segunda-feira, junho 29, 2009

CARLOS EDUARDO NOVAES

A derrota da zebra africana

JORNAL DO BRASIL - 29/06/09

Às vezes prevalece a lógica. Ainda que a zebra estivesse solta nos campos sul-africanos e disposta a se consagrar na final da Copa das Confederações, acabou vencida pelo talento brasileiro. Bem que ela tentou empurrar os americanos, que, com menos de 10 minutos de jogo, faziam seu primeiro gol. Aos 27, a zebra ainda corria feito uma gazela pelos gramados e armou um contra-ataque ao estilo brasileiro que terminou dentro das redes de Julio César. Nossa Seleção não vinha bem, parecia assustada diante de um time que atuava com 11 jogadores e mais um mamífero ungulado. O comentarista da Sportv dizia que "Robinho não consegue se encontrar no jogo". No jogo? Para mim Robinho não conseguiu se encontrar na África do Sul!!

Ao final do primeiro tempo, com 2 a 0 para os Estados Unidos, todos os muitos frequentadores da casa de apostas clandestina se acercaram da mesa do Evilásio, aquele que não entende nada de futebol e estava ficando rico investindo nos americanos. Evilásio foi o único apostador que botou suas fichas nos Estados Unidos e, àquela altura, era olhado com expressões de assombro e perplexidade. Muita gente se aproximava perguntando o bicho que daria amanhã ou pedindo palpites para a Mega-Sena. Evilásio não tinha dúvidas de que iria "estourar a banca" e se exibia com o olhar superior do rei da cocada preta. Recebeu uma ligação de Mara, sua mulher:

– Evilásio querido, como está o coração?

– Batendo ao som de Deus Salve a América! Estou começando a gostar de futebol!

- Não, Evilásio! Não faça isso! Mantenha sua santa ignorância!

Evilásio começou a me fazer perguntas sobre futebol. O que é impedimento? Para que serve o cartão amarelo? O que significa aquele chute lá do cantinho do campo? Começou o segundo tempo, Luiz Fabiano empatou com menos de um minuto e Evilásio rosnou para mim:

– Não quero saber de mais nada. Esquece!

O Brasil foi tomando conta do jogo. Até os 17, havia chutado 20 vezes ao gol, contra cinco dos americanos, que viram a zebra perguntando ao bandeirinha onde ficava o brejo mais próximo. Aos 20 minutos, Deus voltou a soprar no ouvido de Dunga: "bota em campo aquele que bate escanteios com precisão cirúrgica". Dunga chamou Elano e perguntou a Deus: "e quanto àquele que tem nome de profeta?"

– Pode botar também – respondeu a voz divina. – Mas já vou avisando que não vai haver nenhuma falta próxima a área americana.

Aos 28, Luis Fabiano empatou numa jogada em que Kaká mostrou que vale o quanto joga. O Brasil já dominava o jogo, que virou um ataque contra defesa, enquanto o mamífero ungulado se retirava acabrunhado do estádio, convencido de que para derrotar o Brasil seria preciso uma manada de zebras. Evilásio, por sua vez, tentava entender as razões daquela virada. Até que aos 38 Elano botou a bola na cabeça de Lucio - como já fizera outras vezes com Juan - Deus piscou o olho para Dunga e os apostadores começaram a rasgar os palpites da Mega-Sena sugeridos por Evilásio, que perdeu tudo o que ganhara anteriormente com os Estados Unidos. Zonzo, sem encontrar as razões do prejuízo, Evilásio ligou para a mulher e esbravejou:

– Você não tinha nada que me telefonar no intervalo. Viu no que deu?

INFORME JB

Semana será crucial para Sarney

Leandro Mazzini

JORNAL DO BRASIL - 29/06/09

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), passou o fim de semana negociando com base e oposição a sua permanência no cargo. Enviou carta para todos os senadores explicando as ligações de um neto com um banco que opera crédito consignado na Casa. Para Sarney, não há tráfico de influência. Sarney conseguiu a palavra da bancada do PT, que passará a defendê-lo na tribuna. O DEM, no entanto, continua dividido. Parte da bancada fecha com o cacique, e a outra ainda cobra explicações para as últimas denúncias. Aliados próximos de Sarney garantiram à coluna, no entanto, que os democratas não vão pular fora do barco em meio à tempestade. Seria o mesmo que largar à deriva o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI). Por ora, Sarney diz a todos que não sai do cargo.

