segunda-feira, outubro 19, 2009

GEORGE VIDOR

Batalha longa

O GLOBO - 19/10/09

Um dos rescaldos da crise internacional é a inflação continuar a ser vista como um dos maiores problemas da economia brasileira. Enquanto os índices de preços chegaram a ficar negativos pelo mundo afora, aqui resistiram bravamente acima de 4%, em média, para os consumidores, embora no atacado a Fundação Getulio Vargas tenha apurado deflação em suas pesquisas.

Não existe risco de escassez de alimentos ou de outros bens de consumo capaz de acelerar a inflação no atual horizonte. Tais produtos podem sofrer concorrência de importações e, além disso, são beneficiados por reduções de custos decorrentes de inovações tecnológicas ou ganhos de produtividade. Como no Brasil ainda há tantos obstáculos para se produzir, quaisquer burocracia que desaparece do caminho, melhora na infraestrutura ou redução de juros e tributos acabam tendo um tremendo impacto na cadeia produtiva.

Nos serviços não há a mesma concorrência externa e a remoção de obstáculos causa menos efeito positivo do que na indústria ou na agropecuária. O setor de serviços é também muito pressionado por aumento de salários.

Como os salários no Brasil ainda estão longe de alcançar um patamar que esteja próximo da estabilização (as negociações entre patrões e empregados já não ocorrem a partir de percentuais irrealistas, mas a queda de braço sempre gira em torno de aumentos reais, bem acima da inflação), a corrida entre eles e os preços se mantém, e se realimenta via indexação.

Indexação que, por sinal, está presente também nos contratos de aluguéis, nas tarifas de serviços públicos concedidos, tendo como vantagem, em relação aos tempos de inflação galopante, o fato de as revisões serem anuais. Diga-se de passagem que, por lei, os salários são hoje negociados livremente (com exceção do mínimo), geralmente com base em acordos coletivos de trabalho.

Os dirigentes do Banco Central acreditavam que quando a inflação caísse para menos de 5% ao ano essas pressões sobre os preços diminuiriam significativamente e a barreira psicológica, que põe todos de pé atrás diante desse tema, perderia força. No início do ano que vem a inflação, medida pelo IPCA, deve recuar para 3,9%. Mesmo assim, no mercado financeiro há quase um consenso entre os analistas sobre uma possível alta nos índices de preços, impulsionados pelo aquecimento da economia, em 2011, o que obrigaria o BC a elevar os juros básicos novamente para dois dígitos (a previsão chega a 11,25%).

É pena. Somente a própria trajetória da inflação nos próximos meses será capaz de desarmar essa expectativa negativa para 2011. Ao menos por enquanto, o Banco Central (que reúne esta semana o Comitê de Política Monetária) não se mostra ainda sensibilizado por tal temor.

A batalha contra a inflação ainda será longa.

Em 1995, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) definiu como meta, baseado em estudos iniciados três anos antes, transformar o gás natural na terceira fonte da matriz energética brasileira. Na época, o objetivo traçado (reafirmado posteriormente no Plangás, da Petrobras) era ampliar de 3% para 12% a participação do gás na matriz, perdendo apenas para o petróleo e para a energia gerada em usinas hidráulicas.

No ano que vem essa percentual provavelmente estará em 11%, a um passo da meta. Como o gás tem contribuído para substituir outros combustíveis mais poluentes ou que levem ao desmatamento, esse será mais um trunfo que o Brasil poderá apresentar na conferência de cúpula sobre mudanças climáticas em Copenhague (Cop-15)

Por conta dos Jogos Olímpicos de 2016, o Rio receberá R$7,4 bilhões de investimentos além dos que precisariam ser feitos se o evento não viesse a ser realizado na cidade. Com ou sem os Jogos, o Rio necessitaria de pelo menos R$15 bilhões em investimentos nesse período para melhoria de sua infraestrutura e segurança.

Os cálculos são da secretaria estadual de Fazenda. Pelo orçamento do Comitê Olímpico, as despesas operacionais dos Jogos em si serão da ordem de R$5,6 bilhões, dos quais R$3,6 bilhões desembolsados no próprio ano de 2016. Governo federal, Estado e Prefeitura do Rio entrarão, cada qual, com R$461 milhões, se as receitas com patrocínio, licenciamentos e venda de ingressos não superarem o que está orçado. O Comitê Olímpico Internacional entrará com R$1,2 bilhão.

A crise pode estar chegando ao fim na economia mundial (já não há quem esteja à espera de nova hecatombe), mas, como gatos escaldados, os chamados países emergentes não param de acumular reservas cambiais. Na recente reunião de Istambul, a cúpula do Fundo Monetário Internacional propôs aos bancos centrais que o FMI assuma esse papel, preparando-se para financiar desequilíbrios temporários nas contas externas de economias que percam o acesso a mercados. A proposta não deve prosperar. Brasil e China, por exemplo, continuarão a acumular reservas em moeda estrangeira, para evitar que o real e o yuan se valorizem excessivamente. No caso brasileiro, as reservas provavelmente atingirão o patamar de US$250 bilhões no início de 2010.

