quarta-feira, junho 17, 2009

CAIU O CARTEL

Maioria dos ministros do STF vota contra a exigência de diploma de jornalista


8 X 1

O CARTEL ESTÁ CAINDO

Maioria dos ministros do STF vota contra a exigência de diploma de jornalista

Sete ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votaram contra a exigência do diploma de jornalista para exercício da profissão. Dois dos 11 ministros --Joaquim Barbosa e Carlos Alberto Menezes Direito-- não estão na sessão.

BRASÍLIA - DF

Um aliado muito poderoso


Correio Braziliense - 17/06/2009


O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc (PV), ganhou um novo aliado na Comissão de Minas e Energia da Câmara. O deputado Alexandre Santos (foto), do PMDB-RJ, conseguiu desengavetar um requerimento de audiência pública apresentado em 2007 pelo petista Fernando Ferro (PE), que é engenheiro eletricista, para discutir o impacto ambiental da usina de Estreito, na divisa do Maranhão e Tocantins.

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Obra a cargo do Consórcio Estreito Energia, composto pela Suez, Vale, Alcoa, BHP Billiton e Camargo Correia, a implantação da usina custará R$ 3 bilhões, gerando 5.500 empregos diretos e aproximadamente 16.500 empregos indiretos. É o maior projeto gerador de energia em curso no Brasil, com capacidade instalada de 1.087 MW e energia assegurada de 584,9 MW médios. Fica no Rio Tocantins, nos municípios de Estreito, no Maranhão, e Aguiarnópolis e Palmeiras do Tocantins, em Tocantins.

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Ambientalistas e o Ministério Público Federal são contra a construção da Usina, que ocupará 550km2, sendo 400km2 de área inundada, atingindo também os municípios de Carolina, no Maranhão, Babaçulândia, Barra do Ouro, Darcinópolis, Filadélfia, Goiatins, Itapiratins, Palmeirante e Tupiratins, em Tocantins. A audiência será amanhã.


Repensou

Relator na CCJ da proposta de enxugamento da Constituição de 1988 de 250 para 58 emendas, o deputado federal Sérgio Carneiro (PT-BA) resolveu reconsiderar seu parecer favorável ao fim das eleições para governador do Distrito Federal e a redução dos mandatos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para nove anos. Recebeu duras críticas dos deputados Osório Adriano (DEM-DF) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que consideram a cassação do direitos dos cidadãos de Brasília elegerem seus governantes uma regressão autoritária. Segundo Carneiro, a proposta original é de autoria do deputado Regis Oliveira (PSC-SP).

Calendas

Ainda não será desta vez que a chamada DRU (desvinculação das receitas da União) será extinta na Educação. O governo aprovou a PEC da redução gradual da DRU até 2010 na Câmara, mas teme colocar em votação o destaque do líder do PPS, Fernando Coruja (SC), que acaba totalmente com a desvinculação já em 2009. Para derrubá-lo, precisa de 308 votos. Se acabasse hoje, a Educação receberia R$ 9 bilhões a mais somente neste ano. O governador de São Paulo, José Serra, também recomendou à bancada tucana empurrar a votação com a barriga.

Vindita

O deputado José Genoíno (PT-SP) promete um ajuste de contas com a mídia: prepara proposta para acabar com a publicidade governamental em jornais, revistas, rádio e televisão. Cogita até da ideia de extinguir a obrigatoriedade dos balanços das empresas estatais,que seriam divulgados apenas nos sites das empresas.

Toalha

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), grão-tucano nordestino, já avisou aos amigos que pensa em não concorrer ao Senado em 2010. Em rota de colisão com a cúpula da legenda desde as eleições de 1998, quando apoiou a candidatura de Ciro Gomes a presidente da República pelo PPS, Tasso é desafeto histórico de José Serra. Além disso, implodiu o PSDB do Ceará e virou uma espécie de cacique de tribo em extinção na terra dos cariris.

No cafezinho...


Avalista
Presidente da poderosa Comissão Mista de
Orçamento, o senador Almeida Lima (foto), do PMDB-SE, espera instruções do líder da bancada do PMDB, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), para designar o sub-relator das Receitas do Orçamento da União de 2010. O cargo é estratégico porque convalida as emendas dos parlamentares que criam despesas.

Cobrador
O procurador da Fazenda Nacional, Luís Inácio Adams, fez a cabeça dos ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) quando à necessidade de mudança dos critérios de cobrança da Dívida Ativa da União. O projeto de lei complementar que altera o Código Tributário Nacional agiliza a cobrança e endurece o castigo a gestores e administradores responsáveis por calotes contra o Tesouro.