Rio 2016 Maratona

O Projeto de Lei 4667/09, do Poder Executivo, que institui o Ato Olímpico com a finalidade de assegurar garantias à candidatura do Rio aos Jogos de 2016, afoga numa gaveta da Câmara.

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), criou, dia 15 de maio, uma comissão especial para debater um parecer sobre o assunto. Mas até ontem, quase ninguém havia sido indicado pelos partidos. O prazo final é outubro deste ano.

Maratona 2

O projeto estabelece regras especiais na administração pública para a sua realização, como a dispensa de visto estrangeiro mediante apresentação do passaporte e credenciamento olímpicos, para todos os atletas.

Berro é tri

Diretor do Ministério da Saúde no Rio, o médico Oscar Berro passou o melhor domingo da vida no hospital. Nasceram seus trigêmeos, Lucas, Tiago e Jorge. E faltou charuto para seus amigos.

Zona do bem

A Zona Oeste do Rio, com seus 2 milhões de habitantes – praticamente meia capital – pode ser um novo polo de crescimento da cidade. É o que diz pesquisa minuciosa do Instituto de Economia da UFRJ, que será debatida hoje, na Alerj, com a presença de autoridades.

A guerra...

É quente a disputa pelo comando da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce). Um grupo quer mudar o estatuto e criar o cargo de presidente-executivo e, assim, profissionalizar a gestão.

...das vitrines

O atual presidente, Luiz Fernando Pinto Veiga, 71 anos, é ligado a Carlos Jereissati, do Grupo Iguatemi. Gente do setor reclama que a Abrasce tem se distanciado da Associação de Lojistas de Shoppings, a Alshop, e isso atrapalha o mercado.

Olha a bomba

Sexta-feira à tarde ocorreu um vazamento de gás no subsolo do Anexo IV da Câmara, em Brasília. Com o devido cuidado, bombeiros esvaziaram o prédio. Mas, com informações desencontradas nos corredores, muitos suspeitavam de uma ameaça de bomba.

Faz sentido

No corre-corre, um gaiato soltou o grito nos corredores: "Mas bomba, logo hoje que só tem inocente aqui?".

Trem-bala

O prefeito de Barra Mansa, Zé Renato, e seu braço direito, o ex-prefeito Roosevelt Brasil, passam hoje por Brasília para reuniões na Casa Civil e Ministério dos Transportes, sobre o trem-bala Rio-São Paulo. A cidade terá uma das cinco estações.

GOSTOSA


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COISAS DA POLÍTICA

Esquerda e direita, volver

Rodrigo de Almeida

JORNAL DO BRASIL - 29/06/09

O vezo nacional de transformar problemas políticos mais sérios em crises institucionais paralisantes produz falsos conceitos. Mais de uma vez a coluna abordou um deles – a ideia segundo a qual nossas instituições representativas não funcionam e estamos na Idade da Pedra em matéria de civilidade política e eficácia parlamentar. Há um outro, tão ou mais relevante: o de que, por trás dos sucessivos escândalos morais, encontra-se a ausência de representatividade dos partidos brasileiros.

Como de hábito, cada vez que o debate sobre a reforma política escapole das gavetas, emerge junto o tema do "vazio ideológico e programático partidário" (só na era lulista, o país está na terceira tentativa de reforma, sempre a pretexto do escândalo da hora). Segundo a cosmologia dos reformadores crônicos, não passamos de uma república de bananas asfixiada por um amontoado de siglas cheias de interesses e traficâncias pessoais, sem consistência ou ligação com a sociedade.

Falso. Pode ter sido verdadeiro imediatamente após a redemocratização, quando apenas um partido, o PT, surgia com conteúdo de classe e organicidade mais nítida – seguido logo depois pelo PSDB original. A partir de 1994, porém, o quadro partidário tendeu à polarização crescente entre a coligação PSDB-PFL, de um lado, e o PT, do outro. Esses dois campos passaram a atrair apoios de parcelas bem definidas da opinião pública, que não só se identificam com esses partidos, mas os influenciam. No meio do caminho estão o PMDB e as pequenas agremiações de direita, forças políticas inorgânicas mas capazes de dar estabilidade a governos. Essa divisão tem, na prática, neutralizado os efeitos de uma exagerada pulverização partidária.

