quarta-feira, janeiro 28, 2009

ILIMAR FRANCO

A cabeça de Jucá

Panorama Político 
O Globo - 28/01/2009
 

Com a derrota anunciada para a presidência do Senado, os petistas têm um novo alvo: o cargo do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Sem força para desbancar José Sarney (PMDB-AP) e sem o apoio que esperavam do presidente Lula, estão dizendo que, com o PMDB no comando das duas Casas, a liderança no Senado é um bom espaço para o PT. Para serem atendidos, precisam de um único voto: o do presidente Lula. 

Atrasado, PSDB vai de Sarney 

O PSDB perdeu o timing e anunciará hoje apoio a José Sarney (PMDB-AP) quando seus votos já não são mais decisivos para elegê-lo presidente do Senado. Perdeu a oportunidade de faturar no papel de noiva. O roteiro está pronto. Para evitar a imagem de decisões centralizadas na cúpula, o PSDB reunirá hoje sua bancada. O passo seguinte é tentar afastar a impressão de que a decisão está atrelada a 2010. Dirá que o apoio foi decidido com base em uma lista de compromissos, como independência em relação ao Palácio do Planalto, direito de obstrução garantido e posição contrária a um terceiro mandato para o presidente Lula. 

Obama, quando fui eleito, o primeiro presidente dos trabalhadores, disse que meu governo não poderia errar. Você, como primeiro negro presidente dos Estados Unidos, tem uma grande responsabilidade, não tem o direito de errar" - Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no telefone com o americano Barack Obama 

APOIO INTERNACIONAL
O refúgio concedido a Cesare Battisti também rende elogios para o ministro Tarso Genro, além das críticas. O filósofo francês Bernard-Henri Lévy enviou mensagem: "Nós todos, intelectuais moderados na Europa, apoiamos e apoiaremos vossa excelência". O sociólogo português Boaventura de Souza Santos elogiou: "Trata-se de uma decisão importante para a democracia e para a defesa do primado do Direito". 

É a crise 

O secretário estadual de Trabalho do Rio, Ronald Ázaro, vai à CSN hoje tentar evitar uma segunda onda de demissões. Vai sugerir a suspensão dos contratos de trabalho, o que pouparia gastos com pagamento de multa e aviso prévio.

Simon contrariado 

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) não vai hoje à reunião da bancada para homologar a candidatura de José Sarney. "Não pediram minha opinião na hora de tomar a decisão, então não vou a uma reunião de consagração", disse ele. 

Saúde precária 

Os diretores da Sociedade Brasileira de Urologia entregarão ao ministro José Temporão (Saúde), terça-feira, um dossiê sobre a situação do paciente urológico no SUS. O paciente espera, em média, cinco meses para fazer uma cirurgia de próstata. Nesse período, ele é obrigado a usar uma sonda que o impede de ter vida social. Os médicos vão solicitar melhores condições de trabalho nos hospitais públicos. 

Na Câmara, surge um blocão 

O PMDB e o PT, mais o PSDB e o DEM, formalizam hoje um blocão de 14 partidos em apoio à chapa liderada por Michel Temer (PMDB-SP) à presidência da Câmara. Com isso, o PP de Ciro Nogueira (PI) ficará fora da Mesa Diretora, e ao bloquinho PSB-PCdoB, de Aldo Rebelo (AL), restará a última suplência. Um dos articuladores da campanha de Temer dizia ontem que ele terá mais de 290 votos na eleição. Cautelosos, os articuladores trabalham com uma margem grande de traições. 

O GOVERNADOR do Rio, Sérgio Cabral, orientou o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) a votar em José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado. 

A DIREÇÃO do PCdoB decidiu que o senador Inácio Arruda (CE) também dará seu voto a Sarney. 

O GOVERNO brasileiro não crê em mudanças a médio prazo na política dos EUA para a Rodada de Doha.

