sexta-feira, agosto 14, 2009

JOÃO MELLÃO NETO

As elites somos nós


O Estado de S. Paulo - 14/08/2009

Se você tem um bom automóvel, uma casa confortável e uma renda folgada, parabéns! Mesmo sem saber, você faz parte "da zelite".

Você argumentará que seu carro é financiado, sua casa está hipotecada e sua renda provém de salário. Ou poderá dizer que é um profissional liberal que sua a camisa por cada centavo que amealha. Tanto faz. Em qualquer das condições acima, você, inapelavelmente, é "da zelite".

No caso de você possuir um negócio próspero e empregar alguns funcionários, aí, então, a coisa piora. De nada adianta você evocar a sua origem humilde e afirmar que tudo o que possui provém de seu próprio esforço. Em qualquer circunstância você faz parte "da zelite" mesmo.

E o que é, afinal, "a zelite"?

Segundo o discurso oficial, trata-se de uma gente míope, egoísta e inconsequente que - a partir de uma visão muito particular da História - esteve no poder nos últimos cinco séculos e é, portanto, responsável por todas as mazelas nacionais.

No caso de você ser branco e ter olhos azuis, a coisa piora. Segundo o líder maior, você é um sujeito irresponsável e ganancioso, que, - fazendo parte de uma congregação maior - por sua cupidez e volúpia, acabou criando um clima propício para que se instalasse a atual crise mundial. Afinal, onde já se viu banco quebrar? Só pode ser porque era dirigido por gente cega como você.

Pelo sim, pelo não, vá a uma ótica e trate de comprar e colocar, ao menos, umas lentes de contato que mudem a cor de seus olhos.

"A zelite" é egoísta e voluptuosa. Dispõe-se a "explorar" todos, desde a coitadinha da doméstica até profissionais de nível superior.

Não tem como escapar disso. Quanto mais pessoas você emprega, mais explorador você é.

Qual é a lógica que preside e dá sentido a tudo isso?

Simples. Trata-se de uma espécie de marxismo cuidadosamente apurado e adequado às circunstâncias próprias a um clima tropical.

O raciocínio, devidamente resumido, é o seguinte: um trabalhador que labore 40 horas semanais acaba não recebendo do patrão um salário equivalente ao seu esforço. Recebe menos. A diferença fica com o patrão. É o lucro dele. E é por isso que ele é rico.

E o mérito?

Não há lugar para mérito nesse processo. O patrão é sempre um explorador.

O que fazer para identificar um membro "da zelite"?

Fácil. Basta reparar no relógio ou nas roupas com que costuma se apresentar. É tudo coisa "de grife", como se diz. Coisa que os pobres não podem usar. É muito cara e, portanto, supérflua.

Gente "da zelite" frequenta lugares da moda e costuma esbanjar dinheiro. O preço, por exemplo, de uma única refeição num restaurante chique daria para alimentar pelo menos uns dez meninos de rua. E "a zelite" ainda tem o desplante de reclamar quando esses desvalidos, num momento de desespero, tomam uma arma e a assalta nos semáforos. Exige punição. Acontece que a polícia não está aí para acudi-la. Ela deve, isso sim, é trabalhar nos bairros periféricos para garantir a segurança dos pobres.

Aliás, é justamente na área pública que se identificam os marxistas tropicais.

Ninguém propõe, pura e simplesmente, o massacre, a extinção "da zelite". Isso é coisa do marxismo antigo e não existe mais em lugar nenhum. Ela deve continuar existindo, ao menos para pagar impostos e, assim, garantir a arrecadação. Cabe ao Estado apossar-se desses recursos e redistribuí-los a quem deles precisa.

Agora, beneficiar "a zelite" com políticas públicas, jamais.

O preço a pagar pelo status de pertencer a ela é bastante elevado. Paga-se, no mínimo, um terço do que se ganha em tributos. A carga tributária nacional é de 38%.

Se for considerado que os membros "da zelite" pagam tudo em dobro, o peso do Estado em sua vida é muito maior. Paga-se pelo ensino gratuito e pela escola particular. Custeia-se a saúde pública e paga-se convênio pela assistência médica privada. Sustenta-se a segurança pública e mantém-se também um serviço de segurança das nossas ruas ou dos nossos condomínios.

Ninguém se recusa a pagar impostos, mas se entende que seria de bom alvitre se se visse o retorno disso em obras e serviços para os menos favorecidos. Qual o quê! Afora o Bolsa-Família, tudo o que mais existe não passa de discurso. Esse programa mesmo - menina dos olhos do atual governo - é puro assistencialismo, pois de nada serve para que os pobres possam deixar de sê-lo.

O discurso que se pratica é de ressentimento contra "a zelite". Seu surgimento é de longa data. Mas foi inaugurado publicamente em 1989, quando o atual presidente - então candidato ao cargo pela primeira vez - logrou passar para o segundo turno. Mesmo que os comunistas, no mundo, estrebuchassem em seus derradeiros estertores, aqui, no Brasil, suas palavras de ordem haviam obtido alento. Foi com esse discurso que elas deixaram os bancos das universidades para ganhar as ruas.

Esse tipo de discurso tem servido apenas para disfarçar e justificar a inatividade e a incompetência de quem o faz.

"A zelite", ou as elites, somos eu, você, todos nós que, pelo estudo ou pelo trabalho, logramos nos destacar dos demais. Todo povo tem elites. E nós, agora, além das elites tradicionais temos uma nova. Que se moldou nos sindicatos e nas universidades e pretende se firmar justamente por meio de um discurso antielites.

Nós nunca cobiçamos as casas dos nossos vizinhos. Trabalhamos e lutamos para construir as nossas. E esperamos dos nossos vizinhos que não as cobicem, também.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO


INFORME JB

Lula prega eleição "plebiscitária"

Leandro Mazzini
Jornal do Brasil - 14/08/2009

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tem pregado que gostaria de ver uma "eleição plebiscitária" - uma polarização entre PT e PSDB para o Planalto. Foi que ele deixou como recado no jantar com a Executiva do PSB, quarta à noite, no palácio da Alvorada. Na frente do presidenciável Ciro Gomes (PSB-CE) e do presidente do PSB, o governador pernambucano Eduardo Campos - e com Dilma Rousseff ao lado, como testemunha - Lula disse que o partido aliado tem todo direito de lançar outro candidato. Lembrou também que, se Marina Silva for para o PV, não poderá fazer nada para impedir a candidatura dela, diante do processo democrático, claro. Mas lembrou aos aliados que é hora de a base aproveitar o momento e unir-se. "A oposição está sem discurso para a campanha”, lembrou o presidente.