Desde que se tornou uma alternativa efetiva de poder, o PSDB foi gradativamente ocupando o centro ideológico, até que, em 2002, incorporou a representação de setores mais à direita. Enquanto isso, o PT conseguiu o apoio de parcelas do eleitorado de centro para também garantir possibilidade concreta de poder (ambos atenderam a uma cláusula pétrea do poder: vence uma eleição presidencial quem consegue capturar mais eleitores. do centro, o que por si já desmonta a tese da falta de ideologia e consistência do quadro partidário). A partir dali, PSDB e PFL, hoje DEM, passam a disputar o eleitorado conservador ou se aliar a siglas como PPS para conquistá-lo.

Do outro lado, o PT e aliados mais fiéis sofreram reveses no primeiro mandato que acabaram lhe facilitando a vida. As dissensões dos grupos ideológicos mais à esquerda e a radicalização da oposição tucana-democrata alijaram a oposição de esquerda – padrão PSOL – da condição de voz relevante. Simultaneamente, a partir do segundo mandato, com a queda de Antonio Palocci e a emergência de Dilma Rousseff, o PT voltou a transitar os interesses de setores à esquerda.

A sabedoria do presidente Lula – mal compreendida publicamente por tucanos e democratas (nos bastidores, a conversa é outra) – foi saber compor, como poucos, com espectros variados, da esquerda ao centro. Nesse bolo estão sindicatos, classe média, empresários industriais e setor financeiro. Nada mal para quem lembra, sete anos atrás, a existência de um "risco Lula", capaz de elevar o dólar a US$ 3,90, como reação do setor financeiro, então forte aliado do governo FHC, à expectativa de vitória petista.

Sem colocar a hegemonia do capital financeiro em risco, o presidente Lula promoveu a ascensão política do setor produtivo nas relações com o Estado. Essa promoção já ficara clara com a paulatina mudança no papel do BNDES, de financiador do programa de privatizações – não revertidas por Lula – a fomentador da produção nacional. Ganhou novo impulso com a crise, que acelerou a redução dos juros e incrementou a produção para o consumo interno e as exportações. O nó de Lula e Dilma, para alívio tucano, é que a adesão do empresariado ao governo não se transfere automaticamente para a ministra-candidata.

A acomodação ideológica dos partidos em disputa é resultado da prática e da opção de poder de cada um. A tese, diga-se, não se resume à esfera de disputa nacional ou presidencial. Não faz muito tempo, o cientista político Marcus Figueiredo estudou os resultados de sete eleições consecutivas e concluiu: o sistema partidário brasileiro se consolida com bases político-eleitorais nítidas e, em votações para o Legislativo, exibe nexo partidário entre os três níveis da representação – nas câmaras de vereadores, assembleias legislativas e Câmara dos Deputados.

Nisso já se refuta também a ideia de que o excessivo número de partidos é mais uma prova do nosso atraso – assunto para outra conversa.

CLÁUDIO HUMBERTO

"Não pode é um país ficar discutindo coisas menores"

Presidente Lula, ao comentar a onda de escândalos no Congresso Nacional

Tião e Virgílio apoiaram nomeação de Agaciel

Ao assumir pela segunda vez a presidência do Senado, em 2003, o senador José Sarney recebeu um ofício assinado por todos os líderes partidários parabenizando-o pela recondução ao cargo do então diretor-geral Agaciel Maia. Além dos lideres aliados de Sarney, assinaram o documento os senadores Tião Viana (PT-AC) e Arthur Virgílio (PSDB-AM), que, de entusiastas, passaram a críticos de Maia e Sarney.

Reza forte


Com a fama de pé-frio do presidente, aliados de José Sarney notaram que a situação dele piorou desde que Lula passou a hipotecar-lhe apoio.

A luta continua


A (restrita) classe dos mordomos deixa em polvorosa os patrões: quer salário de R$ 12 mil.

Daqui não saio


José Sarney não apareceu no Senado, ontem, mas quem esteve com ele garante: nem passa por sua cabeça a hipótese de renúncia ou licença.

Mau conselheiro


A inadimplência é recorde em nove anos. O consumidor levou a sério a recomendação de Lula "marolinha" em dezembro: "Comprem!"

MA: vaga de vice "comprada" sob contrato


Candidata à prefeitura de Conceição do Lago-Açu (MA), Marly Sousa firmou um "compromisso de compra e venda" com a então aliada, e candidata à vaga de vice, para que ela deixasse a chapa. Josilene Correa (PP) seria premiada por Marly com a quantia de R$ 2 mil/mês durante a campanha e, sendo eleita, mais R$ 5 mil/mês como "ajuda de custo" durante o mandato de prefeita. Além de um cargo no governo.