ALBERTO TAMER

O problema não é o dólar


O Estado de S. Paulo - 18/10/2009

Em meio a tantas notícias desencontradas que surgem todos os dias, um fato vem sendo deixado em segundo plano: a economia vai bem, muito bem, bem até demais. Há riscos, sim, já apontamos alguns, mas ainda estão distantes e podem ser evitados, se o governo quiser.

Está surgindo em Brasília uma nova discordância entre o presidente e a equipe econômica. Lula e o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, querem continuar mantendo os incentivos ao consumo. A Fazenda, não: já custaram R$ 25 bilhões, R$ 400 milhões só na linha branca.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o do Planejamento, Paulo Bernardo, temem pelo equilíbrio fiscal. Afinal, os cofres do governo estão vazios e o caixa do Tesouro não é a "casa da Maria Joana" de onde só sai mais e entra menos dinheiro.

Mas Lula insiste. Podem repor o Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) dos carros, mas linha branca e outras medidas voltadas para as famílias de baixa e média renda, não. Aí, não se mexe. Afinal, não foram as classes C e D que sustentaram o aumento do consumo e, de certa forma, a economia quando o mundo todo desabava, pergunta ele. Deixem elas em paz.

É coisa de "economia elementar"? Até pode ser, mas não é isso mesmo que Barack Obama está fazendo nos EUA, ainda sem muito resultado? Não deu cheques, dinheiro vivo, devolveu imposto às famílias que ganham menos, para que consumissem mais? Só que, como deviam muito, elas preferiram pagar a consumir ou guardar em vez de gastar.

E O DÓLAR?

Lá vem ele de novo. Está derretendo? Não, só desmilinguindo, afogado pela avalanche de investimentos estrangeiros. Os gringos chegaram e estão vindo com tudo. Até os fundos das velhinhas americanas aposentadas estão aplicando no Brasil!

É tanto dinheiro e entusiasmo com a gente que o ministro da Fazenda está perdendo o sono...

CAUSA, NÃO EFEITO

Mas a desvalorização do dólar não é causa, é consequência do crescimento brasileiro, que contrasta com o desânimo geral nos países mais ricos, aqueles do G-7 que está virando agora não se sabe que "G". A causa está na boa performance do sistema financeiro e da economia, no equilíbrio das contas públicas, mesmo que ainda relativo. A casa está em ordem. Eles estão vindo porque confiam em nós mais do que nos países chamados de "desenvolvidos".

É SERIO? ATÉ QUANDO?

A pergunta se repete diariamente nas manchetes dos jornais e nos noticiários da TV. Até aonde o real pode continuar se valorizando? Affonso Celso Pastore e Maria Cristina Pinotti analisam com cuidado essa questão, em artigo de sexta-feira no no Valor. Vão às causas não ao efeito. E a causa principal não é o ganho obtido com a diferença de juros no Brasil e no mercado internacional. É no crescimento e na estabilidade da economia brasileira nos últimos anos. Eles assinalam um fato pouco lembrado pelos analistas e a imprensa: "Os investimentos estrangeiros líquidos no Brasil nos últimos 12 meses acumularam US$ 35 bilhões, superando a cifra bruta do auge do programa de privatizações no governo FHC, crescendo durante a crise".

ANTES ERA SÓ CRISE CAMBIAL

"O Brasil sai da crise internacional com o sistema bancário intacto, com a capacidade de reagir (à crise) usando medidas contracíclicas e pronto para aumentar o consumo, que já vem crescendo", afirmam os economistas.

Nas últimas décadas, quando a economia não inspirava confiança, e a moeda local desvalorizava, os investimentos não só não entravam, como saiam em roldões, havia desvalorização da moeda local e crises cambiais. Agora, não. Os investimentos externos entram sem parar com as nossas empresas, e até o governo, indo buscar lá fora dinheiro que para outros escasseiam. Resultado, o déficit em conta corrente é inevitável. E lá vai o dólar ladeira a baixo até que tudo se reequilibre novamente. Dificilmente voltará aos níveis anteriores à crise.

E DAÍ?

Daí, que o perigo não está só na desvalorização do dólar, por mais que seja dolorosa para os exportadores. E qual é o perigo? Crescer de forma inconsistente, baseado principalmente em incentivos à demanda; é crescer além da capacidade de produzir e manter por muito tempo estímulos fiscais dispensáveis. Eles foram oportunos para superar a recessão, mas podem provocar um aquecimento excessivo da economia.

MAS CADÊ O EQUILÍBRIO?

O governo tem de encontrar um certo equilíbrio entre demanda, produção, contas públicas, entre outros fatores, que quase sempre afetam os juros. Este, sim, é o papel do Estado e não criar empresas para produzir mal o que o setor privado pode produzir bem.

O presidente e a equipe econômica se encontram exatamente nesse ponto. Quando parar a política anticíclica ou recuar? Lula quer mais, Mantega e Paulo Bernardo, menos. Quem sabe eles chegam a um acordo de desativar aos poucos o mecanismo de combate à crise. Mas até agora, parece que não... E daí? Daí, meu caro leitor, que por enquanto nada disso é grave demais a ponto de tirar o nosso sono.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

ANCELMO GÓIS

Sala vazia

O GLOBO - 19/10/09


As escolas privadas vêm perdendo alunos no Rio.
A Pnad mostra que, de 2001 a 2008, o número de matriculados no ensino médio particular caiu 17%, enquanto na rede pública aumentou 21%. A proporção de alunos da rede privada passou de 29% para 22% do total.