AUGUSTO NUNES

O bravo vencedor da luta no açougue

Coisas da Política
Jornal do Brasil - 28/01/2009
 

O ITALIANO LINO SABBADIN, dono de um açougue na cidadezinha de Santa Maria di Sala, foi condenado à morte por ignorar a diferença entre um assalto a mão armada e uma expropriação revolucionária. Em janeiro de 1979, quando rechaçou à bala o bando que invadiu o açougue na cidadezinha de Santa Maria de Sala, nem desconfiou de que matara não um ladrão, como tantos, mas um guerrilheiro incorporado à tropa incumbida de confiscar parte do capital de um comerciante burguês  e usar o dinheiro para financiar a guerra contra o regime movida pelo grupo Proletários Armados para o Comunismo.

O tribunal do PAC precisou de alguns minutos para decidir-se pela aplicação da pena capital ao "contra-revolucionário" que simulava desinteresse por política para camuflar a paixão pelo fascismo. Fuzilado em 16 de fevereiro pelos mesmos assaltantes que repelira no mês anterior, Lino morreu sem saber que, aos 46 anos, deixara de ser apenas açougueiro. Aos 17, Sabbadin testemunhou parcialmente a execução do pai. O que viu e ouviu o adolescente tinha cara de assassinato, jeito de assassinato, modos de assassinato.

Depende da posição de quem olha as coisas, corrigiram os panfletos distribuídos pelo PAC para festejar a vitória na Batalha do Açougue. Visto da extremidade esquerda da platéia, por exemplo, o que parece assassinato não passa de um justiçamento revolucionário, e o que se assemelha a um grupo de extermínio se transforma num comando de heróicos guerrilheiros. "Eram quatro e meia quando eles chegaram", lembra Adriano. Enquanto os pais atendiam um freguês no balcão, ele conversava pelo telefone na parte dos fundos do açougue quando os tiros começaram. "Fiquei apavorado e subi correndo para o segundo andar, onde ficava a casa da família. Esperei uns dois ou três minutos intermináveis até me aproximar da janela que dava para a rua". Dali, viu três jovens saindo às pressas pela porta da frente e entrarem num carro estacionado metros além. Quando partiram, o adolescente voltou ao açougue.

Com o avental branco desfigurado por manchas vermelhas, a mãe estava ao lado do corpo do pai, estirado numa poça de sangue. Meses mais tarde, ele se espantou com os depoimentos prestados à Justiça pelos matadores: achavam que haviam cometido um "crime político". É o que continua achando o governo brasileiro, descobriu Adriano quase 30 anos depois daquela tarde.

Como 83% dos italianos, como milhões de brasileiros que vêem as coisas como as coisas são, Adriano está inconformado com a absolvição de Cesare Battisti pelo juiz ocasional Tarso Genro. Condenado à prisão perpétua na Itália pela participação no assassinato de Sabbadin e de mais três "contra-revolucionários", Battisti livrou-se da extradição graças ao ministro da Justiça, que o promoveu a "refugiado político" e pôs na conta das motivações ideológicas o prontuário de um ladrão vocacional diplomado em latrocínio na escolinha do PAC.

Segundo a discurseira recorrente do próprio Tarso, do presidente Lula e de toda a companheirada, devem ser anistiados, aplaudidos e indenizados os que lutam de armas na mão contra a ditadura e pela ressurreição da liberdade. Não se encaixam no palavrório os Proletários Armados para o Comunismo, que sempre couberam em quatro ou cinco camburões. Na Itália dos anos 70, não havia regimes totalitários a combater, nem tiranos a derrubar. Muito menos houve guerrilheiros dispostos a matar ou morrer pela pátria livre.

Se os textos produzidos entre 1976 e 1979 traduziram o que pensavam, Battisti e seus comparsas roubaram e mataram para destruir a república democrática, esquartejar a liberdade e implantar a ditadura. Se mentiram, os revolucionários de araque queriam só enriquecer sob as bênçãos dos nostálgicos da Guerra Fria. Nas duas hipóteses, o PAC foi um caso de polícia.