Eleita


Marly Sousa foi eleita prefeita com 46,6%. A oposição já ingressou com uma ação de impugnação de mandato na Zona Eleitoral de Bacabal.

Oficial


O contrato de compra e venda do apoio, obtido pela coluna, foi registrado no Cartório Extrajudicial do 2º Ofício de Bacabal (MA).

Soletrando


O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi desafiado ontem no plenário pelo senador Mão Santa (PMDB-PI) a um discurso de 42 segundos.

França esconde o jogo


Especialistas acham que a França desmentiu haver encontrado sinais da caixa-preta do Airbus porque seria um fracasso sua Marinha encontrar a geringonça e não recuperá-la. Além disso, fazem segredo para preservar os interesses do fabricante, que tem mais de cem Airbus encomendados.

Empresa cara-de-pau


A TAM anuncia que não cobra mais multa de quem cancela voo. Cara-de-pau. A japonesa JAL, empresa séria, não cobra multa e ainda devolve o dinheiro na hora. A TAM, não: prende o dinheiro a título de "crédito".

Minha casa, meu voto


No mais recente balanço do Programa Mina Casa, Minha Vida, a Caixa contabilizou contratos de financiamento de 5.625 imóveis residenciais. Número bem distante de 1 milhão de casas prometidas pelo governo.

Droga de aspone


Assessor de Carlos Minc, ministro que é uma droga, tem ligado a veículos de imprensa ameaçando jornalistas que criticam a participação do chefe na marcha de apologia à maconha. Mete o maior medo. Brrrr.

IPI menor


O governo deve prorrogar segunda-feira a redução do IPI para carros e materiais de construção. A alíquota para automóveis vai subir um pouco em relação ao índice vigente nos últimos seis meses.

E o salário, ó...


Motorista do Senado ganha mais que oficial de Marinha comandando uma fragata; um ascensorista da Câmara mais que piloto de Mirage da FAB e "diretor de garagem" bem mais que general do Exército.

À beira da perfeição


A Presidência da República trocará os equipamentos de ginástica "em uso há 15 anos", do crescente número de seguranças de Lula e do vice, José Alencar. O contribuinte suará para pagar a brincadeira: R$ 58,6 mil.

Reputação em pó


O Brasil está mal acompanhado no relatório da ONU sobre drogas: é o maior consumidor da América Latina, enquanto na Bolívia do "companheiro" Evo Morales a produção da droga aumenta.

Pré-salgadíssimo


A crise no Senado não é o fundo do poço. Abaixo dele tem um secreto.

Poder sem pudor


Atentado adiado


O presidente Jânio Quadros foi informado em Brasília, certa vez, que teria sido preparado um atentado contra ele em São Paulo. Como precisava viajar a cidade de qualquer maneira, ele chamou o preocupado oficial de gabinete e deu a seguinte instrução, carregada de ironia:


– Procure o general chefe da Casa Militar e diga-lhe para que providencie o adiamento da execução.

BONS COMPANHEIROS


PAINEL DA FOLHA

Livre escolha

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 29/06/09

A demora na escolha do sucessor do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, gerou uma nova expectativa no Ministério Público Federal, além das apostas sobre qual é o nome preferido do presidente Lula. O escolhido ainda terá que ser sabatinado no Senado e há dúvidas no MPF se, no período de interinidade, a subprocuradora-geral Deborah Duprat, 50, cuidará só de questões administrativas.
Deborah tem perfil progressista, coordena a câmara de populações indígenas e minorias étnicas. Marcará sua passagem se tocar o processo de reconhecimento da união estável entre casais homossexuais, que aguarda o parecer da PGR desde meados de 2008.

Torcidas - Tarso Genro e Márcio Thomaz Bastos estão em lados opostos na indicação do novo procurador-geral da República. O ministro da Justiça defende Roberto Gurgel; seu antecessor, Wagner Gonçalves. Lula deve definir o nome a qualquer momento. Antonio Fernando Souza deixa o cargo hoje.

Ruído - Lula havia recebido a informação de que Cezar Peluso, próximo presidente do STF, teria preferência por Wagner Gonçalves. Soube depois que o favorito do ministro, bem como da maioria da Corte, é Roberto Gurgel.