Liquidação

Luciano Cavalcanti de Albuquerque, descendente da condessa de Belmonte e dono da maior coleção de cartas da Princesa Isabel e de sua irmã Leopoldina, procura um comprador para o tesouro.
O lote inclui correspondências e documentos raros de Dom Pedro I e Dom Pedro II.

Prazer, sou Furnas

O mercado publicitário está agitado com uma concorrência de R$20 milhões de Furnas para escolher a agência cuja missão será popularizar o nome da empresa.
A elétrica, diz o edital, quer ficar "mais conhecida" do povão.

Retratos da vida

Agora que a festa pelos Jogos passou, veja como é dura a realidade olímpica brasileira.
Aline Rodrigues, 13 anos, nadadora do Botafogo, recordista brasileira infantil e promessa para 2016, está sem competir porque seu maiô especial rasgou. O pai, pedreiro, e a mãe, doméstica, não podem pagar R$1.200.

No mais

Alguém aí ouviu a voz do ministro da Cultura, Juca Ferreira, na tragédia cultural que foi o incêndio que destruiu o acervo de Helio Oiticica?

Me dá dinheiro aí

A turma do cinema anda preocupada com o atraso no pagamento do Fundo Setorial do Audiovisual.
Ancine e Finep divulgaram em agosto os filmes contemplados com patrocínio, mas, até agora, ninguém viu a cor do dinheiro.

O COMPLEXO DE FAVELAS que abraça a Igreja da Penha, cartão-postal do Rio suburbano, deve ganhar, até dezembro, obras do PAC, coordenadas por Luiz Pezão, vice de Cabral, e orçadas em R$600 milhões. Veja algumas reproduções do projeto, que prevê museu, cinema, área de convivência, jardim e escola de arte num espaço sobre a linha férrea. É prevista ainda uma área para comércio, ligada à estação de trem, com elevadores e escadas rolantes entre os dois lados da linha. Uma passarela na Rua dos Romeiros, sobre a Avenida Brás de Pina, encurtará o caminho até o Parque Shangai, onde está a entrada da Igreja da Penha. Que a santa permita a conclusão das obras, tão importantes para o nosso Rio

Mercado vive

O furacão nos mercados em 2008 fez muita gente dizer que o neoliberalismo tinha morrido. Há quem discorde.
Relatório apresentado na reunião do FMI em Istambul pela Comissão sobre Crescimento Mundial, dos prêmios Nobel Michael Spence e Robert Solow, diz que a crise não foi fracasso da economia de mercado. É. Pode ser.

Catavento parado

A Siif Énergies espera há um ano o o.k. do Ministério da Defesa para iniciar, em Arraial do Cabo, RJ, as obras do Parque Eólico Quintanilha Machado, o maior da América Latina, orçado em R$700 milhões.
A Siif Énergies é brasileira, mas tem três sócios americanos.

Lá e cá

Pesquisa do Gallup nos EUA mostrou que 74% lá acham que a violência no país aumentou em 2009.

Deve ser terrível... você sabe.

O ministro Luís Felipe Salomão faz palestra hoje na Emerj.

Paulo dos Santos, presidente do Conselho estadual dos Direitos do Negro, apresentou agenda única Rio Zumbi 2009. O programa começa dia 5 com o projeto Sal Cultural.

Paulo Baía faz hoje palestra na Universidade Católica de Salvador.

A Onodera Estética adquiriu o Powershape.

O jornalista Mário Augusto Jakobskind recebe hoje o título de Cidadão Ilustre de Montevidéu.

A Myth abriu loja no Via Parque.

O Solar Meninos de Luz, que conta com apoio do Studio Valoarte, ganhará sala de dança no Pavão/Pavãozinho.

Bença, vô

Mestre Zuenir Ventura se desfiliou do MSN (Movimento dos Sem Netos), integrado também até há pouco por outro mestre, o nosso Verissimo.
Nasceu Alice, 45cm, 2,44kg, filha dos coleguinhas Mauro Ventura e Ana Rodit. Que seja feliz!

A guerra do Rio

Sexta à noite, em frente à Plataforma, no Leblon, a DJ Scarlet, conhecida das festas da Zona Sul do Rio, por pouco não foi atingida por um tiro disparado por um menino de uns 14 anos.
Scarlet estava no carro quando, sem nada dizer, o garoto chegou e deu o tiro, que atravessou dois vidros laterais da frente de seu Eco Sport. Fez isso e levou sua bolsa. Meu Deus...

Rio 2016

Quarta, no Jardim Botânico, no Rio, Sérgio Cabral vai presidir a formatura de 40 presos de regime semiaberto que fizeram um curso de 1.100 horas na Cedae para trabalhar no replantio de 3 milhões de árvores no estado.

Pista dupla

Eduardo Paes diz que vai duplicar a Avenida Salvador Allende, na Barra.

País do telegolpe

Quinta, um diretor da Globosat recebeu uma ligação de um telegolpista. Deu-se o diálogo:
- Alô! A Telemar e a TV Globo sortearam o senhor para um prêmio!
- Meu amigo, a Telemar mudou de nome faz tempo... Agora é Oi. E a Globo não faz esse tipo de promoção.
- Ah, o senhor acha?
- Não acho. Eu sei. Vai procurar outro otário...

