quinta-feira, julho 11, 2013

Verão, sexo e corrupção - LUCAS MENDES

BBC Brasil - 11/07

Que verão! Putz, calor boçal. Faz parte, como as chuvas, enchentes e incêndios nas florestas. Mas barbeiragem de piloto em San Francisco foge de todas previsões.


A economia cresce e encolhe. O Egito não anda nem desanda. Washington fechada. Noticiário borocochô. Minitragédias e maxichatices como a incompreensível megaespionagem da Agência Nacional de Segurança. Ouviram a conversa da presidente em Brasília? Roubaram nossos segredos? O protesto brasileiro não mereceu destaque.

Os europeus mereceram 10 segundos. E daí? Todo mundo espiona 24 horas por dia. A espionagem intriga e incomoda, mas não escandaliza.

As TVs por assinatura vivem de um interminável julgamento na Flórida, onde um jovem branco metido a policial matou um jovem negro desarmado. Está nos finalmentes. Pelas leis da Flórida, a decisão pinta a favor do branco.

Dois escândalos sexuais sustentam os tabloides e fascinam pela forma que ressuscitaram. São da minha vizinhança.

Um deputado democrata, o priápico Anthony Weiner, renunciou há dois anos quando fotos do volume do seu weiner (é gíria para pênis), rijo embaixo da cueca, foram para as manchetes.

Inteligente, gênio na autopromoção, judeu casado com uma palestina brilhante assessora de Hilary Clinton, tinha futuro promissor. Semana passada, anunciou sua candidatura a prefeito. Foi estraçalhado pelos editoriais e ouve insultos nas ruas, mas está empatado em primeiro lugar nas pesquisas.

O outro escandaloso é o ex-governador de Nova York Elliot Spitzer. Milionário, casado com três filhos, não menos brilhante, tinha sido um promotor implacável, inclusive com prostitutas e gigolôs. Quando se elegeu governador, houve quem visse nele o primeiro presidente judeu dos Estados Unidos, até aparecer numa lista de clientes de uma agencia de prostituição.

Ele era o cliente número 9 no livrinho da cafetina, um dos melhores. Isto foi há cinco anos. Que tristeza e humilhação, a da mulher diante das câmeras solidária com o marido.

Esta semana, Spitzer derrubou Weiner das primeiras páginas quando anunciou que será candidato a comptroller, o terceiro posto mais importante da cidade — embora a maioria dos novaiorquinos não saiba explicar o que faz o "controlador" ou soletrar a palavra. Ele fiscaliza as finanças da cidade. O candidato favorito era um democrata, agora em pânico.

Como marido freguês de prostitutas ele foi infame, mas Spitzer sabe fazer contas e hoje em dia muitos eleitores confundem fama e infâmia. Mais surpreendente é a outra candidata a fiscal. Kristin Davis ficou conhecida como "Madame Manhattan", mas antes era vice-presidente de um hedge fund de US$ 2 bilhões na Wall Street.

Quando ficou desempregada criou sua agência de prostituição, que tinha entre os clientes, além do governador, o jogador David Bekham e o homem do FMI Dominique Strauss-Kahn. Por causa das leis aprovadas pelo governador Spitzer, Kristin passou quatro meses numa prisão barra pesada, mas a participação dela na campanha é folclórica.

A safra de corruptos deste verão seria uma das piores em muitos anos. Foi salva pelo governador da Virgínia. O Estado esta próspero e o nome dele, Bob McDonnell, conservador com benção do Tea Party, chegou a entrar na lista de possíveis candidatos a presidente em 2016 pelo Partido Republicano. Ainda está no poder, mas as ambições presidenciais evaporaram e o cargo esta em perigo.

O candidato "Bob for Jobs" — este era o lema dele de campanha com a promessa de acabar com a fraude e a corrupção no Estado — tem um amigo rico e generoso. Jonnie Williams, dono da Star Scientific, uma fábrica de produtos de dieta, que anda mal das pernas, queria que o governador ajudasse a liberar e promover uma pílula para emagrecer à base de tabaco.

Na amizade entrou um Rolex de US$ 6,5 mil, outros US$ 15 mil para uma festa de casamento da filha do governador, um paletó de veludo de US$ 10 mil, dois pares de sapatos finos e uma bolsa da Louis Vuitton. Ele se complicou quando disse que o Rolex tinha sido presente de Natal da mulher, mas tinha sido do Jonnie, a pedido da mulher.

Uma mentira leva a outra e em pouco tempo o cozinheiro do governador estava na prisão, acusado de roubo e acusando os filhos do governador de roubar até papel higiênico da mansão. O cartão de crédito oficial era usado para compras em geral, de desodorantes a limpadores intestinais. O governador negou os excessos dos filhos, mas reembolsou o Estado com um cheque de US$ 2,4 mil.

Qual dos escândalos é mais mortal para um político americano? Dois estudos mostram que os pecadores sexuais perdem mais eleitores do que corruptos, mas depois de quatro anos de penitência, quase todos estão perdoados.

O partido da aventura - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 11/07

Aconteceu algo talvez irreversível: uma desconfiança tornou-se exasperação


Nos anos 1970, na Itália, "il partito dell'avventura" era o golpismo que queria desestabilizar a democracia. De que forma? Insuflando os peitos da classe média com inquietudes e medos abstratos. Uma indignação generalizada (sem alvos muito específicos e circunscritos) e a sensação de insegurança (produzida pelo terror) levariam o povo a recusar o sistema no seu conjunto: a rua exigiria a renúncia do governo, o fechamento do Parlamento e o fim de partidos e sindicatos.

Se esses pedidos se impusessem, temíamos que a porta se abrisse para "aventuras" políticas imprevisíveis e (argumentávamos, baseando-nos na história recente) totalitárias: nostalgias fascistas ou sonhos stalinistas.

No retrospecto, estranho a facilidade com a qual parecíamos menosprezar a perspectiva da "aventura". Certo, as indignações generalizadas geram um futuro incerto, que ninguém sabe no que dará e que talvez dê em algo perigoso. Mas é curioso que a aventura, com sua promessa de mudanças radicais, não nos seduzisse nem um pouco.

Seja como for, estamos, hoje, num momento bom para o partido da aventura. Imagine uma pesquisa nacional que colocasse, em qualquer ordem, por exemplo, as perguntas que seguem.

Primeiro, sobre o Legislativo. Você quer que os nossos representantes parem de usar os aviões da FAB como táxi aéreo? Quer que eles possam ser eleitos só por um mandato? Quer que eles tenham um regime de INSS igual ao de todo mundo? Quer que eles sejam obrigados a recorrer exclusivamente aos serviços públicos de educação e saúde (pela qualidade dos quais, afinal, eles são responsáveis)? Você quer que eles não possam decidir os aumentos de seus próprios salários e mordomias? Enfim, você aceitaria que o Parlamento fosse fechado, e que novas eleições fossem convocadas, em que nenhum representante atual pudesse ser candidato?

Logo, o Executivo. Você acha que os ministérios existem como objetos de barganha política mais do que por necessidade de governo? Quer que o governo corte pela metade seus 39 ministérios? Você gostaria que o governo renunciasse e alguém de reputação ilibada, sem disposição para compromissos e negociatas, tomasse as rédeas do poder?

Não inventei nenhuma dessas perguntas. Cada uma delas está (com muitas outras) em vários e-mails que recebi nas últimas semanas. Talvez uma pesquisa desse tipo seja por si só uma "aventura" perigosa: se a resposta majoritária fosse positiva, a desmoralização da classe política inteira seria brutal.

Não tenho nenhuma simpatia pela ideia de uma figura salvadora providencial --Collor foi eleito com essa imagem, e olhe no que deu.

Por outro lado, desconfio de qualquer ordem estabelecida que tente se manter e se legitimar chantageando-nos com o espantalho de um futuro incerto: aceite a gente e as coisas assim como estão ou prepare-se para o risco da "aventura", ou seja, "depois de nós, o dilúvio". Dizem que sem partidos e sem Parlamento não há democracia; será? Apenas 240 anos atrás, quando a revolução americana inventou a república moderna, o mundo inteiro dizia que sem rei não haveria governo possível.

Numa entrevista publicada na Folha de segunda (8), um sociólogo italiano, Paolo Gerbaudo, citando Gramsci, falou dos "sintomas mórbidos" que aparecem no "interregnum", "quando um sistema de poder está em colapso, mas seu sucessor ainda não se formou". São "fenômenos estranhos, criaturas monstruosas e difíceis de serem decifradas. Hoje, as criaturas estranhas são esses movimentos populares". Um exemplo dessas criaturas? Depois da Primeira Guerra Mundial, as massas italianas e alemãs que se lançaram na "aventura" do fascismo, do nazismo e da Segunda Guerra.

Note-se que nem todos os sintomas mórbidos levam a um desfecho sinistro. Ao longo da história, houve "aventuras" que acabaram bem. Mas entendo o olhar atônito do governo e do Parlamento, pois a questão é saber para quem a aventura em curso acabará bem.

