terça-feira, março 26, 2013

Lei Roberto Carlos - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 26/03

O músico Guarabyra, da dupla Sá & Guarabyra, registrou em um cartório paulista sua disposição de proibir que herdeiros falem em seu nome depois de sua morte. Quer evitar que biografias sobre ele sejam censuradas.

Como se sabe, um projeto no Congresso tenta evitar casos como o de Roberto Carlos, que censurou o livro de Paulo Cesar de Araújo.

Operação Papa
Eduardo Paes vai decretar feriado nos dias 25 e 26 de julho durante a Jornada Mundial, que deve atrair mais de 2 milhões de fiéis ao Rio.

Na segunda, dia 29, será um meio-feriado, com expediente depois das 12h. O cálculo da prefeitura é que serão necessárias 20 horas para que os fiéis deixem Guaratiba, onde o Papa Francisco reza a missa no domingo.

Sumaré em obras...
Pensando na chegada do Papa, a Arquidiocese do Rio acelera a arrumação da bela casa do Sumaré.

Mas se o “franciscano” Bergoglio quiser ficar perto das multidões, também poderia se abrigar no Palácio São Joaquim, na Glória, onde hoje mora dom Orani Tempesta.

Leão tem sede
Previsto inicialmente para outubro passado, a Receita vai elevar 2% acima da inflação o imposto da cerveja em abril. Um novo arrocho fiscal está previsto para outubro.

A indústria não se conforma e lembra que a medida prejudica os cerca de 1 milhão de pequenos e médios empresários do varejo.

Maracanã suspenso
A desembargadora Marília de Castro Neves deu liminar suspendendo a licitação para escolha da empresa que vai administrar o Maracanã, no que tange aos camarotes.

Foi a pedido da Golden Goal, ligada à gigante inglesa, CSM.

O fardão de FH
Avança como fogo em rastilho de pólvora a candidatura FH, 81 anos, à ABL, na vaga aberta pela morte de João de Scantimburgo. Segundo raposas da Casa, dificilmente o ex-presidente terá um adversário de peso.

Na lista de apoiadores está o imortal José Sarney, também ex-presidente, com quem se desentendeu no passado.

Eu aceito...
O que se diz é que o acadêmico Celso Lafer, ex-chanceler de FH, deve levar a carta do ex-presidente que comunicará oficialmente a candidatura.

A entrega será amanhã, depois da sessão da saudade por Scantimburgo, quando a vaga será declarada aberta.

Antes...
Já para a vaga de Lêdo Ivo, é grande o favoritismo da escritora Rosiska Darcy de Oliveira. A eleição é em abril.

Bob Dylan
A edição brasileira de “The unraveled tales of Bob Dylan”, biografia da lenda do rock escrita por Douglas Brinkley, sairá pela Intrínseca em 2015.

Nos EUA, a obra será editada por Johnny Depp, o ator.

Lá vem a noiva
Vai a leilão este vestido de noiva, bordado com fios de ouro e prata e que tem aplicações de cristal Swarovski. Foi confeccionado pela famosa estilista Mena Fiala, na Casa Canadá, nos anos 1960, para sua neta Luciana Siqueira Carvalho.

Será dia 9 agora, no Century’s Leilões.

Marina de Petrópolis
No primeiro turno da última eleição presidencial, Marina Silva foi a mais votada em Petrópolis. Teve 15.079 votos. Serra ficou em segundo lugar, com 13.884.
Dilma, que ontem visitou a cidade vítima de fortes chuvas, ficou em terceiro lugar, com 12.510.

Crime e castigo
Caio Areosa, filho único do desembargador federal Ricardo Damião Areosa, morto no início do mês após um incêndio destruir o apartamento onde morava, no Leblon, vai entrar com ação contra o estado e a Cedae.

Segundo o advogado Manoel Messias Peixinho, Caio acredita que houve negligência.

Meio milhão
Em cerca de 20 dias, o Cadastro Rubro-Negro, que o Flamengo criou para se aproximar de seus torcedores, já ultrapassou a marca de 500 mil inscritos.

Menino do Rio
Os executivos da Paramount estão apreensivos com a chegada de Tom Cruise, amanhã, ao Rio para lançar o filme “Oblivion”.

Isso porque o ator, que vem pela quarta vez à cidade, pediu para ficar dois dias totalmente livre. Quer curtir o Rio como qualquer turista. Cruise vai se hospedar no Copacabana Palace.

As virtudes dos nossos vícios - JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 26/03

A brutalidade transporta um bem maior: repensar conceitos e preconceitos na busca da verdade


ASSISTI FINALMENTE a "Lincoln". Gostei das discussões sobre a escravatura. No século 19, havia quem defendesse a emancipação dos escravos. E havia quem considerasse a afirmação aberrante, para não dizer blasfema. Um negro igual a um branco? Onde é que o mundo iria parar?

Moral da história: pense duas vezes, leitor, antes de fuzilar opiniões politicamente incorretas. No século 19, os antiescravagistas eram os politicamente incorretos de serviço, dizendo o que o maioria não queria escutar.

Aliás, essa é a virtude de opiniões que remam contra a maré dominante. Quando se discute a "liberdade de expressão", repete-se muitas vezes o clichê conhecido (e circular) de que a liberdade é importante, e blá-blá-blá.

Certo. Mas esse não é o argumento fundamental. Fundamental mesmo é lembrar que, sem liberdade de expressão, não existe possibilidade de progresso moral na sociedade. Sem opiniões politicamente incorretas, os negros teriam demorado mais tempo a sair das senzalas.

Um livro recente ajuda a entender isso. Foi escrito pelo filósofo Emrys Westacott e só o título é todo um programa: "The Virtues of Our Vices: A Modest Defense of Gossip, Rudeness and Other Bad Habits" ("as virtudes dos nossos vícios: uma modesta defesa da fofoca, da rudeza e de outros maus hábitos").

O livro de Westacott, que o autor apresenta como um tratado em "microética", não compra a hipocrisia vitoriana de que os vícios privados devem ser substituídos por virtudes públicas. Pelo contrário: os vícios privados já são virtudes públicas.

Em teoria, a rudeza pode ser um vício. Mas há momentos em que a violação de convenções sociais, causando propositadamente dano a terceiros, é necessária.

Não duvido que, para as grandes plantações do sul, perder mão de obra escrava nos Estados Unidos fosse um dano "patrimonial" objetivo. Mas a emancipação dos escravos era mais importante do que a alegada sobrevivência econômica do sul.

O mesmo com o esnobismo. Para a sensibilidade politicamente correta, o elitismo associado à palavra -a ideia intolerável de que você se considera melhor que seu vizinho em matéria de gostos e desgostos- pode ser uma falha de caráter.

Mas sem esse elitismo não haveria progresso na cultura e nas artes. Mais: não haveria sequer progresso na apreciação crítica da cultura e das artes.

Dizer que Guimarães Rosa é melhor que Daniel Galera não é esnobismo. É uma posição racionalmente válida que procura separar a qualidade do lixo. É, no fundo, uma forma de você preservar o seu julgamento crítico quando o mundo em volta conspira para o "relativizar" e o silenciar.

Quando um turista visita o Louvre ou a National Gallery, ele não visita apenas museus. Ele recebe como herança o resultado do elitismo de terceiros: dos que produziram obras na busca da excelência; e dos que souberam selecionar e preservar essa excelência.

E que dizer do humor? Sobretudo do humor doentio, que usa estereótipos capazes de ofender grupos ou minorias?

Responder a essas perguntas só é possível com outras perguntas: você preferiria viver num mundo onde só existisse uma única "melodia moral"?

Ou o humor, e mesmo o humor doentio, tem uma função importante ao testar as suas convicções, ao torná-las mais fortes (ou menos fortes) -e a definir a sua identidade?

Sim, é possível imaginar uma cultura onde ninguém expressa preconceitos, fraquezas, insultos. Basta imaginar as culturas tribais do passado, dominadas por tabus, e onde qualquer dissonância era sacrificada para apaziguar a fúria dos deuses.

Sem humor, e sobretudo sem humor subversivo, a vida sob regimes autoritários seria ainda mais insuportável. Sem humor, e sobretudo sem humor transgressivo, as nossas existências, marcadas pela doença e pela morte, seriam travessias ainda mais desérticas.