Proletur
Os deputados Nelson Marquezelli (PTB-SP), Wilson Braga (PMDB-PB), Simão Sessim (PP-RJ) e Albano Franco (PSDB-SE) estão em missão oficial em Genebra (Suíça), onde participam da 98ª Conferência Internacional do Trabalho promovida pela OIT. A conferência ocorre todos os anos, em junho, para tratar do relacionamento capital e trabalho.

Pós-crise
A Câmara Brasileira da Indústria de Construção, empolgada com o programa Nossa casa, Nossa Vida, patrocina amanhã um seminário sobre o pós-crise. Participarão dos debates os ministros da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), e do
Planejamento, Paulo Bernardo (PT), e os líderes do PT Aloizio Mercadante (SP) e do PSDB Arthur Virgílio (AM).

Chapa
O deputado federal Eunício de Oliveira (CE) fechou acordo com a cúpula da legenda na Câmara para assumir a presidência nacional do PMDB, no lugar do atual presidente da Câmara, Michel temer (SP), na convenção nacional em novembro. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), seria o vice. Falta combinar com os demais caciques do Senado.

COISAS DA POLÍTICA

O outono do patriarca

Rodrigo de Almeida

JORNAL DO BRASIL - 17/06/09

O alarido foi, enfim, içado dos subterrâneos do Senado para a tribuna, e coube ao símbolo maior do escândalo a tarefa de fazê-lo. Com o discurso de ontem, no entanto, o senador José Sarney (PMDB-AP) dificilmente terá reduzido alguma fatia da crise que corrói o prestígio do Senado que preside. A descoberta de que a Casa manteve por 14 anos uma burocracia secreta para distribuir favores a um pequeno grupo o levara às cordas. Aliados o haviam aconselhado a se defender atacando. Da emersão, pelo menos uma defesa lhe causará dor de cabeça: "Eu não sei o que é ato secreto, aqui ninguém sabe. (...) Não temos nada com isso", afirmou. "A crise é do Senado, não é minha", foi uma das frases que disse na tribuna para mostrar que é menos o culpado e mais uma peça de uma engrenagem torta, com códigos e costumes diferenciados.

Esse é o risco de escândalos do gênero: transformar o que é uma soma de espertezas individuais em "crise institucional sem precedentes", conforme o mantra espalhado imprensa afora. São duas coisas graves – o escândalo e a histeria decorrente – quando se trata da instituição mais bem dotada para exibir o crivo do interesse público, o Congresso Nacional.

Mais do que qualquer coisa, o monturo dos atos secretos escancara a debilidade individual e partidária de quem vive o autêntico outono do patriarca. Aqueles que acompanham a longa trajetória de Sarney costumam identificar três atores políticos cerrados num só: um é o Sarney do Amapá; outro, o senador do Maranhão; e o terceiro, o Sarney, digamos, nacional. O primeiro é ignorado, o segundo voltou a ganhar musculatura política com o retorno da filha Roseana ao governo maranhense, e o último se encontra politicamente cada vez mais frágil depois que disputou pela segunda vez a presidência do Senado. Nos três casos, há um enorme desfiladeiro que o separa da grandeza que se espera de um ex-presidente da República e a miudeza de um longevo ator que continua a exibir-se na ribalta do poder – a despeito do cansaço do distinto público. A coluna ouviu de um ex-ministro de Sarney um relato exemplar da distância:

"Uma vez lhe perguntei: por que não se comporta como um estadista e sai da linha de tiro? Por que não usa sua larga experiência e passa a cumprir a função de ex-presidente da República, um conselheiro político respeitado que empresta seu conhecimento às grandes questões nacionais? Por que não fica acima das miudezas partidárias e se afasta das disputas pequenas do dia a dia, de Brasília e do Maranhão?".

Pelo relato deste ex-ministro, tais perguntas deram-se não em tom de cobrança ou descrença mas de aconselhamento – ou lamento por ver um aliado em sucessivos apuros. Ao interlocutor, Sarney respondeu, como quem justifica a impossibilidade de livrar-se de um vício: "Farei o quê? Não sei fazer outra coisa na vida!".