Pode ser que, aos poucos, as manifestações populares se acalmem. Mas talvez algo irreversível tenha acontecido: uma desconfiança, que existia há tempos (se não desde a origem do país), agora se tornou exasperação. E a exasperação é quase sempre um prelúdio. Ao quê? Seria sábio ter medo?

Uma coisa é certa: a responsabilidade pela eventual "aventura" de hoje não é das massas exasperadas, é de quem as encurralou até a exasperação.

Calma, gente - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 11/07

A ação do MP que pretende impedir que Eduardo Paes contrate serviços de saúde para atender as pessoas da Jornada Mundial da Juventude, ao custo de R$ 7,8 milhões, traz um argumento polêmico: não se pode usar dinheiro público em evento religioso, já que o Estado é laico.
Ontem, Sergio Bermudes, advogado da Arquidiocese, rebateu esta tese na 5ª Vara da Fazenda Pública, onde corre a ação do MP.

Visita oficial...
Bermudes, depois de lembrar que seria desastroso impedir esse serviço às vésperas do evento, entre os dias 22 e 28 deste mês, anexou uma carta de Dilma ao Papa Francisco. Nela, ele é convidado oficialmente a visitar o país.
Assim, não será uma viagem particular, mas sim a visita de um chefe de Estado.

O sonho acabou
Há, no mercado de petróleo, gente achando que, a esta altura do campeonato, uma das alternativas da OGX de Eike Sempre Ele Batista é desativar a empresa e vender seus ativos para pagar as dívidas.
A conferir.

Mistério há de pintar por aí
Um dos mistérios da política brasileira é o destino do governador Eduardo Campos na eleição de 2014. Ele tinha praticamente desistido de disputar a cadeira de Dilma. Mas isso foi pouco antes do alvoroço das ruas.
Ah, bom!

No mais
Em 1976, Chico Buarque e Francis Hime, na música “Meu caro amigo”, ao dizerem que “o correio andou arisco”, denunciavam que a ditadura violava a correspondência.
Nos tempos modernos, quem anda arisca é a internet, como mostrou O GLOBO sobre o grampo feito pelo governo do companheiro Obama.

Fla x Flu
Talvez só para implicar com o Flamengo, o Fluminense, neste acordo com o Maracanã, tentou que sua torcida ficasse sempre à esquerda das antigas cabines de rádio do estádio.
É que esse sempre foi o lado fixo da torcida rubro-negra no Maraca.

Mas...
O tricolor vai ficar com o lado direito das arquibancadas para sua torcida.
O consórcio Maracanã não quer desagradar ao Flamengo em meio à discussão do contrato com os rubro-negros.

Policarpo Quaresma
Mal acabou a Flip, já rola no Facebook uma campanha para que em 2014 o homenageado seja Lima Barreto, autor de “Triste fim de Policarpo Quaresma”.
O escritor, filho de escravo, morreu aos 42 anos, em 1922.

Em tempo...
No texto “O novo manifesto”, Lima Barreto desanca: “Eu também sou candidato a deputado. Nada mais justo. Primeiro: eu não pretendo fazer coisa alguma pela pátria, pela família, pela Humanidade.”

Valei-me, Nossa Senhora
O prédio que foi alvo de uma ação da polícia, em Niterói, por abrigar vários prostíbulos tinha como nome de batismo Edifício Rio-Niterói.
Depois, mudou para Nossa Senhora da Conceição com o objetivo de melhorar a imagem do lugar. Pelo visto, não deu certo.

Tira a mão daí
Os guardas da exposição “A herança do sagrado”, com acervo do Vaticano, no MNBA, estão tendo muito trabalho.
Ontem, por exemplo, uma senhorinha passou a mão num quadro de Leonardo da Vinci.

Cemitério do horror
Carlos Eugênio Lopes, diretor jurídico da CBF, é mais uma vítima do roubo de sepulturas, desta vez no Cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio. O jazigo perpétuo da família, comprado pelo seu avô, ficava em área nobre, avaliado hoje em mais de R$ 400 mil.
Simplesmente desapareceu, e a Santa Casa não deu a mínima. Misericórdia!

Aqui jaz au-au
Aliás, por falar em cemitérios cariocas, o vereador dr. João Ricardo apresentou projeto de lei que permite que as pessoas enterrem seus cachorrinhos de estimação no jazigo da família.

O fim do plebiscito - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S.Paulo - 11/07

Com o maciço apoio dos "aliados" do governo, as lideranças partidárias na Câmara dos Deputados jogaram uma pá de cal na demagógica pretensão de Dilma e do PT de realizar no ano que vem um plebiscito sobre a reforma política. É mais uma amostra de que o inferno astral da pupila de Lula perdura. Mas é também mais uma evidência de que, em matéria de esperteza, os políticos - cujos partidos, na opinião de 81% dos brasileiros, são "corruptos ou muito corruptos", segundo pesquisa da Transparência Internacional - estão ganhando de lavada a queda de braço que o voluntarismo autoritário da chefe do governo e a soberba do PT tiveram a ideia infeliz de lhes impor.

Com a decisão de descartar o plebiscito para 2014, os partidos políticos pretendem devolver para o Palácio do Planalto o mico que a teimosia desastrada de Dilma lhes havia jogado no colo. Depois de ter sido obrigada a recuar rapidamente da ideia inconstitucional de propor uma Constituinte específica para tratar da reforma política, a presidente se agarrou à proposta do plebiscito, para o qual propôs cinco questões específicas que seriam submetidas ao eleitorado. Era a maneira como Dilma e o PT imaginavam que atenderiam ao difuso clamor por mudanças. Afinal, a presidente garante que está "ouvindo" o povo nas ruas.

Ora, se estão realmente convencidos de que a reforma política é imprescindível, por que só agora Dilma e o PT "ouviram" a necessidade de realizá-la? Tiveram 10 anos para isso e não moveram sequer uma palha. Estavam surdos? Ou acham que o País só avança na base do tranco?

A verdade é que até agora não tinham a menor intenção de mudar uma situação que julgavam favorável. Com índices de aprovação popular na estratosfera e os políticos muito satisfeitos com a liberalidade da cúpula do governo com o trato da coisa pública, a reforma política podia ficar para as calendas.

O que muda agora?

Um "grupo de trabalho" de deputados vai se encarregar de, em 90 dias, preparar um projeto de reforma política que, se e quando aprovado pelo Congresso, poderá ser submetido a um referendo. Ou seja, será oferecida aos brasileiros a generosa oportunidade de se manifestar sobre o assunto. A extensão e profundidade da reforma que daí resultar, se resultar, dependerá muito do que acontecer no País nos próximos três meses. Os parlamentares já demonstraram que sabem agir com rapidez e eficiência quando a pressão popular morde seus calcanhares. Mas, quando entendem que ninguém está prestando atenção, fazem apenas o que lhes interessa.

Por outro lado, Dilma, Lula e o PT encontram-se numa verdadeira sinuca. Tanto que Lula isolou-se. Mas é claro que não pretendem permanecer de braços cruzados. Declarações feitas nas últimas horas por membros importantes do governo e do partido fornecem alguns indícios do que poderá ser a estratégia petista para o curto prazo.

O líder do partido na Câmara, deputado José Guimarães (CE), foi enfático: "O plebiscito é uma questão de honra para o PT". Já o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, foi, como de hábito, mais ardiloso: "Não consigo imaginar um combate adequado à corrupção sem uma reforma política. O povo quer uma mudança política de profundidade. A presidenta acertou em cheio quando lançou essa proposta porque ela corresponde exatamente ao anseio mais profundo das ruas, que é o anseio por uma renovação na política. E renovação na política sem reforma política nós não vamos fazer". Quem diria!

Mas tanto Guimarães quanto Carvalho sabem que o plebiscito é carta fora do baralho. Por que, então, a insistência? Porque querem lavar as mãos e ainda sair bem na foto. Não será surpresa, portanto, se em breve Lula e Dilma aparecerem na televisão para proclamar nova palavra de ordem, desta vez sobre o tema "o povo exige plebiscito". E Rui Falcão tentar colocar seu bloco, literalmente, na rua para denunciar, com indignação e fúria, que "os políticos é que são contra". Será que cola?

O Oscar da Flip - LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

O GLOBO - 11/07

Há dias reclamei aqui da pouca atenção dada ao futebol do Oscar, em contraste com a exaltação de outros jogadores da seleção. Os elogios a Neymar, etc. não eram descabidos, mas a importância de Oscar não foi reconhecida como, na minha opinião, merecia. Entre parênteses: no texto sobre o Oscar usei, como exemplo de jogador altruísta que joga mais para o time do que para a torcida, o Servílio, acrescentando que não me lembrava qual era seu time, na sua melhor fase. Claro que choveu ajuda para meu cérebro combalido. Servílio foi daquele Palmeiras chamado de "Academia" de tão bom que era e formava com Tupãzinho uma dupla que rivalizava com a de Pelé e Coutinho no Santos. Fecha parênteses. Coisa parecida com o reconhecimento insuficiente do Oscar aconteceu na Flip deste ano. Sem dúvidas, a figura mais importante da festa era o Roberto Calasso, mas nem na promoção prévia dos convidados ou no noticiário do evento se deu o devido destaque à sua presença. Calasso foi o Oscar da Flip.