Aplaudir Emrys Westacott não é uma apologia da brutalidade pela brutalidade. É reconhecer que a brutalidade pode transportar um bem maior: repensar conceitos e preconceitos na busca interminável da verdade. Mesmo que alguns sejam condenados à cicuta por causa disso.

Caro leitor, você pode não gostar de ouvir certas coisas. Mas é importante para a sua sociedade que você continue a ouvir o que não gosta.

Bye-bye, indústria; salvem os serviços! - EDUARDO DE CARVALHO ANDRADE

FOLHA DE SP - 26/03

A redução da participação da indústria na economia é irreversível. Entender as mazelas no setor de serviços é fundamental para o país


A importância da indústria na economia nunca mais será como antes. Adotar políticas para tentar recuperá-la é lutar contra as forças da "natureza" e contra o inevitável. A maior preocupação deve ser com a produtividade do setor de serviços.

A participação da indústria no PIB no Brasil cresceu de 36% na década de 60 para 45% nos anos 80, quando atingiu o seu ápice. De lá para cá, a sua importância declinou e fechou 2011 com 28%. No mesmo período, o peso da agricultura caiu de 16% para 5% e a estrela em ascensão é o setor de serviços (de 45% para 67%).

Esse processo de transformação estrutural e secular está em sintonia com o verificado na América Latina e no mundo. Ele tende a ocorrer mais tardiamente em países em desenvolvimento, mas com uma velocidade mais rápida.

No caso brasileiro, o ritmo da queda da indústria foi significativo. Do auge dos 80 até o final da década passada, somente 20 países tiveram uma redução no share (participação) da indústria superior a dez pontos percentuais (comparando a média das décadas), sendo o Brasil (-17%) o oitavo da lista. A Bulgária (-30%) lidera. Reino Unido (-14%), África do Sul (-12%) e Austrália (-11%) também estão presentes. O fato é que o Brasil hoje tem um share próximo aos 26% de alguns países ricos.

É pouco provável que ocorra um retrocesso, porque, à medida que a população fica mais rica, ela passa a demandar relativamente mais serviços, em vez de realizá-los por conta própria. E como na indústria o crescimento da produtividade é superior ao dos serviços, é necessária uma fração cada vez menor de trabalhadores empregados no primeiro setor. Os que ficam ociosos são direcionados para o segundo.

De fato, desde a década de 70, somente 21 países registraram um aumento superior a três pontos percentuais da participação da indústria no PIB em uma década -após uma queda na anterior.

Dessa lista, fazem parte nações bem diferentes do Brasil: oito países que, como a Arábia Saudita, têm participação significativa do petróleo na economia e são, por isso, vulneráveis aos preços no mercado internacional; seis países pobres da África, como Serra Leoa, envolvido em conflito interno; e sete países com população igual ou inferior a 1,5 milhões de habitantes, como Suriname. As exceções são México e Peru, cujas indústrias historicamente têm participação de cerca de 30% e registraram aumentos em torno de quatro pontos percentuais na primeira década deste século.

Não seria surpresa, portanto, se o share da indústria brasileira continuasse em torno do atual patamar ou caísse nas próximas décadas na direção do patamar de países desenvolvidos como Grã-Bretanha (24%), Estados Unidos (22%) e França (21%).

Esse processo vem com um custo e um perigo. O custo é decorrente do fato de a produtividade agregada de um país ser o resultado da média ponderada dos três setores da economia. Como a produtividade da indústria é maior do que a de serviços, além de crescer mais rapidamente, a mudança da força de trabalho para o setor de serviços tende a reduzir a produtividade total da economia e, por conseguinte, o seu potencial de crescimento.

Já o perigo consiste em tentativas de frear o processo de transformação setorial, para evitar o potencial custo, e defender a indústria por meio de políticas públicas: proteção tarifária, isenções fiscais, desonerações trabalhistas e juros subsidiados, dentre outras. O tiro tende a sair pela culatra, pois a produtividade agregada termina sendo menor do que poderia ser, dada a dificuldade em saber exatamente quais empresas incentivar. Ademais, lutar contra as forças da "natureza" é inócuo.

O foco deveria estar em soluções para aumentar a produtividade dos serviços. O fato desse setor não ser aberto à competição internacional e ser intensivo em mão de obra, que é pouco qualificada no Brasil, pode explicar parte do atraso. Já que a indústria é passado, então, entender melhor a natureza das mazelas nos serviços é fundamental para o país.

MICROFONE NA CARA - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 26/03

A Iurd (Igreja Universal do Reino de Deus) foi condenada a pagar indenização de R$ 25 mil por danos morais a um operador de som. O pastor de uma igreja de Belo Horizonte agrediu o homem com um microfone em sua cara. A Universal recorreu ao TST (Tribunal Superior do Trabalho), mas a decisão foi mantida.

MICROFONE 2
O religioso teria reclamado que o microfone estaria sujo e descascando. Quando o funcionário explicou que era por excesso de lavagem, o pastor pediu para ele cheirar o aparelho. E empurrou o equipamento em seu nariz. Após a agressão, outros pastores passaram a fazer piada dizendo: "Cheira aqui".

ECO
No processo, o trabalhador conta que, em rituais de exorcismo, um bispo apontava para ele e dizia: "Queima esse demônio aí em cima. Mande ele embora, pois ele é o demônio que está estragando a nossa reunião". A Iurd afirma "que inexistiu a configuração do dano [...] e que não houve prova de qualquer dano psíquico- emocional do autor".

CINQUENTINHA NA LIDA
Xuxa não terá folga, amanhã, dia em que completa 50 anos. A apresentadora participará da apresentação da nova programação da Globo, na capital paulista.

SEM OBSTÁCULOS
São Paulo terá no próximo dia 14 a primeira corrida contra homofobia, preconceito religioso e étnico, bullying, violência à mulher e outras formas de discriminação. O evento da Secretaria de Esporte do Estado terá um percurso de 5 km em torno do vale do Anhangabaú.

PRETO E BRANCO
Ronaldinho Gaúcho deu uma camisa do Atlético Mineiro autografada para o poeta Ferreira Gullar, torcedor do time. O presente foi entregue por três atleticanos -o cartunista Paulo Caruso e os jornalistas José Maria Rabêlo e Petrônio Gonçalves. Gullar pretende retribuir a gentileza com um livro de poemas, "para inspirá-lo".

FAZENDO CARÃO
Famosa por fazer biquinho e jogar o cabelo durante os desfiles, a modelo Izabel Goulart virou motivo de brincadeira na rede social Instagram. Pessoas que circulavam pela São Paulo Fashion Week postaram fotos imitando a top, identificadas com o tópico #guesswho (advinha quem, em inglês). "É uma marca minha. Sempre tive muito cabelo. Então, para não sumir nas fotos, eu jogava os fios", diz Izabel.

SALADA VERDE
O ator Sergio Marone e o apresentador Cazé Pecini estrelam campanha de divulgação do mapa de feiras orgânicas do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. O projeto quer estimular o consumo de alimentos orgânicos, favorecendo pequenos produtores e dando ao consumidor produtos de qualidade mais baratos.

SUPINO E FLEXÃO
A Bodytech do shopping Iguatemi, que será inaugurada em maio, terá sala exclusiva de maquiagem para as alunas e aulas coletivas dadas em um palco.

E os donos da academia acabam de comprar a Pelé Club do Itaim Bibi. O investimento é de R$ 9 milhões.

PARABÉNS SEM FIM

Passados dois meses do aniversário de 50 anos de Fernando Haddad (PT), uma faixa felicitando o prefeito de São Paulo continua na fachada de um prédio ocupado na avenida São João. A mensagem é assinada pelos "seus amigos do MMPT [Movimento Moradia para Todos]".

VIVA NAOMI!
A modelo britânica Naomi Campbell foi homenageada com um coquetel no Baretto, na sexta-feira, realizado pela revista "Vogue". Participaram da festa o estilista Valdemar Iódice, o modelo Yuri Campos, o arquiteto Paulus Magnus, o produtor David Jensen e Donata Meirelles, diretora de estilo da publicação.

DESPEDIDA FASHION
Roberta Sá cantou no desfile da grife Têca, no último dia da São Paulo Fashion Week, na sexta. A atriz Giselle Itié e a cantora Wanessa Camargo estiveram na Bienal.

ESTANTE
A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin foi inaugurada no sábado, na USP. A ministra da Cultura, Marta Suplicy, o crítico literário Antonio Candido e Sonia Mindlin, filha do casal que dá nome ao espaço, estavam no evento.