Passemos. Uma coisa, vá lá, é participar da política cotidiana, com motivações republicanas, outra é embrenhar-se em disputas renhidas – como a que teve com o PT pelo comando do Congresso, briga que se estendeu após a eleição e deixou sequelas não cicatrizadas. Na avaliação de um dirigente do PT, embora Sarney continue forte com o lulismo, desgastou-se em demasia com parte do petismo. Um certo lado do partido absorveria no plano do estritamente necessário a aliança do ex-presidente com o Palácio do Planalto, mas sempre que possível buscaria deixar clara a incompatibilidade dos DNAs políticos.

Descontada a malícia do discurso petista de tentar desvencilhar-se da responsabilidade de ter Sarney como aliado, as recentes crises postas à mão de Renan Calheiros, primeiro, e Sarney, agora, demonstram as dificuldades intrínsecas da aliança com o PMDB da dupla. Nos últimos 24 anos, diga-se, o PMDB comandou o Senado durante 20 anos. É um recorde do período republicano (mesmo contando o aglomerado Arena/PDS no regime militar, ninguém exerceu domínio tão longo). Essa condição sempre assegurou aos peemedebistas poderes consideráveis.

Deu nisso: o mesmo PMDB que chegou a canalizar as frustrações do eleitorado brasileira na volta ao regime democrático transformou-se até virar uma confederação de caciques. Sarney é um desses, agora em pleno calvário. Ao contrário do que disse ontem, a crise é dele – como também é de outros adeptos de medidas esconsas diversas. Diferente da instituição que preside, ele dificilmente terá tempo político para recuperar o desgaste de imagem e renascer forte aos 81 anos, quando termina o mandato à frente do Senado.

GOSTOSA


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TOSTÃO

Espanha não é a favorita


JORNAL DO BRASIL - 17/06/09

Contra o Egito, o Brasil mostrou outra vez uma de suas virtudes, as bolas paradas. Três dos quatro gols saíram desse jeito. E o time mostrou novamente uma de suas deficiências, a marcação no meio-campo. Nas vitórias, os erros costumam não ser vistos ou ser esquecidos.

Como Gilberto Silva e Felipe Melo marcam mais atrás e pelo meio, e Elano atua pela direita, o time deixa o adversário tocar demais a bola no meio-campo, além de não ter um armador para proteger o lado esquerdo. Kléber, que já é fraco, fica desprotegido. O problema só diminui quando Robinho volta desse lado para marcar. Aí, ele faz falta no contra-ataque.

A solução não é recuar Robinho ou Kaká; é marcar um pouco mais à frente e distribuir melhor os três jogadores de meio-campo, com Felipe Melo mais recuado, pelo meio, e um armador de cada lado, que tenha mobilidade para defender e atacar. Sairia Gilberto Silva. Vai melhorar a marcação e o ataque.

A Espanha é a seleção que joga melhor e mais bonito, pelo que tem atuado nos últimos dois anos, o que não significa que seja a grande favorita. Em um único jogo decisivo, não será nenhuma surpresa se ela perder para Brasil ou Itália.

Individualmente, além de Kaká, o Brasil possui melhores zagueiros, laterais direitos e goleiro. Mesmo sem Iniesta, a nítida superioridade da Espanha está no meio-campo, na qualidade dos jogadores e na maneira de atuar.

A Espanha redescobriu o óbvio, que futebol bonito e eficiente deve ser jogado com troca de passes, de pé em pé, até chegar ao gol.

Após cada gol da Espanha contra a fraquíssima Nova Zelândia, a TV mostrava o técnico espanhol Vicente del Bosque, quietinho no banco, distraído. Parecia estar em outro lugar. Lembrei de Aírton Moreira, treinador do Cruzeiro nos anos 60. Enquanto fazíamos treinos coletivos, Aírton, de costas para o gramado, conversava com os jornalistas. Raramente dava uma instrução.

No jogo, a equipe mostrava ótimo futebol coletivo. Se fosse hoje, certamente diriam que Aírton era um grande estrategista.

Libertadores

Com exceção do Grêmio, que tem tudo para vencer, em casa, o Caracas, não há favoritos nas partidas entre Nacional e Palmeiras e entre São Paulo e Cruzeiro. O São Paulo se limita a lançar e cruzar a bola para os dois artilheiros, Washington e Borges, e o Cruzeiro geralmente joga mal fora de casa.

Cruzeiro e São Paulo jogam às 22h, mesmo na quinta-feira. Nesse horário, com exceção das grandes partidas como as de hoje e amanhã, os torcedores que gostam de futebol ficam em casa, e os marginais vão para os estádios. O horário de 22h não é responsável pelas barbaridades que ocorrem nos estádios, porém, a primeira medida a ser feita para acabar com a violência seria ter jogos noturnos mais cedo, antes da novela. Nisso, ninguém mexe. E pouquíssimos falam.

