sábado, março 28, 2009

NEGUIM DOS ZÓIO AZUL

EDITORIAL

LULA EM DIA DE CHÁVEZ 

EDITORIAL
O ESTADO DE S. PAULO - 28/3/2009


É extremamente positiva a imagem projetada pelo presidente Lula, no mundo, desde que assumiu o governo. Alvo de interesse e curiosidade compatíveis com a singularidade de sua biografia e trajetória política, dele se sabia que era o primeiro dirigente de um país do porte do Brasil a vir de muito baixo na escala social e que ascendera pela força de sua determinação e o impulso de seu invulgar talento para liderar. Pesava contra ele, no entanto, a imagem de radical raivoso, construída na condução de um partido que propunha "acabar com tudo isso que está aí". Não faltava quem desconfiasse de que a América Latina produzira mais um populista falastrão, cuja falta de preparo explicava a sua hostilidade à democracia liberal e à economia de mercado. E não faltava quem deplorasse, antes de conhecê-lo, o contraste com o seu antecessor.

Surpreendendo os céticos e desarmando os pessimistas, em pouco tempo Lula adquiriu junto aos dignitários, investidores e formadores de opinião do mundo desenvolvido um prestígio e até uma simpatia que beneficiaria imensamente o Brasil. De fato, não havia na cena internacional, nesse começo de século, um chefe de governo que combinasse como ele duras experiências pessoais, escassa escolaridade, aguda sensibilidade social, mas também instintiva facilidade para estabelecer improváveis relacionamentos calorosos - que o diga o ex-presidente George W. Bush - e, principalmente, capacidade de ouvir e assumir posições razoáveis no trato das questões que o levavam a correr o mundo. Esse notável Lula que aqui se evoca é como se não tivesse existido perto do Lula que acaba de se destacar na grande imprensa estrangeira por soltar uma bobajada que ninguém estranharia se tivesse saído da boca de um Hugo Chávez ou de um Mahmoud Ahmadinejad. E, o que é pior, na mais inapropriada das circunstâncias.

Ao lado do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, na entrevista que se seguiu ao encontro de ambos, no Palácio da Alvorada, Lula dissertou sobre a crise mundial, atribuindo-a a "comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis, que antes parecia que sabia tudo e que, agora, demonstra não saber nada". Ficasse nisso, a tirada xenófoba já seria suficientemente constrangedora. Mas ele se desmoralizou de vez na resposta a um perplexo jornalista britânico que lhe perguntou se essa visão não exprimia um viés ideológico. "Como eu não conheço nenhum banqueiro negro ou índio", emendou num raciocínio trôpego, "só posso dizer que não é possível que essa parte da humanidade que é a mais, eu diria, vítima do mundo (sic) pague por uma crise." De fato, ele não conhece, nem de ouvir falar, o negro Stan O?Neil, ex-presidente do Merrill Lynch, ou o negro Frank Raines, ex-presidente da Fannie Mae, duas instituições financeiras americanas cujo comportamento irracional ajudou a desencadear o colapso de Wall Street. E, se fossem brancos de olhos azuis, que diferença faria?

Não é preciso muita imaginação para adivinhar o que terá pensado nessa hora o premier britânico, que fez uma parada no Brasil a caminho de um evento no Chile, para tratar com Lula da reunião dos líderes dos países que integram o G-20, a se realizar na próxima quinta-feira, em Londres - e que poderá ser um marco na busca de soluções para a crise. Brown, um dos mais ativos líderes mundiais da atualidade, foi um dos primeiros a valorizar a participação do Brasil nessa espinhosa empreitada, respaldando o protagonismo do presidente brasileiro. Não havia no encontro entre ambos, portanto, ambiente para tiradas populistas ou estocadas inoportunas como a alusão de Lula ao "preconceito contra os imigrantes nos países desenvolvidos". Esse é um problema crescente na Grã-Bretanha, mas nada tem que ver com a crise, muito menos com o empenho de Brown em reavivar o comércio mundial - ele anunciou em Brasília que proporá na cúpula do G-20 a criação de um fundo de US$ 100 bilhões para financiar a retomada do intercâmbio de bens e serviços.

Quando sobe aos palanques, Lula se compraz em dizer o que lhe dá na telha, sem se preocupar com as consequências. Desta vez, a queda pela demagogia o traiu e envergonhou o País, que, aliás, sob o seu governo, se beneficiou mais do que qualquer outro dos resultados fabulosamente positivos do "comportamento irracional da gente branca de olhos azuis", para a economia global, até o estouro da bolha. 