CURTO-CIRCUITO
A galeria Paralelo inaugura exposição da fotógrafa inglesa Deborah Anderson, às 19h, em Pinheiros.

Paulo Herkenhoff lança livro sobre Manabu Mabe, às 19h30, na Pinakotheke, na Vila Tramontano.

Ronaldo Fraga autografa o livro "Caderno de Roupas, Memórias e Croquis" na Livraria da Vila, no Jardim Paulista, às 18h30.

Pedro Sabie toca no lançamento de coleção de sapatos para noivas na loja da Carmen Steffens da Oscar Freire, às 20h.

O Oi Futuro abre hoje no Rio a mostra "Game Lover".

Teologia da libertação sexual - ARNALDO JABOR

O ESTADO DE S. PAULO - 26/03
Quando vejo essa polêmica sobre os escândalos de pedofilia na Igreja, uma das causas da renúncia de Bento 16, lembro-me de que, no colégio de padres onde estudei, "sexo" era a palavra evitada, mas que estava em toda parte, como uma ameaça vermelha. O Diabo nos espreitava detrás das estátuas de Santa Tereza em êxtase, nas coxas dos anjinhos nus, nos seios fervorosos das beatas acendendo velas. Na entrada dos alunos pela porta principal já havia um desfile de velada pedofilia. O reitor se postava vestido em negra batina na porta do longo corredor, imóvel em pose de manequim chique, enquanto duas filas de alunos entravam beijando-lhe as mãos estendidas como oferendas de santidade; até hoje me lembro do vago cheiro de sabonete e cuspe na mão do reitor.

Entre professores e noviços, víamos muitos rostos angustiados, berros severos e excessivos nas aulas; sentia-se no ar a exasperação da sexualidade renegada. O desespero da castidade enlouquecia-os. As mães dos alunos, lindas, com seus penteados e decotes imitando Jane Russel ou Ava Gardner, faziam charme para os padres zonzos de desejo. E eu me perguntava: "Meu Deus... por que padre não pode casar?"

Dos púlpitos, os sermões nos ameaçavam ferozmente com o fogo eterno, se nos masturbássemos ou, como diziam, se praticássemos o "vício solitário". "Vocês quando pecam são iguais ao Hitler, pois matam na solidão dos banheiros milhões de pessoas que poderiam nascer!"

Ou seja, além de bobos e virgens, éramos genocidas em holocaustos de banheiro, indo para o inferno onde queimaríamos por toda a eternidade. A "eternidade" era descrita assim: "Imaginem que o planeta seja um grande diamante, o metal mais duro do universo. De cem em cem anos, um passarinho vem voando e dá uma bicadinha na Terra. O dia em que a Terra for toda esfarinhada pelas bicadinhas do pássaro, nesse dia, acaba a eternidade". E eu sofria, me esvaindo nos banheiros, pensando naquele passarinho que bicava o mundo, enquanto eu acariciava o outro passarinho em humilhante solidão. O prazer era um crime - tudo ficava manchado de culpa: a alegria era falta de seriedade, a liberdade era um erro, as meninas eram seres inatingíveis. A sexualidade esmagada virava uma máquina de perversões ou uma fonte de sofrimentos para quem fazia votos de castidade. Hoje, que o mundo virou uma incessante paisagem de bundas e seios nus, de pornografia na publicidade e na mídia, fica cada vez mais absurdo esse imenso exército de deprimidos lendo as Playboys no escuro dos conventos.

No grande festival do conclave que elegeu o papa Francisco, a coisa que mais me impressionou foi a semelhança entre os cardeais. Todos pareciam a mesma pessoa, desfilando com suas batinas púrpura. Impressionaram- me os rostos acabados, envelhecidos sob cabelos curtos e brancos, os mesmos óculos, os mesmos passos trêmulos, as décadas de abstinência sexual cavando em suas faces sulcos de tristeza, um vazio de prazeres não vividos, um vazio de corpos não beijados.

Claro que o óbvio é sempre negado; se dissermos que a pedofilia é fruto do celibato, as respostas serão adversativas,evasivas, afirmando que os pedófilos já viriam "prontos" antes da ordenação, que o fenômeno é muito complexo, etc. e tal, mas, por minha experiência pessoal, creio que a pedofilia era uma distorção vagamente tolerada dentro da Igreja.

No colégio onde eu estudava havia um padre que era popular entre os alunos porque fazia mágicas com rara habilidade. Nos recreios, era cercado por meninos vendo ovos saírem de suas orelhas, moedas tiradas da boca, flores explodindo em buquês entre seus dedos magros e enrugados. Ele tinha também um teatro de bonecos. Um dia levou-me até sua sala para me mostrar marionetes novas. O padre parecia nervoso e começou a criticar meu cabelo despenteado, eriçado. Pegou um pente, começou a me pentear com mãos trêmulas e de repente me deu um beijo na boca. Fugi em pânico até a saída onde meu pai me esperava no carro e, apavorado, não disse nada. Só contei em confissão a um outro padre, que fingiu não entender bem e senti que ele sabia do vício do colega; ele mudou de assunto como se a pedofilia fosse um mal inevitável, para a manutenção do celibato. Falei a um outro padre que me ouviu ceticamente e me acalmou, acariciando-me a mão como se eu estivesse perturbado, imaginando absurdos. Comecei a entender que, além do pecado e da virtude, havia um corporativismo espiritual a defender práticas escusas. Já comentei aqui esse antigo assédio e, no dia seguinte, muitos colegas do colégio me ligaram: "Ah... aposto que foi o padre tal, não foi?" Todo mundo sabia desse e de outros casos, tudo num silêncio deliberado. Percebo hoje que, não só entre os padres obrigados a castidade havia essa compulsão; muitos colegas de classe já partiam para uma saída homossexual aflita, torturada, entre as inúmeras proibições e preconceitos.

Mas nem sempre foi assim. São Pedro era casado. Outros seis papas tiveram mulher e filhos também. Até que, em 1073, o papa Gregório VII proibiu o desejo sexual (literalmente), porque padres casados tendiam a se distrair das tarefas religiosas (já imaginaram rezar a missa depois de uma boa "DR" com a mulher?). Pois é; mas o motivo verdadeiro era impedir que viúvas e filhos herdassem bens dos sacerdotes, que deviam ser repassados à Igreja.

Uma das grandes desvantagens da Igreja Católica, perante outras religiões, é esse celibato implacável. Estão diminuindo muito as vocações para seminaristas, que buscam a religião pela fome ou por um lugar social. Rabinos casam, pastores protestantes casam, budistas "do it", mesmo muçulmanos "do it". A idéia de castidade gera um atraso em cascata em relação aos problemas contemporâneos. Enquanto os pentecostais botam pra quebrar em bailes "gospel", em shows de Jesus Funk, a Igreja Católica vai mergulhando na Idade Média. Acho que está chegando a hora de uma "teologia da libertação sexual".

O crime e o perdão - JAIRO MARQUES

FOLHA DE SP - 26/03

Apagados os holofotes sobre sua história, o ciclista terá de enfrentar a rudeza de sua nova condição


É DE reconhecer, no mínimo, a nobreza do ato do ciclista que perdoou o jovem motorista baladeiro que, munido de um carro, avançou sobre a faixa reservada às bikes, arrancou-lhe o braço direito e fugiu.

À vítima não coube a chance de tentar um possível reimplante do membro decepado, pois o estudante atropelador não teve tempo de pensar nisso. Pensou apenas em escafeder-se daquele momento azedo e livrar-se do membro que sujava o carro e por demais poderia comprometer seu futuro. Aquele braço, afinal, servia apenas para limpar vidros.

O Brasil tem um exército de amputados, mas, diferentemente de nações em guerra, em conflitos civis, nos quais soldados se ferem em minas terrestres ou à bala, os batalhões tupiniquins formam-se em trincheiras urbanas (na violência do trânsito), no descompromisso do labor (em acidentes por displicências) e no descaso com a saúde preventiva (nas amputações geradas pelo diabetes).

Ao passo que se aplaude o perdão do humilde operário, a sociedade tem de ser implacável para cobrar a fatura que coube a si no crime: o custo elevadíssimo do processo de reabilitação do rapaz, um possível -mesmo que temporário- pagamento de benefício social e o valor de reprogramar a vida e o trabalho que será despendido ao jovem.