Copa do Brasil

Inter e Corinthians estão desfalcados e fragilizados. Nilmar e D’Alessandro fazem muita falta. Sem André Santos, o Corinthians piora demais na saída de bola da defesa para o ataque. Não há favorito.

ELIO GASPARI

A cota de sucesso da turma do ProUni

FOLHA DE SÃO PAULO - 17/06/09

A DEMOFOBIA pedagógica perdeu mais uma para a teimosa insubordinação dos jovens pobres e negros. Ao longo dos últimos anos o elitismo convencional ensinou que, se um sistema de cotas levasse estudantes negros para as universidades públicas, eles não seriam capazes de acompanhar as aulas e acabariam fugindo das escolas. Lorota. Cinco anos de vigência das cotas na UFRJ e na Federal da Bahia ensinaram que os cotistas conseguem um desempenho médio equivalente ao dos demais estudantes, com menor taxa de evasão. Quando Nosso Guia criou o ProUni, abrindo o sistema de bolsas em faculdades privadas para jovens de baixa renda (põe baixa nisso, 1,5 salário mínimo per capita de renda familiar para a bolsa integral), com cotas para negros, foi acusado de nivelar por baixo o acesso ao ensino superior. De novo, especulou-se que os pobres, por serem pobres, teriam dificuldade para se manter nas escolas.
Os repórteres Denise Menchen e Antonio Gois contaram que, pela segunda vez em dois anos, o desempenho dos bolsistas do ProUni ficou acima da média dos demais estudantes que prestaram o Provão. Em 2004, os beneficiados foram cerca de 130 mil jovens que dificilmente chegariam ao ensino superior (45% dos bolsistas do ProUni são afrodescendentes, ou descendentes de escravos, para quem não gosta da expressão).
O DEM (ex-PFL) e a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino foram ao Supremo Tribunal Federal, arguindo a inconstitucionalidade dos mecanismos do ProUni. Sustentam que a preferência pelos estudantes pobres e as cotas para negros (igualmente pobres) ofendiam a noção segundo a qual todos são iguais perante a lei. O caso ainda não foi julgado pelo tribunal, mas já foi relatado pelo ministro Carlos Ayres Britto, em voto memorável. Ele lembrou um trecho da Oração aos Moços de Rui Barbosa: "Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real".
A "Oração aos Moços" é de 1921, quando Rui já prevalecera com sua contribuição abolicionista. A discussão em torno do sistema de acesso dos afrodescendentes às universidades teve a virtude de chamar a atenção para o passado e para a esplêndida produção historiográfica sobre a situação do negro brasileiro no final do século 19. Acaba de sair um livro exemplar dessa qualidade, é "O jogo da Dissimulação - Abolição e Cidadania Negra no Brasil", da professora Wlamyra de Albuquerque, da Federal da Bahia. Ela mostra o que foi o peso da cor. Dezesseis negros africanos que chegaram à Bahia em 1877 para comerciar foram deportados, apesar de serem súditos britânicos. Negros ingleses negros eram, e o Brasil não seria o lugar deles.
A professora Albuquerque transcreve em seu livro uma carta de escravos libertos endereçada a Rui Barbosa em 1889, um ano depois da Abolição. Nela havia um pleito, que demorou para começar a ser atendido, mas que o DEM e os donos de faculdades ainda lutam para derrubar:
"Nossos filhos jazem imersos em profundas trevas. É preciso esclarecê-los e guiá-los por meio da instrução".
A comissão pedia o cumprimento de uma lei de 1871 que prometia educação para os libertos. Mais de cem anos depois, iniciativas como o ProUni mostraram não só que isso era possível mas que, surgindo a oportunidade, a garotada faria bonito.

VELHO SAFADO


INFORME JB

Mangabeira avisa a Lula que vai sair

Leandro Mazzini

JORNAL DO BRASIL - 17/06/09

Tudo se passou às vésperas da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Europa. O ministro da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger (PRB), avisou ao chefe que vai deixar o governo. Deve fazer isso dia 30. Lula aceitou, agradeceu e ligou para o vice-presidente José Alencar – padrinho de Unger na Esplanada – e pediu que o partido indique outro nome. Alencar já procura. O que motiva a decisão de Mangabeira ainda é um mistério. Oficialmente, ele disse a Lula que quer voltar para a Harvard University, nos EUA, para não perder o posto de professor titular. Mas pesou fato ocorrido semanas atrás. Mangabeira tentou trocar o PRB pelo PMDB. Foi a Lula e pediu apoio. Levou um sonoro "não" e o recado: "Se você sair, perderá o ministério".