Fatal - De um cardeal do DEM, partido de cujo apoio depende o presidente do Senado: ‘Disputar novamente esse cargo foi o maior erro político da vida do Sarney’.

Capitanias... -Disponível no Portal da Transparência, a lista de cargos de confiança do Senado traz sobrenomes ilustres. Humberto Coutinho de Lucena Júnior, filho do ex-presidente da Casa Humberto Lucena, está lotado no serviço de Apoio às Comissões. A filha, Lisle Heusi de Lucena, fica na presidência.

...hereditárias - Já o senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) acolheu em seu gabinete Silvia Ligia Suassuna de Vasconcelos, sobrinha do ex-senador Ney Suassuna. E Mauro Fecury (PMDB-MA) deu vaga de assessor para Luis Carlos Bello Parga Júnior, filho do senador Bello Parga, morto em 2008.

No encalço - Lula acertou para breve uma conversa com o governador Roberto Requião (PMDB) para tratar de 2010. O presidente quer um termômetro sobre a tentativa de fechar uma chapa com os nomes de Osmar Dias (PDT) para o governo do Paraná e de Requião e Gleisi Hoffmann (PT) para o Senado.

Timing - Lideranças gaúchas do PMDB divergem sobre a melhor hora para desembarcar da administração Yeda Crusius (PSDB). Uma ala defende agosto. Outra quer esperar até dezembro. Como o PMDB terá candidato próprio ao governo, o divórcio só não se concretizará se a desgastada tucana decidir abdicar da reeleição.

Pacote - O líder do PMDB na Câmara Federal, Henrique Alves, se esforça para atrair o primo e correligionário Garibaldi à aliança lulista em 2010, mas o DEM tem uma oferta melhor: além de apoiar a reeleição de Garibaldi, pode abrir vaga para o pai do senador, Aloizio Alves. Ele é suplente da ‘demo’ Rosalba Ciarlini, candidata ao governo do Rio Grande do Norte.

Lipo - Sérgio Carneiro (PT-BA) apresenta nesta semana na CCJ da Câmara substitutivo à emenda que enxuga a Constituição. Embora menos drástico que a proposta de Régis de Oliveira (PSC-SP), segundo a qual a Carta passaria de 250 para 64 artigos, seu parecer pode gerar polêmica ao retirar do texto temas tributários e de segurança pública.

Não na frente das crianças

A Câmara discutia no ano passado o aumento do salário mínimo quando o PSOL foi chamado a orientar a votação de sua pequena bancada. Chico Alencar iniciou um discurso de protesto, até notar a presença de Luciana Genro:
_Perdão! Minha líder estava aqui e não tinha visto. Tão bonita, tão exuberante! Por favor, ‘ladies first’...
Ninguém entendeu, mas Alencar prosseguiu:
–Desculpe Luciana, eu a procurei no lugar errado. Isso acontece frequentemente em minha vida...
A esta altura, o então presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), resolveu interromper:
–Sem confissões aqui, Chico. Vamos em frente!

Holofote - O PSDB vai comemorar no plenário do Senado os 15 anos do Plano Real. Será uma sessão solene, em 7 de julho. O primeiro time do tucanato estará presente.

Tiroteio

Todo esse jogo de ameaça de investigar o governo passado sugere um ditado popular: quem mais deve, mais teme.

De ARTHUR VIRGÍLIO , líder do PSDB no Senado, sobre entrevista em que o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, ao tratar da CPI, criticou a mídia e disse que ‘nós não atacamos ninguém ainda’.

DORA KRAMER

Débito de confiança

O ESTADO DE SÃO PAULO - 29/06/09

Noves fora, até agora os transgressores do Parlamento têm motivos para achar que as transgressões compensaram. São cinco meses de escândalos praticamente ininterruptos, ora revelando as mazelas do Senado, ora revirando os entulhos da Câmara, e a única perda material registrada foi o afastamento - não a demissão - de quatro diretores do Senado.

Os dois primeiros a serem retirados de cena sob acusação de crimes específicos, Agaciel Maia e João Carlos Zoghbi, foram substituídos pelos dois que foram agora afastados, cujos lugares serão ocupados por um assessor do atual primeiro-secretário e pela ex-chefe de gabinete da filha do presidente do Senado.

Com todo crédito de confiança que possam merecer funcionários contra os quais não pesam suspeições, não contribui para uma boa sinalização de propósitos a indicação de pessoas tão diretamente ligadas aos senadores Heráclito Fortes e José Sarney.

