quarta-feira, junho 17, 2009

FERNANDO CALAZANS

Altos e baixos

O GLOBO - 17/06/09

Há momentos em que a seleção brasileira, em insinuantes contra-ataques, lembra a seleção campeã mundial em 94, com a única desvantagem de que Luís Fabiano e Robinho não são Romário e Bebeto. Mas são bons, e a seleção parece mesmo aquela. Há outros momentos em que a seleção brasileira leva dois gols em dois minutos — e então ela parece o Flamengo, este mesmo de agora.
De uma forma ou de outra, interessa a Dunga é que a seleção brasileira está vencendo. Em parte, por méritos dela (e dele, naturalmente), em parte por demérito dos adversários — sobretudo os adversários daqui, da América do Sul, nas eliminatórias, que estão jogando cada vez menos e cada vez pior.
O Egito também entra nesse rol de adversários mais fracos da seleção brasileira, mas fez, para mim, um jogo mais agradável de se ver, lá na Copa das Confederações, do que os adversariozinhos daqui.
O problema é que a defesa do Egito, como costuma acontecer por lá, é primária. Dali para a frente, porém, como também costuma acontecer no futebol africano, ela ganha um toque de bola vistoso — ou ao menos mais vistoso do que o exibido por Uruguai, Paraguai, Colômbia, Bolívia, etc. Por incrível que pareça, eles podem exibir nas tramas ofensivas talento maior do que muitos dos atuais atacantes sul-americanos.
Foi exatamente o que vimos na vitória de 4 a 3 do Brasil, conquistada no último minutinho do jogo, com um gol de pênalti. Nos lances de seus dois gols, Kaká mostrou sua categoria superior. Não foi brincadeira a responsabilidade que lhe pesou nas costas na hora de bater o pênalti da vitória, no finzinho do jogo.
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Está faltando conversa com os jogadores do Vasco para controlar, ou pelo menos tentar, a violência de seus jogadores, que pode causar — entre outros males a adversários — expulsões e desfalques constantes no próprio time.
É exclusividade do Vasco? Que nada. Vejam o Flamengo. Contra o Inter, pela Copa do Brasil, Aírton deu um pisão em Nilmar, caído a seus pés. Foi absolvido pelo STJD. Não é novidade, com os tribunais esportivos que temos.
Mas, no Flamengo, será que não havia vivalma para orientar o jovem a não repetir a cena, com mais violência ainda, contra Ariel, do Coritiba? Nem supervisor, nem técnico, nem dirigentes. Ninguém. É essa a formação que o Flamengo oferece em suas divisões de base? A formação que se revela em Aírton?
Em contrapartida, cabe outra pergunta: clube que ostentava o glorioso slogan de “fazer craques em casa”, há quantos anos (ou décadas) o Flamengo não “faz” ou não “forma” um atacante de toque bonito e chute certeiro? Qual foi a última grande revelação de talento no ataque do Flamengo? Ah, não me lembro.
E o STJD — o que fará agora no julgamento de Aírton... se houver julgamento? Depois, os membros ilustres dos tribunais esportivos não haverão de saber por que o futebol brasileiro anda tão violento dentro e fora de campo.
Como se vê nas reportagens de Tadeu de Aguiar e Maurício Fonseca diretamente da África do Sul, o técnico Dunga, o “comandante” (como se diz agora) da seleção brasileira, anda distribuindo suas grosserias entre jornalistas de diversas nacionalidades, numa espécie de trailer do que fará, ano que vem, na Copa do Mundo.Dunga é uma espécie de Muricy Ramalho em esfera internacional.

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