MARCELO DE PAIVA ABREU

Viciados em voo de galinha

O Estado de S. Paulo - 19/10/2009


Tornou-se corriqueira a incitação semipatriótica a "agregar valor". Pode ser com referência às exportações, quase sempre envolvendo crítica ao peso "excessivo" de produtos primários na pauta de exportações. Pode ser mero início de argumento em defesa de substituição de importações. Neste caso, é parente próxima do "adensamento de cadeias produtivas", neologismo abstruso que andou assolando o BNDES tucano. A palavra que necessariamente acompanha a defesa de "agregação de valor"ou "adensamento de cadeia produtiva" é subsídio em algum formato.

É difícil encontrar quem não queira, em tese, "agregar valor" a cadeias produtivas, inclusive de exportações. Se isso não ocorre, não é por falta de patriotismo, é porque o cálculo econômico privado indica que tal procedimento não seria justificável. É claro que sempre haverá um nível de subsídios que tornaria a "agregação de valor" rentável do ponto de vista privado. O problema é que os subsídios correm à conta da taxação de contribuintes que não são beneficiados pela "agregação de valor". A única justificativa razoável para subsidiar atividades que agregam valor e não são empreendidas pelas empresas é quando há falhas de mercado, quando ocorrem divergências importantes entre custos e benefícios privados e sociais. Exemplo claro é a geração de conhecimentos científicos e tecnológicos. Dadas as dificuldades notórias que enfrentam as empresas inovadoras quanto à apropriação dos benefícios gerados por suas inovações, faz sentido que o Estado subsidie tais atividades, estimulando a geração de inovação. Cabe ao Estado aprimorar a sua pontaria para subsidiar futuros sucessos e minimizar os insucessos. E, também, ter solidez institucional para assegurar que os subsídios não sejam uma crônica transferência de recursos para alguns bem-aventurados.

Há, no País, uma tradição de desconfiança quanto à dependência "excessiva" da exportação de commodities. Isso explica a ênfase, muitas vezes injustificada, na "agregação de valor" a qualquer custo. Na década de 1920 a exportação de minério de ferro foi bloqueada pelos que julgavam que o minério deveria ser processado por grande siderurgia a ser instalada em Minas Gerais. Atrasou-se por décadas a consolidação do Brasil como exportador de minério de ferro. O golpe militar em 1964 ensejou o abandono do modelo autárquico no que diz respeito ao estímulo às exportações, embora mantivesse o mercado doméstico bastante fechado às importações. Paralelamente, a farta distribuição de subsídios, bem além de simples rebates fiscais, alterou a pauta de exportações do Brasil, com o aumento da participação de manufaturados. Essa nova estrutura virou paradigma inquestionável.

Na década de 80, quando a crise fiscal cum quase hiperinflação inviabilizou a cornucópia de subsídios, começaram a surgir dúvidas quanto à estratégia econômica brasileira, explicitados por Roberto Simonsen no debate com Eugênio Gudin: forte presença do Estado e autarquia. No final da década, a estratégia econômica começou a se reorientar rumo à abertura comercial, ao alinhamento dos estímulos às exportações às regras multilaterais, à redução do papel do Estado com a privatização de empresas estatais. Juntamente com o sucesso da estabilização em 1993-94 estavam lançadas as bases para começar a superar a estagnação econômica. O presidente Lula, no seu primeiro mandato e em parte substancial do segundo, teve o mérito de sustentar essa estratégia, ampliando o escopo das políticas de redistribuição em benefício das camadas mais pobres da população. Sua enorme popularidade decorre da convergência de fatores políticos - homem do povo, líder sindical, político astuto - com o sucesso na esfera econômica, mesmo que com políticas ao arrepio do jacobinismo petista.

Essa visão otimista - e que justificaria as loas que o Brasil e o presidente vêm merecendo de analistas internacionais - requer uma revisão profunda. Uma sucessão de episódios recentes tem revelado um Lula eleitoreiro e populista em detrimento do Lula presidente, estadista e consolidador da democracia.

A pré-campanha eleitoral da ministra Dilma Rousseff e a atuação do presidente da República como seu cabo eleitoral, utilizando a máquina pública sem pejo, conflita com qualquer interpretação razoável do que seja a separação entre interesses de governo e interesses partidários. O ataque ao Banco Central, acusado de terrorismo pelo Ministério da Fazenda, por sublinhar os problemas óbvios gerados pelo explosivo aumento de gastos públicos - que não foi desautorizado pelo Planalto -, indica a erosão da política macroeconômica prudente. As peripécias relacionadas ao pré-sal indicam retrocesso quanto aos limites do papel do Estado, ao uso da política de compras públicas e à separação dos interesses dos contribuintes e dos acionistas da Petrobrás. Se houvesse dúvidas, Dilma Rousseff esclareceu-as: enrolada no "verde louro desta flâmula", arrogou-se o monopólio do patriotismo em defesa do nacionalismo, do estatismo e do protecionismo. A recente interferência do governo na Vale envolve outros retrocessos: quanto ao papel dos fundos de pensão de empresas públicas, quanto a formas de atuação do governo na gestão nas suas relações com empresas privadas, quanto a visões toscas sobre o mix de produção da empresa.