Ele é um daqueles italianos da linha do Umberto Eco (mas bem melhor do que o protótipo), comentaristas culturais que combinam erudição cornucópica com pensamento original e proporcionam uma leitura fascinante para quem tiver paciência com alguns trechos obscuros, quando a erudição e a criatividade se tornam um pouco demais - pelo menos para este cérebro combalido. O romancista e ensaísta Italo Calvino e o crítico literário Franco Moretti são do mesmo time. A obra de Calasso (para ficar só nos livros traduzidos para o português, todos, acho eu, pela Companhia das Letras) inclui As Núpcias de Cadmo e Harmonia, um estudo da mitologia grega; Ka, sobre a mitologia hindu; K, sobre o Kafka; As Ruínas de Kasch, um longo ensaio sobre a Europa dos séculos 18 e 19, concentrado na figura do estadista francês Talleyrand, que conseguiu servir à revolução francesa, a Napoleão e à restauração dos Bourbons sem perder a cabeça ou o prestígio; Os Quarenta e Nove Degraus e A Literatura e os Deuses. É de Calasso um texto chamado A Loucura Que Vem das Ninfas, que inclui o melhor comentário sobre o Lolita do Nabokov, já publicado.

Enfim, foi um dos melhores intelectuais que já pisaram nas pedras de Paraty sem chamar muita atenção, embora, como Oscar, merecesse todas. A mesa dele foi mediada pelo excelente Manuel da Costa Pinto. Este sabia com quem estava falando.

Greve! Hoje só Amanhã! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 11/07

Quando entrar no Twitter ou no Facebook, não se esqueça de dar um bom dia pro Obama


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Bom dia, Obama! Quando entrar no Twitter ou no Facebook, não se esqueça de dar um bom dia pro Obama.

Seja educado com os gringos. "Bom dia, Obama!" E dá um bom dia pra Michelle também, não seja mal educado! Rarará!

E um amigo meu no Facebook: "Querido presidente Obama, espero que aquilo que eu fiz ontem com a minha secretária fique só entre nós três". E outro: "Querido presidente Obama, com quem que o Feliciano fica no armário?". Rarará!

E atenção! Hoje é greve? Mas é greve GREVE! Não é greve de Facebook. Não é Greve Coxinha. É greve de gente brava! Gente grande! E a Forca Sindical vai pedir a cabeça do Mantega! O Mantega vai ser enFORCADO SINDICAL! Rarará!

E o Paulinho continua com cara de quem tá se recuperando de uma hepatite crônica!

E todos pra Paulista! O fetiche! Eu já disse que a Paulista tinha que ter faixa exclusiva para protestos! E vai ter carro de som? Aí a minha dúvida eterna: todo sindicalista é rouco ou é o carro de som que tá com defeito? Rarará!

E eu só gosto de greve de banco. Porque banco só serve pra duas coisas: pagar conta e rolar dívida!

E esta do Haddad: "O PT não vai perder o bonde". Então já perdeu. Não é bonde, é ÔNIBUS! Ou como dizia o Levy Fidelix "Ôinbus". Rarará!

E o Haddad devia ser prefeito de Bollywood. Com aquela cara de galã indiano!

E esta: "Protesto de motoristas para terminal de ônibus em SP". Sendo que é o ônibus que está em estado terminal! Rarará! E esta: "PM de SP vai comprar caminhão com jato d'água para dispersar multidão". O povo pede saúde e educação e o Alckmin gasta R$ 67 milhões em caminhão com jato d'água pra dispersar multidão pedindo saúde e educação!

E mais esta: "Aécio pede o fim da reeleição". Aí vem o Lula e ganha! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

Direto do País da Piada Pronta! Um amigo foi fazer a campanha "Droga Mata" em Franca e hospedaram ele numa chácara na rodovia João Traficante. Rarará! Aí ele tirou uma foto com a camiseta "Droga Mata" ao lado da placa "Rodovia João Traficante".

Hoje só amanhã! Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Fome de elefante - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 11/07

A presidente Dilma Rousseff prometeu, ontem, destinar R$ 3 bilhões aos municípios para gastos com a saúde e a educação. Ao final do discurso, recebeu uma vaia da maioria dos 4 mil prefeitos que participaram da 16º Marcha dos Municípios. Os petistas e alguns aliados bem que tentaram encobrir a vaia com aplausos, mas já era leite derramado. Dilma estava acompanhada de 20 ministros e foi vaiada porque quis matar fome de elefante com alface, para usar uma comparação zoológica.

Por uma diferença de poucas horas, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), também recebeu vaias, ontem, e pelo mesmo motivo. A platéia era formada por secretários de saúde e lideranças do Movimento Mais Saúde, que recolheram 1,5 milhão de assinaturas para um projeto de iniciativa popular que destina 10% do orçamento da União para a área.

As centrais sindicais estão convocando uma greve geral para hoje. A adesão mais maciça está sendo dos sindicatos de professores, que não estão nem aí para os esforços do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, no sentido de obrigar os acadêmicos de medicina a dois anos de residência médica compulsória nas periferias e nos grotões. Querem 10% do PIB e 100% dos royalties para a educação, além da homologação do piso nacional.

Chocolate
O dinheiro anunciado por Dilma Rousseff no encontro com prefeitos será destinado ao pagamento de médicos e professores, além das demais das despesas de custeio com saúde e educação. A primeira parcela será em agosto e, a segunda, em abril de 2014. É muita alface, mas os prefeitos querem é chocolate: a redivisão do bolo tributário, a devolução dos recursos retirados pelo desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a 13ª parcela do Fundo de Participação dos Municípios e o repasse efetivo dos recursos dos programas federais e demais transferências da União.

2 milhões
É o número estimado de trabalhadores que participarão da greve geral convocada para amanhã, em várias cidades do país, pelas centrais sindicais. A estimativa é do deputado Paulinho da Força (PDT-SP).

Plano B
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (foto), retomou suas andanças pelo país e volta a mobilizar os militantes do PSB para a sua pré-campanha. Sábado, promove um encontro de deputados federais e militantes no Rio de Janeiro, “para debater a atual realidade do país e fazer uma análise de conjuntura do momento ímpar que o Brasil está passando, através da participação popular”. Campos posiciona-se para ser o Plano B do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2014.

Centralismo
Foi por solidariedade, e não por convicção política, que a bancada do PCdoB na Câmara embarcou na proposta de colher assinaturas para a apresentação de um decreto legislativo convocando o plebiscito já. O presidente da legenda, Renato Rabelo (foto), em encontro com a presidente Dilma Rousseff, comprometeu-se com o apoio a proposta da presidente da República, e baixou o centralismo nos deputados federais.

Mais uma/ O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), aprontou mais uma cama de gato para a presidente Dilma Rousseff: colhe assinaturas para a redução do número de ministérios. Enxugar a Esplanada seria a maneira de forçar uma reforma ministerial e negociar duro com Dilma.

Desaparecidos/ A presidente Dilma Rousseff sancionou, ontem, a lei que permite às empresas de telecomunicações utilizar suas redes de telefonia móvel para a localização de pessoas desaparecidas. A matéria foi relatada no Senado por Walter Pinheiro (PT-BA), está prevista na Lei 12.841, e altera a Lei Geral de Telecomunicações.

Desfusão/ O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), convocou uma reunião da executiva nacional da legenda para segunda-feira. Na pauta, o fim da fusão com o PMN, que pressiona o PPS para formalizá-la imediatamente. Freire aguarda uma janela para a migração de deputados que queiram trocar de legenda.

Telhado
A candidatura do senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) a presidente da República subiu no telhado. Sua insistência em ir ao encontro da presidente Dilma Rousseff (PT) no Palácio do Planalto pegou muito mal no PSol. Randolfe está de olho é no governo do Amapá.

Cases
Embora não deixe de tocar no tema das manifestações populares, o programa do PV, que vai ao ar hoje à noite, dedica-se sobretudo às boas experiências do partido em cargos executivos. São casos na Bahia, em São Paulo (capital e Osasco) e em Brasília. Dirigido por Luís Jorge Natal, a opção foi encarar os protestos com mais reflexão e calma, apesar das bandeiras do PV coincidirem com a maioria das reivindicações.

REDE DE PROTEÇÃO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 11/07

Após 20 anos de idas e vindas no Congresso, o projeto que estabelece percentuais de produção regional e local na TV aberta deve ser votado hoje na comissão especial que analisa o tema. A proposta, consolidada pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), inclui no pacote de regionalização programas de conteúdo jornalísticos, esportivos e religiosos. "É um desenho factível, que as emissoras vão poder cumprir sem desequilibrar o faturamento", diz Jucá.