CRISE SEM CABELO PIXAIM


BRANCA DO OLHO AZUL, CULPADA PELA CRISE

PARA...HIHIHI

MUDANÇA NO TEMPO

O surfista malhava, fazia jiu-jitsu, e ainda por cima era campeão estadual de surfe. Naturalmente, era muito vaidoso. Um dia, ao se olhar no espelho, viu que suas partes íntimas estavam muito brancas. Não combinavam com o belo bronzeado do resto de seu corpo.

Então, ele teve uma idéia…
No dia seguinte, foi à uma praia deserta, tirou o calção e se enterrou na areia, deixando apenas o respectivo de fora…

Nisso veio andando uma velhinha que, ao deparar-se com aquele estranho “objeto” na areia, falou, numa voz trêmula :

- Quando eu tinha 20 anos, eu tinha medo dessa coisa… Quando eu tinha 40 anos, eu queria mais e mais dessa coisa… Quando eu tinha 60 anos, eu tinha que pagar para ter essa coisa… Hoje, que eu tenho 80, essa droga cresce em qualquer lugar!

VILLAS-BÔAS CORRÊA

AS MIL CASAS DA CANDIDATA

Coisas da Política 
JORNAL DO BRASIL - 28/03/09

Com o lançamento do programa sua casa, meu voto, o governo acaba de fechar o mais competente plano eleitoral da história deste país. Emudece a oposição com a zoeira da construção de 1 milhão de casas populares, com o início das primeiras obras previsto para o primeiro trimestre de 2010, quando começa oficialmente a campanha eleitoral, e retoca o esquema com a clara superação das etapas de uma tática que tem muito de improviso e o molho da esperteza.

Ao longo das três eleições, com duas derrotas e a eleição e a reeleição, Lula tirou partido das lições de derrotas e vitórias. No primeiro mandato, a decepção com o PT enrolado nos escândalos que se transformaram em rotina do Legislativo, cimentou o desencanto com o partido que ele fundara como o maior líder sindicalista do país. E o Congresso passou a ser cultivado no varejo do toma-lá-dá-cá com os partidos disponíveis na praça, de que o PMDB é o melhor e didático exemplo.

Desde a reeleição, em 2006, Lula toca o governo com um olho nos programas sociais de resultados imediatos, como o Bolsa Família e o Bolsa Escola e o outro na montagem da sua sucessão, prioridade desde a evidente inviabilidade do terceiro mandato. Sem uma oposição que o ameace e apenas aborrece, como picadas de mosquito, Lula fechou a estratégia para a eleição do seu sucessor. E acabou achando a sucessora. No Norte e no Nordeste, como comprovam todas as pesquisas de intenção de voto, com os agrados dos programas sociais, os seus índices de aprovação passam além da maioria absoluta. E crescem a cada nova rodada de consulta aos eleitores. Mas, e o resto? De São Paulo e Minas, com governadores populares como José Serra e Aécio Neves, até o Rio Grande do Sul, a popularidade de Lula oscila ao sabor das circunstâncias. Mas sem a garantia da maioria que sustente a vantagem do Norte e do Nordeste.

O Programa Minha Casa, Minha Vida, para a construção de 1 milhão de residências, sem prazo para conclusão, é o tiro de misericórdia na oposição. O governo pode perder no debate no Congresso. Mas, e daí? Quem leva o mais democrático dos poderes a sério se ele não se dá ao respeito? Os últimos vexames na cascata de falcatruas dos mais de 300 diretores para cuidar das mordomias e da burocracia de 81 senadores e 513 deputados liquidaram com as sobras da credibilidade do Legislativo. Tático intuitivo, com a dura experiência da liderança sindical, Lula foi aperfeiçoando o esquema para a eleição da sua substituta, com uma série de medidas práticas, de discutível ética mas de imediatos resultados, que podem ser conferidos a olho nu. Não se faz campanha sem candidato, como a oposição está custando a aprender. Ora, para o jogo maroto do fingimento, Lula jura que não está em campanha, mas não nega que a ministra Dilma Rousseff é a sua candidata, que o PT engole fazendo careta e com o esgar do riso forçado.

Para correr o país em campanha eleitoral, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi uma mão na roda. A oposição protesta pela meia dúzia de senadores e um ou outro deputado, nos discursos da tribuna do Congresso. Mas, noves fora os registros na mídia, o Congresso é um sino sem badalo.

