domingo, junho 14, 2009

PAINEL DA FOLHA

...E LULA PERDEU

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/09

Gol contra 1.
Lula ainda não engoliu o fato de Belém (PA) ter ficado de fora da lista das 12 capitais da Copa em 2014. Ele se empenhou pessoalmente na tentativa de emplacar o Estado governado pela petista Ana Júlia Carepa entre os escolhidos.

Gol contra 2. A irritação de Lula ficou ainda maior quando chegou ao Planalto a versão de que a entrada de Natal (RN) no grupo dos 12 foi fruto de um lobby bem sucedido do senador José Agripino (DEM-RN), que é próximo do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e teve três conversas com ele sobre o tema.

CARLOS EDUARDO NOVAES

A torcida de um homem só

JORNAL DO BRASIL - 14/06/09

Algum sociólogo deve saber explicar porque São Paulo, a mais rica, culta e educada das cidades brasileiras abriga as torcidas mais violentas e arruaceiras do país. Antes que alguém levante o dedo e peça a palavra para informar que trata-se de uma minoria de vândalos , que não representa a totalidade dos torcedores etc etc..., deixe-me dizer que nesse caso os muitos inocentes levam a fama pelos poucos pecadores.

Essas cenas, sempre ditas lamentáveis – como as que ocorreram antes do jogo entre Corintians e Vasco – não são vistas com a mesma frequência em outros estádios do país. Por que São Paulo? Alguns estudiosos atribuem a violência nos estádios à falta de cintura dos paulistas, que sem o espírito gozador do carioca carregam seu amor pelo clube com um fervor fundamentalista. Ou serão resquícios da fracassada Revolução Paulista de 1924 que deixou a população com gosto de sangue na boca? Segundo um sociólogo amigo – que abraçou essa tese – os paulistas não podendo extravasar de outro modo, canalizaram sua agressividade para as torcidas que se engalfinham, como diria minha avó, por "dá cá aquela palha".

Depois da pancadaria, que provocou a morte de um torcedor, um promotor paulista propôs, para evitar novos conflitos, que apenas a torcida de um dos clubes tivesse acesso ao estádio. É provável que o promotor seja um aficionado de hóquei ou handebol, mas da grande paixão nacional entende tanto quanto eu de beisebol ou deveria saber que no futebol a torcida é parte integrante do espetáculo. Não fosse ela chamada de 12º jogador. Um jogo que tenha somente uma torcida nas arquibancadas é mais ou menos como botar em campo um jogador com uma perna só.

Ademais como definir a torcida que terá direito de entrar no estádio? Pelo mando de campo? A que chegar primeiro? Ou pelo comportamento demonstrado em partidas anteriores? Não consigo imaginar um jogo entre Corintians e Inter no Pacaembu com os gaúchos do lado de fora, espiando pelo buraco da fechadura com um radinho de pilha colado ao ouvido. Não seria esse um bom motivo para começar um quebra-quebra?

E depois como distinguir os torcedores que aparecerem à paisana - sem envergar a camisa de seu clube? Não será através da tal carteirinha proposta pelo Ministro dos Esportes que exige – alem de um computador para cada catraca – uma operação semelhante à da Policia Federal nos vôos internacionais. Sem falar que logo apareceriam milhares de carteiras falsificadas.

Reconheço que é um problema de difícil solução. O promotor chegou a declarar que as forças de segurança não dispõem de efetivo suficiente para marcar os torcedores homem a homem. A solução pode estar com a FIFA. Quem sabe entre as muitas providencias que ela está exigindo para botar o Morumbi dentro dos padrões, não inclui também aulas de educação esportiva para os maus torcedores? Algo como o nosso Detran faz com os maus motoristas . Enquanto isso, o promotor paulista poderia rever sua proposta sugerindo um sorteio entre os torcedores. Os dois ganhadores – um de cada clube – teriam acesso ao estádio representando todos os outros que ficarão do lado de fora. Que tal? Pelo menos tiraria a má impressão de um jogo com os portões fechados.

GOSTOSA


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ELIO GASPARI

Lula terá o que mostrar em Genebra

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/09

NOSSO GUIA desembarca hoje em Genebra para o aniversário da Organização Internacional do Trabalho com um bolão no pé. Numa época em que demagogos europeus e americanos fazem carreira defendendo a perseguição a imigrantes que trabalham sem a documentação necessária, o Congresso brasileiro concedeu uma anistia aos estrangeiros que vivem ilegalmente em Pindorama. Não se sabe quantos são. Fala-se em algo entre 200 mil e 600 mil pessoas, na maioria latino-americanos, mas também africanos, chineses e coreanos.
Esses imigrantes vivem precariamente, assediados por achacadores e explorados por empregadores. Habitam numa zona de sombra onde há jornadas de trabalho de 16 horas, exploração sexual e até mesmo recrutamento para quadrilhas de criminosos. Com a anistia, os imigrantes poderão regularizar sua situação. A iniciativa partiu de um deputado da oposição (William Woo, do PSDB de São Paulo, filho de chinês com japonesa) e foi aperfeiçoada no Senado. Em nenhum momento provocou controvérsia.
Durante os últimos 150 anos, o Brasil recebeu levas sucessivas de imigrantes. Foram cerca de 6 milhões de pessoas, quase sempre miseráveis, deliberadamente exportados pelos governos da Europa e do Japão. Vieram até americanos tristes com a derrota do Sul na Guerra da Secessão, encantados com a sobrevivência da escravidão nacional. Hoje essa situação se inverteu e há algo como 2 milhões de brasileiros no exterior, sem que o governo os tenha estimulado a partir. (Na média, a escolaridade dos brasileiros que migram é superior à dos estrangeiros que vieram para cá.) Nações europeias que embarcaram seus famintos hoje cultivam preconceitos e projetos segregacionistas de acesso a saúde e educação. Assim como ocorreu na primeira metade do século passado, a crise econômica provoca desemprego e o desemprego estimula a xenofobia. Deu no que deu.