Também não Pé do ouvido

Mangabeira foi à cúpula do PMDB pedir ajuda para a filiação e para se manter no cargo. O partido, ciente da conversa dele com Lula, não quis entrar nessa. Disse não também, mas deixou as portas abertas.

Foi esse um dos motivos do encontro de mais de uma hora do presidente Lula com o presidente licenciado do PMDB, o chefão da Câmara, Michel Temer (SP), semana passada, antes da viagem.

Vai ou racha

Apesar de tudo, fica outro mistério de Unger: se oficializar a saída, não se sabe realmente se ele voltará para os EUA. Ainda é assediado pelo PMDB.

Bonito da vovó

Uma senhorinha octogenária andava ontem perdida no Anexo 2 da Câmara, no corredor das comissões, segurando uma foto com carinho, e a mostrava para todos: "Me ajuda a achar este deputado!". Era Antonio Palocci.

Pressão total

O presidente do Congresso, José Sarney, foi pressionado por colegas para dar explicações sobre os "atos secretos". As comissões de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização do Senado foram inteiras ao encontro dele.

Caravana

Dilma já fez agenda para apresentar os balanços regionais do PAC em cada estado.

São João...

Na reunião de Líderes da Câmara, ontem, Michel Temer pautou projetos para a semana que vem, no que foi interpelado por Ronaldo Caiado (DEM-GO), aos sussurros: "Mas é São João".

... fogueira

E Temer, em alto som: "Mas o senhor nem é do Nordeste". Gargalhada geral para um Caiado, fazendeiro goiano, ficar vermelho. É que o tradicional São João mobiliza toda a bancada nordestina, que deixa Brasília por uma semana.

Só convite

Para evitar vexame, o deputado Moka (PMDB-MS) distribuiu convite individual para a Festa di Leitão no Rolete, ontem, na AABB de Brasília. Ele ajuda a promover. Ano passado, com porta aberta, faltou comida e bebida.

Corredor do lobby

A Ajufe e a OAB escalaram ontem dezenas de panfleteiros que distribuíam num dos corredores da Câmara folheto pela aprovação do PL 5.829/05, que cria 460 cargos de juízes federais, entre outros.

Ao mestre

Aurélio Wander Bastos é o novo professor titular das escolas federais de direito do Rio, aprovado em concurso público, e o primeiro do Brasil em sociologia jurídica. Após a posse, conferida pela reitora da UniRio, Malvina Tuttman, ele pronunciará conferência sobre a Universidade e a democracia, na sede da Escola de Ciências Jurídicas.