Não tenho dúvidas de que o garoto irá se recuperar bem e de que voltará a atuar plenamente em todos os campos de sua vida. Mas, após se apagarem os holofotes sobre sua história, o que deve acontecer em breve, ele terá de enfrentar a rudeza de sua nova condição, muitas vezes, sozinho. E não haverá perdão: reaprender a conhecer seu corpo, suas possibilidades e suas habilidades vai ser fundamental para seguir adiante.

"Ah, mas pelo menos ele já ganhou uma prótese ultra, mega, hipersofisticada!"

Sorte grande. Próteses modernosas que aparecem na TV, dando tchauzinho, tocando cavaco e espremendo piolho, são para poucos. O valor desses equipamentos, que realmente atingiram um nível "maraviwonderful" de sofisticação, é de fazer a gente sentar no asfalto quente e chorar uma semana sem parar.

Há próteses que valem mais dinheiro que automóvel de playboy solto na rua para arruinar a felicidade alheia com velocidade e irresponsabilidade. O uso desses equipamentos exige treino, testes, paciência. Além disso, é preciso aguentar dores, tanto físicas como de fracassos e de alguma revolta.

Ao contrário do que se possa imaginar, o sistema de saúde pública do país não garante que a remodelagem da funilaria avariada seja realizada com produtos de primeira linha, que seja tudo o mais puro creme do milho. Quem quer algo além do básico tem de fazer rifa de frango assado ou quebrar o porquinho para conquistar.

Pessoas com membros amputados podem e devem ter um cotidiano normal. Muitas vezes, elas estão ao lado por anos e jamais se percebem suas peculiaridades, tamanha é a perfeição desse nível de reabilitação, de readaptação.

É grandioso e edificante perdoar, porém crimes podem respingar muito além do círculo entre vítima e algoz. Neste momento, faz-se necessário o rigor da Justiça e que se dê o exemplo para a juventude.

Páscoa! A Volta do Túnel de Ovo! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 26/03

Foi ao supermercado esses dias? É tanto ovo no teto que a gente tem que fazer compra de quatro


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E esta: "Ladrão chamou morador de pé de chinelo em arrastão nos Jardins". Como disse uma amiga minha: "meu medo é esse!". Rarará! Que humilhação! Ser chamado de pé de chinelo na frente dos vizinhos!

Piada Pronta: "Ministério Público de Rondônia investiga empresas fantasmas no ramo funerário". E esta: "GNT lança nova série: 'Meu Filho Come Mal', com apresentação da nutricionista Gabriela Kapim". Isso que é predestinada: nutricionista Gabriela Kapim! E esta da ONU: "Dos 7 bilhões de habitantes do mundo, 6 bi tem celular, mas 2,5 bi não tem banheiro". Tem que lançar celular com piniquinho. E a Vivo lançar o slogan: "Vivo fazendo no mato". Rarará!

O mundo já tem 7 bilhões? Como disse uma amiga: "O mundo tem 7 bilhões e ninguém me toca há meses". Rarará! O mundo tem 7 bilhões. E eu entrei num supermercado na Bahia e todas as caixas estavam grávidas! O mundo tem 7 bilhões. E todos tomam o metrô na estação da Sé? O mundo tem 7 bilhões porque não obedeceram aquela placa do Sesi: "Planejamento familiar! Entrada pelos fundos!".

E o tuiteiro Paulo Galvão postou que "é tanta mentira nessa novela 'Salve Jorge' que o dragão já virou crocodilo".

E Socuerro! A Volta do Túnel de Ovo! Alguém já foi ao supermercado esses dias? Só tem túnel de ovo de Páscoa! É tanto ovo pendurado no teto que a gente tem que fazer compra de quatro, de gatinhas! Sabão em pó? Não tem! Tem ovo! Granola? Não tem! Tem ovo!

Eu peguei um não pra comprar, mas pra abrir caminho! Túnel de ovo! Existe coisa mais constrangedora que passar por um túnel de ovo? E com a eterna placa "favor não apertar os ovos". Aiiii, só de ler a placa, senti dor! Custa escrever "de Páscoa"? Favor não apertar os ovos VÍRGULA de Páscoa! E tem até ovo do Batman. Sendo que o ovo do Batman é do Robin, já tem dono! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

O Brasil é Lúdico! Olha este cartaz num sofá do Ponto Frio: "Favor não assentar-se para fazer lanche... produto de mostruário". E esta placa de academia que tá correndo no Facebook: "Cansado de ser feio e gordo? Seja só feio!". E esta pregada num poste: "Trago o Jim Morrison de volta". Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Dane-se a ética - GIL CASTELLO BRANCO

O GLOBO - 26/03

Muitos se arrepiam ao ouvir palavras como demônio, satanás, diabo e outras semelhantes. Mas os vocábulos fazem parte do dicionário e frequentemente são pronunciados, até por autoridades federais. Na semana passada, o desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, disse que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, era “duro como o diabo”. A impressão que tenho é que desse “diabo”, atuante e destemido, o povo gosta, perdoando-lhe até os excessos.

Em outra ocasião recente, foi a presidente Dilma quem afirmou: “Na hora da eleição se pode fazer o diabo.” Nesse caso, o diabo é aloprado e se assemelha àquela figura horrenda dos desenhos animados, com pele avermelhada, chifre, rabo, tridente, cueca e meias cheias de dinheiro.

Na verdade, o diabo já esta em campo para as eleições em 2014. Sua presença pode ser sentida, por exemplo, na escolha de Renan Calheiros para a presidência do Senado, embora um milhão e seiscentas mil pessoas — o dobro dos eleitores do senador em Alagoas — tenham se manifestado contrariamente. A figura mítica do demônio também está por trás do 39° ministro empossado. O mostrengo administrativo existente em Brasília, caro e ineficiente, tem agora 24 ministérios, além de dez secretarias da Presidência e 5 órgãos, cujos ocupantes têm status de ministro.

Essa elite “chapa branca”, ao que tudo indica, é recorde mundial. Nos Estados Unidos, país com 315 milhões de habitantes e PIB de US$ 15,5 trilhões, são apenas 15 os ministros. Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel toca a quarta maior economia do planeta com 17 auxiliares diretos. No Brasil, é muito provável que a presidente da República cruze com algum dos seus ministros e sequer lembre o seu nome. Muitos devem encontrá-la nas solenidades e em despachos semestrais, o que aconteceu com a ex-ministra Marina Silva na gestão de Lula. A maioria da população dificilmente será capaz de dizer os nomes de meia dúzia dessas autoridades, o que, aliás, não faz muita diferença.

Com o inchaço da máquina administrativa, o número de servidores públicos federais ativos chegou a 1.130.460 em 2012, com aumento de 136.673 funcionários em relação a 1997. No mesmo período, os cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) cresceram de 17.607 para 22.417 comissionados. Como o que é ruim em Brasília costuma ser reproduzido no resto do País, a União, os estados e os municípios possuem aproximadamente 9,4 milhões de servidores públicos, conforme estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2011. Cerca de 4,9 milhões estão nas prefeituras e 3,5 milhões nos estados. As despesas com pessoal nas três esferas de governo representam 14% do Produto Interno Bruto (PIB). Neste ano, só no Orçamento da União estão previstos R$ 226 bilhões para “pessoal e encargos sociais”, valor quatro vezes maior do que o destinado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Tão ou mais grave do que a proliferação de servidores e ministérios é o fato de que algumas pastas voltarão a ser comandadas por integrantes das mesmas “patotas” dos que foram demitidos pela própria Dilma. Como na política brasileira os interesses eleitorais estão acima dos valores morais, para acomodar a base aliada e impedir que os defenestrados de ontem sejam recebidos amanhã pela oposição de braços abertos, as raposas serão reconduzidas aos galinheiros.

Pouco importa que as investigações da Polícia Federal tenham levado à demissão de 20 servidores no Ministério dos Transportes, dirigido à época pelo senador Alfredo Nascimento, atual presidente do Partido da República (PR). Pouco importa que a Comissão de Ética Pública da própria Presidência da República tenha recomendado a exoneração do então ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, por repasses a ONGs ligadas ao partido, por supostas cobranças de propinas feitas por assessores, além de carona em avião de empresário com negócios no ministério. Embora existam fartos indícios de corrupção, as legendas presididas pelos ex-ministros estão indicando os novos gestores dos milionários currais. Em 2013, os orçamentos dos ministérios dos Transportes e do Trabalho somam R$ 84,4 bilhões. Dane-se a ética.