REDE 2
Relator do projeto de regulamentação do artigo 221 da Constituição, o senador ouviu a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) e a ABPITV (Associação Brasileira de Produtores Independentes de TV). Segundo Jucá, "a programação nacional das redes não pode ser descaracterizada". Procurada, a Abert não se manifestou.

REDE 3
Já os produtores independentes são contra a inclusão de programa jornalístico e esportivo na categoria regional e cultural. "O projeto precisa refletir todos os atores, e não só a radiodifusão. Não pode ser a toque de caixa", diz Marco Altberg, presidente da ABPITV. "Os produtores querem mercado, mas a lei não é para isso", afirma Jucá.

REDE 4
As emissoras terão até cinco anos para se adaptar à legislação. Pelo projeto, o percentual de regionalização varia de acordo com a população do município. Vai de 336 minutos de produção regional por semana, para localidades com até 500 mil habitantes, até 840 minutos para cidades com mais de 5 milhões de moradores.

DIGO SIM
Juntos há 36 anos, o editor Pedro Paulo de Sena Madureira, 66, e o artista plástico Carlos Henrique Lamothe Cotta, 56, vão se casar hoje. "É um caso de amor irreversível", diz Madureira. A cerimônia para oficializar a união será em cartório em Higienópolis, bairro paulistano onde moram, "junto com quatro cachorros e babá".

DIGO SIM 2
"Antes tinha união estável. Mas contrato eu faço é com editora", afirma Madureira. "Do ponto de vista individual, esse casamento não é necessário. Mas é importante o Brasil saber que estamos nos casando, para quebrar barreiras. Homossexualidade não é doença. Cura gay é um absurdo."

CONEXÃO NORDESTE
O GTP (Grupo de Teatro da Poli), da USP, viaja para a Paraíba neste mês. Vai se apresentar em festivais junto com vencedores do Nascente, concurso que premia trabalhos artísticos da instituição. É uma parceira com a Universidade Federal da Paraíba. Nomes como Manuel Bandeira, Carlos Zara e Caco Ciocler já passaram pelo GTP.

IN ENGLISH
Os cerca de 30 funcionários do Bar Brahma, um dos points de São Paulo, estão tendo aulas de inglês para receber melhor os clientes durante a Copa do Mundo. Desde o começo do ano, as aulas são ministradas uma vez por semana no próprio bar.

UM LUXO SÓ
Depois de reforma assinada por Philippe Starck em 2010, o hotel Le Royal Monceau acaba de receber o título de "palácio", uma categoria acima da classificação cinco estrelas. Passou a figurar entre os seis hotéis de Paris a receber a distinção por parte da Atout France, a agência francesa para o desenvolvimento do turismo.

EM PROSA
Vai se chamar "Tudo a Declarar" o livro de memórias que o produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, o Barretão, lança em outubro, pela editora Casa da Palavra. A obra tem a supervisão do empresário Ricardo Amaral.

MAIS BEIJO, MENOS ALFACE
Susana Vieira, 70, já posou nua sete vezes e lamenta não ser mais convidada para ensaios sensuais, em entrevista à revista "Joyce Pascowitch", hoje nas bancas. "Agora, não me chamam mais!"

No ar como Pilar em "Amor à Vida", ela se diz satisfeita enquanto faz "mulheres que ainda dão beijo na boca". "Estou bem na fita." A atriz planeja se casar com Sandro Pedroso, 28.

Susana diz que comer pão com muita manteiga a deixa inteligente. "Alface não dá neurônio. Não sou coelho para ficar comendo folha", brinca.

SALTO ALTO
A saltadora Maurren Maggi comemorou seu aniversário de 37 anos na festa Sunset Clubinho, na Casa das Caldeiras, no fim de semana. O jogador do Corinthians Paulo André, o nadador Henrique Barbosa, a relações-públicas Valentina Drummond e o empresário Dinho Zambon circularam pelo evento.

NOITE ILUSTRADA
O show "Estou Falando de Elton Medeiros", no Sesc Vila Mariana, teve participação do cantor e compositor Paulinho da Viola, da cantora Fabiana Cozza, do produtor Hermínio Bello de Carvalho, do músico anfitrião, Eduardo Gudin, e do sambista e homenageado, Elton Medeiros. Os convidados contaram histórias sobre Medeiros e fecharam a noite com Cartola.

CURTO-CIRCUITO
A Alcatel One Touch e a empresa chinesa TCL anunciam hoje fábrica no Brasil e entrada no mercado nacional de smartphones.

O livro "Geraldo de Barros: Isso" será lançado hoje, às 20h, no Sesc Vila Mariana, em abertura de exposição sobre o pintor.

A banda Maglore se apresenta no Puxadinho da Praça, na Vila Madalena. 18.

O Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo começa hoje.

Arrigo Barnabé participa hoje de show do trio Sinamantes, no Itaú Cultural, às 20h. Grátis. Livre.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 11/07

RECUO NO EMPREGO MAIS PRÓXIMO DO ZERO
Taxa da indústria de maio foi a mais alta desde dezembro de 2009. No acumulado em 12 meses, variações estão caindo
O recuo de 0,5% no emprego industrial em maio, frente a abril, como anunciou o IBGE, causou susto por ser a maior queda no índice desde dezembro de 2009. Setores com desempenho negativo são os mais intensivos em mão de obra e que sofrem com a concorrência de produtos estrangeiros. Máquinas e equipamentos; vestuário, calçados e couro estão entre eles, explica Rodrigo Lobo, economista do IBGE. Esse resultado reflete ainda fatores como freio no consumo, inadimplência e dificuldade de crédito. Na comparação com maio de 2012, o recuo chega a 0,7%. O panorama, contudo, não é ruim como pode parecer, pondera Lobo. Embora a taxa siga negativa, está cada vez mais perto de zero. O movimento fica claro nas variações acumuladas em 12 meses (veja o gráfico). Pode ser um alento.

Japão 1
O Senai terá núcleos de formação de trabalhadores para a indústria naval em quatro estados: Rio, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul. É projeto de R$ 10 milhões em parceria com a Jica, agência internacional japonesa de cooperação. O contrato será assinado em agosto. A meta é formar técnicos altamente especializados para o setor.

Japão 2
O acordo atende à demanda por mão de obra de duas japonesas investindo no setor naval no país. A Ishikawajima-Harima Heavy Industries adquiriu 25% do estaleiro Atlantico Sul (PE). A Kawasaky Heavy Industries busca estaleiros em Salvador. De início, serão formados cem técnicos. Isso vai reduzir o uso de trabalhadores japoneses.

Construção
O Custo Unitário da construção (CUB) subiu 0,25% em junho, diz o Sinduscon-Rio. O índice havia crescido 0,12% em abril e 0,15% em maio. O resultado do mês passado foi puxado pela alta de preço de 16 dos 25 itens pesquisados. Lideram a lista porta semioca, fechadura e bancada de pia de mármore.

Veículos
A Firjan vai leiloar um lote de 20 veículos, no dia 24. O pregão on-line receberá lances presenciais e pela web. Pode arrecadar R$ 200 mil. João Emilio vai comandar a venda.

Expansão
A Rede D’Or São Luiz inaugura o Hospital Oeste D’Or, na terça, em Campo Grande. Trata-se do antigo Hospital Joari, que recebeu reforma de R$ 23 milhões. Com a expansão, passa de 140 para 200 leitos; de 960 para até 1.200 colaboradores.

Mais leitos
O Hospital Pasteur, no Méier, inaugurou este mês 13 leitos, chegando a 183. Investiu R$ 2,5 milhões na transformação da cobertura do edifício em setor de internação. Prevê nova ampliação em 2014.

Tecnologia
A OftalmoRio, de microcirurgia ocular, adquiriu o equipamento LenSx, da Alcon. Aporte de US$ 714 mil dólares, é usado para cirurgia de catarata.

Livre Mercado
O VillageMall lançou selo para identificaras práticas sustentáveis do shopping. Estima economizar 20% de água e energia por ano .

A Red Bull fechou contrato com o surfista Pedro Scooby. É o 20º atleta brasileiro patrocinado pela marca de energético.
Faltam R$ 18 milhões para que o Hospital Pró-Criança Jutta Batista, em Botafogo, comece a funcionar. Foi construído com R$ 63 milhões em doações. É projeto da Dra. Rosa Celia Barbosa.

O IIEDE promove o seminário “Devido processo regulatório no Cade - A nova lei de Defesa da Concorrência em Debate”. Será dia 2 de agosto, no Rio.

FUNDO DE GARANTIA
Entra no ar domingo a terceira fase da campanha “Telhados”, do Ministério do Trabalho. O objetivo é mostrara importância do FGTS na vida de trabalhadores. Além da TV, as peças serão veiculadas em rádio, jornais, revistas, outdoor e busdoor. A Staff assina a criação.

Corpo e cabelo
A Farmax, fabricante de farmacêuticos e cosméticos, lança até o fim do ano 52 produtos das linhas capilar e corporal, além de novas fórmulas e embalagens para outros 60. Prevê totalizar R$ 2 milhões em investimentos até dezembro. A empresa aumentou a capacidade produtiva em cerca de 30%.