FERNANDO SARNEY DESAFIA CHARLES DARWIN
O senador maranhense Epitácio Cafeteira foi categórico numa conversa com o repórter Rodrigo Rangel: "Eu contrato quem eu quero e não sabia que tinha que pedir autorização a vocês da imprensa".
O problema não é de autorização, mas de compostura. Há 22 anos, o empresário Fernando Sarney, filho do ex-presidente e dono de eletrizante fortuna, procriou fora do casamento com uma ex-candidata a Miss Brasília. Cafeteira colocou o moço na bolsa da Viúva dando-lhe um emprego de R$ 7,6 mil mensais em seu gabinete. Pressionado pelas restrições ao nepotismo, demitiu-o e, para equilibrar o orçamento desse ramo da família de Fernando Sarney, contratou a mãe. Tudo com a discrição dissimulada das casas-grandes.
O filho do ex-presidente tem patrimônio e renda suficientes para pagar R$ 7,6 mil mensais com dinheiro do seu bolso. Para o padrão de consumo do andar onde circula, essa quantia equivale a duas caixas de bom vinho, ao custo de um jantar para 15 pessoas ou ao hotel na Europa num feriadão. Fernando Sarney não precisava passar a conta de seu filho para a Viúva. O episódio não assombra pelo aspecto corrupto nem mesmo pela avareza. O que ele traz de pior é a exposição da decadência.
Nas palavras de Cafeteira: "Eu devia favores ao Fernando. Ele me ajudou na campanha". Fica faltando o senador dizer que favores e quanto valeram. No ano do bicentenário de Charles Darwin, Fernando Sarney tornou-se uma peça para o estudo da regressão das espécies.

BANESTADO 2.0
Pelo andar da carruagem, com os petrotecas tucanos mapeando a blindagem dos fornecedores da administração do comissário Sergio Gabrielli, a Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras será uma versão 2.0 da CPI do Banestado. De triste memória, a CPI do Banestado foi instalada em 2003, sob a fanfarra da busca de US$ 30 bilhões lavados no sistema financeiro. Não se pode dizer que tenha dado em nada, pois remanejou uma parte do mercado de doleiros e sacramentou o romance do PT com uma banda da banca. Nela alguns curiosos seguiram boas pistas, acharam o que buscavam e juntaram o que não deviam.

PETROCHAVE
As patrulhas parlamentares petistas têm um calmante para baixar o tom de tucanos e demos. Basta incluir duas palavras, somando nove letras, no meio de qualquer frase: "Joel Rennó". Rennó presidiu a Petrobras durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, com o ativo beneplácito do então PFL.

PRIVATARIA DO PT
A melhora dos serviços públicos de energia e comunicação foi a joia da coroa da privataria tucana. Na teoria, as empresas comprariam o patrimônio da Viúva e seriam submetidas à fiscalização das agências reguladoras. Passou o tempo e veio a privataria das agências petistas. Em São Paulo, a Telefônica tornou-se um exemplo de excesso de oferta de panes e escassez de explicações. Quanto ao fornecimento de eletricidade, os apagões da Eletropaulo já criaram um mercado de geradores a gás para prédios da região da avenida Paulista.

PM NELES
O governador José Serra e seus sábios tucanos, bem como a reitora da USP, Suely Vilela, deveriam conversar com o professor Aloisio Teixeira, reitor da UFRJ. Ele recebeu uma universidade conflagrada, pacificou professores e estudantes e deixou a polícia de fora.
Serra e a doutora Suely fazem o caminho oposto. Militarizam a controvérsia e jogam os moderados no colo dos aparelhos.
Pode ser que haja na USP garotos (e professores) convencidos de que a democracia representativa é uma "máscara para acobertar a submissão do Brasil ao imperialismo". É besteira, mas é besteira velha, dita em 1963 pelo governador que acionou a PM, quando assumiu a presidência da UNE.

POUCA ENERGIA
Os professores Adilson de Oliveira e Eduardo Pontual, da UFRJ, relacionaram os números do consumo de energia elétrica com a produção industrial e concluíram que o doce futuro prometido pelo ministro Guido Mantega está longe de acontecer. O consumo de energia continua patinando nos níveis de 2006 e 2007, longe do crescimento de 2008. Os dados dos últimos 90 dias mostram que, se não forem tomadas medidas para aquecer a produção industrial, o segundo trimestre de 2009 poderá fechar melhor que o primeiro, mas ficará longe do retorno à normalidade.