A adoção de Battisti pela companheirada reafirma o menosprezo pelas liberdades democráticas e outros caprichos burgueses, e a certeza de que não há salvação fora do partido único que saberá reconstruir o socialismo em frangalhos. O que espera o PCC para trocar o Primeiro Comando da Capital da certidão de batismo por um oportuníssimo Partido dos Comunistas Convertidos? O primeiro nome pode dar cadeia. O segundo permite roubar e matar sob a proteção do governo brasileiro.

COLUNA PAINEL

Corrente pra frente


Folha de S. Paulo - 28/01/2009
 

Já em plena atividade para se tornar a candidata do PT à sucessão de Lula, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) trabalha para manter sob suas asas o "PAC da Copa" de 2014, a ser anunciado em abril ou maio. Um decreto nomeando-a coordenadora das ações de infraestrutura do mundial de futebol, de óbvio potencial eleitoral, está em discussão na Presidência.
Mas há resistências dentro do governo. O argumento é que poderia ocorrer uma "politização" do evento, o que prejudicaria parcerias com os governadores tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), também presidenciáveis. Dilma quer anunciar o novo PAC assim que as 12 cidades-sede da Copa forem escolhidas pela Fifa, no final de março.

Planos
A Casa Civil diz que o modelo do PAC da Copa ainda está sendo avaliado, mas afirma que a responsabilidade da ministra Dilma sobre ele é uma "possibilidade". 

2010 chegou
Ministério do Planejamento divulgou ontem estudo para tentar provar que o governo Lula não promoveu "inchaço" da máquina. O texto coteja a evolução do pessoal da União com o aumento dos servidores do governo de São Paulo e conclui: "A comparação (...) aponta taxa de crescimento menor no Poder Executivo Federal que no Estadual". 

Pulo
O maior salto em São Paulo, de acordo com o estudo, acontece em 2007 (14,4%), primeiro ano da gestão de José Serra (PSDB). 

Alhos e... 
O que o texto não ressalta é que a comparação usa parâmetros distintos: para a União são levados em conta só os 
servidores civis; no caso de São Paulo, entra o aparato militar, incluído no contingente de 187 mil integrantes da segurança pública. 

Arte da guerra 1
Logo após a posse de Geraldo Alckmin na Secretaria de Desenvolvimento, o diretório paulistano do PSDB, que apoiou veladamente a reeleição de Gilberto Kassab (DEM), se reuniu. José Henrique Reis Lôbo, presidente do partido na cidade, abriu o encontro: "Não é preciso relembrar aqui o que aconteceu porque os fatos são recentes [...] Toda vez que nos dividimos pagamos caro pela nossa insensatez". 

Arte da guerra 2
Lôbo continua: "Sou contra o "apartheid". Repudio a estratégia nazista dos que são as fontes, não tão anônimas assim, que abastecem a imprensa com notícias que visam dividir o partido em guetos".

Luz amarela
Deputados do PSDB que concluíram ontem contabilidade da bancada para a eleição na Câmara se alarmaram. O placar indica que Michel Temer (PMDB-SP), a quem o partido apoia oficialmente, teria entre 30 e 35 dos 57 votos. O dado seria levado pelo presidente da sigla, Sérgio Guerra (PE), ao governador José Serra (SP) na noite de ontem. 

Compasso
Outro tema da conversa seria a eleição no Senado, onde Tasso Jereissati (CE), pró-Tião Viana (PT-AC), troca cotoveladas com Marconi Perillo (GO), pró-José Sarney (PMDB-AP), pela vice-presidência da Casa. 

Novela
Na Câmara, o deputado Nilson Mourão (PT-AC) vai propor formalmente na reunião da bancada petista, domingo, a rediscussão do apoio do partido a Temer. 

Inflação
O PT anunciou ontem na reunião dos apoiadores de Temer que terá apenas 6 ou 7 dissidências. Mas elas devem ser mais numerosas. Ontem mesmo surgiram mais dois deputados "em dúvida": Décio Lima (SC) e Nazareno Fonteles (PI). 

Confessionário
Com medo de serem culpados por uma eventual derrota de Temer, os líderes partidários mostraram os mapas de suas bancadas reservadamente aos peemedebistas, em diferentes cantos da reunião. 