Assim, apesar da faxina — iniciativa atribuída à presidente Dilma no primeiro ano do seu governo — o “lixo reciclado” deverá voltar à Esplanada dos Ministérios às vésperas de 2014. Como nas eleições “se faz o diabo”, a vassoura vai dar lugar ao tridente. Cruz credo!

Amigos, amigos… - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 26/03

… Eleição à parte. O que se viu e ouviu ontem em Serra Talhada, no sertão pernambucano, foi uma disputa de discursos rumo a 2014. No tablado em que a presidente Dilma Rousseff inaugurou a primeira etapa do sistema de adutoras do Pajeú, ela e o governador Eduardo Campos, pré-candidato pelo PSB, colocaram de público suas armas, literalmente nas entrelinhas de gestos e palavras. Eduardo se firma na busca de uma prática política calcada na capacidade de diálogo e respeito às diferenças e “fazer do público efetivamente público” e um portfolio de realizações estaduais. Dilma se sustenta no projeto que criou o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e a geração de empregos, puxando ainda o orgulho feminino de ver uma mulher no comando do país.

Ela aproveita o embalo para deixar implícito que precisa “de parceiros comprometidos com esse caminho”. Ele, ao discursar, diz que sempre foi leal. Mas, em nenhum momento cita comprometimentos de longo prazo. Ela, por sua vez, antecipa anúncios de programas no estado. Ele agradece e menciona por diversas vezes a relação republicana. O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, nas entrelinhas, também toma partido. Ao discursar, antes de Eduardo e de Dilma, deixa implícito que estará ao lago do governador. Pré-candidato ao Palácio das Princesas, o ministro sabe das dificuldades de empunhar uma campanha ali sem ser ao lado do atual inquilino do poder máximo do estado. (Não por acaso, Dilma o chamou ao púlpito enquanto discursava para que ele anunciasse a decisão dela de construir a ferrovia há tempos sonhada pelos conterrâneos de Fernando Bezerra Coelho em Petrolina. Agora, se ele ficar contra ela, a petista sempre poderá acusá-lo de ingratidão).

Em comum nos dois discursos, de Dilma e Eduardo, o enaltecimento ao ex-presidente Lula. Hoje, entretanto, aquela ligação quase que paternal do ex-presidente com o governador esfriou. Talvez graças ao leva-e-traz de petistas que dia e noite reclamam do jeito desenvolto com que Eduardo Campos circula pelas mais diversas rodas, tentando atrair aliados de Dilma para 2014. Além disso, Lula é Dilma e é PT e o PSB sabe disso.

Mas, dadas as circunstâncias e a altura do jogo, não parece ser na base governista que o socialista arranjará combustível, leia-se tempo de tevê. Entre os amigos de Eduardo, há quem diga com todas as letras que ele será candidato a presidente e fará duas disputas em uma: a primeira, obviamente, é o cargo que Dilma ocupa hoje. A segunda é a primazia da concorrência, leia-se oposição. Ele aos poucos vai sendo empurrado para esse caminho, embora nos palanques persista o discurso da parceira e lealdade, hoje entendida como a relação republicana que deve pautar a vida de governantes em diferentes níveis de poder. Eduardo, aliás, por diversas vezes citou ontem essa necessidade de não se olhar coloração partidária e deixar de lado a arrogância que muitas vezes pauta a relação política.

Ao disputar a primazia oposicionista, ou seja, a vaga no segundo turno contra a presidente-candidata, Eduardo terminará buscando os mesmos partidos que hoje o senador Aécio Neves, do PSDB, tenta conquistar. O PSB está de olho tanto no DEM quanto no PPS de Roberto Freire, que, aliás, em recente entrevista, disse estar aberto a conversar com quem for capaz de apear o PT do Palácio do Planalto. E tem mais: se houver janelas para troca de partido até outubro, sem que os protagonistas estejam sujeitos a processos de perda de mandato por infidelidade, podem apostar no crescimento do PSB. Eduardo está na pista. E as apostas são as de que logo ali mostrará que respeita Dilma, é seu amigo, mas acredita que pode fazer mais por ser mais jeitoso na seara política do que o PT, que apenas Lula como o grande construtor respeitado por todas as tendências do partido. Os demais não conseguem essa primazia.

A aposta geral é a de que esse posicionamento de Eduardo, que estava previsto para setembro, venha nas festas de São João. Afinal, ele já começou a pular fogueira.

Enquanto isso, em São Paulo…

Aécio já percebeu há tempos que Eduardo, pelo menos à primeira vista, soará como adversário. E para não perder terreno precisa amarrar logo a ala paulista. Ontem foi explícito ao dizer que um candidato do partido precisa do apoio do governador Geraldo Alckmin e ainda se reuniu com representantes da ala mais ligada ao ex-governador José Serra, caso de Andrea Matarazzo, o senador Aloysio Nunes Ferreira e o vice-presidente do partido, Alberto Goldman. A julgar pelas palavras de Goldman, lembrando os 12% que José Serra apresentou na pesquisa, Aécio ainda terá que passar muito tempo por ali para conquistar esse grupo. Mas, assim como a hora da verdade de Eduardo Campos está chegando, a dos paulistas também não vai demorar muito. Afinal, como já dissemos aqui, se os tucanos não correrem, há o risco de serem ultrapassados pelo PSB.

Até aqui, o que vemos é uma diferença básica entre os dois partidos. Os integrantes do PSB, à exceção da ala cearense, se gostam, se frequentam, se mostram verdadeiramente felizes e unidos quando estão juntos. Os tucanos não têm o mesmo comportamento. Em São Paulo, a distância entre os grupos de Serra e Alckmin é perceptível. Só se unem quando pressentem que, separados, estarão perdidos. Dentro do PSDB, conforme apresentam os próprios tucanos, não vale nem o ditado “amigos, amigos, eleições à parte”. Afinal, amizade, no verdadeiro sentido da palavra, passa meio longe no ninho paulista do partido. Mas essa é uma outra história.

É a economia - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 26/03

Em seu discurso cordial na forma, mas cheio de recados no conteúdo, ontem, Eduardo Campos esboçou o caminho que adotará caso venha a ser candidato à Presidência para não soar como opositor de Dilma Rousseff e do PT. Ao fazer a distinção entre os avanços sociais dos últimos dez anos e a falta de paralelo na economia, o que poderia levar a "retrocesso", o governador prepara o terreno para se proclamar mais apto a gerir o legado de Lula, do qual também se dirá herdeiro.

Sincretismo Suando em bicas, Fernando Bezerra (Integração) disse que vivia um bom dilema por ser ministro de Dilma, mas indicado por Campos. "Sou um homem feliz e realizado de servir à senhora e ao meu governador.''

Cofre aberto De olho na cobrança de Campos pelos resultados econômicos, o governo quer anunciar dinheiro vivo para agricultores atingidos pela seca na reunião do dia 2 de abril, em Fortaleza.

Preventivo O anfitrião do encontro, Cid Gomes (PSB), sugeriu que o governo amplie o prazo do programa Garantia Safra, para que não haja corte de repasses antes do próximo período de estiagem, previsto para o meio do ano.

Que trazes? A ida de Dilma à África do Sul deve empurrar para depois da Páscoa as conversas com PTB e PR sobre a reforma ministerial.

Reforço 1 A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) aproveitará a visita do papa Francisco ao país, em julho, para engrossar a campanha contra mudança no Código Penal que flexibilize a legislação sobre o aborto.

Reforço 2 A entidade quer tornar "midiático" o debate no evento que deve atrair dois milhões de jovens ao Rio. Em paralelo, comissões diocesanas protocolarão nas Assembleias Legislativas propostas que garantam a "inviolabilidade da vida humana desde a concepção".

Turbo O plano de metas que Fernando Haddad apresentará hoje ao "Conselhão" vitamina as subprefeituras, foco de tensão entre a base governista e o prefeito. O projeto prevê a implantação de praças de atendimento e agências de desenvolvimento nas 31 administrações e na de Sapopemba, a ser criada.

Celofane As metas foram agrupadas por cinco "eixos de articulação territorial", com nomes que remetem à propaganda eleitoral de 2012, como reordenação da fronteira ambiental, requalificação do centro e o Arco do Futuro.

