sobrar choro, mas faltar vela, nunca. 


PODER SEM PUDOR

PROMESSAS, PROMESSAS

Em campanha para a Prefeitura de Campina Grande (PB), Severino Cabral, pai do ex-senador e embaixador Milton Cabral, muito intuitivo, tinha uma equipe para fazer seus discursos e auxiliá-lo ao pé de ouvido nos palanques. Num comício, ele desandou a fazer promessas, até anunciou que, eleito, levaria para a cidade um grande empreendimento. Ao seu ouvido, baixinho, o ex-deputado Raimundo Asfora orientou:

- ...em convênio com a Sudene.

E ele repassou para a multidão o que havia entendido:

- ...e vou construir também um convento para a Sudene!

DOMINGO NOS JORNAIS


Globo: Rio elege hoje prefeito que terá superdesafios
Folha: Serra passa, Russomanno cai mais, Haddad encosta
Estadão: Russomanno embaralha tradicional duelo PT-PSDB
Estado de Minas: Eleições 2012 – Que vença BH
Jornal do Commercio: Por uma cidade melhor
Zero Hora: Eleições 2012 – Eu prometo