Tiroteio

"São Paulo precisa de parques. Mas é absurdo Kassab beneficiar quem não paga imposto e manter, em área pública, apostas em cavalos." 
Do vereador 
JOÃO ANTÔNIO (PT), sobre a intenção da Prefeitura de São Paulo de desapropriar o Jockey Clube, que tem dívida milionária com o município, para a construção de um parque. A ideia inicial prevê que as corridas continuariam sendo realizadas.

Contraponto

Tempo nublado

Animado com a operação que patrocinou na tentativa de pacificar o PSDB paulista, o governador José Serra levou um estoque de piadas à solenidade de posse de Geraldo Alckmin na secretaria de Desenvolvimento, anteontem. De cara, chamou o vice de Alberto "Montoro" Goldman, em referência à fama do ex-governador Franco Montoro de embaralhar nomes -Goldman havia repetido o "Geraldo Kassab" da eleição municipal. No final, sobrou para o secretário Xico Graziano (Meio Ambiente):
-Finalmente eu o vejo depois de algumas semanas. E todo queimadinho. O governador aqui pálido e ele queimadinho e cheio de saúde!

FERNANDO RODRIGUES

Políticos analógicos


Folha de S. Paulo - 28/01/2009
 

Quando o assunto são novas tecnologias de comunicação e uso da internet, há pouca divergência entre os candidatos a presidente da Câmara e do Senado. Todos são a favor do uso intensivo da rede mundial para aproximar o Congresso dos eleitores, mas ninguém sabe direito o que fazer.
O conhecimento tecnológico comum dos candidatos se resume a saber enviar e receber e-mails. Alguns preferem terceirizar essa tarefa para assessores. Os senadores José Sarney e Tião Viana e os deputados Michel Temer, Ciro Nogueira, Aldo Rebelo e Osmar Serraglio têm páginas convencionais na web. Nada aproximado de endereços pessoais em redes de relacionamento social, com espaço interativo. Nenhum deles têm página própria no Orkut, um site detentor de espantosos 37 milhões de brasileiros registrados.
Canal próprio no YouTube? Nem pensar. Isso é sofisticação para o norte-americano Barack Obama. O máximo disponível em vídeo dos candidatos na internet são transmissões repetidas das TVs Câmara e Senado. No site do Senado, só terá vida fácil o usuário de Windows.
Sem pagar royalties a Bill Gates é difícil assistir aos eloquentes discursos de Sarney e de Tião Viana. A proposta mais objetiva entre todos os candidatos é a de Osmar Serraglio. Ele deseja colocar ao vivo na web todas as sessões das comissões de trabalho da Câmara. Já seria um avanço. E como fazer para os cidadãos interagirem nos debates sobre uma lei usando a internet? Ninguém tem uma boa resposta.
Ciro Nogueira, Osmar Serraglio e Tião Viana são os únicos adeptos dos chamados "smartphones".
Usam o celular para conversar, ler sites noticiosos, enviar e receber e-mails. Sintomático do estado analógico da política brasileira, nenhum desses três pode ser apontado como favorito na disputa pelo comando do Congresso.

INFORME JB

"Esse Senado é uma caixa-preta"


Jornal do Brasil - 28/01/2009
 

TIÃO VIANA (PT-AC) E JOSÉ SARNEY (PMDB-AP) recontam todo dia os votos de apoio, não param de ligar para senadores e governadores em busca de influências suprapartidárias e locais que garantam reforço nas urnas. Sarney só não ligou para Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) (foto). São amigos, mas adversários ferrenhos dentro do PMDB  daí Tião apostar no racha do partido. Jarbas é voto petista. Principalmente pelo repúdio ao grupo de Renan Calheiros (PMDB-AL), que, segundo Jarbas, pode voltar na esteira de Sarney. Resumo da ópera: mesmo sendo Sarney forte, não há favoritos à vista. Noves fora toda a previsão dos votos, Jarbas desabafa: "Esse Senado é uma caixa-preta. O problema não é de imagem só externa mas também interna. Temos que tornar as coisas mais transparentes".