Tudo leva a crer que essas ações façam parte de plano para que o Brasil, a partir de 2011, retome o seu habitual voo de galinha, só que com um pouco mais de inflação.

*Marcelo de Paiva Abreu, Ph.D. em economia pela Universidade de Cambridge, é professor titular do Departamento de Economia da PUC-Rio

GOSTOSA


SERGIO FAUSTO

Os perigos do triunfalismo


O Estado de S. Paulo - 19/10/2009

Embalado por uma sequência de notícias positivas, o Brasil respira um clima de otimismo. A retórica do presidente e a propaganda do governo tratam de lhes dar a mais ampla repercussão e extrair-lhes o máximo simbolismo possível. A mensagem subliminar ecoa o velho "ninguém segura este país", bordão repetido ad nauseam nos tempos do "milagre brasileiro" e da ditadura militar. Há boas e sólidas razões para ser otimista no Brasil de hoje. Não menos sólidas, porém, são as razões para evitar o triunfalismo, tanto mais quando surge acompanhado da revalorização anacrônica do Estado empreendedor.

Copa do Mundo em 2014 e Olimpíada em 2016, quem pode torcer o nariz? Daí a dizer, como disse o presidente, que não há que se preocupar com os gastos, pois todo o centavo utilizado será investimento, vai uma enorme distância. A fala presidencial mostra o primeiro perigo do triunfalismo: o de gastar além da conta e, pior, gastar mal.

O horizonte de médio prazo para as contas públicas tem nuvens, formadas por um acúmulo de decisões recentes do governo federal que implicam aumento permanente nos gastos correntes, em especial com pessoal. A redução da meta de superávit primário neste ano até se justifica, mas acomoda uma tendência à expansão dos gastos que dificilmente será revertida em 2010, deixando todo o eventual esforço fiscal adicional, em ano eleitoral, do lado da receita, que vem demorando a reagir à melhora da economia. Ao que tudo indica, do Congresso, com o beneplácito do Executivo, virão em breve novas pressões estruturais sobre o gasto, especialmente na área da Previdência.

É à luz desse quadro, ao qual se somam vários investimentos e projetos de investimento que disputam espaços cada vez mais exíguos no orçamento público, que se devem analisar os desafios representados pela realização dos dois maiores eventos esportivos globais no intervalo de apenas dois anos. Alguém supõe que a iniciativa privada será capaz de realizar os investimentos necessários? Existe quem creia que não serão imensas as pressões para que o investimento público não apenas tome a dianteira, mas também cubra toda e qualquer lacuna deixada pelo investimento privado? Pode haver quem pense que devamos nos despreocupar com o risco de que os cofres públicos tenham de derramar montante muito maior do que o inicialmente estimado, por força da urgência dos prazos, do "compromisso" com a imagem internacional do País e do jogo dos muitos e poderosos interesses mobilizados? Devemos acreditar piamente que, por exemplo, todos os investimentos para modernizar e, em alguns casos, ampliar os já superdimensionados estádios brasileiros respondam aos melhores interesses do País?

Outro perigo do triunfalismo é acreditar ser possível promover com igual empenho todos os projetos em tese "estratégicos" para o desenvolvimento: fabricaremos submarino a propulsão nuclear, enriqueceremos urânio para uso próprio e exportação, reequiparemos as Forças Armadas, reergueremos a indústria naval, iremos de São Paulo ao Rio num trem-bala, daremos saltos em vários campos da ciência e da tecnologia, construiremos 1 milhão de moradias, universalizaremos o acesso à banda larga, colocaremos todos os jovens no ensino médio, a cada cerimônia oficial se acrescenta mais um item à lista de objetivos governamentais. Grande parte deles tem mérito. Falta, porém, discussão mais profunda, com a sociedade e no Congresso, sobre as prioridades. Maior ainda é a falta de gestão para transformar objetivos em resultados, donde a distância colossal entre a retórica e os fatos. A esse respeito, nada mais exemplar que o episódio recente do Enem, em que o propósito de ampliar rapidamente seu alcance não encontrou correspondência em cuidados mínimos com a segurança na impressão e estocagem das provas, o que permitiu a uma dupla de mequetrefes roubá-las, escondendo-as debaixo das roupas (as de cima e as de baixo).

Dado que os recursos são finitos, por maiores que sejam as asas da nossa expectativa em relação às ainda longínquas receitas futuras do pré-sal, é preciso discutir a sério o que mais nos interessa (ter submarino a propulsão nuclear ou melhores professores, por exemplo?). Nem sempre as respostas são óbvias e fáceis, mas é preciso enfrentar as perguntas. O triunfalismo nos cega para a importância das próprias perguntas.

O terceiro perigo do triunfalismo é despertar reações negativas de quem tem razões, subjetivas que sejam, para temer o nosso "triunfo". Perde-se com isso capital de confiança e capacidade de influência, de um lado, sem o correspondente acréscimo de poder real, de outro. Isso porque o triunfalismo se caracteriza justamente por nos fazer parecer mais do que na verdade somos e podemos. É nas relações do Brasil com os nossos vizinhos que esse perigo aparece de forma mais clara. Não por acaso, veio de um ex-presidente do Uruguai, Julio María Sanguinetti, em artigo publicado no jornal argentino La Nación, em 2 de outubro, a primeira advertência explícita sobre os riscos do triunfalismo brasileiro. Não nos iludamos: por maior que se tenha tornado a assimetria econômica entre o Brasil e os demais países da América do Sul, as nossas possibilidades de projeção global dependem da nossa capacidade de exercer um papel de moderação política e promoção do desenvolvimento em nossa vizinhança.