ERRO
Estava errada a informação aqui publicada, segundo a qual o ministro Tarso Genro queria criar um Observatório da Justiça anexo à estrutura de seu comissariado. Em nenhum momento ele quis fazer isso. Pelo contrário, a ideia surgiu com o pressuposto de que a iniciativa ficasse no âmbito de alguma universidade, como ocorre em Portugal.

TOSTÃO

Conversas com um leitor


JORNAL DO BRASIL - 14/06/09

Um leitor, que encontrei em uma das caminhadas pelo bairro onde moro, quando converso com minha imaginação e com outras vozes que estão dentro de mim, ficou surpreso ao saber que a Seleção de 70, considerada por muitos como a mais brilhante e a mais ofensiva de todos os tempos, foi a que mais fez gols de contra-ataque.

Para o leitor, que não sei o nome, e para muitas outras pessoas, o contra-ataque está sempre associado ao futebol defensivo, o que não é verdade.

Com exceção de gol de bola parada e outros poucos tipos de gols, todos os outros são de contra-ataque, quando se recupera a bola. Se isso ocorre mais na frente, o time será bastante ofensivo. Além disso, nas décadas de 60 e 70, aconteciam pouquíssimos gols de bola parada. Isso aumenta a porcentagem de gols de contra-ataque.

Questionei na coluna anterior se a falta de craques no meio-campo da Seleção é por causa de mudanças que os técnicos fizeram na maneira de jogar das equipes ou a falta de talentos obrigaria os treinadores a jogar de uma maneira mais dura, de mais marcação e com pouca criatividade.

O mesmo leitor me deu uma boa resposta. Disse que os técnicos, desde as categorias de base, colocam os armadores mais habilidosos e mais talentosos para atuar mais à frente, de meias ofensivos ou de atacantes, como se não tivessem condições para marcar. O leitor lembra ainda que Kaká, Robinho, Ronaldinho, Alex e outros jogadores excepcionais são meias ofensivos e não jogadores de meio-campo.

Penso também que é por aí. O meio-campo foi dividido pelos técnicos brasileiros entre os volantes, que marcam e atuam do meio para trás, e os meias ofensivos, que atacam e jogam do meio para frente. Desapareceram os grandes meias armadores, que faziam as duas funções, que atuavam de uma intermediária à outra e que faziam suas equipes dominarem as partidas.

Paradoxalmente, no momento em que se exige dos atletas terem mais de uma função, houve uma especialização no meio-campo. Isso aconteceu em quase toda a sociedade. Os especialistas trouxeram grandes benefícios e também coisas negativas. Diminuiu o número de profissionais que têm uma visão mais ampla e que saem do convencional. Faltam artistas, na sociedade e no meio-campo da Seleção, que inventam e reinventam as jogadas.

Todos os armadores da Seleção são bons, mas, há mais ou menos 20 anos, depois de Falcão, não surgiu um único armador espetacular. Não é por capricho nem pelo esquema tático dos técnicos europeus que, com exceção de Anderson, nenhum jogador de meio-campo da Seleção atua em um dos grandes times da Europa. Mesmo Anderson não é destaque nem titular absoluto do Manchester United.

Há alguns lampejos de grande talento no meio-campo do futebol brasileiro, como o belíssimo passe de Felipe Melo para o gol de Nilmar. Felipe Melo, bom jogador, quis, contra o Paraguai, ser um artista, um craque, durante toda a partida, que ele não é. Por isso, acertou e errou muito. O craque não precisa mostrar em todos os lances que é craque. Ele é.

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DANUSA LEÃO

A liberdade de sonhar

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/09


A viagem que decidimos fazer tem que ser aquela, naquele dia, naquela hora, parece até que estamos num quartel