PR é Sarney 
Depois do PTB, outro partido fechou com Sarney. Os quatro senadores do PR encontraram-se ontem à tarde com o senador, na sua residência em Brasília, e prometeram os votos. 

Oi, governador
 
Confiante, Tião fez ontem li- gações para governadores. Falou com Cássio Cunha (PSDB), da Paraíba, Marcelo Déda (PT), do Sergipe, e Sérgio Cabral (PMDB), do Rio  direto de Davos. 

Vale-tudo
 
Pegou mal no Senado o boato de que Renan ajudaria o senador José Maranhão (PMDB-PB) a derrubar Cássio Cunha na Paraíba se Sarney vencesse. Até Efraim Morais (DEM-PB), que vota em Sarney, não gostou da história. 

Rebelião
 
O PDT e o PSDB estão de mal com o deputado Michel Temer (PMDB-SP), candidato na Câmara. Os comandos dos partidos trocaram informações e confirmaram que Temer prometeu a Ouvidoria às duas legendas. 

Conclave mineiro
 
Uma reunião no Palácio da Liberdade em Belo Horizonte sacramentou o caminho do deputado Rafael Guerra (PSDB) para a 1ª Secretaria da Câmara. Caso vença Michel Temer. Esse é o trato. 

Ao papa
 
Deduz-se: o governador Aécio Neves já foi presidente da Câmara e continua na Mesa Diretora. 

Pré-folia
 
Rafael Guerra e Eduardo Go- mes (PSDB-TO) estavam em plena campanha interna, tanto que foram parar no Pré-Caju, folia de Aracaju, para pedir votos aos colegas foliões que lá estavam.

Suplicy & Iraque 
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) estreou um documentário na MTV sobre seus três dias em Bagdá em meados do ano passado. O especial será exibido em mais quatro capítulos, às terças. 

Vale a pena ver...
 
À época, Suplicy conversou com o Informe direto de lá. Há uma história interessante: a paixão dos iraquianos pela camisa da Seleção e um DVD, presente de Pelé. 

Campo em campo
 
Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, faz lobby para sediar a Copa amanhã, num evento em Assunção, Paraguai. O governador Andre Puccinelli e o prefeito Nelsinho Trad vão bater um papo com o presidente da Fifa, Joseph Blatter. A cidade disputa a indicação com Cuiabá. 

Atacantes
 
A dupla política do PMDB vai ao ataque com farto material. Quer mostrar o potencial turístico e o fato de o estado fazer fronteira com Bolívia e Paraguai  de onde podem sair muitos torcedores. 

Atacantes 2
 
Pelé e João Havelange, entre outros grandes, estarão presentes. 

Folia espumante
 
O Ano da França no Brasil começa borbulhando. O champanhe Mumm Cordon Rouge, do grupo francês Pernod Ricard, é a marca oficial e responsável pela vinda do Balé Moulin Rouge. Será a bebida das comemorações por aqui no Carnaval. 

Balé & borbulha
 
Dentre as atividades está pre- visto o Bal Masqué, tradicional baile de máscaras do Hotel Sofitel Rio, em Copacabana, dia 27 de fevereiro.

APOSENTADO DO INSS


ÉLIO GASPARI

A América Latina vai bem, obrigado


O Globo - 28/01/2009
 

Lula e Barack Obama conversaram por 25 minutos e, segundo a narrativa do Planalto, Nosso Guia não pronunciou a palavra Cuba. Como diria Rick (Humphrey Bogart) no aeroporto de Casablanca: "Luiz, esse é o começo de uma bonita amizade." Cuba não é um problema brasileiro, é um problema americano e Obama sabe que precisará descascar esse abacaxi. 

Ele não tem medo do comunismo de museu da Ilha, o que os americanos temem é uma fuga em massa de cubanos para Miami. A América Latina não é parte desse problema, é parte da solução. 