Os perigos do triunfalismo não se limitam, porém, ao nosso entorno imediato. Eles podem contaminar tolamente as nossas relações com os países centrais, em especial os Estados Unidos, na sensível área da energia nuclear, na qual, de quando em vez, temos os nossos arroubos de arrependimento por havermos assinado (tardiamente) o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

É hora de pôr a bola no chão. Não para cair na retranca, mas para podermos jogar o nosso melhor jogo. E vencer os muitos desafios que temos pela frente.

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Tiro ao alvo

Folha de S. Paulo - 19/10/2009


SÃO PAULO - Alvejado no ar, o helicóptero explode ao tentar o pouso e dois policiais morrem, carbonizados. Há feridos, um em estado muito grave. Pela primeira vez, o tráfico derruba um helicóptero da PM no Rio -mais uma barreira foi transposta pelo crime organizado. A polícia mobiliza entre 2.000 e 3.000 homens, recebidos com barricadas de pneus em chamas. Uma escola pública fica parcialmente destruída pelo fogo e oito ônibus são incendiados pela cidade para desviar a atenção do Morro dos Macacos, na zona norte. O saldo do sábado é de 15 mortos e oito feridos. Ontem, novos confrontos na Favela do Jacarezinho resultaram em mais dois cadáveres. Alguém poderia dizer que a Olimpíada no Rio já começou. Pela prova de tiro ao alvo. Mas não há, diante dessas cenas, espaço para gracejos, tampouco para o discurso triunfalista de duas semanas atrás. Se isso não for guerra civil, qual é o nome? Ainda atônito, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, tentava circunscrever a barbárie: "Isso não é um problema do Rio. Isso é o problema de uma região, está acontecendo num ponto muito específico da cidade". Parecia fala para inglês ver, como se fosse dirigida a algum fantasma do COI em Copenhague, e não aos moradores, exaustos ou anestesiados, de uma cidade que vive refém de uma rotina de terror intolerável. A questão, aqui, não é saber se o Rio poderá sediar uma Olimpíada. Vai sediar, na base da maquiagem midiático-militar das suas fraturas expostas. A questão é saber se um dia ainda seremos um país decente. Até onde a vista alcança, o conflito do tráfico no Rio ficou insolúvel. Sérgio Cabral parece enxugar gelo com seu bangue-bangue após décadas de favelização e omissões criminosas do Estado. Haverá dinheiro e energia social suficientes para reverter a dinâmica histórica de desmanche da vida civilizada? Por ora, vimos só a vingança da vida como ela é sobre o festival de ilusões protagonizado por Lula e sua claque.

TODA MÍDIA

Nelson de Sá

FOLHA DE SÃO PAULO - 19/10/09

Na manchete do "Jornal Nacional", "Sábado de terror na Zona Norte do Rio... Um helicóptero da PM faz pouso forçado e explode". Do "Jornal da Record", "O tráfico desafia o Rio, derruba helicóptero... Sábado de terror". A Globo destacou a "repercussão imediata no exterior", com os sites de "New York Times" e Al Jazeera. Mas o que ecoou mundo afora foi o vídeo do SBT (acima) distribuído pela AP. Por todo lado, o destaque de que a derrubada acontece duas semanas depois da escolha do Rio para os Jogos.

O TERROR NO IRÃ

No início da noite, o site do canal de notícias do Irã, Press TV, contava 42 mortos no atentado suicida na fronteira com o Paquistão -e nada de questionamento aos EUA, desta vez, por parte do presidente Mahmoud Ahmadinejad. No dizer do "Financial Times", foi "o ataque mais letal em 20 anos" no Irã. Foi manchete ao longo do domingo por "NYT" e outros ocidentais, secundada pela ofensiva lançada pelo Paquistão contra o Taleban. O "China Daily", que vem noticiando "ameaças da Al Qaeda" a Pequim, também destacou o atentado e a ofensiva.

CHINA, O MODELO Na manchete on-line do "China Daily", "Partido Comunista da China e Kuomintang", no poder em Taiwan, "sinalizam boa vontade". No "NYT", por outro lado, "Após duas décadas do colapso do Partido Comunista, os líderes russos acharam um novo modelo: o Partido Comunista. O partido de Vladimir Putin, Rússia Unida, estuda como seguir os passos do PC chinês". Líderes partidários foram a Pequim para reuniões e convidaram o presidente Hu Jintao para seu congresso em novembro.

EUA, O MODELO

Página "+ lida" ontem no "NYT", a coluna de Bono defendeu Obama como símbolo de um país "parceiro", não mais "policial", de um mundo que, afirma ele, "precisa acreditar de novo na América"

OBAMA CONTRA-ATACA

Após semanas batendo em Obama, como outros programas dos EUA, o "Saturday Night Live" convocou Dwayne Johnson para reencarnar The Rock Obama, arrancando braços de republicanos etc. Foi o quadro "mais simpático a Obama na temporada", destacou o Huffington Post. E em mesa-redonda ontem na ABC o economista Paul Krugman reagiu às críticas a "Obama fraco", dizendo que "ele na verdade está fazendo as coisas, agora".