Balançou

No encontro com o presidente Lula, Ciro disse que decide, até 15 de setembro, se muda seu título de eleitor para São Paulo, o cearense aparece bem nas pesquisas para o governo estadual.

Foi ele!

Mas, no jantar com os petistas, os socialistas voltaram a reforçar que a ideia de lançar Ciro em São Paulo foi do líder na Câmara, Márcio França (SP) , e não do partido, Lula não achou ruim.

O lançador

França se revela um olheiro. Foi ele quem lançou Anthony Garotinho à Presidência em 2002.

Bicadas

O PSDB vê manobra ao governo no veto do presidente Lula, na LDO, sobre a Lei Kandir. O líder da minoria, Otávio Leite, lembrou que os estados exportadores vão perder, e muito, e muitos deles são governados pela oposição.

Tô de mal

Aécio Neves virou arara. Minas esperava uns R$ 300 milhões.

Crachá na mão

A Câmara e o Senado pretendem instalar roletas eletrônicas para os servidores. A ideia foi mal recebida.

Brabo

ACM Júnior, o suplente do pai falecido, prepara o contra-ataque. Não gostou de vê-lo citado como um dos responsáveis pelos 468 atos secretos que apareceram ontem no Senado, de gestão antiga.

Crise

Estudo mostra que a demanda de cargas para o Porto de Santos deverá crescer 184% em 15 anos, com movimento anual de 230 milhões de toneladas.

Lula lá

O trailer do inédito Lula, filho do Brasil, será uma das atrações do Iguacine, em Nova Iguaçu (RJ) . Ao todo, 31 curtas vão concorrer ao premio do festival este ano.

Mulher & poder

Brasília sedia até amanhã debate no Seminário Empoderamento das Mulheres Negras e Participação Política, no Airan Hotel.

MERVAL PEREIRA

O fato novo

O GLOBO - 14/08/09

Pelo menos uma coisa ficou clara nesta confusa cena política que se desenrola sem um fim previsível: a convocação da ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, através de uma manobra da oposição, e o recurso do PMDB para reabrir a representação contra o senador Arthur Virgílio na Comissão de Ética são provas de que não houve o tão temido acordo entre governo e oposição para deixar tudo como está. Pode ser até que tentem fazer mudanças à la Príncipe de Lampedusa, para que tudo continue na mesma. Mas mudanças serão feitas, e, se forem inócuas, haverá reação do eleitorado

Os senadores estão impressionados com a reação popular nesta crise do Senado, tendo que enfrentar desde comentários em aeroportos e ruas, além de muitas car tas e muitos mais e-mails e, sobretudo, a comunicação direta pelo Twitter, onde quase que a totalidade das mensagens contém exigências de rigor na apuração dos fatos e punição dos culpados.

A questão é que os culpados são praticamente todos, e temos em ação uma estrutura burocrática que dominou os subterrâneos do Senado por 15 anos, com a conivência de presidentes tanto do PMDB como do atual DEM, antigo PFL.

A nova enxurrada de decretos secretos, do tempo do falecido senador Antonio Carlos Magalhães, é apenas uma amostra do que ainda pode vir se os senadores não decidirem fazer uma reformulação profunda nos mecanismos de poder do Senado, dando o máximo de transparência aos atos e decisões.

A proposta do Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE) de uma renúncia coletiva da Mesa do Senado, como forma de viabilizar uma nova eleição, é mais factível do que a da OAB, de renúncia coletiva dos senadores.

Seria uma maneira de fazer a retirada de Sarney da presidência sem transformálo no alvo único das medidas saneadoras, e uma garantia para o governo de que o tucano Marconi Perillo não assumiria a presidência na ausência de Sarney.

Quem trabalha no Senado não fala, mas há a percepção generalizada de que a crise não parou e ainda vai explodir, porque há um impressionante clima de belicosidade no ar.

Esse clima se reflete nas negociações políticas , tornando impossível um armistício , mesmo que existam senadores tentando essa ginástica. O líder do governo, Romero Jucá, já anunciou que haverá retaliação devido à convocação da ex-secretária Lina Vieira, e o palpite é que os governistas vão acatar o pedido do PMDB e reabrirão o processo contra o líder tucano, Arthur Virgílio.

Ao mesmo tempo, o PT tenta saídas alternativas para não se juntar à oposição na revisão do arquivamento das representações contra Sarney.

Se o PT não cumprir o acordo que seu líder de bancada, Aluizio Mercadante, fechou com a oposição, e ainda por cima se unir ao PMDB para rever a punição a Arthur Virgílio, é porque a pressão do Palácio do Planalto terá sido proporcional ao dano que poderá causar o depoimento de Lina Vieira na Comissão de Constituição e Justiça.

E qual seria a extensão desse dano? Se a ministra Dilma Rousseff tivesse confirmado a reunião, mas esclarecido que houvera um mal-entendido por parte de Lina Vieira, o dano seria pequeno — apenas a dúvida sobre por que uma chefe da Casa Civil tem que falar com a chefe da Receita Federal sobre um processo contra o filho de um senador.

Na época, Sarney não era nem candidato a presidente do Senado, mas já era o maior aliado político do governo.

O empenho do governo para impedir que a ex-secretária fosse à CPI da Petrobras falar sobre o episódio da manobra fiscal que a empresa fez para pagar menos imposto indica para a oposição que o governo estava mesmo era com receio desse assunto, e por isso a ministra Dilma Rousseff teria sido tão peremptória na negativa da reunião sozinha com Lina Vieira.

Para ela chegar ao ponto de negar a reunião, e para Lina, um quadro petista de dentro do governo, colocar em xeque o nome mais importante depois do presidente Lula, um palpite no Senado é que há algo muito mais grave por trás dessa reunião, possivelmente abrangendo a Petrobras, e o caso da família Sarney, que se tornou central hoje, teria sido acessório.

Ninguém sabe do que as duas trataram nesse encontro que a cada dia parece mais verossímil. Mas tem que ser nitroglicerina pura.

O paradoxo é que, em parte de modo pensado pelo próprio governo para não ter que pagar pedágio à base aliada a cada iniciativa, o Congresso ficou sem uma agenda, nada foi feito, mas o governo acabou dependendo cada vez mais do PMDB pelo apoio à candidatura de Dilma Rousseff, saída do bolso do colete do próprio Lula, que o PT engoliu a contragosto e de cuja eficácia a base aliada duvida cada vez mais.

Não foi à toa que o PV tirou da cartola a candidatura da senadora Marina Silva e o PSB insiste no deputado federal Ciro Gomes.

O crédito pela transformação da oposição se deve aos erros do governo, talvez pela soberba que tomou conta do presidente Lula, talvez pela agressividade arrogante da “tropa de choque”, que acha que pode resolver tudo na base da ameaça e da chantagem.