FERNANDO CALAZANS

Altos e baixos

O GLOBO - 17/06/09

Há momentos em que a seleção brasileira, em insinuantes contra-ataques, lembra a seleção campeã mundial em 94, com a única desvantagem de que Luís Fabiano e Robinho não são Romário e Bebeto. Mas são bons, e a seleção parece mesmo aquela. Há outros momentos em que a seleção brasileira leva dois gols em dois minutos — e então ela parece o Flamengo, este mesmo de agora.
De uma forma ou de outra, interessa a Dunga é que a seleção brasileira está vencendo. Em parte, por méritos dela (e dele, naturalmente), em parte por demérito dos adversários — sobretudo os adversários daqui, da América do Sul, nas eliminatórias, que estão jogando cada vez menos e cada vez pior.
O Egito também entra nesse rol de adversários mais fracos da seleção brasileira, mas fez, para mim, um jogo mais agradável de se ver, lá na Copa das Confederações, do que os adversariozinhos daqui.
O problema é que a defesa do Egito, como costuma acontecer por lá, é primária. Dali para a frente, porém, como também costuma acontecer no futebol africano, ela ganha um toque de bola vistoso — ou ao menos mais vistoso do que o exibido por Uruguai, Paraguai, Colômbia, Bolívia, etc. Por incrível que pareça, eles podem exibir nas tramas ofensivas talento maior do que muitos dos atuais atacantes sul-americanos.
Foi exatamente o que vimos na vitória de 4 a 3 do Brasil, conquistada no último minutinho do jogo, com um gol de pênalti. Nos lances de seus dois gols, Kaká mostrou sua categoria superior. Não foi brincadeira a responsabilidade que lhe pesou nas costas na hora de bater o pênalti da vitória, no finzinho do jogo.
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Está faltando conversa com os jogadores do Vasco para controlar, ou pelo menos tentar, a violência de seus jogadores, que pode causar — entre outros males a adversários — expulsões e desfalques constantes no próprio time.
É exclusividade do Vasco? Que nada. Vejam o Flamengo. Contra o Inter, pela Copa do Brasil, Aírton deu um pisão em Nilmar, caído a seus pés. Foi absolvido pelo STJD. Não é novidade, com os tribunais esportivos que temos.
Mas, no Flamengo, será que não havia vivalma para orientar o jovem a não repetir a cena, com mais violência ainda, contra Ariel, do Coritiba? Nem supervisor, nem técnico, nem dirigentes. Ninguém. É essa a formação que o Flamengo oferece em suas divisões de base? A formação que se revela em Aírton?
Em contrapartida, cabe outra pergunta: clube que ostentava o glorioso slogan de “fazer craques em casa”, há quantos anos (ou décadas) o Flamengo não “faz” ou não “forma” um atacante de toque bonito e chute certeiro? Qual foi a última grande revelação de talento no ataque do Flamengo? Ah, não me lembro.
E o STJD — o que fará agora no julgamento de Aírton... se houver julgamento? Depois, os membros ilustres dos tribunais esportivos não haverão de saber por que o futebol brasileiro anda tão violento dentro e fora de campo.
Como se vê nas reportagens de Tadeu de Aguiar e Maurício Fonseca diretamente da África do Sul, o técnico Dunga, o “comandante” (como se diz agora) da seleção brasileira, anda distribuindo suas grosserias entre jornalistas de diversas nacionalidades, numa espécie de trailer do que fará, ano que vem, na Copa do Mundo.Dunga é uma espécie de Muricy Ramalho em esfera internacional.

GOSTOSA


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PAINEL DA FOLHA

Nome e endereço

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 17/06/09

Não foi por deferência a Eduardo Suplicy (PT-SP) nem em nome da transparência que José Sarney (PMDB-AP) incluiu em seu discurso a ideia de divulgar na internet os salários dos servidores do Senado.
Tal menção foi discutida previamente com aliados e encaixada com o propósito de intimidar funcionários de carreira que se opuseram, em meses recentes, ao domínio da turma de Agaciel Maia. O grupo de Sarney atribui aos descontentes a revelação de desmandos cometidos pelo ex-diretor-geral com a bênção de seguidas Mesas Diretoras. Como revide pelos vazamentos, quer impedir que o substituto do desgastado Alexandre Gazineo saia dos quadros de carreira da Casa.

Novilíngua - A senha foi dada nas entrevistas de Agaciel. Agora, na contramão das evidências, Sarney e aliados insistem em repetir que ‘não houve atos secretos’.

Nomes 1 - Um bom caminho para começar a investigar os atos secretos é ouvir os funcionários da diretoria de RH. Mais especificamente, Franklin Paes Landim, responsável pelo setor de publicações.

Nomes 2 - O mecanismo dos atos secretos só podia funcionar com a anuência de Agaciel, Gazineo e João Carlos Zoghbi (como diretor de RH, o responsável por engavetar as decisões ad infinitum). Há vários servidores no RH dispostos a depor.

De tudo - Entre os atos mantidos sob sigilo há até a criação de novos cargos -algo que não pode ser feito nem por ato administrativo público, mas apenas por resolução.

Roupa suja - Depois de discursar, Sarney foi falar com Tião Viana (PT-AC), que não o havia cumprimentado. Reclamou do petista por ter atacado Roseana. Tião rebateu atribuindo a Sarney o vazamento da conta do celular usado por sua filha. Ao final, juraram ‘respeito mútuo’.

Plim-plim - O momento em que Sarney interrompeu a fala de Aloizio Mercadante (PT-SP) sobre a crise para anunciar a presença de comitiva do Parlamento francês foi apelidado pelos senadores de ‘nossos comerciais, por favor’.

Ato secreto - Os procuradores do município de São Paulo ameaçam entrar com mandado de segurança contra a decisão do prefeito Gilberto Kassab (DEM) de tornar públicos todos os salários da administração paulistana. Há casos de procuradores com remuneração acima do teto.