DA NOTÍCIA À PIADA O mesmo "SNL" e outros programas de humor americanos tomaram por alvo a cobertura do "garoto do balão", na sexta, quando os canais de notícias do país cortaram um painel sobre a reconstrução de Nova Orleans, comandado por Obama, para acompanhar o caso no Colorado.

"REALITY TV" Ontem por Fox News, CNN, Drudge Report e "New York Times", que haviam entrado na corrida pelo balão, destaque para a confirmação pela polícia local de que não passou de "trote" -de cena armada pela família como "marketing" para um eventual "reality show".

A REBOQUE O principal assessor de comunicação de Obama, David Axelrod, foi ao programa dominical "This Week", da ABC, e defendeu a decisão da Casa Branca de passar a tratar a Fox News como partido, não jornalismo: "Mr. Rupert Murdoch tem talento para fazer dinheiro, e eu entendo que sua programação é voltada a fazer dinheiro. Só o que argumentamos é que eles não são um canal de notícias de verdade. Não só os âncoras, mas a programação. Não é notícia de verdade, mas forçar um ponto de vista. E nós vamos tratá-los assim, e outras organizações jornalísticas deveriam tratá-los assim". O chefe da casa civil, Rahm Emanuel, sublinhou, também ontem na CNN, que outras organizações não deveriam "deixar-se guiar pela Fox News".

GOSTOSA


CELSO MING

Armação


O Estado de S. Paulo - 19/10/2009


É com brutal indiferença que os políticos vêm aceitando a decisão do governo de mudar o sistema de exploração do petróleo, do atual regime de concessão para o de partilha. Comportam-se como se fosse um pormenor desimportante, como o buquê da noiva: tanto faz se forem flores brancas ou cor-de-rosa.

Não lhes passa pela cabeça que aí pode estar mais um importante passo estratégico de determinadas forças políticas na atual escalada pela apropriação do patrimônio público.

Para entender do que se trata, vamos aos conceitos. Como está na Constituição, as jazidas minerais, entre elas o petróleo, pertencem à União (art. 176). Até agora, a exploração e a produção de hidrocarbonetos (petróleo e gás) se fizeram pelo regime de concessão. Fica com o direito de exploração dentro de um determinado período a empresa (ou o consórcio) que, no leilão, apresentar o maior bônus de assinatura. Nesse regime, a concessionária assume todos os riscos e custos, paga impostos, royalties e participações especiais. Essas participações variam conforme a produtividade da jazida. O resultado físico do que é produzido pertence à concessionária. E será tanto maior quanto menores forem seus custos de produção e maior for o preço final do produto.

Um segundo regime, menos utilizado, é o de prestação de serviços. Nele, o poder público contrata uma empresa ou um consórcio que se encarrega da execução de todas ou de parte das tarefas de prospecção, exploração, desenvolvimento e produção. Em troca, recebe o pagamento combinado. Está em desuso porque não é do interesse da maioria das companhias de petróleo.

No regime de partilha também há o leilão. Fica com a exploração a empresa (ou o consórcio) que apresentar o maior bônus de assinatura. Mas a produção é partilhada entre a União e o grupo encarregado da exploração, na proporção previamente definida. Nesse sistema, não cabe cobrança de participação especial, já que a apropriação do produto está determinada pela partilha.

Questão essencial é entender que a partilha se faz depois de deduzidos os custos de perfuração e desenvolvimento. A produção é dividida em duas partes. Na primeira, chamada cost oil, o petróleo obtido cobre os custos. Só depois é que começa a segunda fase, a do profit oil (óleo do lucro).

Visto assim, esse regime parece redondinho. Mas o fato de determinar o reembolso dos custos já na primeira fase define que a empresa exploradora pouco interesse tenha no controle de custos. Se será ressarcida logo em seguida, pouco lhe importa se o aluguel ou a compra de uma sonda saia por três ou quatro vezes mais que o preço de mercado. E a margem para desvios de recursos aumenta assustadoramente.

O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, certamente dirá que é para controlar esses custos que a Petrobrás estará em todos os consórcios com participação mínima de 30%. Longe de tranquilizar, esse dispositivo pode ser ainda mais pernicioso, na medida em que futuras administrações padronizem os custos e uniformizem os critérios de desvios e de apropriação.

Alguns dirão: "Eis aí um exercício de paranoia explícita e de pura presunção de maracutaias..." Bem, quem pensa assim está convidado a verificar como funciona o regime de partilha onde está em vigor: Angola, Nigéria, Casaquistão, Argélia, Líbia e China.

Confira

Nova estocada - Apenas em outubro, um dos mais importantes índices de preços de commodities, o CRB, aponta alta de 6,4%. Reflete a retomada da produção global. A soja subiu 5,4%; o milho, 8,1%; o trigo, 9,0%; e o petróleo, 11,5%.