Perfumaria
A Fragrance, de perfumes e cosméticos, abre amanhã no Botafogo Praia Shopping. Cada marca terá espaço personalizado na loja. A organização dos produtos deve aumentar as vendas em até 30%, diz o sócio Ronaldo Dorf. Aporte de R$ 900 mil.

Reciclagem
A On You Cursos vai adotar copos de papel no lugar dos de plástico. Consome 150 mil por mês. Os usados serão reciclados por cooperativas, e transformados em brindes, como agendas. A NovaCoop, de planos de saúde, é parceira do projeto.

Festa infantil
Inaugura mês que vem a Na Moitta, casa de festa infantil, no Itanhangá Center. O aporte na área de 900m2 é de R$1,5 milhão. Terá karaokê e boliche. A Oba! Arquitetura assina os móveis.

Personalizada
A Farm fará ação em parceria com a Vandal, de camisetas, na loja de Ipanema, na terça-feira. Clientes vão poder personalizar blusas com fotos do Instagram. A previsão de aumento nas vendas é de 20%.

Massas
O Grupo Fiammetta lançou nova marca de restaurante, a Mia Fiamma. O primeiro, inaugurado em Copacabana, semana passada, é aporte de R$ 200 mil. A previsão é abrir cinco franquias em um ano.

DE OLHO NO PETRÓLEO
Claus Bihl, presidente da dinamarquesa MaerskTraining, inaugurou ontem no Rio o primeiro centro de treinamento na América Latina. A iniciativa, que conta com um moderno simulador, tem como objetivo treinar até 10 mil profissionais por ano do setor de navios e petróleo.

TOSCANA
A russa Naty Chabanenko estrela a campanha de verão 2014 da Iódice. Foi clicada por Zee Nunes. As fotos vão circular na na web eem anúncios impressos, a partir de agosto. O sol da Toscana,na Itália, inspirou a coleção. A expectativa da marca é aumentaras vendas em 13%. Ainda este ano, abre trêsfranquias; em Vitória, Curitiba e Ribeirão Preto.

HAVAÍ
AAllú, de moda feminina, lança terça-feira a coleção de verão. O estilo das peças tem inspiração no Havaí. A modelo Bruna Mendesfoi fotografada por Guto Costa para a campanha, queserá veiculada em mídia impressa e internet. A grife, que tem cinco lojas no país, espera aumentarem 15% as vendas em relação à coleção de verão 2013.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 11/07

Pagamento parcelado cresce entre brasileiros
O número de brasileiros que paga algum tipo de parcelamento aumentou de 30,3% em abril de 2012 para 42,8% no mesmo período deste ano, segundo pesquisa da Ipsos feita a pedido da Fecomércio-RJ e do Simerj (sindicato do varejo do setor eletroeletrônico do Rio).

O crescimento é resultado da continuidade da política do governo federal de incentivo ao consumo, de acordo com a federação.

Apesar de a intenção de compras das famílias estar diminuindo, as parcelas de aquisições realizadas em setembro do ano passado, por exemplo, permanecem.

A inflação também influenciou essa alta dos parcelamentos. Ainda segundo a Fecomério, com a elevação dos preços no país, os brasileiros tentam prolongar seus orçamentos com essa modalidade de pagamento.

As parcelas cresceram principalmente nas compras de eletrodomésticos (de 19,9% para 27,3%) e de eletrônicos (de 9,7% para 16,5%).

"As inovações tecnológicas, que chamam a atenção dos consumidores, ajudaram a elevar as compras e, consequentemente, os parcelamentos", afirma o presidente do Simerj, Antonio Florêncio de Queiroz.

"A desoneração da linha branca e o Minha Casa Minha Vida também incentivaram o acesso das famílias a bens duráveis", acrescenta.

Para 2014, no entanto, a expectativa é que as parcelas não aumentem como neste ano, pois os consumidores estão começando a se preocupar com o equilíbrio das contas, afirma a Fecomercio.

Foram entrevistadas mil pessoas em 70 cidades.

METAL CATALÃO
O grupo Roca decidiu construir uma fábrica brasileira de metais sanitários, a primeira da empresa no país e a décima no mundo.

O investimento de R$ 37,5 milhões, para uma planta industrial em Pernambuco, será anunciado hoje.

As obras em Vitória do Santo Antão (a 47 km do Recife) devem ser concluídas no primeiro trimestre de 2014.

A escolha foi motivada pela localização, considerada estratégica, e pela sinergia logística com uma fábrica de louças sanitárias do grupo já instalada no Estado.

No Brasil, a empresa possui três unidades fabris de revestimentos e outras cinco de louças sanitárias --uma delas foi inaugurada no ano passado, em Minas Gerais.

"O mercado brasileiro é a principal operação do grupo fora da Espanha", afirma Joan Jordà, presidente do grupo Roca no país.

"Nosso objetivo é estabelecer a liderança nacional em diferentes segmentos, e o de metais apresenta um grande potencial para nossos negócios."

A fábrica terá 50 mil m² e capacidade produtiva de um milhão de peças ao ano.

R$ 871,1 milhões
foi o faturamento da Roca no Brasil em 2012

76 fábricas
estão instaladas em 18 países; são oito unidades no Brasil, em cinco Estados

5 marcas
compõem o portfólio no mercado nacional: Roca, Laufen, Incepa, Celite e Logasa

Investimento... A Marko Sistemas Metálicos, empresa especializada na produção de coberturas de metal, acaba de inaugurar sua segunda fábrica no Rio de Janeiro.

...de aço O aporte foi de R$ 15 milhões. A empresa pretende gerar um adicional de 30% no faturamento com a nova unidade fabril.

Shows... Quase metade dos ingressos vendidos para a edição deste ano do Rock in Rio foi para pessoas de fora da capital fluminense (46%).

...de peso O festival vai acontecer em setembro e deve gerar um impacto econômico de cerca de R$ 1,1 bilhão para a cidade do Rio de Janeiro, replicando o desempenho da edição de 2011.

Instituição de biotecnologia na Amazônia deve virar empresa
O Ministério do Desenvolvimento finaliza um projeto para transformar em empresa um centro de estudos criado há dez anos para ser referência em tecnologia na região amazônica, mas que funciona "aquém" do esperado, segundo a própria pasta.

A proposta está em discussão com o Ministério do Planejamento e deve passar pela Casa Civil antes de ser encaminhada ao Congresso.

O CBA (Centro de Biotecnologia da Amazônia), localizado em Manaus, recebeu R$ 100 milhões desde que foi projetado, mas funciona de forma limitada por não ter CNPJ. Os 112 pesquisadores que atuam no local são bolsistas.

"As contratações são feitas por uma fundação, e o centro, sem personalidade jurídica, não pode patentear produtos", diz a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM).

Hoje, o CBA está vinculado à Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus).

"A instituição não está em capacidade plena, mas isso virá quando tiver autonomia administrativa. Mesmo assim, trabalha com projetos e geração de produtos", afirma José Nagib Lima, da Suframa.

O CBA possui mais de 30 unidades e "modernas instalações", segundo a superintendência, com prestação de serviços técnicos a empresas (grandes, pequenas e micro).

SEM CONSULTA
Enquanto o Congresso empurrou o plebiscito de reforma política para 2016, a Assembleia Legislativa do Ceará arquivou ontem duas propostas de consultas populares sobre grandes obras projetadas para Fortaleza.

Deputados pediam plebiscitos sobre o Acquário Ceará, orçado em R$ 244 milhões, e uma ponte estaiada, de R$ 338 milhões.

Uma das propostas dizia que o governo estadual faz "obras faraônicas" enquanto parte da população sofre com as "agruras" de estiagens.

A administração defende que as construções são necessárias. "Estamos qualificando nossos destinos para fomentar a economia, já que 80% do PIB do Ceará vem do turismo", afirma o secretário estadual de Turismo, Bismarck Maia.

CONFIANÇA EM CONSTRUÇÃO
Microempreendedores e o setor de construção civil são os mais otimistas no crescimento econômico, segundo um levantamento feito pelo Sebrae em junho.

Em uma escala de 0 a 200, eles apresentaram "nota" 121 e 120, respectivamente.

O Índice de Confiança dos Pequenos Negócios registrou em média 117 pontos no mês passado, cinco a mais do que em junho de 2012.

O empresariado da região Norte demonstrou o maior otimismo, com 125 pontos.

Para o Sebrae, o recorde do volume total de crédito e o crescimento do rendimento médio dos trabalhadores promoveram um impacto positivo nos últimos resultados.

A pesquisa abrange amostra de 5.600 empreendimentos da indústria, do comércio, do setor de serviços e da construção civil.

Vai piorar - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 11/07

Ninguém é obrigado a saber a planilha de custos de um serviço público, mas qualquer pessoa sabe se o serviço é bom ou ruim



Deu na coluna de ontem do Ilimar Franco (Panorama Político): prefeitos relataram que estão com dificuldade de contratar empresas de ônibus; as concessionárias não têm se habilitado às licitações. Alegam que vão perder dinheiro, pois se tornou inviável aumentar o preço das tarifas.