A campanha entra na sua última fase, em duas etapas distintas. A primeira, na mascarada das viagens nas asas do Aerolula para fiscalizar as obras do PAC, com a infalível presença da ministra-candidata, com lugar cativo ao lado de Lula no palanque e o improviso do treinamento para o segundo tempo. Mas, já e já, o cenário muda da água morna para o vinho. Nas próximas viagens para "fiscalizar as obras do PAC", o tema central dos discursos da candidata será o Programa Minha Casa, Minha Vida, ou sua casa, meu voto do apelido que rasga a fantasia para expor a evidência. A oposição resmunga, mas não tem artilharia para denunciar o escancarado e mortal objetivo eleitoral de um projeto que se apresenta com o traje adequado de um programa social, de indiscutível necessidade. E que apenas se propõe resolver a sétima parte do déficit habitacional de 7 milhões dos sem-teto.

Desde o lançamento, quebrou as mãos e pernas da oposição: nenhum ou muito poucos governadores e prefeitos terão condições políticas e respaldo eleitoral para criticar ou condenar um projeto que promete construir residências para os que vivem na rua ou em bibocas. A campanha, com a ministra-candidata no palanque, desfilará entre alas de aplausos por todo o país, tão logo a campanha chegue à rua e aos programas eleitorais em rede nacional.

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA

Diogo Mainardi
O elogio do atraso

"Nossa maior glória, de acordo com a reportagem da revista The Economist, foi ter permanecido lá atrás. 
No estatismo. No assistencialismo. No empreguismo. 
Na agiotagem. Nas negociatas"

O elogio do atraso. Quanto mais atrasado, melhor. Há algumas semanas, a revista The Economist analisou o atual estado da economia brasileira. Nossa maior glória, de acordo com a reportagem, foi ter permanecido lá atrás. No estatismo. No assistencialismo. No empreguismo. Na agiotagem. Nas negociatas patrimonialistas do BNDES. Agora tudo isso poderá nos proteger do rombo da economia mundial, causado por aquela "gente branca, loira e de olhos azuis", segundo Lula.

A reportagem da The Economist é ilustrada com a imagem de um homem de bermuda, tirando uma soneca num muro de pedra, diante de uma igreja. Os historiadores sempre associaram nosso atraso ao catolicismo ibérico. Como nosso trunfo é o atraso, a gente tem de ir mais à igreja. A gente tem de resgatar o Tribunal do Santo Ofício. A gente tem de dormir mais. Nosso lugar, como o de Macunaíma, é numa aldeia à margem do Uraricoera. The Economist recuperou o mito modernista do herói indolente e sem caráter, celebrando Mário de Andrade com oitenta anos de atraso. Quanto mais atrasado, melhor. Especialmente no caso de Mário de Andrade.

Coreia, Coreia, Coreia. Nos últimos anos, aconselharam-nos sem parar a imitar a Coreia. Que pegou um monte de dinheiro e o despejou todinho na escola. O único caminho para o progresso, repetia-se tediosamente, era o estudo. Os coreanos fizeram isso mesmo: estudaram. Deu certo por algum tempo. Até a economia mundial desabar. Quando desabou, a da Coreia desabou mais ainda. E o modelo brasileiro, baseado no torpor físico e moral, passou a ser comemorado nas páginas da The Economist. Quem mandou estudar tanto? A Coreia, hoje, tem uma indústria de ponta que compete com a dos países mais ricos, com produtos que ninguém se interessa em comprar. A gente, muito mais folgadamente, recolhe farelo de soja e minério de ferro e sai arrecadando uns trocados por aí. Conselho: estude menos e durma mais.

Há outras áreas em que o imobilismo e o atraso podem nos beneficiar. Neste período de empobrecimento generalizado, em que há maior chance de tumulto social, ter um povo domesticado e acovardado, como o nosso, representa uma grande vantagem. Outra área da qual temos de tirar proveito é o ambiente. Os Estados Unidos se preparam para torrar 150 bilhões de dólares em energia limpa e ineficaz, num prazo de dez anos. Ao mesmo tempo, planejam aumentar todos os impostos sobre as fontes de energia mais poluentes e eficazes. Nós, por outro lado, continuaremos a produzir como sempre fizemos, de maneira porca e barata: ateando fogo no mato e soltando o gado.