Mas também deveria ser dado a quem literalmente inventou a candidatura da senadora Marina Silva, que se transformou no famoso “fato novo” na política brasileira, capaz de mudar, pelo menos na teoria, o jogo sucessório.

GOSTOSA


BRASÍLIA - DF

Assalto ao trem pagador


Correio Braziliense - 14/08/2009


O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, José Aníbal (SP), comemora a greve patrocinada pela base aliada — PMDB, PTB, PR, principalmente — por causa da retenção das verbas das emendas parlamentares. Segundo ele, a agenda de votação prevista para a Casa é um assalto aos cofres públicos e, em última instância, ao bolso dos contribuintes. “Não há a menor responsabilidade fiscal, a maioria das matérias eleva os gastos públicos sem levar em conta a queda da arrecadação”, avalia. O tucano está com pena do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que tenta conter o furor gastador da base aliada, mas não consegue, como aconteceu na votação dos créditos do IPI.

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O butim a ser aprovado inclui a equiparação dos salários dos delegados de polícia aos dos ministros dos tribunais superiores; a emenda constitucional que unifica os salários dos policiais militares aos da PM do Distrito Federal; o fim do fator previdenciário, que acelera o déficit da Previdência; o retorno dos quinquênios para todas as carreiras de Estado e não apenas para os juízes de primeira instância, com pagamento retroativo; e a equiparação dos reajustes dos aposentados ao aumento do salário mínimo, indexado pelo PIB do ano anterior. Correndo por fora, ainda há a aprovação da Contribuição Social para a Saúde (CSS), o famoso imposto do cheque, como contrabando da regulamentação da Emenda 29, que estabelece uma fonte de financiamento específica à Saúde, metendo a mão diretamente no bolso do contribuinte.

Sutil// Na carta enviada ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em que avaliza a candidatura da Boeing no programa FX-2 da Força Aérea, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, ressalta que a aquisição do F/A-18 Super Hornet contribuiria para a cooperação militar entre os dois países.

Rúgbi


O prefeito carioca, Eduardo Paes, e o governador fluminense, Sérgio Cabral, anunciaram, ontem, em Berlim, que o Rio de Janeiro já tem as instalações para as partidas de golfe e rúgbi que foram incluídas nos Jogos de 2016: os tradicionais Itanhangá Golf Club e o Gávea Golf Club. E, para surpresa geral, o estádio de São Januário, do Vasco da Gama, que será transformado em campo de rúgbi. Tem sentido. Afinal, o time de Cabral está fora da elite do Brasileirão.

Culatra


Depois que um dirigente do PV colocou o nome do deputado Marcelo Ortiz (PV-SP) numa lista de Schindler para deixar o partido, os convites já começaram a pipocar. Um ex-líder do PSDB na Câmara deixou escapar que os tucanos estão de ninhos abertos. O DEM já fez um convite ao parlamentar. PCdoB, PDT, PP e PSC, às voltas com a armação da chapa de deputado federal, também. Ortiz diz que fica. Dedicou 14 anos às causas ambientalistas e exerce o segundo mandato pela legenda.

Passionara



Mesmo ferida de morte, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (foto), mandou avisar à cúpula do PSDB que não fará acordo para permanecer no cargo em troca de desistência da reeleição. Segundo ela, herdou a máfia do Detran de governos passados, o que inclui o PMDB e o PT, e não tem nada a ver com o suposto envolvimento do ex-marido Carlos Crusius. Tucanos de alta plumagem querem que Yeda feche logo um acordo para apoiar um candidato do PMDB em 2010, que ainda lhe daria mais sustentação na Assembleia.

Cascão



A promotora da Infância e da Juventude de São Paulo Laila Said Abdel Qader Shukair abriu inquérito civil contra o criador de histórias em quadrinhos Maurício de Sousa (foto) por abuso de publicidade dirigida às crianças na revista Turma da Mônica, com base em laudo do Conselho Federal de Psicologia. De autoria do psicólogo Yves de Lataille, o parecer critica o uso da estampa do Cebolinha em estojos e mochilas infantis com a frase “diversão sempre”. Afirma o laudo: “Ora, estudo não é diversão. Não raramente, o seu contrário. Logo, tal publicidade presta um desserviço à educação”. Maurício tem 30 dias para se defender.

Emendas


Em greve, deputados da base aliada avaliam que o governo jogou mais gasolina nos já contrariados ânimos na Câmara dos Deputados. Os parlamentares se queixam de decreto presidencial que cancelou R$ 2 bilhões em dotações — eles calculam quanto desse montante seria destinado às emendas coletivas. O valor se somará a outro
R$ 1,1 bilhão já cancelado em maio.

Haiti/ Uma comitiva encabeçada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), desembarca hoje, em Porto Príncipe. Participam os senadores Flávio Torres (PDT-CE), Gerson Camata (PMDB-ES) e João Pedro (PT-AM). O Exército Brasileiro e o Corpo de Fuzileiros Navais, que lideram os efetivos da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), mantêm 1.600 militares brasileiros no país.


Veto/ Entre os 28 vetos do Executivo na LDO, o Executivo barrou o artigo que garantia acréscimo de 15% no orçamento da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), órgão controlado verticalmente por peemedebistas, em baixa no Palácio do Planalto. Trata-se de um contrabando que o PMDB bateu o pé para colocar na LDO.

Pulso/ O PR baiano encomendou uma pesquisa ao Instituto Vox Populi para avaliar o desempenho dos pré-candidatos ao Palácio Ondina. O partido quer ter um termômetro da disputa antes de decidir se deixa a base de sustentação do governo Jaques Wagner (PT), apesar de o senador César Borges, presidente estadual da legenda, e parte da bancada federal defenderem a debandada.

NELSON MOTTA

Um livro aberto


O Globo - 14/08/2009

A vida de José Sarney é um livro aberto, que poderia dar um ótimo romance nas mãos de um escritor competente. A fabulosa trajetória de Ribamar, o cordial, que nasceu nos cafundós do Brasil, tinha pretensões literárias, e entra para a política, fica rico e poderoso apoiando a ditadura militar e, por um golpe de sorte quase inverossímil, se torna presidente da República e membro da Academia Brasileira de Letras.


Mas a história termina mal, quando o patriarca, tentando salvar o filho das garras da Polícia Federal, volta pela terceira vez à presidência do Senado e se desmoraliza como pivô de uma crise sangrenta e devastadora, quando o seu caráter e seus malfeitos são revelados e o tornam símbolo do político patrimonialista e atrasado que o país não aceita mais.