Ou seja: o transporte urbano vai piorar nessas cidades, mesmo que as prefeituras assumam o serviço. Nesse negócio, o setor público gasta mais e entrega menos.

Deu no “Valor” de terça: o Ministério dos Transportes vai dispensar as concessionárias de rodovias federais de novos investimentos. É uma forma de compensar a suspensão do reajuste de pedágios, única fonte de receita das empresas.

Ou seja, uma violação de contrato (a suspensão dos reajustes) compensada por outra (investimentos cancelados). As estradas vão piorar e os programas de privatização de infraestrutura estarão prejudicados por mais uma insegurança jurídica.

Imagino que terá gente dizendo: estão vendo? Os manifestantes fazem aquela baderna e dá nisso, tudo piora.

É um erro de julgamento, claro. Muita coisa, de fato, pode piorar, mas a culpa não será dos manifestantes. Será dos políticos que estão no poder — federal, estaduais e municipais — que não sabem como responder à demanda das pessoas. Esses manifestantes, na verdade, serão vítimas duas vezes: na primeira, pelo uso dos serviços ruins; na segunda, pela piora dos serviços em consequência da inépcia dos governantes.

Nenhuma pessoa normal é obrigada a saber a planilha de custos de um serviço público, seja de uma viagem de ônibus ou de um atendimento no posto de saúde. Mas qualquer pessoa sabe se o serviço é bom ou ruim. Os manifestantes reclamaram do que percebem como ruim. Também reclamaram do preço que pagam, quer diretamente, via tarifas, quer indiretamente, via impostos.

(Aqui, aliás, tem um fato curioso: nos últimos anos, aumentou o número de trabalhadores com carteira assinada, ou seja, o número de pessoas que podem ver no contracheque o quanto pagam para os governos).

Cabe aos políticos/governantes saber exatamente quanto custa o serviço e, mais importante, quem vai pagar a conta.

Parece óbvio, mas tem muito governante que não sabe. Muitos prefeitos, governadores e ministros que cancelaram reajustes disseram que iam passar um pente fino nas tarifas para procurar (e cortar) gorduras ou, tese preferida, excesso de lucros dos concessionários. Mas só desconfiaram disso agora? Esta não é uma questão política, mas técnica.

Política é a decisão sobre o que fazer depois que se sabe o custo: para quem mandar a conta? Só há duas possibilidades: paga o usuário direto do serviço (pelo bilhete do ônibus, pela consulta ou pela mensalidade) ou paga o contribuinte que recolhe impostos, seja ou não usuário.

Numa estrada com pedágio, quem paga é o motorista que trafega por lá. Se não há pedágio, se a estrada é mantida pelo poder público, então um cidadão que compra uma garrafa de cerveja e morre com ICMS, IPI e tudo o mais, está ajudando a financiar a rodovia, mesmo que nunca passe por ela.

Em tese, parece mais justo, sempre, que o usuário pague. E pensando longe, se todos os serviços públicos fossem remunerados pela pessoa que o utiliza, a carga tributária geral poderia ser reduzida expressivamente.

Mas não é simples assim. No caso dos pedágios, a situação, de fato, é mais fácil de elaborar. Por que uma pessoa pobre financiaria, com os impostos que paga sobre alimentos e roupas, por exemplo, a estrada pela qual os mais ricos viajam para o fim de semana?

Já não é tão simples dizer que o paciente do SUS deveria pagar pelas consultas e tratamentos. Aqui entra outra tese: os ricos devem recolher mais impostos para financiar os serviços essenciais para os pobres. Mas para que isso funcione, é preciso que o sistema tributário seja progressivo, cobrando efetivamente mais de quem pode mais.

Para isso, o grosso dos impostos deveria incidir diretamente sobre renda e patrimônio das pessoas e não indiretamente sobre o consumo, como é o caso do Brasil. Pobres e ricos pagam o mesmo imposto num livro escolar ou numa conta de celular, por exemplo. O sistema é regressivo.

Resumindo: se quisermos aliviar a conta para os usuários dos diversos serviços, será preciso aumentar os impostos, decidindo-se, então, quem vai recolher mais.

Eu perdi alguma coisa ou não há mesmo nem sombra desse debate?

Resumindo, se a resposta é só cancelar reajustes, vai piorar.


Em defesa do governo - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 11/07

A ideia do PT para as manifestações de hoje, no "Dia Nacional de Lutas" convocado pelas centrais sindicais, seria aproveitar a oportunidade para fazer a defesa do governo. Seria dar uma resposta aos protestos populares de rua que tomaram o País desde o início de junho. Mas, afinal, quais seriam as bandeiras que poderiam ser defendidas hoje, como quer o PT?

A primeira reação da presidente Dilma às manifestações, que ficou sem defesa, foi o lançamento de um conjunto de cinco pactos nacionais, que ninguém mais lembra quais são, até porque o governo não os vem retomando. Ah, sim, o primeiro da lista é o Pacto Fiscal. Mas, como brandir palavra de ordem pelo pacto fiscal, se esta é uma das políticas mais questionadas do governo, especialmente a partir de dezembro, quando inventou e aplicou sobre as contas públicas a tal contabilidade criativa?

A segunda resposta da presidente Dilma à crise nasceu morta. Foi a ideia da criação de uma Constituinte com plenos poderes para definir uma reforma política. Não haverá nenhum cartaz com essa proposta.

A que veio quase junto com essa foi a convocação de um plebiscito, com o objetivo de colocar em vigor uma reforma política ainda antes das eleições do ano que vem. Embora viesse sendo sustentada como "ponto de honra do PT", a ideia foi enterrada pelo Congresso.

Vai ser difícil também incluir na agenda das lutas sindicais a contratação de milhares de médicos estrangeiros e a imposição de trabalhos forçados por dois anos aos formandos em Medicina, como acaba de anunciar o governo.

Bandeira popular poderosa é o "diga não à inflação". A escalada dos preços foi um dos principais fatores que mobilizaram tanta gente. A reivindicação pelo fim do reajuste dos transportes coletivos está intimamente relacionada aos estragos no poder aquisitivo provocado pela forte alta de preços. No entanto, como dizer não à inflação sem exigir enormes mudanças na política econômica? Ninguém mais é capaz de sustentar que a inflação brasileira seja causada por fontes externas. A crise global colocou a inflação no chão. A inflação brasileira é coisa nossa e tem a ver com mazelas nossas, especialmente com a política fiscal expansionista do governo, como vem repetindo o Banco Central do Brasil.

E aí chegamos à última hipótese: a de que o Dia Nacional de Lutas saia em defesa da atual política econômica, ou seja, da "Nova Matriz de Política Econômica" colocada em prática pelo governo Dilma. Ocorre que, pela qualidade dos seus frutos, já sabemos que esta é uma árvore má, difícil de defender. Produziu a conhecida sucessão de pibinhos, atirou a inflação no teto da meta, provocou rombos enormes nas contas externas e deixou a indústria de cócoras. Estragos demais para contrapor aos propalados gols a favor: consumo robusto, pleno emprego e desempenho estupendo do agronegócio, que os companheiros do PT não apreciam.

Quer dizer, ou o Dia Nacional de Lutas retomará temas sindicais, como a redução da jornada de trabalho e o fim do fator previdenciário, ou repetirá as bandeiras das manifestações populares e, então, a política econômica será criticada. Ficará complicado apoiar a agenda da presidente Dilma.

Entre sinais contrários - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 11/07

O Copom subiu os juros em meio ponto ontem em um cenário ainda mais complexo do que o da última vez. O dilema entre baixo crescimento e alta inflação se acentuou. Novos indícios de fraqueza do nível de atividade , a insistência da inflação , a alta do dólar , tudo isso se aprofundou nas últimas semanas . Entre uma e outra reunião , houve a eclosão dos movimentos de rua que tornaram as decisões mais difíceis .

José Roberto Mendonça de Barros , em texto divulgado recentemente , citou alguns dados: “O indicador de estoques calculados pela Confederação Nacional da Indústria está subindo há quatro meses; o estoque médio de automóveis na rede de concessionários já é de 53 dias, bem maior do que os 25/26 dias considerados normais . Adicionalmente , o número de recuperações judiciais pela Serasa já é o maior desde 2007. ” O economista citou também o problema da deterioração dos balanços das empresas com passivo em dólar , com a disparada da moeda americana. A alta do dólar pressiona preços internos .

O IC-Br (Índice de Commodities do Banco Central) subiu 5,3% em junho , apesar de as cotações estar em queda no exterior . OIBGE divulgou que o emprego industrial caiu 0,5% em maio , o que é o pior número desde novembro de 2009. No acumulado do ano , há 1% de queda do emprego industrial. E reduziram-se as horas pagas . É nesse contexto que as centrais de trabalhadores marcaram para hoje uma greve. Não tem correlação com o movimento espontâneo que semanas atrás tomou as ruas do Brasil. Agora, é o movimento organizado e, em alguns casos , governista. A pauta de reivindicações é conhecida e provoca um aumento de custos das indústrias , com a redução da jornada de trabalho , ou aumento dos custos do governo , com o fim do fator previdenciário .