EM JANEIRO deste ano escrevi uma carta para dona Solange, da Anac, falando mal das regras das companhias aéreas, mas nada mudou: está tudo exatamente igual - para nós, passageiros. Vou lembrar dos tempos antigos que talvez dona Solange não tenha conhecido por ser muito novinha.
Era assim: comprava-se uma passagem Rio-São Paulo e embarcava-se no primeiro avião que saía, fosse ele de qualquer companhia (e todas as passagens custavam o mesmo preço). Ora, quem vai a São Paulo, na maioria das vezes, é para almoçar, ter uma reunião, no máximo dormir e voltar no dia seguinte cedo.
Mas o passageiro é obrigado, ao comprar a passagem ida e volta, a marcar a hora da volta, o que em caso de férias grandes é normal, mas numa curta viagem de negócios é impossível, pois reuniões podem atrasar ou serem desmarcadas, e, se deixar para comprar a passagem na hora, vai pagar um preço muito mais alto do que se comprasse com antecedência.
Porque não se pode comprar a passagem com a volta em aberto, para marcar na hora mais conveniente? Poder pode, mas custa muito mais caro, e não me pergunte por que, pergunte à dona Solange e ao ministro Nelson Jobim.
Aliás, dona Solange, a próxima vez que descer no Santos Dumont, se ainda for dia claro, ponha um olho naqueles canteiros no meio das pistas; cresceu ali um mato que não custaria nada descolar alguém para cortar. A cada vez que meu avião desce, morro de medo de ver sair dali uma cobra ou uma onça, e não diga que não avisei.
As novas leis nacionais e internacionais da aviação, que nos impedem de trocar a data da viagem, mesmo antes de fazer o primeiro trecho, sem pagar uma taxa, está fazendo algo de pior, bem pior do que tomar mais um pouco do nosso dinheiro.
Estão nos tirando a liberdade de mudar de ideia, e se estiver de passagem marcada para Amsterdã e por um bom motivo (ou sem motivo nenhum) resolver jogar tudo para o alto e ir para a Grécia, vai passar o dia inteiro tentando, pelo telefone, mudar o itinerário - fora o que vai ter que pagar - ou, como eles aconselham, entrar na internet, e modificar todo seu plano de viagem.
Eu, que não sei fazer isso, perco um dia inteiro no telefone, enquanto o robô me diz "se quiser falar em português digite um; em inglês, digite dois", e por aí vai, quando tudo que quero é uma voz humana, santa ingenuidade.
A viagem que decidimos fazer tem que ser aquela, naquele dia, naquela hora, para aquele destino, parece até que estamos num quartel.
E o inesperado? E a indecisão? E o imprevisto, que quer nos levar para um lado que parece ser maravilhoso, mas para o qual não podemos ir porque as companhias não deixam; aliás, até deixam, mas com tanta dificuldade que até perde a graça.
Estão nos tirando a liberdade de mudar de ideia, de mudar de vida, de embarcar numa aventura sem saber como vai terminar, mas que, enquanto durar, vai ser fascinante, dê no que der. É essa liberdade que se procura quando se planeja uma viagem, e é a ideia de que tudo pode acontecer que faz de qualquer viagem algo de tão romântico.
E é isso que nos estão roubando, com essas regras de quartel, só que são poucos os que têm vocação para soldado. E para eles não faz diferença, porque militares não costumam sonhar.

AUGUSTO NUNES

VEJA ON-LINE

SEÇÃO » Direto ao Ponto

Choradeira no clube dos cafajestes

13 de junho de 2009

Um DVD com cenas que somam 10 minutos do filme Lula, o Filho do Brasil foi exibido no meio da semana, em auditórios improvisados na Câmara e no Senado, a platéias compostas por parlamentares da base alugada. “A parte que me foi entregue por um produtor é realmente emocionante e fez com que todos que estavam na sala chegassem às lágrimas”, contou o deputado Eduardo Cunha, do PMDB do Rio.

Ainda sob o impacto da nomeação do afilhado Luiz Zelada para a diretoria internacional da Petrobras, Cunha não resistiu aos momentos dramáticos da sessão de cinema. “Também chorei muito”, murmurou. Mas nenhuma alma pareceu tão dilacerada quanto a do deputado Henrique Eduardo Alves, do PMDB do Rio Grande do Norte. Foi dele o pranto mais comovido, garantiram os companheiros de platéia.

Se o filme é bom ou ruim, logo se saberá. Mas foi bonito saber, no Dia dos Namorados, que no peito da bandidagem do Congresso também bate um coração.

FAZENDO PANO


COISAS DA POLÍTICA

A exaltação do ódio

Mauro Santayana

JORNAL DO BRASIL - 14/06/09

Uma das mais inquietantes lições do julgamento de Nurenberg foi a da aceitação do ódio como fé e a doentia sublimação do rancor, seja lhe concedendo falsos valores de transcendência, seja amparando-o com supostos fundamentos científicos. O nazismo não foi só a banalização do mal, segundo Hannah Arendt. Com aquele conjunto de insânias e de insanos, militou a presunção de enobrecer o crime, enaltecer a vulgaridade, perfumar as sarjetas da consciência. Quando o conjunto de provas foi examinado pelos acusadores e juízes, eles se assustaram com a adesão quase absoluta da população da Alemanha e de parcelas ponderáveis de alguns dos países ocupados, como a França. "Se eles tivessem sido finalmente vitoriosos – disse o procurador francês Xavier de Menthon – estaríamos agora repetindo seriamente esses slogans que a nossa inteligência repudia".

O nazismo não foi mera associação de bêbados baderneiros, como o identificou Willy Brandt, ao reclamar o respeito do mundo pela velha Alemanha. Ele se apoiou em alguns intelectuais destacados. Goebbels conhecia, como ninguém, a psicologia das massas alemãs de seu tempo, assustadas historicamente, devotadas à obediência ao soberano, condicionadas, desde a Idade Média, ao antissemitismo. Esses pressupostos, de que se utilizou, poderiam ter sido identificados pela razão, se outro fosse seu polo ético. Com o deslumbramento do êxito fácil, os intelectuais passaram não só a aceitar como a justificar o totalitarismo. Disso é evidência a atuação do mais conhecido pensador alemão do século passado, Martin Heidegger. Ao substituir o reitor da Universidade de Freyburg, que se opusera ao nazismo, o autor de O ser e o tempo aderiu de corpo e alma à nova ordem, declarando que não havia mais ideias a seguir: o Führer era a nação. Como reitor, Heidegger promoveu a eliminação dos livre-pensadores, estabeleceu o "princípio do chefe", e o pensamento único na universidade. Ao ser expelido da reitoria, depois da vitória aliada, Heidegger jamais explicou sua posição, a não ser com o cínico aproveitamento de uma ideia de Paul Valèry, a de que, "quem pensa grande, pode cometer grandes erros". Em 1953, ele reiterou sua fidelidade ao sentimento totalitário, ao glorificar, na Introdução à metafísica, "a essencial verdade e a grandeza do nacional-socialismo".