Mediação Na tentativa de evitar disputa pela direção do PT-SP, o atual presidente, Edinho Silva, propôs acordo entre os candidatos Emídio de Souza e Vicente Cândido. Assim, o ex-prefeito de Osasco assumiria a sigla e o deputado seria coordenador da campanha em 2014.

Sem nuvens O iminente pacto traz alívio a Haddad, que enxergava na candidatura de Cândido um desafio a ele. Haddadistas entendem que o deputado lidera a ala de petistas que se rebelou para cobrar espaço no governo.

Pagando... Após reunião da direção nacional ontem, o PT decidiu manter a pré-candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo do Rio pelo menos até o fim do ano.

... para ver Petistas consideram que o rompimento com o PMDB no Estado, que deve lançar Luiz Fernando Pezão, não compromete o palanque de Dilma, já que é dada como certa a repetição da chapa com Michel Temer.

Caução O problema é que o próprio Lindbergh quer ter garantias de que, passado o prazo-limite para troca de partido, o PT manterá o endosso à sua candidatura.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"Nós, do PSDB de São Paulo, temos a obrigação de retribuir a Aécio o apoio que ele deu a Alckmin, em 2006, e a Serra, em 2010."
DO DEPUTADO ORLANDO MORANDO, ex-coordenador de campanha de Serra à prefeitura, ironizando a tentativa de unificar o partido em torno do mineiro.

contraponto


Sorria, você está sendo filmado


Técnicos do Ministério da Saúde apresentavam a Dilma Rousseff sistema de monitoramento de atendimento em pronto-socorros por câmeras. A presidente viu as imagens e, ao notar idosa aparentemente desmaiada em cadeira de rodas numa sala de hospital de Porto Alegre, indagou:

-O que é isso? Liguem agora para o diretor do hospital.

Assessores se apressaram em procurar a direção da unidade. Em cinco minutos, o impasse foi resolvido. A paciente, já atendida, estaria apenas aguardando carro.

-Mas a lição ficou: contra câmeras não há argumentos- brincou um correligionário de Dilma.


Rebeldia contra o exclusivismo - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 26/03

Integrantes da cúpula do PSB asseguram que a candidatura de Eduardo Campos só existirá "se o governo Dilma chegar envelhecido na eleição, num país que não cresce e sem projeto futuro". Os socialistas estão pasmos com a "atitude raivosa do PT, que acirra ânimos, como se negasse aos aliados o direito de participar do debate político sobre o país". Seus dirigentes também perguntam sobre a atitude do PT com os aliados nas eleições regionais: "Os petistas vão compor com os aliados ou vão querer promover um acerto de contas, usando como álibi desacertos do passado?".

Compromisso na catedral
Para tratar do socorro federal para a reconstrução de Petrópolis, ontem, após a missa pelas vítimas, a presidente Dilma, o governador Sérgio Cabral, secretários e ministros fizeram reunião na sacristia da Catedral São Pedro de Alcântara.

Tarefa quase impossível
No comando da Autoridade Pública Olímpica, Márcio Fortes só deixaria o cargo por vontade da presidente Dilma. Ocorre que ele foi eleito e tem mandato até 2015, quando, depois do trabalho feito, pode aparecer alguém querendo faturar.

Não há inocentes nesta história
O PSC não é o único culpado pela eleição do deputado Marco Feliciano (SP) para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Os maiores partidos da Casa (PT, PMDB, PSDB e PSD) não deram prioridade a essa comissão. O mesmo fizeram outros oito partidos. Todos eles poderiam ter assumido o comando dessa comissão, mas deram preferência por atuar em outras áreas.

Estranho no ninho
A bancada mineira do PR entregou documento à direção do partido rejeitando a indicação do deputado Jaime Martins para os Transportes. Alega que ele segue o senador Clésio Andrade, que trocou o PR pelo PMDB.

Saia-justa
Estes dias, por acaso, o governador Renato Casagrande (ES) e o ministro Fernando Pimentel se encontraram. No pano de fundo, o lobby da EBX para o Estaleiro Jurong investir no Porto do Açu. Pimentel se apressou: "A única coisa que fiz foi assinar carta genérica pedindo para o embaixador do Brasil em Cingapura fazer gestões para a Jurong conversar com um diretor da EBX."

Tem paulista no samba
O ministro Aloizio Mercadante (Educação) foi visto no último domingo à noite tocando tamborim e maraca na tradicional roda de choro e de samba de raiz do Grau, um modesto boteco do Lago Norte, região residencial de Brasília.

O Espírito Santo terá sua Comissão da Memória e da Verdade. Projeto para sua criação foi enviado ontem pelo governador Renato Casagrande.

Invisível - VLADIMIR SAFATLE

FOLHA DE SP - 26/03

Ao menos no quesito "exploração", o Brasil conseguiu chegar a patamares de Primeiro Mundo. Temos também entre nós a exploração sistemática de imigrantes ilegais postos em situação de trabalho escravo. Diga-se "sistemática" porque tudo indica que não se trata de situações isoladas produzidas por grupos empresariais gananciosos.

Na verdade, há setores inteiros da indústria brasileira que parecem funcionar de maneira criminosa.

Na semana passada, 28 trabalhadores bolivianos foram resgatados de condições análogas à escravidão em uma oficina da zona leste de São Paulo. Eles trabalhavam para a empresa GEP, formada pelas marcas Emme, Cori e Luigi Bertolli e pertencente ao mesmo grupo que representa a marca GAP no Brasil. Meses atrás, algo semelhante ocorreu com trabalhadores que produziam para a marca Zara.

Em todos esses casos, a reação é sempre a mesma: as empresas afirmam que nada sabiam sobre as reais condições dos trabalhadores que faziam seus produtos. A esse respeito, vale a pena dizer que esse "não saber" é bastante sintomático.

Tais empresas sabem tudo a respeito das condições de suas lojas, da maneira como a marca aparece nos letreiros, da qualidade e design de suas peças, dos gastos e dos resultados de seus múltiplos esforços de comunicação milimetricamente mensurados.

No entanto, vejam só vocês, elas nada sabem sobre quem faz seus produtos. Aparentemente, nunca foram nas oficinas a fim de pelo menos conhecer suas reais condições de trabalho. Há de perguntar de onde vem esse desejo de nada saber.

Talvez tal desejo seja uma bela forma de resolver uma contradição social. Pois, se no século 19, os donos das indústrias fabris eram obrigados a ver todos os dias seus operários doentes e moribundos, hoje tal cena, nem um pouco glamourosa, não sobressaltará seus corações.

Agora, ele pode apelar à "terceirização da exploração" e não ver nada. Assim, enquanto desfila suas roupas nas "fashion weeks" da cidade, prometendo aos consumidores acesso simbólico à modernidade, tais marcas podem remeter seus trabalhadores à noite brutal e silenciosa da exploração medieval. Tudo isso "sem saber".

Contra esse cinismo, um boicote aos seus produtos seria uma reação eficiente. Quem sabe, "hackear" seus sites com os dizeres: "Essa marca usa trabalho escravo". Assim, enquanto a legislação brasileira não eleva o trabalho escravo à condição de crime hediondo e inafiançável, empresários começariam a ter, pelo menos, alguma curiosidade em saber sobre como seus produtos são fabricados.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 26/03

FRIGORÍFICOS TERÃO NOVAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS

CNI prevê que setor terá de investir R$ 7 bilhões para se adaptar à Norma Regulamentadora 36, sobre saúde e segurança

Beira R$ 7 bilhões o investimento que frigoríficos brasileiros terão de fazer no próximo ano e meio, para se adequarem à Norma Regulamentadora 36, estima a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O texto estabelece novos procedimentos nas áreas de saúde e segurança do trabalho no setor. Deve ser publicado nos próximos dias no Diário Oficial da União, após dois anos de negociação entre governo, empresariado e centrais sindicais. "Foi a primeira norma trabalhista elaborada no modelo tripartite", sublinha Alexandre Furlan, presidente do Conselho de Relações do Trabalho da CNI. A entidade já organizou cinco seminários sobre NR 36, em Curitiba, Cuiabá, Porto Alegre, São Paulo e BH. Ao todo, 450 empresários e gestores foram treinados. A partir da publicação da norma, as empresas terão de seis meses a dois anos para implementarem as mudanças. Haverá pausa obrigatória de 20 minutos, a cada cem de trabalho, para funcionários das salas climatizadas, com temperaturas de 12 a 14 graus. As também chamadas áreas de cortes ou desossa terão de ser adaptadas com bancos e assentos ergonômicos. Os frigoríficos de carnes, aves e suínos empregam um milhão no país.