PAINEL DA FOLHA

Cabral na real

RENATA LO PRETE
Folha de S. Paulo - 19/10/2009

Pelo curto período de duas semanas, a escolha do Rio como sede da Olimpíada de 2016 levou muita gente a pensar que a reeleição de Sérgio Cabral (PMDB) poderia ser, apesar de seu patamar apenas mediano de aprovação, mais tranquila do que se imaginava, embalada por uma onda de confiança e boa vontade produzida pela perspectiva dos Jogos.
A derrubada do helicóptero da PM por traficantes cuidou de desfazer essa impressão, lembrando que o governador está muito longe da zona de conforto de alguns colegas que também buscarão um segundo mandato em 2010. Com o detalhe de que o Planalto, embora aliado a Cabral, tem outros dois nomes no páreo: Lindberg Farias (PT) e Anthony Garotinho (PR).



Casa... O PP, próximo partido a jantar com Dilma Rousseff, está dividido sobre firmar ou não agora um compromisso com a pré-candidata petista à Presidência. Aliado ao PT na Bahia, o líder na Câmara, Mário Negromonte, é adepto da aliança imediata.

...ou não casa? Já o presidente do partido, senador Francisco Dornelles (RJ), torce pela candidatura presidencial do parente Aécio Neves (PSDB) e prefere esperar.

Bode. Ex-prefeito de Osasco, o deputado federal Francisco Rossi (PMDB-SP) quer disputar novamente o governo de São Paulo. Conta com a simpatia do grupo de Michel Temer e com a oposição de Orestes Quércia, que comanda o partido no Estado e tem acordo com os tucanos.

Sinto muito. Em conversa com Lula na semana passada, Garibaldi Alves (PMDB-RN) avisou que seu compromisso com a candidata do DEM, Rosalba Ciarlini, ao governo potiguar está "consolidado". Também ignorou apelo para ao menos declarar apoio a Dilma. Por fim, disse que atuará como "independente" nas votações do Senado.

Barba e cabelo. Além de uma vaga ao Senado, o PT quer a vice para apoiar a candidatura de Osmar Dias (PDT) ao governo do Paraná. Oferece como possibilidades o presidente de Itaipu, Jorge Samek, e o ex-prefeito de Londrina Nedson Micheleti.

Novo endereço. Ex-responsável pela liberação de emendas parlamentares, Marcos Lima tem convite do governador Jaques Wagner (PT) para assumir a representação do governo da Bahia em Brasília. De férias e recuperando-se de uma cirurgia no pé, ainda não deu resposta.

Sem teto. Parecer do deputado Luiz Fernando Faria (PP-MG) sobre a estatal que vai gerir o pré-sal, a ser apresentado quarta-feira, não prevê limite para os quadros da empresa, que, pelo projeto do governo, deverá começar com cerca de cem funcionários.

Concentrado. Pelo relatório, a empresa terá escritório apenas no Rio de Janeiro. O governo pretendia distribuir representações pelos Estados. "Se fizer em um, tem de fazer em todos", diz Faria.

Geladeira. O relator também sugere aumentar de quatro para seis meses a quarentena para ex-diretores ingressarem na iniciativa privada. Ministros deverão compor o Conselho de Administração, mediante remuneração extra.

Bola de ouro. Em audiência na Comissão da Amazônia da Câmara, o general do Exército Augusto Heleno considerou insuficiente a liberação pelo governo de R$ 142 milhões para o Departamento de Ciência e Tecnologia, sob seu comando. "É o mesmo que o passe do Kaká", ironizou.

Bênção. Depois de abandonar o Partido Socialista, de Michele Bachelet, Marco Enríquez-Ominami se encontrará com Lula e com o PT amanhã. Ele concorre no Chile contra Eduardo Frei, indicado pela presidente. Quem lidera as pesquisas é o conservador Sebastian Piñera.

com
SILVIO NAVARRO e FÁBIO ZANINI

Tiroteio

"É mais fácil Ciro Gomes se eleger presidente da República do que governador de São Paulo. Não tem aderência."


Do ex-governador e pré-candidato GERALDO ALCKMIN , avaliando durante evento tucano em Goiânia, anteontem, as chances de sucesso do experimento imaginado pelo Planalto.

Contraponto

Sempre cabe mais um Antes do início de debate entre os candidatos a presidente do PT, na noite de quinta-feira em Brasília, o secretário de Organização do partido, Paulo Frateschi, lamentava a possível candidatura presidencial de Ciro Gomes (PSB), defendendo a união em torno de Dilma Rousseff.
-O ideal mesmo seria o Brasil ter dois vice-presidentes. Aí a gente dava uma vaga de vice para o Ciro, a outra para o PMDB e ficaria tudo resolvido!
E completou seu raciocínio:
-O Brasil tinha que ser como o PT, que resolveu esse problema de um jeito fácil: criou logo três cargos de vice-presidente. E se precisar a gente cria um quarto!

RIO

SEGUNDA NOS JORNAIS

- Globo: Metralhadora antiaérea teria derrubado helicóptero da PM


- Folha: SP aumenta gasto com servidores


- Estadão: 5 milhões de processos julgados esperam baixa


- JB: PM dá troco, mas espera novo ataque


- Correio: Procuram-se jovens no serviço público


- Valor: Fim da crise agita bancos à procura de milionários


- Jornal do Commercio: Sport bate o Timão