Em artigo publicado na semana passada, a que deu o título de The big hate, Paul Krugman fala da reaglutinação da extrema direita norte-americana, com explícitas manifestações de ódio contra o presidente Obama. Como se noticiou, o velho antissemita que atirou contra um guarda do Museu do Holocausto, redigiu nota prévia a seu ato, em que, ao negar o genocídio nazista, denuncia o fato de que Obama foi educado por judeus. Krugman associa o assassinato no Museu a outro, o do médico defensor do direito ao aborto, George Tiller. Concedendo que o pior atentado nos Estados Unidos tenha sido executado por estrangeiros – o 11 de Setembro – o segundo pior, de Oklahoma, de que se confessou autor Timothy McVeigh, foi, de acordo com Krugman, obra totalmente de americanos.

Ao mesmo tempo em que isso ocorre nos Estados Unidos, a direita cresce na Europa, afastando dos governos a social-democracia. As crises econômicas do século passado deram força aos movimentos totalitários. O desemprego dos anos 20, na Europa, em consequência da 1ª Guerra Mundial, estimulou os populistas de direita, com o fascismo de Mussolini, o nacional-socialismo de Hitler, a Ação Francesa, de Maurras, e a Falange, de Primo de Rivera e Franco, na Espanha. Naqueles anos, o assalto ao poder foi precedido de certa apatia dos eleitores, denúncias de corrupção dos parlamentos, conformismo dos intelectuais – o que se repete agora. Faltou aos partidos de esquerda a necessária habilidade para concertar uma aliança entre a social-democracia e os comunistas, e entre a esquerda e os partidos de centro. Ao frustrar-se uma solução de centro, a extrema-direita se apossou do poder, com as consequências conhecidas.

O medo do desemprego (que ameaça com a miséria, a fome, a humilhação) incita o ódio ao estranho, a começar pelos imigrantes, com a mobilização do racismo, e fomenta a unidade em torno de demagogos ousados. As lições do passado não podem perder-se. A nossa esperança é a de que os cidadãos se mobilizem, como não souberam mobilizar-se naquele tempo, e fechem o passo aos criminosos.

JANIO DE FREITAS

Cestas de lixo

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/09


A disputa atual é ver quem no próprio Senado carregará o novo e volumoso lixo dos 300 atos secretos


A CAPACIDADE brasileira, sem igual no mundo, de jogar na cesta mental de lixo o que nos escandalize, já encobrira, com o desastre do Airbus, as revelações de desvios financeiros no Senado para pagar milhões em horas extras inexistentes, além de outras graciosidades. Mas o encobrimento foi só um intervalo, e logo surgem -à maneira dos decretos secretos dos militares na ditadura- as 300 nomeações secretas para os quadros do Senado. Com uma novidade esportiva: a disputa para ver quem no próprio Senado carregará o novo e volumoso lixo.
Está clara a manobra de anteriores e de atuais ocupantes da Mesa Diretora para jogar tudo sobre o ex-diretor-geral da Casa, o Agaciel Maia da outra casa notável, a de R$ 5 milhões. Não há como admitir que senadores da República, com tantos anos de experiência dos mecanismos do Congresso, nunca se dessem conta de que atos repetidos às centenas, com suas assinaturas ou votos, não aparecessem no diário do Congresso nem em parte alguma. Apesar disso, até mesmo a assessoria jurídica do Senado evidencia a busca de artifícios que driblem a divisão de responsabilidade entre senadores e dirigentes administrativos.
O jogo promete. A única saída de Agaciel Maia para atenuar sua carga de lixo, redução importante dado o risco de devoluções financeiras que já o cercam, é ameaçar ou envolver senadores. Seu início, nesse sentido, foi promissor, porque na sexta-feira já partiu para borrifar todos de uma vez só. Assim definiu as nomeações secretas: "São atos aprovados pela Mesa Diretora, são sete senadores, e depois passam pelo aval do plenário". Ou seja, ninguém ficou isento de corresponsabilidade, também conhecida como conivência. Em tantos atos, quem nos 81 senadores escapou de alguns por ausência, entrou em outros.
Seja assim, ou não, pouco importa para efeitos mais amplos do desnudamento do Senado. Aí está a tese do jurista Dalmo de Abreu Dallari de que o Senado, na formação institucional brasileira, mais do que dispensável, não tem razão de ser: é uma excrescência histórica. Se for assim, pode-se dizer que agravada pelo presente.
A tese Dallari tem larga perspectiva de adesões. Inúteis embora, ou só capazes de maior corrosão do sistema político, porque o poder democrático de reforma está depositado no Congresso e portanto nos senadores. O Senado, aliás, só é uma preocupação e um escândalo fora dele. O assunto predileto na Casa, neste junho, são as festas juninas na fazenda do senador peessedebista em Pernambuco, nas de peemedebistas em São Paulo e Alagoas, as festas do PT por toda a parte. E é preciso ver quais serão os convidados para a esperada festa do casal presidencial.
Os assuntos restantes são problemas dos cidadãos.