Por que parou? - Representantes do Ministério Público de SP cobram do governo federal posição sobre acordo negociado com o Deutsche Bank em torno de supostas contas de Paulo Maluf. O banco alemão pagaria U$ 5 milhões ao Brasil para evitar sua eventual inclusão no rol de investigados pelas transações financeiras do hoje deputado.

Parou por quê? - Para entrar em vigor nos moldes em que foi negociado, o acerto precisa de aval das esferas municipal, estadual e federal. Só falta o endosso da União.

Tô fora - Em reunião das centrais sindicais, a Conlutas tentou arrancar documento unificado de apoio à greve na USP. CUT, Força e outras participantes não toparam. Limitaram-se a lançar, individualmente, notas de protesto à ação da polícia no campus.

Tiroteio

O presidente Sarney ainda não entendeu a gravidade da crise, e está administrando um remédio muito fraco para combatê-la.

De RENATO CASAGRANDE (PSB-ES), sobre o discurso feito pelo presidente do Senado em resposta a uma série de acusações.

Contraponto

Gente como a gente

De bom humor ao conceder ontem uma entrevista coletiva em Brasília sobre o andamento das obras do PAC, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, volta e meia se esquecia de falar perto do microfone. A cada início de resposta, os repórteres tinham de pedir:
-No microfone, por favor, ministra!
Ela atendia, mas logo em seguida se esquecia da recomendação. Até que avistou um jornalista com um microfone sem fio instalado dentro do bolso da camisa. Dilma interrompeu seu raciocínio e anunciou:
-Eu quero um modelito desses! Ou um bolso na camisa! Muito mais prático, gente!

RUY CASTRO

Rebeldes da língua

FOLHA DE SÃO PAULO - 17/06/09

RIO DE JANEIRO - Abgar Renault (1901-1995), um dos nossos mais subestimados poetas modernos -não necessariamente "modernistas"-, nunca aderiu às reformas ortográficas de 1943 e 1971. Até morrer, escreveu belezas como "Quando me sumo na total ausência/ do curso opaco e ascetico do somno/ e não estou em mais nenhum lugar,/ mil invisiveis cousas mysteriosas/ talvez ocorram sobre o chão, pelo ar".
E Abgar não era um amador excêntrico. Era filólogo, um profissional da língua. Foi um dos expoentes da gloriosa Universidade do Brasil, chegou a ministro da Educação e defendeu o Brasil na Unesco. Pois nem assim. Seus textos em prosa e poemas aportavam nas editoras cheios de "yy" e "ph" e eram convertidos para a ortografia vigente. Ordens de cima, diziam.
Mas sua desobediência civil foi bonita. Movimento parecido, só que em massa, está acontecendo em Portugal, com a recusa dos lusos a aderir ao "acordo" ortográfico recém-decretado e já em uso no Brasil. Os portugueses não querem dispensar o "c" de "insecto", o "p" de "Egipto" ou o "h" de "húmido", além dos tremas e hifens. É como eles veem a língua, e fazem bem em defender seu patrimônio.
Aqui no Brasil começam a surgir sintomas dessa desobediência. O escritor Reinaldo Moraes, autor do recém-lançado romance "Pornopopéia", não abriu mão do acento nem no título. E o também recente "Dicionário Amoroso da Língua Portuguesa", editado por Marcelo Moutinho e Jorge Reis-Sá, com contos, poemas e ensaios de autores de Brasil, Portugal, Angola, Moçambique e Timor Leste, é uma aula prática de unidade na diversidade.
Nesse livro, cada autor escreve como se escreve em seu país. Pois, para nenhuma surpresa, aqui e além-mar, entende-se tudo. E por que não? É a mesma língua portuguesa. Nisso está o seu encanto.