A hora é ruim para o movimento atingir seus objetivos. Mas o maior in ter esse das centrais sindicais é dizer que ainda existem , ainda conseguem mobilizar , ainda sabem ir para as ruas. Nos últimos anos, alguns deles estiveram na órbita do governo. Outras centrais, mesmo mais distantes, sempre dependeram do dinheiro público. As centrais sindicais foram surpreendidas pelas manifestações de junho e isso as desconcertou. Foi esse o motivo inicial para o Dia Nacional de Lutas, ainda que cada categoria esteja apresentando sua bandeira. Ontem, o Fed divulgou a ata de sua última reunião e deixou em aberto a possibilidade de começar a retirar os estímulos econômicos este ano. Tudo dependerá da intensidade da recuperação do país e melhoria do mercado de trabalho 

O real se desvalorizou mesmo com as intervenções do Banco Central. A ameaça de enxugamento na liquidez está afetando os países emergentes de várias formas, como alertou o FMI: desvalorização de moeda, queda das bolsas, e perda de valor em títulos de governos , empresas e commodities . Segundo reportagem da Bloomberg, US$ 13,9 bilhões já deixaram os quatro países dos Brics este ano . No Brasil, mais duas empresas desistiram de fazer captações via debêntures. Desta vez, foram Oi e Comgás. A Oi pretendia captar R$ 800 milhões para financiar capital de giro, alongar dívidas e financiar investimentos .

O BNDESPar já havia cancelado uma emissão de R$ 2,5 bilhões. A economia real já sente , na prática, que está mais difícil captar recursos. No campo da inflação, o governo colhe algum refresco: em junho, o IPCA subiu menos do que o imaginado e houve alta menos espalhada dos preços, os IGPs estão mostrando desaceleração dos reajustes no atacado, e o mês de julho deve ter uma inflação baixa. Mesmo assim, o dólar subindo muito vai produzir seus estragos. A tendência é a inflação reduzir um pouco no segundo semestre, em grande parte pela atuação do Banco Central. O governo vai anunciar cortes de gastos de custeio , mas isso não chega a ser um reforço relevante na luta contra a inflação , depois de tanta trapalhada fiscal que tem efeito expansionista do gasto público .

A oportunidade do câmbio - MARCELO MITERHOF

FOLHA DE SP - 11/07

A depreciação traz ganhos a longo prazo; efeito deletério, a inflação será mitigada com corte em tarifas de transporte


O dólar tem sido cotado acima de R$ 2,20, valor que parece se consolidar como o novo nível referencial.

Em termos reais (descontada a inflação), esse movimento representa uma depreciação de cerca de 30% em relação ao patamar de R$ 1,60 que vigorava em julho de 2011, quando a moeda brasileira atingiu um pico de valorização real desde a estabilização monetária, em 1994.

As mudanças cambiais atingem de forma dicotômica duas variáveis relevantes ao desenvolvimento: a renda real da população, que se beneficia de apreciações da moeda local, e a competitividade dos setores de bens transacionáveis, em especial a indústria de transformação, que aumenta quando a taxa de câmbio se deprecia.

Na última década, a valorização das commodities brasileiras, em conjunto com os esforços de distribuição de renda associados ao Bolsa Família e à política de elevação do salários mínimo, propiciaram a partir de 2004 retomar o crescimento econômico com inflação baixa.

Contudo, esse arranjo, em certa medida virtuoso, favoreceu um esvaziamento das cadeias da indústria de transformação, que viu nas importações de partes, peças e componentes uma maneira de reduzir custos. A valorização cambial prolongada criou uma perda de solidariedade nessas cadeias produtivas.

A indústria é o principal setor de difusão de inovações e do avanço produtivo. Por isso, é desejável que países em desenvolvimento mantenham taxas de câmbio favoráveis à competitividade industrial.

Quer dizer, a depreciação cambial --inicialmente provocada pela queda dos juros e, nas últimas semanas, fruto da conjuntura externa-- deve representar ao menos em parte um reequilíbrio desejável entre os objetivos de curto prazo, propiciar ganhos reais aos salários, e de longo prazo, a geração de empregos na indústria.

Isso não ocorrerá, porém, sem efeitos deletérios de curto prazo. O mais evidente é uma pressão de elevação da inflação. Mas esse efeito tende a ser mitigado pelas reduções das tarifas de transporte, além de ocorrer num período em que o IPCA acumulado em 12 meses deve apresentar queda, depois de um pico em junho. Segundo a consultoria LCA, o impacto no IPCA de 2013 deverá ser uma redução de 0,13 ponto percentual, compensando em boa parte o efeito do câmbio.

Outra preocupação se refere ao endividamento das empresas. Mas as indicações são que, ao contrário de 2008, a exposição em dólar não é preocupante.

Os ganhos de competitividade propiciados pela desvalorização cambial sugerem ainda a possibilidade de rever as desonerações tributárias concedidas nos últimos anos sem que isso prejudique as empresas brasileiras.

Por exemplo, segundo a Fazenda, a zeragem da Cide deve ter um impacto fiscal de mais R$ 11 bilhões em 2013. A redução do IPI de setores como automobilística e linha branca tem impacto estimado de quase R$ 12 bilhões. A desoneração da folha salarial deve ter um impacto de R$ 16 bilhões.

Num contexto de ampliação das demandas por gastos públicos, faz pouco sentido insistir em desonerar a produção, que pouco impacto teve sobre o crescimento.

Essa reversão não precisa ser geral. Uma iniciativa que tem bons efeitos no longo prazo é a de aprofundar a desoneração das exportações e do investimento, que ainda não conseguem ser plenamente efetivas.

O exportador tem dificuldade para recuperar os tributos de etapas produtivas anteriores. A devolução dos créditos precisa ser mais ágil, inclusive em dinheiro.

No investimento, somente as máquinas e os equipamentos da linha de produção são desonerados totalmente. Diversos dispêndios auxiliares, como obras civis e de infraestrutura industrial, não são contemplados, o que em alguns setores atingem percentuais relevantes do investimento global.

Essas atividades dinamizam a economia. As exportações são estímulos autônomos, que impulsionam a geração de renda. O investimento faz a ligação da política macro com as decisões microeconômicas, promovendo a continuidade do crescimento com aumento de produtividade. A dificuldade de desonerá-las equivale a tributar o crescimento.

Em síntese, a depreciação cambial abre uma chance para reposicionar alguns elementos da estratégia de crescimento inclusivo que vigorou até 2010.

O risco do tiro no pé - RAUL VELLOSO

ESTADÃO - 11/07

Nas recentes manifestações de rua, a grita maior foi contra as passagens de ônibus. Como muitos, penso que o foco da insatisfação é mais embaixo. O setor público é visto pela grande maioria da população brasileira como um péssimo prestador de serviços em geral.

Os serviços são insuficientes porque, no embalo da Constituição Cidadã, se decidiu concentrar os recursos públicos em pagamentos a pessoas, chegando-se, hoje, a uma gigantesca folha de pagamento de benefícios previdenciários e assistenciais, além de salários, que consome 75% do orçamento executado. Estimo que hoje se pendura nessa folha mais de metade da população brasileira, estimulando a destinação de mais benesses a esse mesmo grupo para ter uma posição privilegiada em qualquer disputa eleitoral.

Nesse sentido, é difícil entender por que há tantos ministérios, quando a parte do governo que presta serviços propriamente ditos se refere a apenas 25% do total. Deveria haver um único ministério, cheio de computadores, que cuidasse apenas da gigantesca folha de pagamento, e meia dúzia para fazer o resto. Sobraria mais para os serviços. Outro ponto é que, ao contrário do que se poderia esperar, as manifestações parecem ter mostrado que popularidade não se conquista apenas com distribuição de dinheiro. A população quer, também, maiores e melhores serviços em transportes, saúde, segurança, etc.

Em estudo recente, que pode ser obtido no e-mail raul_velloso@uol.com.br, mostrei com parceiros a importância de investir na infraestrutura de transportes para tirar o Brasil da armadilha de alta inflação e baixo crescimento. O grande drama é que o setor público, além de ter parado há muito tempo de investir nessa área, praticamente desaprendeu a gerir esse tipo de atividade e não consegue fazer concessões eficientes com o setor privado. A este deveria caber, então, o grosso da tarefa de deslanchar os novos investimentos e gerenciar sistemas eficientes de transporte dentro e fora das cidades. Mas o setor público não sabe fazer a sua parte na tarefa e, nos últimos tempos, mostra um forte viés ideológico antiprivado que desafia o bom senso. O que se vê hoje são algumas ilhas de excelência, especialmente no sistema rodoviário do Sudeste, e uma situação de terra arrasada no restante das rodovias e modalidades de transporte.