Daqui a dez anos, se a economia mundial continuar a se atrofiar, estaremos ainda melhor, colhendo os frutos de nosso atraso. The Economist dedicará mais uma página ao Brasil, numa reportagem altamente elogiosa a respeito de nossas queimadas, ilustrada com a imagem de um homem de bermuda, tirando uma soneca num muro de pedra, diante de uma igreja. E com enfisema pulmonar.

PANORAMA

REVISTA VEJA

Panorama
Holofote


Felipe Patury


Tucupi paraense

Dida Sampaio/AE


O deputado Jader Barbalho já esteve entre os principais conselheiros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos últimos dois anos, também manteve uma relação estreita com a governadora petista do Pará, Ana Júlia Carepa. Foi Jader quem desenhou a estratégia que resultou na eleição de Ana Júlia. Em retribuição, ganhou alguns dos principais cargos dos governos federal e paraense e tornou-se uma espécie de eminência parda de Ana Júlia. Essa relação está por um fio desde que Jader decidiu lançar seu filho, Helder Barbalho, prefeito da cidade de Ananindeua, à sucessão de Ana Júlia. A governadora, que sonha com a reeleição, azedou. Desde então, está mais próxima do cacique do PMDB paulista, Orestes Quércia, que está na oposição. Ela cogita até apoiar o tucano José Serra na eleição presidencial de 2010.

 

A fralda voadora

Divulgação


Afinal, uma notícia boa sobre a seguradora americana AIG. A Providência, empresa que a AIG brasileira, capitaneada por Marcelo Aguiar, divide com a Gol, pretende abrir uma filial nos Estados Unidos. Com duas fábricas no Brasil, a Providência detém nada menos que 80% do mercado nacional e 60% do sul-americano de não tecidos, a matéria-prima de fraldas descartáveis e absorventes. Com dinheiro em caixa, a empresa quer aumentar sua inserção na América do Norte. A conquista desse mercado também seria um grande passo para os planos da Providência de se fundir com um de seus concorrentes. Um deles é a Novacare, pertencente ao fundo americano Matlin Patterson, o mesmo que vendeu a Varig para a Gol. Se confirmado, o investimento nos Estados Unidos será de 500 milhões de reais.

 

Yeda à deriva

Antonio Cruz/ABR


O desgaste da governadora tucana Yeda Crusius, sempre às voltas com denúncias de corrupção, levou o DEM a dar início a articulações em torno da candidatura ao governo gaúcho de Germano Rigotto, do PMDB. As conversas são acompanhadas pela cúpula tucana e têm a simpatia de boa parte dela. Se forem exitosas, poderão ajudar a evitar que o PMDB desembarque na candidatura da petista Dilma Rousseff.

 

Bahia de todos os grampinhos

Antonio Milena/ABR


Como bem sabe o doutor Protógenes, a Polícia Federal é dona de um equipamento de escuta telefônica chamado Guardião, que monitora tanto os números do grampeado como os de seus interlocutores. Na Bahia, que tem um histórico pesado de grampos ilegais, há agora dois sistemas desse tipo. Um pertence ao Ministério Público local, que legalmente não tem a atribuição de grampear ninguém. O outro foi comprado sem licitação há dez dias pelo governoJaques Wagner. Pois é.

 

Empacou em Cuiabá

Euler Junior/Estado de Minas


Brasília anda preocupada com a evolução do PAC em Cuiabá. A capital mato-grossense, administrada pelo tucano Wilson Santos, tem três obras do programa federal penduradas na Controladoria-Geral da União. Em agosto de 2008, o órgão detectou irregularidades em duas obras de esgotos e em uma de abastecimento de água.

 

 

Os quatro monstrinhos de Hamburger

Mario Rodrigues


O diretor de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, Cao Hamburger,está de volta ao universo infantil. Criador da série e do filme Castelo Rá-Tim-Bum, Hamburger trabalha em uma nova série para a TV Cultura. Ele desenvolve um argumento no qual os personagens serão quatro monstrinhos. O diretor não quer saber de animação nem de atores. Pretende usar bonecos. Hamburger gostaria que o seriado se chamasse Crocs, mas deve mudar o título por causa da sandália homônima. A TV Cultura, uma fundação pública mantida pelo governo paulista, afirma que precisa de 5 milhões de reais para pôr o projeto de pé. O montante é idêntico ao que a fundação pretende levantar com a cobrança pela retransmissão de sua programação por outras TVs públicas.