XAROPE

ANCELMO GÓIS

TEMPOS QUENTES 1

O GLOBO - 17/06/09

José Sarney, 79 anos, estava um tanto nervoso ontem. No encontro com seu colega Gérard Larcher, presidente do Senado da França, chamou Romeu Tuma de Nicolau Tuma.
Depois, no discurso do plenário, chamou Heráclito Fortes de Heráclito Alves.
TEMPOS QUENTES 2
Katiuscia Canoro, humorista do Zorra Total, da TV Globo, gravou o Funk da Lady Kate.
Trechinho: “Eu já fui Katilucia e passava muito mal/Conheci o senador, um cara fenomenal/Se eu tomava água de bica, hoje tomo mineral/(...) Senador me dá de tudo, até circo com anões/E agora me pergunto:/De onde vem essa grana?/Melhor não saber de nada/Não quero voltar pra lama.”
É. Pode ser.
TEMPOS QUENTES 3
Ontem, no Senado, passou de mão em mão uma reportagem do Wall Street Journal sobre gastos de senadores dos EUA.
As denúncias vão de aluguel de carro de luxo a arranjos de flores caros e verbas de gabinete de até US$ 4 milhões por ano.
Deve ser terrível... você sabe.
ESQUECERAM DE MIM
Para a Oi comprar a Brasil Telecom foram vitais a adesão e a grana dos fundos de pensão.
A compra foi em janeiro, mas, até hoje, a Anatel não autorizou a presença dos fundos no conselho da empresa. O caso está com a conselheira Emília Ribeiro.
HAJA ONGS
O censo do PAC na Rocinha, no Rio, já identificou 140 ONGs que trabalham lá.
JK NA BEIJA-FLOR
A Beija-Flor decidiu que só um político terá destaque no seu desfile, sobre os 50 anos de Brasília: Juscelino Kubitschek.
Além do criador da capital, serão citados os roqueiros de Legião Urbana e Paralamas do Sucesso, que surgiram na cidade.
ALÔ, ALGUÉM AÍ?
A comitiva da campanha Rio 2016 tem enfrentado um obstáculo nas viagens internacionais – a telefonia. É que os celulares da TIM levados pela turma não funcionam direito na Europa, o que atrapalha a comunicação do time. O Comitê Rio 2016 decidiu trocar de operadora.
CHEIA DE ENCANTOS...
Aliás, Eduardo Paes deve estar treinando no chuveiro. É que hoje vai cantar Cidade Maravilhosa, de André Filho, em Lausanne, na Suíça, na apresentação da candidatura do Rio a sede dos jogos de 2016.
A VOLTA ÀS PISTAS
Neste fim de semana agora, a Petrobras terá em Londres reuniões com seis equipes que participam da Fórmula 1 – entre elas, a líder Brawn GP. Ano que vem, a empresa pretende voltar a patrocinar uma das escuderias.
MALAS PRONTAS
Deu no site da BBC de Londres: os ingleses Brian Caswell e a sua mulher, Joan, ganharam 25 milhões de libras, sexta passada, na loteria. Com o dinheiro, querem comprar um carro, viajar para o Rio e contratar alguém que cuide de uma plantação de cenouras.
NO MAIS
A família Sarney tem recursos suficientes para prover o neto e as sobrinhas, ou mesmo, quem sabe, empregá-los em suas empresas.
Mas, no meio político, a maioria age como Sarney e espeta a conta na sociedade (dinheiro meu, seu, nosso), através de emprego público. É pena.

CLÓVIS ROSSI

A mão invisível -e irracional

FOLHA DE SÃO PAULO - 17/06/09

SÃO PAULO - Por fim, o tal de mercado -ou, mais exatamente, seus operadores em bancos, fundos de investimento e afins- descobriu a pólvora: os mercados não são racionais, não há a tal de "eficiência de mercado".
Não, a notícia não está em nenhum boletim de grupos comunistas ou antissistema.
Saiu no "Financial Times", orgulhosamente pró-mercado. E apoia-se em pesquisa feita por gente de mercado, mais exatamente o "Chartered Financial Analyst Institute", que "há cinco décadas ensina como verdade religiosa análises baseadas na eficiência do mercado para dezenas de milhares de aderentes ao redor do mundo".
O braço britânico do instituto perguntou a seus membros se confiavam na eficiência do mercado.
Dois terços responderam que não, que não acreditavam que os "preços de mercado refletiam toda a informação disponível".
Note a sutileza da linguagem: o que os pesquisados responderam, na verdade, é que os preços de mercado refletem também -ou principalmente- a especulação.
Tem mais: 77%, mais de três quartos portanto, disseram que discordam "fortemente" ou "muito fortemente" de que os investidores se comportem racionalmente.
Conclusão do jornal, absolutamente correta, além de inescapável:
a mudança de opinião dos agentes de mercado tem significativo impacto, porque acreditar na eficiência dos mercados é o fundamento de uma infinidade de cálculos financeiros.
Para mim, não se trata de nenhuma revelação divina. A crise que começou no setor financeiro e invadiu a economia real já seria suficiente para destruir qualquer crença cega na eficiência dos mercados.
Só quero ver agora quantos séculos os fundamentalistas de mercado tapuias vão levar para aceitar o que seus companheiros britânicos estão dizendo.