A forte reação contrária aos reajustes das tarifas de ônibus e dos pedágios é compreensível por ser a resposta possível no momento. Tem o inconveniente de adicionar um fator antiprivado na história, pois há uma clara interferência nos contratos de concessão em vigor, em que existem cláusulas de reajuste bem especificadas. Hoje, esses investimentos já padecem da visão governamental equivocada de que as taxas de retorno dos projetos devem ser as menores imagináveis, o mesmo que as menores tarifas imagináveis. O que precisa ser dito à sociedade é que enquanto não forem mudadas as prioridades orçamentárias é o setor privado que tem de investir. Só que, sem retorno adequado, não há investimento possível.

O governo quer obviamente fugir de novas manifestações. Segundo o Valor de 9/7, decidiu não reajustar os pedágios das rodovias federais e examina três possibilidades de reequilíbrio dos contratos: cortar investimentos previstos, subsidiar os usuários repassando recursos às concessionárias ou prorrogar os prazos das concessões. Cortar investimento seria impedir as melhorias por que tanto a sociedade clama. Subsidiar usuários seria aumentar gastos correntes, em contradição com o anúncio de corte de até R$ 15 bilhões pelo ministro da Fazenda, e com a necessidade de investir na melhoria dos serviços. Tudo isso é dar um tiro no próprio pé. Penso, assim, que a melhor solução que se apresenta é a prorrogação dos contratos, enquanto o governo não faz o dever de casa. Construir um plano convincente de reestruturação do gasto com melhoria de qualidade que comece pela redução do número de ministérios deveria ser a atual obsessão governamental.


Dilma sem folga no dia do trabalho - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 11/07

Protesto tem até adeptos e simpatizantes do PT, mas tende a desgastar ainda mais o governo


É IMPOSSÍVEL imaginar que as manifestações de hoje tenham efeito neutro sobre a imagem do governo Dilma ou não piorem o clima de mal-estar político e social no país.

Mais ou menos bem-sucedidas em termos de aglomerações ou tumulto, as manifestações trabalhistas tendem a:

1) tornar mais visíveis ou ruidosas reivindicações que não serão atendidas por governo e/ou Congresso;

2) elevar a tensão entre empresas e governos (empregadores), por um lado, e centrais e sindicatos;

3) piorar o mal-estar na economia. Não importa o juízo que se faça das reivindicações e das reações a tais demandas, empresas e seus representantes vão se irritar com a conturbação extra (já começaram os protestos contra a "desordem que prejudica a produção");

4) deixar gente com dinheiro grosso (a finança) ainda mais arisca, pois mais variáveis políticas e econômicas ficarão turvadas pela incerteza (Dilma vai perder de vez o Congresso? Quem vai ganhar a eleição? O que será do resto da política econômica? O que o Congresso pode aprovar neste ambiente tumultuado?).

A lista de reivindicações das centrais e sindicatos é antiga, mas as negociações a respeito delas, quando havia, estavam circunscritas a parte do Congresso que ainda mantém relações com o sindicalismo e a uma ou outra secretaria de governo que enrolava o assunto. Não era um debate entre o público em geral.

Mas a coisa muda quando há reivindicações na rua, publicidade, acompanhadas de conturbação, em meio a um clima de revolta geral e com um Congresso que ameaça entregar os dedos (dos outros) a fim de manter seus anéis.

As centrais querem redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução de salário --mesmo acuado, dificilmente o Congresso entraria em conflito com seus financiadores, para nem discutir as implicações econômicas de tal decisão. Talvez evitem aprovar a lei que facilita a terceirização etc. Se tanto.

As centrais querem ainda o fim do fator previdenciário e outros aumentos para aposentados --o governo não tem como pagar. Querem o fim de privatizações, como a da exploração do petróleo, além de reivindicações igualmente específicas (não colam, portanto) ou genéricas demais ("serviços públicos de qualidade").

A CUT queria ainda levar para a rua a regulamentação dos meios de comunicação (mais dor de cabeça para o governo) e a defesa do plebiscito da reforma política (mais controvérsia com o Congresso).

Nada disso deve ir para a frente, a não ser em caso de convulsão maior ou de um Congresso decididamente desembestado e disposto a dar uma facada em Dilma Rousseff.

Quem vai ficar contente com tal resultado?

Não serão as centrais ou os trabalhadores e passantes que simpatizarem com as reivindicações.

Não serão empresários, grandes, pequenos ou micro, que terão prejuízos diretos, vão reclamar da deterioração do ambiente econômico ou se irritar ainda mais com um governo que (dizem) tem grande responsabilidade pela presente confusão.

Congressistas ligados a movimentos sociais e de trabalhadores, muitos do velho núcleo do PT, serão ignorados por um governo sem margem de manobra financeira ou política para dar alguma satisfação às revoltas várias.

Grande ou pequeno, haverá prejuízo para o governo de Dilma.

Mais poder ao PMDB - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 11/07

Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva discutiram anteontem a relação com o PMDB e definiram que uma forma de tentar resolver a crise com o Congresso é dar mais poderes a Michel Temer. O ex-presidente, que nunca foi próximo a Temer, fez elogios a ele. Uma ideia é que o vice "apadrinhe'' o substituto de Ideli Salvatti em eventual troca nas Relações Institucionais para mostrar coesão perante a bancada peemedebista da Câmara, principal foco de resistência à presidente.

Última palavra Lula e Dilma deverão conversar novamente ainda neste mês, antes da visita do papa Francisco ao Brasil. Auxiliares da presidente afirmam que ela usará o recesso para fazer trocas na equipe ministerial.

007 Na reunião para discutir indícios de espionagem norte-americana no Brasil, Dilma perguntou duas vezes a José Eduardo Cardozo (Justiça) e ao general José Elito (GSI) se tinham "absoluta certeza'' de que a Polícia Federal e a Abin não sabiam de operações dos EUA no país.

De volta à... Aprovado ontem sem alarde na CCJ do Senado, o projeto de lei que estabelece nova definição para organização criminosa passou com uma emenda que reduz a pena mínima para os condenados por esse crime.

... vaca fria O texto original previa pena de 3 a 10 anos de reclusão. Emenda aprovada pela Câmara e ratificada pelo Senado baixou o intervalo para de 3 a 8 anos. O texto foi defendido pelo relator Eduardo Braga (AM), líder do governo no Senado.

Pausa Do senador e presidenciável tucano Aécio Neves (MG) diante do número de projetos que ampliam gastos públicos votados no esforço concentrado do Congresso: Ou o Senado entra logo em recesso ou quebra o Brasil''.

Alô A cúpula do PPS terá nova conversa com José Serra daqui a duas semanas, quando o tucano voltar do exterior. Apesar do contratempo na fusão com o PMN, o partido acredita que Serra ainda está disposto a discutir uma candidatura presidencial.

Sem sinal Já Eduardo Campos (PSB) procurou Roberto Freire (PPS) para retomar as conversas sobre 2014, mas não obteve resposta.

Para tudo As centrais sindicais farão uma reunião na sexta-feira para avaliar a manifestação nacional de hoje. Dirigentes já ameaçam convocar greve geral em meados de agosto caso as reivindicações dos trabalhadores não sejam atendidas.

Média Em reunião com sindicalistas anteontem, Renan Calheiros (PMDB) defendeu a redução do número de ministérios e disse que o Planalto poderia fazer cortes na Esplanada para bancar as pautas trabalhistas que foram vetadas por Dilma, como o fim do fator previdenciário.

Largada Apesar de dizer que está em "ano sabático", Gilberto Kassab (PSD) cumpriu agenda de autoridade no último fim de semana, em visita à etapa paulista da Fórmula Truck. Passeou pelos boxes e deu entrevista destacando a importância do esporte para São Paulo.

Na mira Eduardo Campos recebeu esta semana o juiz aposentado João Gandini, que presidiu um processo de improbidade contra Antonio Palocci em Ribeirão Preto. Ele foi candidato a prefeito pelo PT e está de malas prontas para entrar no PSB.

Gospel A deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), relatora da lei do Ecad na Câmara, ajudou a derrubar no Senado emenda defendida pela bancada evangélica e aprovada pela Câmara que isentava entidades filantrópicas de pagar direitos autorais pelo uso de músicas.

com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN

tiroteio
"É um tiro no pé a invasão do PT no protesto das centrais sindicais. O partido é governo e é este governo que será questionado nas ruas."
DE JOÃO CARLOS GONÇALVES, secretário-geral da Força Sindical, sobre a participação do PT na mobilização de trabalhadores marcada para hoje.

contraponto


Aliado em transe
Senadores do Centro-Oeste se reuniram na terça-feira com o ministro Guido Mantega para reivindicar recursos para financiamentos na região. Na sala de reuniões da Fazenda, posicionaram-se de um lado Waldemir Moka (PMDB-MS) e Delcídio Amaral (PT-MS). Do outro, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Blairo Maggi (PR-MT), Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Ruben Figueiró (PSDB-MS).

Diante da disposição das cadeiras, o ex-governador do Mato Grosso, da base aliada, arriscou uma explicação:

--Aí, do outro lado, ficam os governistas. Aqui, os de oposição e os que estão de mudança!