Por mais que atribuam à atual Mesa Diretora o desmonte da rede de ilicitudes, a realidade os desmente.

A resistência de Sarney em agir dispensa maiores apresentações. Heráclito tratou com zombaria as primeiras denúncias, ameaçou, mas não cumpriu a ameaça de divulgar a lista dos jornalistas que se beneficiavam com passagens aéreas do Senado e, à frente da comissão que descobriu a existência dos atos secretos, não denunciou sua nulidade de origem. Preferiu providenciar a publicação com data retroativa à época das edições sigilosas.
Ambos vocalizaram o discurso da conspiração de forças ocultas em prol do fechamento do Congresso e só levaram a história a sério quando sentiram o tamanho da pressão. Isso não invalida as providências nem desqualifica liminarmente suas decisões. Mas exige mais deles. Exatamente para que seus atos sejam e pareçam legítimos na visão do público - afinal, trata-se, em última análise, de um problema de imagem - é que precisam ser cercadas de todos os cuidados.

Ainda mais que a lisura dos dois primeiros substitutos não resistiu aos quatro meses seguintes de continuidade da crise. Se, de um lado, a nomeação de duas pessoas de ligações tão estreitas estabelece um elo de responsabilidade inequívoco para os dois senadores, de outro, o primeiro-secretário e o presidente do Senado dão margem à interpretação de que pretendem com isso controlar as investigações. E fechar os dutos por onde têm escapado informações.

Caberá a eles desfazer essa má impressão. Diga-se em favor do Senado que o escândalo tem tido um efeito didático. Se não a maioria, boa parte dos senadores discute o assunto aberta e constantemente no plenário.

Na Câmara não há isso. É como se ali não se ouvisse mais o barulho do turbilhão. O uso indevido de verbas indenizatórias e de passagens aéreas abrigou-se na lei interna de anistia, bem como os prejuízos decorrentes; o caso dos bilhetes vendidos no câmbio negro caiu em providencial esquecimento - a despeito do caráter criminal e do envolvimento de parlamentares - e o processo do deputado do castelo por quebra de decoro parlamentar acaba virando uma contradição em termos diante de perdões tão indecorosos.

O presidente da Câmara, Michel Temer, demorou 20 dias para divulgar a decisão “jurídica” de deixar por isso mesmo o ato do deputado Fábio Faria que usou passagens para transportar artistas a um evento comercial patrocinado por ele.

Gastou R$ 150 mil em pareceres para embasar a decisão e deixou de lado a evidente vantagem financeira obtida pelo deputado em questão. As infrações receberam o mesmo tratamento, nivelando a Casa por baixo.

Quem levou a melhor foram os que teriam levado a pior se as malfeitorias tivessem tido tratadas com o rigor exigido. Tanto Temer quanto Sarney ao assumirem os respectivos postos consideraram “menores” os temas relativos à modernização e moralização do Poder Legislativo.

Quando questionados a respeito, argumentaram que o momento era de concentrar as atenções na grande obra inaugural da administração do PMDB nas duas Casas do Congresso Nacional: a criação de uma comissão de notáveis para discutir a crise econômica mundial.

Como se viu, a agenda era outra e precisa ser cumprida em sua totalidade.

DIALÉTICA - A tese de que o recrudescimento da crise no Senado é um artifício para abafar a CPI da Petrobrás é prima-irmã da ideia de que a CPI da Petrobrás teria o condão de abafar a crise no Senado, e ambas são filhas da simplificação analítica.

APOTEOSE - O presidente Lula reincidiu no aval à lisura da eleição do iraniano Ahmadinejad, insistiu na defesa dos equívocos de José Sarney e levantou trincheira em prol dos impostos altos. Tudo num dia só. A impressão que dá é que incorporou um Roberto Jefferson e sublimou o mandato.

PÉ NA BUNDA

SEGUNDA NOS JORNAIS

- Globo: Primeira morte por gripe suína não faz Brasil mudar estratégia

- Folha: Golpe depõe presidente de Honduras

- Estadão: Golpe de Estado depõe presidente de Honduras

- JB: Brasil tem primeira morte por gripe suína

- Correio: Gripe suína mata no Sul e avança no DF

- Valor: Obras de revitalização do rio São Francisco atrasam

- Estado de Minas: Brasileiro prefere correr riscos

- Jornal do Commercio: Campeão na raça