VIDA inÚTIL


LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO

O raiar da nossa obsolescência

O GLOBO - 14/06/09

Já contei que fui cobrir minha primeira Copa do Mundo em 1986, no México. Aquela em que a França nos eliminou nos pênaltis. Fui como correspondente da revista Playboy, o que me valeu dois problemas: 1) explicar para quem olhava o meu crachá o que, exatamente, um correspondente da Playboy fazia numa Copa do Mundo, onde sexo e mulheres nuas sem dúvida faziam parte mas não eram o assunto principal, e 2) como escrever para uma revista mensal sobre um evento que ia se redefinindo quase que dia a dia, obrigado a ter a matéria pronta antes de saber como o evento acabava. Não consegui convencer ninguém que a Playboy não é só sexo e mulheres e que eu estava lá para ver futebol com todo o respeito, e tive que fazer uma ginástica estilística para que a matéria da revista tivesse ao menos algum mérito literário, já que não teria nenhum como reportagem. Isso depois de resistir à tentação, que seria desastrosa, de adivinhar o resultado – uma final, claro, com a presença do Brasil – e reportá-lo como acontecido. No fim a matéria falava mais sobre o México do que sobre futebol, mais sobre astecas e melecas e os murais do Orozco em Guadalajara do que sobre Zico, Platini e Maradona. Ou sobre sexo e mulheres nuas.
Lembro como tínhamos inveja dos jornalistas europeus e americanos, que já então usavam lap tops, ou coisa parecida, enquanto nós estávamos condenados a perfurar fitas de telex e esperar vagas em barulhentos aparelhos medievais para transmiti-las. Eu também, pois além da matéria única para a Playboy fazia colunas diárias para jornais no Brasil. Enquanto nosso futebol era derrotado em campo nossa imprensa era humilhada pela tecnologia adversária. Em técnica jornalística, os cinturas-duras éramos nós. Na Copa seguinte, no entanto, em Roma, já estávamos empatando. E na última copa ninguém nos humilhou – pelos menos fora de campo. O vexame na Alemanha teve cobertura tecnicamente perfeita da imprensa brasileira, igual a de qualquer super-desenvolvido. Entramos na zona VIP do silêncio, e hoje só ouvimos o martelar dos aparelhos de telex em pesadelos. Não tenho a menor ideia de como funciona o uai-fai, nem a menor ideia de como consegui viver por tanto tempo sem ele.
Mas mal sabíamos nós que, ao ver aqueles primeiros computadores portáteis no México, estávamos vendo o raiar da nossa obsolescência. O que era para ser instrumento do jornalismo impresso está substituindo o jornalismo impresso. As maiores empresas jornalísticas do mundo sentem a competição da Internet e de outros derivados daquelas máquinas primitivas e contemplam um futuro sem papel, ou a morte. A notícia do futuro irá da máquina para a máquina, sem necessidade do jornal como nós o conhecemos, e amamos. Talvez já na Copa de 14.