A região vive um período de paz, progresso e diversidade. Completam-se em março 32 anos do golpe militar argentino, o último do gênero. (Noves fora o fracassado Putsch dos grã-finos de Caracas, estimulado pela Casa Branca em 2002.) 

A agenda Brasil-Estados Unidos não tem contencioso. Tem avenidas para um melhor entendimento, dos biocombustíveis ao meio ambiente. 

Isso não quer dizer que os demônios estejam quietos. Basta um pouco de contorção intelectual para se considerar a América Latina um continente em ebulição, com o chavismo venezuelano, a mística indígena boliviana, o esquerdismo de Rafael Correa e, quem sabe, a ingenuidade do paraguaio Fernando Lugo. Todos eleitos, dois deles confirmados nos mandatos por referendos populares. 

É interessante observar que a turma do contorcionismo estava calada e contente quando Alfredo Stroessner governava o Paraguai, Augusto Pinochet, o Chile e os generais açougueiros, a Argentina. 

A encrenca que Bush deixou para Obama está alhures. Imagine-se um cenário no qual houvesse um país latino-americano metido com o narcotráfico, gastando uma receita de US$716 milhões, enquanto fatura US$4 bilhões no comércio de drogas. Esse país existe e não é a Bolívia do companheiro Evo, mas o protetorado americano do Afeganistão, governado pela cleptocracia de Hamid Karzai. Sob as armas de Bush, o Afeganistão tornou-se o provedor de 90% do ópio consumido no mundo. O narcotráfico carrega metade do PIB do país. Lá os Estados Unidos vivem a guerra externa mais longa de sua história e o companheiro Obama quer manter 60 mil soldados no pedaço. Os narcotraficantes são seus aliados. (Registro necessário: em 1989 havia generais americanos planejando uma intervenção militar na Amazônia, com o propósito de erradicar o tráfico de cocaína. Meses depois Saddam Hussein invadiu o Kuwait e eles mudaram de assunto.) 

Outro bom aliado dos Estados Unidos são os militares paquistaneses, com um arsenal de cem bombas atômicas. O risco de essas armas serem atiradas contra a Índia é muito menor que a possibilidade de algumas delas acabarem nas mãos de terroristas. O dono do programa nuclear paquistanês tornou-se contrabandista de tecnologia e vendeu o caminho das pedras para a Coréia do Norte. Ajudou o Irã e foi apanhado em 2003, entregando centrífugas à Líbia. 

Comparada com essas regiões (e essas agendas), a América Latina é um balneário. Evo Morales e Hugo Chávez expulsaram os embaixadores americanos. E daí? Chávez será um valente no dia em que parar de vender petróleo aos americanos. O antiamericanismo verbal não faz mal a ninguém e, com Obama, arrisca sair de moda. É preferível ter Evo Morales por inimigo do que Hamid Karzai como amigo. 

ELIO GASPARI é jornalista.

ALCELMO GOIS

Fator Eike


O Globo - 28/01/2009
 

Do total de US$45 bi de investimentos estrangeiros no Brasil, ano passado, US$9,6 bi, quase um quarto, têm as digitais de Eike Batista. 

É a soma dos US$5,5 bi que a Anglo American pagou por ativos da MMX, mais US$4,1 bi captados no exterior via IPO da OGX. 

Só que... 

Com a crise, acabou-se o que era doce. Estas captações de grana, por IPO na bolsa, por exemplo, secaram. 

Olha elle aí... 

O PTB acertou com o PMDB que, caso José Sarney seja eleito no Senado, ficará com a presidência da Comissão de Relações Exteriores. O cargo deve ir para o senador Fernando Collor. 

Negras e negros 

Belém, por causa do Fórum Social Mundial, atrai outros eventos. É o caso da IV Assembleia Nacional do Congresso Nacional de Negras e Negros. 

Amanhã, às 8h, um jato da FAB decola do Rio com umas 50 pessoas para o encontro, que deve reunir cerca de 300 militantes do movimento negro.

O dia D 

Dia 16 de março, depois de uma apresentação para investidores em Nova York, Lula segue no AeroLula rumo a Washington, ao encontro de Obama.