Um político que serve à ditadura militar durante 20 anos, que preside o partido que a apoiou no Congresso, que finge ignorar as prisões, torturas e assassinatos cometidos pelo governo que sustentava por livre vontade e puro oportunismo, e mesmo assim se diz um paladino da democracia e se orgulha de sua biografia. E tenta reescrever a sua história apostando na retórica e na desmemória do povo, e na sua habilidade e falta de escrúpulos para construir alianças políticas. E quase chega a convencer, com sua imagem de vovozinho amoroso e de homem educado, cordial e tolerante. Parece García Márquez.

Bem escrita, poderia ser uma ótima história.

Como ficção, não biografia.

Ribamar, o personagem, não mente, faz ficção na política, na administração e nas suas relações com o patrimônio público. E as suas ficções são inverossímeis e sentimentais, cheias de chavões e pieguices, sua biografia imaginária não convence nem diverte e nem emociona, como um livro ruim. Vida e obra se misturam e se completam.

Em seus delírios ficcionais, ele ainda imagina um happy end. Mas nenhum editor aceitaria um final assim, porque o leitor não acreditaria, ninguém publicaria. Só a gráfica do Senado.

Mesmo assim ele vai à luta, em defesa do clã, e tem um final melancólico, abandonado pelos aliados que considerava mais fiéis: Lula, Collor e Renan.

GOSTOSA


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ARI CUNHA

Otimismo primeiro

Correio Braziliense - 14/08/2009


Mesmo com a queda na cotação do dólar, crescem as exportações. Pesquisa realizada pela Fiesp e Fundação Getulio Vargas atesta que, desde o início do ano, o movimento de exportação cresceu 7,6%. No mundo da crise, era previsto declínio de 1,1%. O presidente Lula da Silva está eufórico. Despreza os homens de negócio e confia mais no seu taco. Isso, depois de mostrar o resultado. O câmbio está contra, o aumento do dólar faz o exportador sofrer. Na conta final, tudo fica a favor do Brasil. Quem procura entender economia sem curso superior dança. Por isso, o presidente Lula prefere a mensagem de otimismo, que chega mais cedo ao ouvido do povo.


A frase que não foi pronunciada

“Cesta básica: educação, arroz, cultura, feijão, saúde, legumes, trabalho, proteínas, transporte.”

  • Dica pensada pelo senador Flávio Torres para que a população brasileira sobreviva com dignidade.


  • Febre

  • Nesta semana, chegou a confirmação de que o deputado Capitão Assunção, do PSB do Espírito Santo, está com a gripe suína. Quando o Senado alterou a visitação pública, propôs o mesmo à Câmara, que não aceitou.

    De olho
  • “Ditadura partidária” é a definição do senador Garibaldi para a proposta de reforma eleitoral que tramita na Câmara dos Deputados. A intenção do projeto é aumentar o poder da direção do partido.

    Mas, hein?
  • Americanos voltam a falar na relação entre Donald Rumsfeld, ex-secretário de Defesa do governo Bush, e a empresa farmacêutica que fabrica o medicamento contra a gripe suína. Sobre a aplicação em ações do laboratório, um assessor afirma, com razão, que não é obrigação de Rumsfeld tornar público o que faz com seu dinheiro.

    Federais
  • Até agora não havia instrução do governo sobre a higienização para os visitantes e funcionários de cadeias. Mesmo assim, Wilson Sales Damazio, diretor do Sistema Penitenciário Nacional, informou que há três anos, nas prisões federais, os servidores usam máscaras e luvas quando entram em contato direto com os detentos. Regra adotada agora também para os visitantes.

    Contra impostura
  • O presidente deposto de Honduras, Manoel Zelaya, manteve encontros em Brasília que lhe foram úteis. O presidente do Senado, José Sarney, recebeu-o em audiência e se colocou contra a intromissão política no poder. Já o senador Mão Santa, que presidia a sessão, citou frase de Ruy Barbosa, segundo a qual “há apenas um caminho para a salvação: lei e justiça”.

    Salário mínimo
  • Pesquisa realizada pela Codeplan encontrou em Brasília 260 mil pessoas, ou seja, 10% da população vivendo do salário mínimo. Trinta e seis por cento desejam casa própria. E o mercado não tem imóveis para essa classe social. Rogério Rosso, tomando conhecimento, começa a fazer planejamento em direção aos necessitados.

    Integrar
  • Daí a importância da aproximação entre legisladores e gestores de políticas públicas. Muitas vezes, o trabalho de pesquisa e sondagem é feito e mal aproveitado. Codeplan, Câmara Legislativa e gestores unidos pelo progresso monitorado da capital.

    Academia
  • Fernando Collor, senador como o pai e o avô Lindolfo Collor, é cultor da língua portuguesa. Fala bem, lê muito e ofereceu seus discursos como candidato à Academia de Letras de Alagoas.

    Plim-plim
  • De briga em briga, nem as TVs escaparam. Um editorial na TV Record arrasou a TV Globo. O assunto era a Igreja Universal. Os dois locutores, Celso Freitas e Ana Paula Padrão, leram o texto contra o antigo empregador.

  • História de Brasília

    Amanhã, logo após a posse do Prefeito, será nomeada uma comissão de inquérito para a Cidade Livre. (Publicado em 5/2/1961)

    CLÓVIS ROSSI

    Yes, você pode. Quer?


    Folha de S. Paulo - 14/08/2009

    O jornal espanhol "El País" revisitou ontem Rahaf Harfoush, a moça canadense que foi uma das estrategistas da campanha na internet de Barack Obama, tida como a razão do sucesso.
    Suas observações são um valioso guia para os incontáveis leitores que reclamam por e-mail dos congressistas e pedem sugestões sobre como atuar para acabar com a pouca-vergonha.
    Harfoush ensina, primeiro, que "o importante é a estratégia, não a tecnologia". Acrescenta que "é fácil criar perfis, fazer amigos no Facebook ou ter blogs". Mas "o objetivo era que as pessoas saíssem às ruas e votassem. Se todo esse esforço na rede não se tivesse traduzido em votos, não teria valido de nada".
    É o que já escrevi aqui e digo sempre aos leitores: restringir protestos e ações à internet pode ser uma excelente maneira de acalmar a própria consciência e de sentir-se participante ativo, mas, como diz a perita da turma de Obama, "não vale nada".
    No caso brasileiro, o que vale é convencer os eleitores a não votar em todos aqueles que, a juízo de cada leitor/eleitor, participam da grande esculhambação.
    Não adianta também ficar no velho esquema de "nós com nós mesmos", uma característica da internet. Ou, em linguagem mais fina, pregar aos convertidos. É preciso inventar e, acima de tudo, pôr em prática um meio de atingir os eleitores dos políticos visados, a grande maioria dos quais não frequenta internet, Facebook, Orkut.
    Para fazer a campanha de Obama, Harfoush diz ter largado tudo -namorado, apartamento e emprego- para mudar-se para Chicago, que não é exatamente a mais agradável cidade do mundo, mas era o QG do candidato.
    Não recomendo a ninguém tanto sacrifício, mas, se a indignação que exalam nos e-mails é para valer, no mínimo terão que tirar o bumbum do sofá.

    GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

    ELIANE CANTANHÊDE


    Mentira tem perna curta

    Folha de S. Paulo - 14/08/2009

    A Casa Civil da Presidência é um local fantástico, onde tudo acontece, mas nada acontece.
    Fiquemos no governo Lula, com José Dirceu e Dilma Rousseff.
    O braço direito de Dirceu, Waldomiro Diniz, saiu da oposição para a situação e da condição de acusador para a de acusado ao pedir propina para banqueiro de bicho. Mas o chefe Dirceu não sabia de nada.
    Quando estourou o mensalão, ele também disse que não sabia de nada. Até vir a público sua agenda no Planalto, mostrando reuniões curiosas de presidentes de empresas e de bancos com presidente e tesoureiro de partido político.
    Agora, esse disse-que-disse entre Dilma e Lina Vieira, ex-chefe da Receita, sobre um encontro sigiloso das duas e um suposto pedido para a Receita "agilizar" (seria enterrar?) processos contra o filho de Sarney. Lina insiste que houve o encontro, e a sua então chefe de gabinete corrobora a versão. Mas Dilma diz que não sabe nada disso.
    É a palavra de uma contra outra, mas circunstâncias e precedentes favorecem a versão de Lina Vieira.
    Primeiro, porque ela diz que não aceitou a ordem, sugestão, ou seja lá o que for -o que, pelo menos, dá sentido à sua súbita demissão.
    Segundo, porque Dilma já passou por isso. O primeiro presidente da Anac, Milton Zuanazzi, vivia no Planalto e não dava um passo sem consultar a ministra. O compadre de Lula, metido com aviação, também visitava bastante a Casa Civil.
    Mas Dilma jurou que não tinha nada a ver com a salvação da "insalvável" Varig e não sabia de nada. E, quando Erenice Guerra (de alguma forma a sua Waldomiro) se enroscou com o dossiê, ou "banco de dados", contra FHC e sua mulher, Dilma também não sabia.
    Diante de tantas crises de memória, só há uma solução: aos fatos! À agenda e às fitas do entra-e-sai do Planalto. Alguém está mentindo. E mentira, como a agenda de Dirceu confirmou, tem perna curta.
    Ah! Quem deu a agenda de Dirceu para a CPI foi sua sucessora, Dilma.

    EDGAR FLEXA RIBEIRO

    Pais e cúmplices


    O Globo - 14/08/2009

    A Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) enviou uma nota aos sindicatos associados, que representam a maior parte das escolas particulares do país — nota, aliás, muito bem concebida —, acerca do episódio de uma novela em que um jovem, muito mal-educado em casa e que conta com a cumplicidade dos pais em seus malfeitos, agride a professora em sala de aula.


    Para os leitores que não saibam da história — admitindo que possa haver algum —, eis o desfecho do episódio: o pai cúmplice do filho reclama, a direção da escola se curva, o aluno não é punido e a professora tem que aguentar o agressor impune em sala de aula.

    A autora da novela, a festejada Glória Perez, revelou, em entrevista recente, que tem conversado com professores e atesta um clima geral de desânimo na profissão pelo desrespeito com que são tratados em sala de aula por seus alunos, que não reconhecem limites: falam ao celular, conversam, ouvem músicas e não prestam atenção ao que diz o professor.

    Isso, segundo ela, quando não são fisicamente agredidos! E essa triste realidade é mostrada na novela, diz ainda a autora, “em contraponto com a maneira respeitosa e reverente com que outros povos olham o mestre”.

    Talvez por falta de indianos como os da novela, e de coreanos como os das estatísticas, respeito — tanto quanto matemática — precisa ser ensinado.

    Quem, entre nós, hoje em dia, está ensinando que professor é para ser respeitado? Quem mostra a quem nunca teve professor quanto vale ter um? No Japão, por exemplo, os mestres sempre foram reverenciados. Conta-se que o professor era o único profissional que poderia permanecer de pé ao falar com o imperador, sem precisar cumprir o ritual de se ajoelhar perante sua autoridade. Numa sociedade hierarquizada como a japonesa, foi o maior sinal do respeito com que o imperador demonstrou ao seu povo como se deveria tratar o professor.

    Respeito é um valor social que as lideranças têm o dever de transmitir: como respeitar a bandeira nacional, saber cantar o hino da pátria, servir ao país, e assim por diante. Dirigentes de um país que veem no futuro uma promessa fazem o magistério ser respeitado — nem que seja no interesse deles, dirigentes.

    Os que não fazem isso se descomprometem com o futuro do país que governam, traem a sua missão ou têm projetos inconfessáveis.

    O nosso magistério não é tudo o que queríamos, podem pensar eles.

    Pouco importa, é o magistério que temos.

    Nossos filhos e netos precisam dos professores que temos hoje, e dos seus sucessores que estão sendo formados agora. E precisam saber que todos eles devem ser respeitados para ter êxito em sua tarefa. Para isso, a função social do magistério precisa ser dignificada, para que em cada geração muitos se interessem e se realizem nessa atividade.

    Respeitado aqui não quer dizer apenas ser “bem pago”. Salário, por mais alto que seja, não traz respeito — mas respeito valoriza o salário. A luta que se reconhece no dia a dia das escolas não é só pelo salário do magistério, é por respeito à função social do professor. E esse respeito vem do que se vê na atitude de figuras públicas em relação ao magistério. Nessa hora, na falta de outros exemplos, é mais que bem-vinda uma novela que levante o tema: pela ótica da ausência do respeito, pode ser que alguém se toque! Toda autoridade pública, aclamada ou não nas pesquisas de opinião, tem hoje responsabilidade direta em demonstrar respeito ao magistério. Presidente, governadores, prefeitos, ministros e secretários, deputados e senadores, sindicatos, artistas, jogadores de futebol podem ajudar mostrando que professor é para ser honrado e agraciado com formas de reconhecimento público, medalhas e honrarias. Tudo serve, e nada é demais.

    Não há nada de novo nisso. Assim se fez durante muito tempo, quando poucos tinham acesso à escola e o professor era respeitado. Agora, universalizado o acesso à escola, parece que quem tinha exclusividade no acesso à educação prefere desmoralizá-la, já que está disponível a um maior número de pessoas.