DORA KRAMER

Quase-lógica revisitada

O ESTADO DE SÃO PAULO - 14/06/09

Ainda no decorrer do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio da Silva, a cientista política e pesquisadora do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) Luciana Fernandes Veiga fez um rápido estudo sobre os improvisos do presidente e concluiu que não adiantava cobrar dele precisão de raciocínio nem coerência dos argumentos.
Treinado na linguagem do cotidiano, cujos instrumentos se sustentam basicamente em ditados populares e juízos de valor a partir dos quais o senso comum estabelece suas verdades, Lula, dizia ela, não tem nem pretende ter compromisso com a exatidão, muito menos com a lógica formal. “Pedir a Lula que seja mais preciso em seus improvisos é pedir que mude seu modo de argumentação e persuasão, construído no campo da linguagem cotidiana.”
Luciana Veiga estava certa na constatação que o tempo acabou transformando numa imensa - talvez a maior - vantagem comparativa de Lula em relação aos seus pares na cena política. O presidente não apenas continuou na mesma toada de obviedades, raciocínios desconexos e argumentos imperfeitos, como se aproxima de completar seus dois mandatos sendo celebrado por ter uma comunicação popular de eficácia inquestionável.
Não obstante a qualidade para lá de questionável no que tange à elevação dos padrões gerais no trato do idioma e no exercício do melhor pensar para aperfeiçoar a capacidade de discernir. Fosse outro o padrão educacional do País, as falas de Lula muito provavelmente pareceriam desprovidas de sentido. Como a premissa preponderante é da obediência a deduções simplificadas, o discurso não perde credibilidade.
Da mesma forma como no início do governo Lula criticava “os de cima” por acharem que “pobre tem que ser pobre a vida toda”, mais recentemente culpou “os louros de olhos azuis” pela crise econômica mundial e contou aí com a colaboração da fantasia da divisão social tal como se dá no imaginário corriqueiro.
“Lula consegue estabelecer acordos tácitos com o público sobre as premissas e pressupostos do discurso porque comunga com a crença e os valores de seus interlocutores”, analisava a professora. Quando do tsunami que atingiu a Ásia, o presidente transformou o maremoto em “vendaval” e deu sua versão “quase-lógica” da tragédia: “A natureza é inofensiva e boa, mas quando é desrespeitada reage à altura.”
Segundo Luciana Veiga disse na ocasião, semelhante afirmação é aceita porque soa verossímil aos ditames do cotidiano histórico - “a natureza quando desrespeitada reage” - e do cotidiano moderno - “estão desrespeitando o meio ambiente” - das pessoas.
Pelo mesmo critério, aos ouvidos da maioria possivelmente pareceu plausível a declaração de Lula de que o Brasil encontraria os destroços do acidente com o avião da Air France porque “um país que acha petróleo a 6 mil metros de profundidade no mar, acha uma caixa-preta a 2 mil metros”.
As diferenças de circunstâncias, de procedimentos e o mau gosto da comparação simplesmente não são levados em conta. “Sem muitos recursos cognitivos e com um custo alto de informação, os homens comuns tocam a vida assim, se comunicam com os instrumentos que têm à mão”, explicava a pesquisadora, sem entrar no mérito sobre os recursos mentais e verbais do presidente.
O objetivo dela ao estudar o assunto não foi criticar nem elogiar a oratória do presidente, mas apenas expor as razões pelas quais considerava perda de tempo cobrar de Lula uma mudança nos paradigmas adotados ao longo de toda vida, “porque ele não tem a pretensão de ser preciso. Busca apenas chegar à consonância com o público, assim como se comporta o seu João na conversa no balcão do bar ou a dona Maria no portão com a vizinha”.
Revisitada a teoria à luz de seis anos transcorridos, a questão que se põe é a seguinte: que proveito poderá tirar o País e quem serão os beneficiários desse legado de comunicação eleitoralmente competente, mas indolente do ponto de vista educativo.
Por ora não é possível perceber ganho algum a ninguém que não seja o próprio Lula.

TEM DONO

Ato falho ou voluntário, fato é que na sexta-feira o presidente da República se apropriou da oposição, à qual antepôs o pronome possessivo “minha” ao discursar em Sergipe. “Minha oposição fica zangada”, disse, informando assim aos adversários que passam a fazer parte de seus pertences.

NEGÓCIOS À PARTE

Parceria combinada na eleição presidencial, nem por isso o Democratas pretende se pôr à disposição do PSDB em todos os palanques estaduais de 2010. Vai concorrer em faixa própria onde enxergar possibilidade de vitória. Por enquanto, no mínimo em três Estados: Distrito Federal (José Roberto Arruda), Tocantins (Kátia Abreu) e Bahia (Paulo Souto).

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO


CLÁUDIO HUMBERTO

“[José Eduardo Dutra] será um baita presidente do PT”
LULA, AO APOIAR A CANDIDATURA DO PRESIDENTE DA BR DISTRIBUIDORA EM PÚBLICO PELA 1ª VEZ