Pobre Maranhão 

A inspeção feita pelo Conselho Nacional de Justiça no Maranhão, que disputa com Alagoas os piores indicadores sociais brasileiros, revelou que cada desembargador local dispõe no gabinete de 18 cargos de confiança e que eles têm à disposição 160 policiais militares. 

E mais... 

A inspeção do CNJ, liderada pelo corregedor Gilson Dipp, revelou ainda que o TJ do Maranhão paga R$1.000 de diária nas viagens dos seus desembargadores.

Boi na linha 

A megausina de aço que a Thyssen constrói em Santa Cruz, no Rio, esbarra num problema com a termelétrica. 

A Gerdau recuou e não autorizou que as linhas de transmissão passem num terreno, de sua propriedade. A alternativa que a CSA negocia é passar por outro terreno, da Petrobras.

DORA KRAMER

O que não faz sentido


O Estado de S. Paulo - 28/01/2009
 

Noves fora o já notório senso de (des) proporção do ministro da Justiça, Tarso Genro, ele se faz lógico quando assegura que o sistema político brasileiro não desaba se o PMDB ganhar as presidências da Câmara e do Senado.

De fato, nada vai acontecer que abale o anacronismo de uma engrenagem tão enferrujada. A organização (no sentido empresarial) fica no comando da máquina de produzir fisiologismo em que se transformou o Congresso Nacional, enquanto PT e PSDB vão tratar da sucessão presidencial.

Cada um com seu cada qual de modo a que as tarefas e os quinhões fiquem distribuídos como sempre. Ganhando a presidência da República PT ou PSDB, o PMDB estará cumprindo o seu destino do camarote.

Michel Temer da presidência da Câmara, José Sarney no comando do Senado, um elogio ao mesmo, zero de possibilidade de algo se modernizar. Portanto, o que menos pode haver é ruptura, abalos contundentes.

Pois se é isso, se o ministro da Justiça ainda assim vê necessidade de enunciar o óbvio, se o presidente do PT quase admite que o candidato do partido à presidência do Senado concorre por honra da firma, se o PT acha mesmo que é praticamente impossível ganhar a parada de José Sarney, por que a confusão, por que insiste em concorrer? 

Só pelo prazer do conflito? Não faz sentido. Se o partido obedece a Lula e cala sobre candidaturas à Presidência em 2010, acomodando-se sob o guarda-chuva Dilma Rousseff, não é de se imaginar que contrarie a vontade do chefe porque resolveu fazer afirmação partidária com a candidatura de Tião Viana ao Senado. 

Da mesma forma foge à percepção a razão pela qual o PT mantém acesa a chama da possibilidade de “traição” do acordo firmado com o PMDB na Câmara, se oficialmente seu presidente garante os votos da bancada em Michel Temer.

Caso seja uma jogada, de duas uma: ou está muito bem engendrada e, no fim, revelar-se-á genial ou por algum motivo o PT resolveu dar ao PMDB um pretexto para briga, à falta de algo melhor para fazer em plena crise econômica e início de um processo eleitoral que pode significar a volta para a oposição.

Uma terceira hipótese é a de que o desentendimento seja apenas um desentendimento, fruto de inexperiência, desconexão, ausência de rumo. É improvável, porém, visto que suas excelências não brincam nesse tipo de serviço.

São ciosas do poder. José Sarney, por exemplo. Não negaria a candidatura peremptoriamente para depois entrar na disputa apenas, como dizem seus - nessa altura, mais prudente qualificá-los como supostos - adversários dentro do partido, porque foi convencido por Renan Calheiros a confrontar.

Aos 80 anos de idade, uma Presidência da República e mais de cinco décadas dedicadas ao exitoso ofício de dar nó em pingo d’água, é difícil acreditar que José Sarney possa ser convencido por alguém a entrar numa enrascada da envergadura de uma rasteira no presidente da República.

Presidente este com 80% de popularidade e dois anos de mandato pela frente. Não faz o menor sentido, mas algum sentido há de haver. 