US$ 15 BILHÕES
Foi quanto os frigoríficos brasileiros de carne, frango e suínos exportaram em 2012, segundo a CNI. As novas regras de segurança do trabalho vão ajudar o país a evitar barreiras não fitossanitárias.

Seis meses
Fernando César Viana, juiz da 7ª Vara Empresarial do TJ-Rio, ampliou em 180 dias o prazo de suspensão de ações judiciais de credores contra a Natan. A joalheria, agora, tem até setembro para cumprir com as obrigações da recuperação judicial, decretada em setembro.

Em família
A Alice Disse, de acessórios, chegará a outros estados via franquias. Prevê cinco este ano. Em maio, inaugura loja própria no Barra Garden. A previsão é faturar 30% mais em 2013, diz Mirna Ferraz, a dona. As mudanças têm a ver com a nova sócia, Mirella Ferraz, da Josefina Rosacor. As empresárias são irmãs.

Interior
A Love Brands, que reúne as as marcas Balonè, Puket e Imaginarium, já negociou oito franquias este ano. Lançada em 2012 para cidades do interior, a marca abriu dez lojas de junho a dezembro. Foi investimento médio de R$ 200 mil, cada.

Acelera
As vendas de vestuário no Estado do Rio devem bater R$ 14 bilhões, em 2013.

A previsão é do Ibope. Cada consumidor gastará, em média, R$ 891. Do total, 38% virão da classe C.

Freia
Caiu 2,5% a intenção de consumo das famílias em março, diz a CNC. O índice passou a 132,2 pontos. Inflação e dívidas pesaram.

Educação 1
A start-up Qranio fechou convênio com a Secretaria municipal de Ciência e Tecnologia do Rio. Vai fornecer jogo multiplataforma para o projeto Praça e Naves do Conhecimento. Tem 61 mil usuários. Prevê chegar a 1,5 milhão até dezembro. O faturamento de 2013, previsto em R$ 2 milhões, deve crescer 10% por conta da parceria.

Educação 2
A Unisuam fará pesquisa com escolas públicas do Complexo do Alemão. Quer investigar o impacto das condições ambientais e econômicas no aprendizado dos estudantes. O projeto de R$ 800 mil será financiado pela Capes.

CORRIDA DO ROCK
A Artplan estreia, no domingo, a campanha sobre o início da venda de ingressos para o Rock in Rio 2013, em setembro. No filme “Matemático”, um professor calcula a rapidez com que os tíquetes se esgotarão. De terça em diante, mais de dois milhões de Post-its serão espalhados por pontos do Rio. É para ninguém esquecer a data de venda, 4 de abril.

Em dobro
A Otaviano Bodega e Viñedos, vinícola argentina controlada por brasileiros, planeja mais que dobrar a produção até 2017. A meta é chegar a um milhão de garrafas. Em 2012, foram 450 mil. Investe R$ 7,5 milhões.

Local
A importadora Premium Drinks Brasil fechou com o Hotel Fasano. Vai fornecer o vinho francês Pétale de Rose. Prevê triplicar as vendas este ano. Em 2012, foram dez mil garrafas. A Vinícola Estrada Real, de Minas, pôs à venda as primeiras dez mil garrafas do Primeira Estrada Syrah.

Chileno
As exportações do Casillero del Diablo, vinho da Concha y Toro, subiram 8% em 2012. Foram 306 milhões de litros. A parceria com o time do Manchester United fez do Reino Unido o principal destino do rótulo. A Ásia também se destacou (+21%). Foram para a China 56% dos embarques para a região.

Livre Mercado
Os quiosques da Orla Rio registraram alta de 20% nas vendas no último verão. Shows e atividades esportivas nas praias ajudaram o comércio.

O Beleza Natural, salão dedicado a cabelos crespos, abre amanhã a 10ª loja no Rio. Investimento de R$ 2 milhões, fica no Cachambi, na Zona Norte. É a 13ª do país.

A Imaginarium abre loja em Campos (RJ), semana que vem. É investimento de R$ 210 mil. Este mês, chegou a Madureira. O grupo planeja inaugurar cem unidades, em dois anos. Para 2013, há 25 previstas.

A JTavares (imobiliária) abre unidade de Agronegócios em Paraíba do Sul, amanhã. Prevê alta de 30% na área até 2015.
A Avianca renovou o patrocínio à Petrobras Sinfônica. É o 2º ano que a aérea apoia a orquestra.

A Mondelëz lança, ainda este mês, Tangsabor Guaraná. Em outubro de 2012, segundo a Nielsen, a empresa bateu 42% de participação em valor no Brasil.

FRANÇA
Inspirada nos palacetes franceses do inicio do século XX, a Chifon lança hoje a campanha do inverno 2013. As fotos de Tavinho Costa trazem a top Lovanni Pinow. O cenário foi o Palácio dos Cedros, na Mansão Versalles, em São Paulo. As imagens estarão em lojas, site, blog e redes sociais da marca. A meta é vender 20% mais sobre a temporada passada.

PRAIA
A Brigie, multimarcas de moda praia, montou seu 1º catálogo. Vai apresentara coleção de inverno de 15 diferentes grifes, entre elas, Adriana Degreas, Vix, Triya, Eva e Cecilia Prado. Fernando Schubach fotografou a modelo Leticia Lamb. As imagens vão circular em mídias sociais, a partir de hoje. A meta é elevar em 20% as vendas da temporada.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 26/03

Demanda por imóvel na Turquia cresce, mas Brasil segue como principal emergente
Apesar de a Turquia ser a nova queridinha dos investidores internacionais do setor imobiliário, o Brasil continua como o país mais interessante entre os emergentes para a aquisição de imóveis.

Pesquisa da Afire (associação de investidores estrangeiros de imóveis) mostra que a demanda pela Turquia passou de menos de 5% em 2012 para mais de 10% neste ano.

No Brasil, houve uma queda de cerca de dois pontos percentuais que não foi suficiente para tirar o país do primeiro lugar do ranking.

"Alguns investidores tentaram vir para o país, mas encontraram dificuldades com a legislação muito complexa", diz Carolina Haro, sócia da consultoria Mapie.

Marcelo da Costa Santos, vice-presidente para América do Sul da Cushman & Wakefield, diz que o país deveria facilitar a entrada de estrangeiros, mas frisa que o interesse pelo mercado brasileiro vem crescendo exponencialmente.

O fluxo de capital estrangeiro investido apenas no setor corporativo brasileiro cresceu 44% no ano passado e chegou a US$ 7,7 bilhões, segundo levantamento da Jones Lang LaSalle.

"O Brasil ainda tem uma taxa de juros alta, se comparada com a do resto do mundo, o que atrai investidores. O crescimento do mercado aqui está limitado pela falta de imóveis. O que tiver disponível vende", diz o CEO da Jones Lang no Brasil, Fábio Maceira.

Pão de ló
O setor de pães e de bolos industrializados cresceu 9% e 12% em 2012 ante 2011, respectivamente, conforme um balanço da Abima (que representa os fabricantes de bolos, pães e massas).

O faturamento da indústria chegou a R$ 3,5 bilhões com os pães no ano passado e a R$ 663 milhões com os bolos.

"A tendência para este ano é de nova alta para os dois setores. Em cinco anos, o mercado de pães cresceu 55% e o de bolos 58%", diz Cláudio Zanão, presidente da Abima.

A expectativa agora é a inclusão do pão industrial na lista de produtos desonerados por impostos federais (PIS/Cofins). Cerca de 71% da população consome a mercadoria, segundo a associação.

"Temos conversado com o governo e estamos confiantes na desoneração. A decisão deve sair em dois meses. A redução no preço poderá chegar a 5%", diz Zanão.

Exportação global de serviços cresce 1% em 2012
A exportação de serviços no mundo cresceu apenas 1% no ano passado, segundo dados preliminares da Unctad (braço da Organização das Nações Unidas para o comércio e o desenvolvimento).

Após registrar queda de 2% no terceiro trimestre de 2012, a venda global de serviços para outros países se recuperou e fechou o quarto trimestre do ano com alta de 3% -na comparação com o mesmo período de 2011.