JÁ NÃO HÁ TEMPO DE APROVAR TERCEIRO MANDATO
Não haverá tempo para aprovação da Proposta de Emenda do terceiro mandato. É que o recesso deve começar em 18 de julho e terminar no dia 31, uma sexta-feira, e o Congresso volta a funcionar apenas em 3 de agosto (segunda-feira). Para valer nas eleições de 2010, a emenda precisa ser aprovada de modo a permitir a realização do referendo nela previsto até o segundo domingo de setembro, ou seja, dia 13 do mês.
CLÁUSULA PÉTREA
A primeira batalha do terceiro mandato é a Comissão de Constituição e Justiça decidir que a emenda não fere cláusula pétrea da Carta Magna.
SONHO SECRETO
O staff da candidata Dilma Rousseff sonha em contratar o premiado jornalista Amaury Ribeiro Jr para a área de inteligência da campanha.
ENAMORADOS
A ministra Ellen Gracie, do STF, comprou pessoalmente uma caneta Mont Blanc para o noivo, Roberto D’Ávila, no Dia dos Namorados.
CRISTOVAM, NÃO
Quem conversa com Lula sai com a certeza de que ele não faz a mínima questão de ver Cristovam Buarque (PDT-DF) reeleito senador.
CPI INVESTIGARÁ MARACUTAIA DOS ROYALTIES
A oposição definiu que a CPI da Petrobras investigará contratos entre prefeituras e advogados e “consultores” para elevar fraudulentamente os valores dos royalties de petróleo pagos pela União. A CPI foi criada após o jornalista Diogo Mainardi, de Veja, revelar que a Polícia Federal investigava o ex-“consultor” Victor Martins, diretor da Agência Nacional do Petróleo e irmão do ministro da Propaganda, Franklin Martins.
MAIS UM MAIA
O empresário e deputado João Maia, irmão do ex-diretor do Senado Agaciel Maia, deve candidatar-se ao governo potiguar em 2010.
SEM GRIPE
O Tribunal de Contas da União comprou duas mil doses de vacina contra gripe, por R$ 34,04 cada, para imunizar seus funcionários.
RETIRED, MISTER
Lula comemorou o empréstimo de US$ 10 bilhões ao FMI. Resta aos aposentados com mais de um mínimo pedir empréstimo ao Fundo.
SOB PRESSÃO
Lula está inclinado a prorrogar a redução do IPI sobre automóveis, ao contrário do que recomenda o ministro Guido Mantega (Fazenda). Não pretende conviver com o fantasma do desemprego no ABC paulista.
ASSIM NÃO DÁ
Servidores do INSS reclamam da decisão do governo de ampliar a jornada de trabalho deles para 40 horas semanais e da lei 11.907, que reorganiza suas atribuições. Em vez de protestar contra Lula e o governo, ameaçam uma greve que prejudicará pobres e idosos.
ASFOR NO STF
Se houvesse eleição direta, entre magistrados, para a próxima vaga de ministro do Supremo, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro César Ásfor Rocha, já poderia se considerar eleito.
NÃO VALE PUXAR CABELOS
Duas leoas barriga-verde se preparam para duelar nas eleições do ano que vem pelo governo de Santa Catarina. Ângela Amin (PP) já decidiu que vai disputar contra a petista Ideli Salvatti, que adora uma boa briga.
O PORCO PODE ESPERAR
Dois brasileiros, que desembarcaram há dias de Houston, Texas e, que às pressas e de pé preencheram o questionário da Anvisa, esperam até hoje o “monitoramento” da gripe suína. Felizmente estão saudáveis.
ENERGIA SOLAR
O governo estimula o uso de energia solar nas residências que serão construídas pelo projeto Minha Casa, Minha Vida. Além de mais barata, contribui para a preservação do meio ambiente.
SONHOS BIÔNICOS
O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, tenta impedir que o PT lance Marta Suplicy ao Senado e barrar a candidatura do vereador e apresentador Netinho (PCdoB). Mercadante adoraria uma nomeação.
RECESSO
A 200 dias do fim do ano, e quase metade disso de dias úteis, o Congresso até agora não votou nenhuma das medidas importantes ou reformas prometidas. Até as CPIs também pararam de funcionar.
PELO TUBO
Com a tragédia do voo 447, o governo correu para trocar a peça da discórdia no Air Force 51. No caso, não foi o pitot. Trocaram o pitu.

PODER SEM PUDOR
VICE, SÓ OCUPADO
Logo após sua eleição para a Prefeitura de Porto Alegre, um repórter perguntou ao hoje deputado Alceu Collares se o seu vice, Glênio Peres, teria algum papel na administração. Do tipo que perde o amigo, até o vice, mas nunca a piada, Collares brincou:
– Como diz Brizola, a gente precisa ocupar o vice, ou ele fica conspirando...
Naquele exato instante, segundo conta o jornalista Antônio Goulart, Glênio passava por trás de Collares. A relação entre eles nunca mais foi a mesma.

CLÓVIS ROSSI

O aparelho e a lei

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/09

SÃO PAULO - Demorei tanto para tratar do mais recente escândalo do Senado que acabei sendo "furado" pelo editorial desta Folha, que usa uma expressão ("Senado secreto") quase igual à que pretendia usar ("Senado clandestino").
A demora não se deve, creia-me, à preguiça, à desatenção ou ao desejo de preservar o colega do espaço ao lado nas sextas-feiras, o senador José Sarney, ao contrário do que suspeitam alguns leitores.
Deveu-se à mais pura incredulidade. Mesmo no Brasil, onde as mais exóticas jabuticabas florescem impávidas, parecia impossível que o que antigamente chamávamos de "Casa das Leis" caísse na clandestinidade. Caiu.
O que há mais para dizer sobre um caso dessas proporções? Xingar a mãe? A Direção de Redação proíbe. Arrancar os cabelos? São tão poucos que já nem dá para agarrá-los. Produzir o enésimo libelo? Justo, mas sempre haverá alguém a dizer que se trata de "moralismo udenista", o que é uma baita tolice, mas aparece, sim, senhor.
O fato é que o Senado se tornou, sim, um aparelho clandestino, controlado por altos funcionários, ante a omissão e/ou conivência dos senadores. Já nem sei se cabe usar a muleta "com as exceções de praxe", porque os pais da pátria parecem empenhados em destruir o lugar-comum segundo o qual toda regra tem exceções.
Senadores despreparados e/ou omissos dependem de funcionários preparados para entender as regras, os regulamentos, o regimento, as entranhas da Casa. São obrigados a depender de tais funcionários até para os atos legais, inclusive os mais comezinhos. Imagine então como é fácil praticar atos ilegais ou clandestinos -ou ambos ao mesmo tempo.
O pior é que não tem saída, porque a saída depende dos próprios senadores, cúmplices, por ação ou omissão, do aparelho clandestino que era uma Casa de Leis.

QUADRILHA


DOMINGO NOS JORNAIS

- Globo: Entraves ambientais reduzem em 20% geração de energia


- Folha: Vitória de Ahmadinejad provoca protestos no Irã


- Estadão: PF e MP vão pedir à Justiça busca e apreensão no Senado


- JB: A desordem das mansões


- Correio: Mais empregos no DF