Aparências

Reunião ministerial marcada para 2 de fevereiro para “discutir a crise financeira” não influi nos efeitos da crise nem contribui para o real objetivo: dar a impressão de que o governo labuta, distanciado das eleições das novas Mesas da Câmara e do Senado.

Um lance é inútil e o outro, por pueril, resulta ineficaz.

No limite

A proposta do subsecretário de Relações Exteriores da Itália, Alfredo Mantica, de cancelamento do jogo amistoso com o Brasil em protesto contra o refúgio concedido a Cesare Battisti, põe o governo italiano na fronteira do perigoso terreno da boçalidade.

Daí para cair no ridículo e perder a razão é um passo. 

Estatutos

Talvez os ministros Reinhold Stephanes, da Agricultura, e Carlos Minc, do Meio Ambiente, não saibam, mas o Código de Ética da Alta Administração Pública proíbe “a crítica pública sobre a honorabilidade ou desempenho funcional de qualquer autoridade do Executivo”.

É provável que os ministros desconheçam as normas porque muito possivelmente nem saibam que, no ato das respectivas posses, juraram obediência ao código.

Dois pesos

É a diferença entre o compromisso e o falta de compromisso. A ministra Dilma Rousseff não participará do Fórum Econômico Mundial em Davos, mas fará palestra no figurino de candidata à Presidência da República em Belém, no Fórum Social Mundial.

Na Suíça não caberia uma performance; seria preciso que Dilma fosse, sob todas circunstâncias, a candidata do presidente Lula à sucessão e assim, sacramentada, parecesse ao mundo onde a objetividade dos fatos fala mais alto que o voluntarismo ideológico.

MÓNICA BÉRGAMO

Mais embaixo


Folha de S. Paulo - 28/01/2009
 

Depois de um superávit inédito registrado em dezembro, a Previdência já se prepara para fechar janeiro com déficit. O ministro José Pimentel afirma que a queda na arrecadação ainda não reflete o desemprego do mês anterior. E sim medidas como o adiamento do pagamento do Simples, de janeiro para fevereiro, e o desembolso de R$ 3 bilhões em acordos judiciais.

ESTOQUE
Até o fim do ano, diz Pimentel, serão desembolsados outros R$ 6 bi para acordos em 5.800 ações que a Previdência tem contra ela na Justiça.

GRAMADO
Ricardo Teixeira, da CBF, desembarca hoje em São Paulo para almoçar com o governador José Serra (PSDB-SP). Depois vai a Brasília, onde se encontrará com o presidente Lula. Em pauta, a Copa de 2014.

NA TRAVE
Serra chamou o governador Eduardo Braga (PMDB-AM), do Amazonas, para o almoço com Teixeira. Foi uma retribuição à gentileza do governador amazonense, que emprestou um avião ao colega paulista depois que a aeronave em que Serra viajava rumo à Colômbia deu pane, na semana passada. Braga disputa para que Manaus seja uma das sedes dos jogos da Copa de 2014.

GRANDE AMIGO
E, em fase de "Serrinha paz e amor", o governador de São Paulo fez elogios rasgados a Paulo Skaf, presidente da Fiesp, na posse de Geraldo Alckmin na Secretaria de Desenvolvimento. Skaf, que sempre foi próximo de Alckmin mesmo quando ele estava às turras com Serra, foi chamado de "grande companheiro" e "parceiro" pelo governador.

O IDIOTA


QUARTA NOS JORNAIS

Globo: Crise faz governo bloquear R$ 37,2 bi do Orçamento

 

Folha: Ganho dos bancos cresce; inadimplência é recorde

 

Estadão: Itália chama embaixador de volta e agrava crise com Brasil

 

JB: O reboque voltou

 

Correio: Niemeyer na trincheira: “Não abro mão” 

Valor: Governo vê 'barbeiragem' e vai mudar licenças prévias

 

Gazeta Mercantil: Arrecadação é maior que o PIB do agronegócio

 

Estado de Minas: BH confirma 20 casos de dengue