    E, para isso, desmoralizam também o magistério, dizendo que é ruim e não ensina nada, como é corrente ouvir hoje em dia por parte de autoridades e organizações que têm o dever de zelar pela educação e pelo magistério.

    Se queremos educação de boa qualidade, comecemos por respeitar o que temos hoje. Ninguém melhora o que não respeita, ninguém se esforça para melhorar o que não considera, ninguém trabalha em favor do que acha não merecer. Temos muito a melhorar em matéria de ensino, de formação do magistério, de gestão de redes públicas de escolas, de utilização racional de recursos públicos e privados na área da educação. E reconhecer o que já foi feito, por mais insuficiente que pareça aos que se veem mais do que são, é fundamental.

    A novela toca no eixo da questão: sem respeito em sala de aula, ninguém ensina, e ninguém aprende nada.

    Sem respaldo público e generalizado, aprender e ensinar não ganham o respeito público de quem não sabe o que é uma coisa e outra — ou não se interessa pelo êxito de ambas.

    O fato é que nada nunca melhorou só porque se falou mal do que se faz, a pretexto de que se quer fazer melhor.

    EDGAR FLEXA RIBEIRO é educador.

    GOSTOSA


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    PAINEL DA FOLHA

    Verdes e verdes

    RENATA LO PRETE

    FOLHA DE SÃO PAULO - 14/08/09

    A esquálida estrutura partidária e o pouco tempo de TV não são os únicos argumentos que o PT irá invocar no esforço para minimizar o potencial da provável candidatura de Marina Silva à Presidência pelo PV. Segundo o novo discurso petista, o ‘PV daqui não é o PV da Alemanha’. A ideia é chamar a atenção para a ficha de parlamentares e dirigentes da sigla pouco compromissados com a causa ambiental e, em alguns casos, enrolados em histórias estranhas. O foco será jogado sobre a direção paulista, de onde partiram os primeiros acenos à senadora do Acre.
    Não que o PT esteja assim tão preocupado com as credenciais éticas de seus parceiros para 2010.

    Não... - No governo e na cúpula petista, ninguém levou a sério a sugestão de José Dirceu para que o partido tome de volta o mandato de Marina. É consenso que tal movimento só beneficiaria a senadora.

    ...e não - O Planalto tampouco não quer ouvir falar da ideia de Eduardo Suplicy _Marina fica e disputa prévia com Dilma Rousseff.

    Porta da rua - Presidente do PV, o vereador paulistano José Luiz Penna tem sugerido aos insatisfeitos que deixem o partido, a ser ‘refundado’ com a chegada de Marina. Até agora ninguém saiu.

    Garota enxaqueca - A Lina Vieira que a tropa de choque governista tentará caracterizar na sessão da CCJ do Senado, terça que vem, seria ‘destemperada’, perfil que não combina com o esperado de uma secretária da Receita.

    Granero - Já a oposição designou força-tarefa para ajudar Lina a reunir mais detalhes sobre seu encontro com Dilma Rousseff, no qual a ministra teria lhe pedido que apressasse investigação sobre empresas da família Sarney. ‘Vamos desencaixotar a mudança’, diz um senador.

    Aperitivo - José Sarney e Renan Calheiros deixaram claro para o Planalto que a ‘distração’ do PMDB anteontem na CCJ, permitindo à oposição aprovar o depoimento de Lina, foi um aviso. Coisa pior virá se o PT teimar em contribuir para ressuscitar representação contra Sarney no Conselho de Ética.

    Ventilador - Sarney está satisfeito com a revelação da nova fornada de atos secretos, baixados sob outros presidentes. Acha que ajuda a tirá-lo do foco, mostrando o caráter ‘sistêmico’ do problema.

    Digitais - O servidor do Senado Franklin Albuquerque Paes Landim, chefe do serviço de publicações, admitiu ter sido o responsável por introduzir novos boletins com atos secretos na intranet. Disse que agiu a mando de Ralph Siqueira, que sucedeu João Carlos Zoghbi na diretoria de RH.

    Em casa - Relatório de gestão aponta irregularidade em contrato com fundação paraibana para transmissão do sinal da TV Senado em João Pessoa. A autorização partiu do então primeiro-secretário Efraim Morais (DEM-PB).

    Porão - Deputado estadual adversário de Tasso Jereissati no Ceará procurou o senador tucano para dizer que foi abordado por pessoas que se diziam a serviço de peemedebistas. Buscavam, segundo ele, munição contra Tasso.

    Fila - Deputados disputam o apartamento funcional deixado por Clodovil Hernandes (1937-2009), totalmente redecorado. Haverá sorteio.

    Trilha - A oposição ao governo gaúcho aponta possível contradição na defesa de Yeda Crusius (PSDB). Seus advogados agora usam a compra da casa da tucana como justificativa para os R$ 90 mil tomados em empréstimo da assessora Walna Vilarins. Isso jamais havia sido mencionado nas explicações anteriores sobre a aquisição do imóvel.

    Tiroteio

    Lula retribui a tropa de choque do Senado com benesses abertamente. Já Sarney negocia em colóquio telefônico secreto com o filho.
    Do senador JARBAS VASCONCELOS (PMDB-PE), sobre a recomendação do presidente para que seja concedida uma emissora de rádio ao filho de Renan Calheiros.

    Contraponto

    Mr. Simpatia

    Governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos deu entrevista coletiva, ontem em Brasília, para relatar encontro realizado na véspera entre Lula e a cúpula do partido. Já estava no meio da exposição quando chegou o correligionário Ciro Gomes.
    - Façam de conta que eu não estou aqui_ disse o pré-candidato ao Planalto, indo se sentar no fundo da sala.
    A certa altura, um repórter perguntou a Campos se o PSB escolheria apoiar a petista Dilma Rousseff mesmo tendo em seus quadros concorrente ‘mais ‘simpático’.
    - Obrigado!_ respondeu um entusiasmado Ciro, aproveitando a oportunidade para cutucar Campos:
    - Tá vendo, Eduardo? Um homem simpático como eu!