No Brasil, houve crescimento de 5% em 2012, ante o ano anterior.

Rússia e Índia tiveram um desempenho melhor, com 10% e 8%, respectivamente. Na China, a expansão foi relativamente modesta e alcançou 4%.

Nos países europeus, a retração foi de 3%. Na Suíça, a queda chegou a 7%.

O Brasil registrou números maiores de importação: aumento de 7% em 2012 e de 9% no último trimestre do ano.

Na China, foi registrado um crescimento anual de 19%. Na Rússia, de 16%.

Emergentes privados
O Conselho Empresarial dos Brics, que será criado amanhã em Durban, na África do Sul, terá como principal meta aumentar o comércio entre os países de US$ 286 bilhões para US$ 500 bilhões até 2015.

Cinco representantes de cada um dos países do grupo irão integrar a entidade. Do lado brasileiro, serão os presidentes da Weg, da Gerdau, da Marcopolo, da Vale e do Banco do Brasil, segundo informações da CNI.

O conselho deverá se reunir duas vezes por ano para buscar parcerias tecnológicas e mecanismos para reduzir as barreiras comerciais. Um relatório anual com a avaliação do setor privado sobre a evolução da integração econômica entre os países deverá ser elaborado.

A criação da entidade foi proposta pelo governo da África do Sul.

Sem descanso
O maior problema para o pequeno varejista brasileiro é o aumento da concorrência.

Entre os comerciantes que tiveram queda no faturamento em 2012, 45% culparam os concorrentes pelo desempenho pior, de acordo com pesquisa do SPC e da CNDL (confederação de dirigentes lojistas) com 615 pessoas em todo o país.

Enquanto o faturamento cresceu em 2012 para 41% dos entrevistados, para 28% houve retração da receita. Pouco mais de 30% declararam ter conseguido os mesmos valores do ano anterior.

"O setor mais aquecido fez surgirem outras pessoas competindo no mercado. Para se diferenciar, a estratégia foi o investimento em publicidade", diz Ana Paula Bastos, economista do SPC.

No campo A Reserva Votorantim (35 mil hectares no Vale do Ribeira), uma das maiores áreas de mata atlântica, receberá pela primeira vez alunos de pós-graduação da USP e da Unicamp. O objetivo é identificar novas espécies de flora.

Oriente A Fundação Dom Cabral recebe nesta semana, em São Paulo, 31 CEOs e executivos chineses que conhecerão as oportunidades de investimento no Brasil. A iniciativa é da escola de negócios Cheung Kong.

Perplexidade com a quebra de contratos - JOÃO CARLOS MELLO

O GLOBO - 26/03
A perplexidade tomou conta do setor elétrico. A tentativa de alguns agentes de paralisar o mercado em defesa da revisão de regras aplicadas nos últimos meses traz graves consequências, que podem ser vistas como quebra de contratos e ameaçam inclusive futuros investimentos. Ao mesmo tempo, o setor ainda está a digerir as mudanças promovidas pelo Conselho Nacional de Política Energética com relação à divisão dos custos da segurança setorial.

A suspensão da liquidação na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica pela diretoria-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) causa grande preocupação. A decisão foi tomada a pedido de alguns agentes que querem alterar as regras de sazonalidade do mercado vigentes, retroativamente aos meses de janeiro e fevereiro. Basicamente essas regras determinam que os geradores têm o direito, por sua conta e risco, de ajustar a base de seu lastro contratual aos seus contratos de venda, perfil de produção e, até mesmo, perspectivas de preço. Mas, uma vez apresentadas ao mercado, compõem o conjunto de informações com base nas quais os demais agentes tomam suas decisões. Portanto, mudar a regra de maneira retroativa a esta altura pode ter impactos bilionários ao sistema elétrico brasileiro.

A Aneel abriu uma audiência pública para tratar do caso, como normalmente é feito para a tomada de decisões de tal importância e complexidade. O maior incômodo é que esse "passado" foi construído justamente com base nas regras e procedimentos vigentes até hoje.

Movimentos desse tipo paralisam o sistema elétrico brasileiro. A suspensão da contabilização na CCEE, em particular, cria um "caos" financeiro para todos. Por exemplo, as térmicas, que têm sido primordiais para a garantia da segurança do sistema elétrico, estão sem receber pela energia gerada durantes o mês de janeiro, o que pode vir a prejudicar a geração futura.

Regras servem para que se crie um ambiente de contratação segura entre as partes. Se são modificadas posteriormente, os contratos firmados no ambiente original são seriamente afetados. Em paralelo, o setor ainda está digerindo as mudanças no Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) e no Encargo de Serviços do Sistema promovidas pelo CNPE. A principal mudança é que parte do custo do encargo, que é usado principalmente para cobrir custos de geração térmica, passa a compor o preço no mercado à vista. Outra surpresa é que o custo remanescente do encargo será agora coberto por todos os agentes. Essa novidade onera os vendedores, e no final alcançará o consumidor final.

Novos investimentos em infraestrutura são avessos a esses riscos. A leitura de quebra de contratos num setor tão importante pode levar investidores a repensar seus planos. Se debatidas com a sociedade, novas regras podem até ser bem-vindas. Mas desde que regulem o presente ou o futuro, não quebrem contratos.

O tirano e o caixeiro-viajante - CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 26/03

Levar a Odebrecht ao país do ditador Obiang, como fez Lula, é dar aval a um regime corrupto até as entranhas


Deu domingo na Folha: na sua única viagem internacional como representante oficial do governo Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou na delegação à Guiné Equatorial um diretor da Odebrechet.

"A Odebrecht entrou na Guiné Equatorial após a visita de Lula, sendo favorita para obras na parte continental, onde está sendo construída uma capital administrativa", dizia ainda o texto.

No mesmíssimo domingo, deu em "El País": "Fazer negócios com o clã familiar que lidera Teodoro Obiang [ditador da Guiné Equatorial desde 1979] é arriscado. O pagamento de comissões é obrigatório e as disputas comerciais, muitas vezes fictícias, derivam, às vezes, em extorsão, ameaças e em perda do investimento para salvar a vida".

Não é fantasia do jornal: a Chancelaria espanhola acaba de divulgar nota na qual adverte que estão ocorrendo casos de empresários espanhóis e estrangeiros que não podem abandonar a antiga colônia espanhola por desentendimentos com seus sócios locais.

O passaporte é confiscado e ficam impedidos de deixar o país até que desistam de suas propriedades.

Conclusão do jornal: "Este sistema corrupto impregna até o último rincão da administração guineana".

Não por acaso, o ditador Teodoro Obiang ficou em oitavo lugar na lista dos governantes mais ricos do mundo, apesar de chefiar um país obscenamente pobre.

Traçado o perfil da Guiné Equatorial e de seu tirano, cabe perguntar: as empresas brasileiras que atuam no país são imunes à máquina de corrupção lá instalada ou, ao contrário, engraxam os mecanismos que enriquecem o clã Obiang? Segundo a reportagem da Folha, além da Odebrecht fazem negócios na Guiné também a ARG, a Andrade Gutierrez, a Queiroz Galvão e a OAS.

Parece supina ingenuidade acreditar que tenham obtido a concessão de obras sem pagar qualquer pedágio aos Obiang, se, como diz "El País", a corrupção impregna tudo.

Que Lula trabalhe como caixeiro-viajante dessas empresas já é esquisito, mas, convenhamos, é o que fazem hoje em dia não apenas ex-presidentes mas até presidentes/primeiros-ministros em pleno exercício do cargo.

Mas que feche os olhos para uma tirania obscena como, entre tantas outras, a de Obiang, no cargo há 34 anos, vira também uma obscenidade, mais ainda como representante oficial de um governo que diz pôr direitos humanos no centro de sua política externa.

Prestaria um serviço mais decente se se dedicasse exclusivamente aos países africanos que vão penosamente estabelecendo regimes democráticos. Segundo levantamento recente da "Economist", se, ao término da Guerra Fria, 30 anos atrás, só três Estados africanos, dos 53 então existentes, eram democráticos, hoje já são 25, de "vários tons", e muitos mais fizeram eleições, "imperfeitas, mas valiosas" (22 só no ano passado).

Para que, então, sujar as mãos com um tirano?

PS - Errei no texto de domingo: os novos líderes do Parlamento italiano querem que seus pares trabalhem 96 horas mensais, não semanais.