    ANCELMO GÓIS

    Inverno do medo

    O GLOBO - 14/08/09

    A Anvisa publica hoje no DO resolução que proíbe em todo o País propagandas de remédios à base de ácido acetilsalicílico (como Aspirina), paracetamol (Tylenol, etc.), dipirona sódica (Novalgina e outros) e ibuprofeno (Dalsy, por exemplo).
    A proibição se estende a todos os remédios destinados ao alívio dos sintomas de gripe.
    A RAZÃO...
    A medida “leva em consideração o aumento do número de casos de gripe suína e o risco de que esses medicamentos possam mascarar uma situação mais grave”.
    A proibição valerá “enquanto a situação especial criada pela gripe A permanecer”.
    LULA NÃO É VERDE
    Na pesquisa encomendada pelo PV ao Ipespe, em que Marina Silva aparece com 10% para presidente, o índice de aprovação geral de Lula é de 70%. Mas, só na área de meio ambiente, cai para 51%.
    ALIÁS...
    Verdes ligados a Carlos Minc apostam que a candidatura de Marina fortalecerá o ministro nos embates no governo.
    Agora, a última coisa que Dilma deseja é passar a ideia de que trata a questão ambiental com requintes de crueldade.
    O PETRÓLEO É NOSSO
    Com a ida do sergipano Lima Neto para a BR, continua a influência da “República dos caranguejos” no setor.
    O termo foi cunhado por amigos de outro sergipano, José Eduardo Dutra, quando ele assumiu a Petrobras em 2003.
    POVO QUER PORRADA
    Tasso Jereissati se impressionou com a reação do público sobre a crise do Senado.
    Internautas invadiram seu e-mail para condenar seu gesto de ir à tribuna pedir desculpas por ter batido boca com Renan Calheiros. Queriam mais porrada.
    DINHEIRO PÚBLICO
    O ministro Juca Ferreira enviou mensagem ao Bradesco para elogiar a decisão do banco de usar recursos próprios num teatro para 1.457 pessoas, no Bourbon Shopping, em São Paulo:
    – Parabéns pela aposta ousada num teatro com tais recursos. Para além do espaço em si, é a melhor resposta ao chamamento que o ministério faz há tempos pela ampliação da participação das empresas no setor cultural.
    NA VERDADE...
    Parece recado do Ministério da Cultura a outras empresas.
    Lula, mês passado, criticou o Itaú, que usaria pouco dinheiro seu, e muito de incentivo fiscal, nos eventos que patrocina.
    ALIÁS...
    Juca procurou o Banco do Brasil para dissuadi-lo da ideia de criar um instituto cultural, em que poderia abater no imposto parte dos gastos com cultura.
    A VOZ DE SARGENTO
    Desabafo de Nelson Sargento, patrimônio do Brasil, sobre a morte, no Rio, dia 12, do sambista e ator Nadinho da Ilha:
    – Talento dá dinheiro? Eu digo: não! Nadinho morreu em penosa miséria, como Ismael Silva, Silas de Oliveira, Nelson Cavaquinho, Darci e Jurandir da Mangueira, Xangô, Preto Rico, Jair do Cavaquinho, Roberto Ribeiro...
    SEGUE...
    Nadinho atuou na primeira montagem de Ópera do Malandro, de Chico Buarque, em Deus Lhe Pague, com Procópio Ferreira, no filme Loucuras Cariocas, de Carlos Imperial, e, na era do LP, gravou 39 discos.
    Morreu pobre, aos 75 anos.

    GOSTOSAS DO TEMPO ANTIGO

    MÍRIAM LEITÃO

    Vitória da justiça

    O GLOBO - 14/08/09

    Encerrou-se ontem uma história de 40 anos. Uma história que tem a cara do Brasil. Idas e vindas da política econômica de um lado; transferências de renda para setores com poder de pressão, de outro.

    O Supremo Tribunal Federal por unanimidade decidiu que o crédito-prêmio de IPI, um arcaico e indecoroso subsídio aos exportadores, acabou em 1990. Um poderoso lobby foi derrotado.

    O ministro Ricardo Lewandowski fez um voto claro e direto. “Douto”, como elogiou seu colega Celso de Mello, considerando que o subsídio aos exportadores havia acabado em 1990. Vários ministros disseram inclusive que ele foi extinto na verdade em 1983, mas idas e vindas da política econômica, da época, acabaram produzindo um emaranhado de decretos, portarias e normas que criam uma zona de sombra. Entrar na discussão sobre se foi 1983 ou 1990 seria entrar em matéria legal, infraconstitucional, já tratada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

    E por que 1990? Porque a Constituição estabeleceu que estariam extintos todos os subsídios setoriais que não fossem confirmados em dois anos após a sua promulgação; ficando em vigor apenas os regionais. A discussão semântica de quem queria manter a farra do crédito-prêmio por mais tempo era que o setor exportador não é um setor. Os ministros consideraram que sim, é um setor. O ministro Marco Aurélio foi até ao Aurélio para mostrar que sim, setor é setor. O que o Constituinte queria resguardar era apenas o incentivo fiscal regional destinado a reduzir desigualdades do país.

    Inúmeras empresas vinham se concedendo o crédito mesmo depois de ele estar extinto, usando o argumento de que o assunto estava em juízo e que havia muitas decisões já favoráveis.

    Hoje, dizem que não têm como devolver esses créditos.

    Foram imprudentes, deveriam ter esperado o julgamento, deveriam ter feito provisão.

    Afinal, a Justiça não tinha dado a palavra final.

    Para encurtar uma longa história, o crédito-prêmio dava aos exportadores um incentivo financeiro para exportar. Criado em 1969 por decreto do governo Costa e Silva era daquele velho tipo mesmo, de subsídio financeiro.

    O que o procurador-geral da Fazenda Nacional, Luís Inácio Lucena Adams, explicou ontem na sua sustentação oral foi que o mecanismo não tem nada a ver com desoneração de exportações que todos os países fazem, e que é a devolução ao exportador do imposto pago na cadeia produtiva. Leis de 1996 e 2002, a chamada Lei Kandir, dão ao exportador até o ICMS. A confusão entre tax rebate, ou seja desoneração de exportações, e o subsídio financeiro para o exportador foi feita deliberadamente na esperança de que esse tosco e arcaico incentivo continuasse vigorando.

    Nos debates dos últimos dias, muitos defensores dos exportadores disseram que as empresas iriam quebrar se o incentivo não fosse mantido em vigor até 2002, porque os exportadores teriam deixado de pagar inúmeros impostos durante anos, na expectativa de que o incentivo estava em vigor. E agora teriam que pagar o atrasado de uma vez, no meio de uma crise econômica.

    Não é verdade. As jornalistas do “Valor Econômico” Marta Watanabe e Zínia Baeta fizeram um levantamento mostrando que várias empresas já tinham posto em provisão em seus balanços o dinheiro para o pagamento do imposto caso perdessem.

    Inúmeras empresas nem entraram na Justiça. Várias entraram e não usaram o crédito.

    Há situações variadas.

    Conversei com o procuradorgeral Luís Adams, depois da decisão do Supremo, e ele disse que as empresas têm agora uma excelente oportunidade de renegociar todos esses débitos no novo Refis.

    — Até novembro elas podem parcelar, ter o desconto de multas, para pagar os impostos devidos. As que provisionaram podem até ter lucro, porque usam o que foi provisionado (reservado no balanço), e vão pagar parceladamente.

    O assunto havia chegado ao Congresso, e lá o lobby exportador conquistou aliados entre a base governista e a oposição. Foi pendurado um contrabando na MP que tratava do projeto Minha Casa Minha Vida para garantir que o incentivo vigorou até 2002. O projeto foi para a sanção presidencial. O presidente Lula escapou de ter que entrar em contradição, vetando o que sua base apoiara, ou aprovar um esqueleto que a Fazenda dizia poder chegar a R$ 288 bi.

    O que mais me espantou neste caso foi o batalhão de defensores que os exportadores conseguiram mobilizar para defender um subsídio que, se estivesse em vigor, o Brasil enfrentaria imediatamente retaliação da Organização Mundial do Comércio (OMC), porque ele já era condenado na década de 1980. Para defender sobretudo o indefensável porque era uma forma explícita de transferência de renda para as grandes empresas.

    Só dez empresas teriam créditos que chegavam a R$ 3,5 bilhões.

    No julgamento, o Supremo não se deixou desviar por nenhum dos muitos sofismas criados durante toda a longa discussão desse processo e decidiu a favor dos interesses difusos, daqueles que não se organizam, que não contratam escritórios famosos nem grandes consultorias.

    Decidiu a favor do erário, num caso em que o erário estava coberto de razão. O voto do relator foi direto ao ponto. Os outros ministros acompanharam o relator. Encerrouse a questão.

    CLÁUDIO HUMBERTO

    “A censura anda rodando pelo País e nosso subcontinente”
    SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM), SOBRE A LIBERDADE DE IMPRENSA NA AMERICA DO SUL

    EMBAIXADOR DE HONDURAS “ADOECEU” COM ZELAYA
    Faz delícia no serpentário do Itamaraty a história do curioso sumiço do embaixador de Honduras em Brasília, Victor Manuel Lozano Urbina, na visita do ex-presidente Manuel Zelaya. O governo soube da internação de Urbina por “problemas cardíacos”. A ministra-conselheira, segunda na hierarquia, ficou em casa, enquanto Zelaya era recebido por funcionária de nível inferior. Ele quis ir à embaixada, mas estava vazia.
    VISITANTE EXIGENTE
    Manuel Zelaya perdeu o poder, mas não a pose: exigiu uma casa com oito suítes, para se hospedar em Brasília, durante sua visita.
    ESPELHO AMBULANTE
    A todo instante, na visita a Brasília, Manuel Zelaya perguntava a um assessor como estava o penteado dos seus cabelos tingidos de preto.
    ATO SECRETO
    O Itamaraty esconde o jogo e não revela o custo da visita do presidente deposto de Honduras, à conta do contribuinte brasileiro.
    PRAGMATISMO
    A paciência de Lula com o fanfarrão Hugo Chávez cresce na proporção das exportações para a Venezuela, já em quase US$ 6 bilhões ao ano.
    EMPRÉSTIMO DA CHINA DESAGRADOU AMERICANOS
    Além de “recomendar” que o Brasil se afaste do Irã e da Nigéria, no comércio de petróleo, durante sua visita, há dias, o general Jim Jones, assessor de Segurança Nacional de Barack Obama, ainda manifestou desagrado quanto ao empréstimo de US$ 10 bilhões da China, em troca de petróleo brasileiro, para explorar o pré-sal. Arrogante, ele disse em reunião na Petrobras que os EUA deveriam ter sido “consultados”.
    ACENO
    Os Estados Unidos prometeram US$ 5 bilhões para financiar o pré-sal, mas acenam a possibilidade de outros US$ 2,5 bilhões.
    VALE LEMBRAR
    Quase cinco vezes mais pessoas morrem afogadas, por ano, no Brasil, que vítimas da gripe suína em todo o mundo.
    PERSPECTIVA
    Até agosto de 2008, quase 500 pessoas já haviam morrido de dengue em todo o País. A nova gripe que se cuide.
    OLHA QUEM FALA...
    Lula pediu “mais civilidade” aos senadores. Deveria ter lembrado disso quando soltou um “sifu”, num discurso sobre a crise, em dezembro. Poderia pedir isso também à ministra Dilma, “doutoranda” em desaforo.
    TRAÍRAS
    No Planalto, pediram ao ministro Carlos Lupi (Trabalho), presidente do PDT, para dificultar a vida e a reeleição do senador Cristovam Buarque (DF). Lupi fez chegar a Buarque sua resposta: partidos dependem de votos e não pode deixar de apoiar “puxadores de votos” como ele.
    POBRE, PORÉM DECENTE
    São Cristóvão (SE) dá lição no Senado. Com a queda da arrecadação, o prefeito Alex Rocha (PDT) exonerou todos os comissionados. Além de fazer economia, também não quer ser acusado de improbidade.
    FÁBRICA DE ILUSÃO
    Não é só o presidente da Hemobras, João Paulo Baccara, que balança no cargo. A Empresa de Hemoderivados e Biotecnologia só produz matagal, cinco anos após ser criada pelo ex-ministro Humberto Costa.
    “LOS ALOPRADOS”
    A revista britânica Economist questionou “Lula e seus amigos encrenqueiros” Chávez, Rafael Correa, Cristina Kirchner, sobre as bases militares da Colômbia. Se conhecesse os aloprados petistas...
    COBRANÇA
    Revoltados com o corte de 18% na primeira parcela do Fundo de Participação dos Municípios, prefeitos já organizam uma nova marcha para Brasília. Eles vêm cobrar o cumprimento das promessas de Lula.
    FUNDOS NA ENERGIA
    Petros e Funcef, dois dos maiores fundos de pensão do País, estudam a compra da participação de 9,9% que a construtora Camargo Correa detém do capital da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira.
    NUNCA VIU
    O empresário Paulo Marinho confirma que esteve em Brasília com o advogado Ari Bergher, mas nega o encontro com Luiz Gushiken. Marinho diz nem conhecer o ex-ministro da Comunicação Social.
    NA BARRIGA DA CRISE
    O Senado liberou as grávidas do expediente. Muito senador daria o emprego de filho (ou neto) para inverter a lei da Natureza e engravidar.

    PODER SEM PUDOR
    SENADO DE OLHO EM 2022
    O Senado está em chamas, mas o senador Marco Maciel (DEM-PE), como o cavalheiro inglês que desdenha da tragédia em meio ao fogo, apresentou projeto de resolução criando uma comissão para organizar as festividades do bicentenário da Independência do Brasil, em 2022. Na reunião da mesa diretora do Senado, ontem, o presidente da Casa, José Sarney, bem humorado, não perdeu a piada sobre si mesmo:
    – Peço que os senadores da comissão me representem, na festa...