J. R. GUZZO

REVISTA VEJA

J.R. Guzzo 
Caso encerrado

"É só para quem está na vida pública que existe 
a opção de passar por cima das regras e exigir, 
em seguida, que não se toque mais na história"

Um bom momento para examinar com mais calma como funciona a cabeça dos políticos brasileiros é logo depois que eles dão por "encerrado" qualquer dos casos em que vivem se metendo. Como se sabe, é assim que resolvem praticamente tudo, quando a coisa fica feia: dizem que o assunto não existe mais, e pronto. O senador Tião Viana, do PT, fornece um exemplo admirável, no noticiário mais recente, das vantagens oferecidas por esse estilo de vida. Sabia-se que o senador, no começo do ano, disputara e perdera a presidência do Senado Federal para José Sarney e, mais ainda, para seu homem forte, Renan Calheiros; na ocasião, foi dito que ele estava do lado do bem. Sabe-se, agora, que fez uso de um bem público em proveito particular, e, quando foi descoberto, prometeu ressarcir o Erário da União. Feito isso, deu o episódio por "encerrado".

A vida seria uma maravilha se o cidadão comum pudesse se comportar da mesma maneira no seu dia a dia – se pudesse, por exemplo, ignorar o prazo de 30 de abril para entregar à Receita Federal sua declaração de renda. Na hora em que a Receita viesse para cima dele, e é certo que virá, prometeria entregar o documento mais tarde e daria o caso por "encerrado". Não se recomenda a ninguém fazer esse tipo de coisa; se fizer vai acabar arrumando, com cem por cento de certeza, uma tremenda dor de cabeça. É só para quem está na vida pública que existe a opção de passar por cima das regras e exigir, em seguida, que não se toque mais na história. É por isso, justamente, que vale a pena tocar em histórias como a do senador Tião Viana, pois é nessa hora, quando ele diz que o problema acabou, que o problema de fato começa. No seu mundo mental, a partir daí, está tudo bem – e se está tudo bem é claro que todos, ele e seus colegas, ficam à vontade para continuar na mesma batida.

Os fatos, no caso, são simples. Em um certo momento, algum tempo atrás, o senador Tião pegou um celular de propriedade do Senado Federal, cujas faturas mensais são pagas pelo público, e entregou à filha, para que ela o utilizasse durante uma viagem pessoal ao México. Abriu campo, com isso, para uma série de perguntas de ordem prática. Por que, em primeiro lugar, ele entregou à filha um objeto que não lhe pertence? Por distração não pode ter sido. O senador, pelo que se imagina, sabe o que é seu e o que não é; não sai por aí pegando os celulares dos outros para falar de graça e não gostaria nem um pouco se alguém fizesse a mesma coisa com ele. Mas um celular do Senado, no seu modo de ver as coisas, não é realmente do Senado – é dele, para usar como bem entender, no Brasil ou no México. Nesse ponto o senador Tião não faz nada que a maioria dos seus colegas não faça; estão convencidos de que os bens exigidos por eles para exercer as suas funções – automóveis, residências, passagens aéreas e tudo o mais que conseguem arrancar do Erário – servem para atender a sua conveniência pessoal. Se alguém lhes lembrar que esses bens pertencem ao patrimônio público – ou "ao povo brasileiro", como gosta de dizer o partido do senador Tião –, vai ser tratado como um débil mental. Em qualquer caso, acham que o assunto é "pequeno", o que nos leva à pergunta seguinte: se uma conta de celular com ligações do México, por exemplo, é algo "pequeno", por que o responsável por ela não a pagou do próprio bolso, logo de cara? Já que o público está condenado a pagar as despesas maiores, poderia pelo menos ser poupado das despesas menores. O senador Tião, naturalmente, não é um morto de fome; poderia muito bem ter pago as conversas da filha. Mas não quis. Só concordou, pelo que ficou demonstrado, quando o caso apareceu no noticiário.

Surgem, aí, mais perguntas. Quanto o contribuinte teria de pagar se essa história continuasse escondida? O senador Tião não diz; acha que ninguém tem nada a ver com isso, a partir do momento em que prometeu cobrir a despesa. Como não fala, permite que apareçam todas as adivinhações sobre o montante. O que se sabe é que o senador, segundo ele próprio informou, levantou um empréstimo, a ser quitado em 72 prestações, para pagar o que ficou devendo pela viagem mexicana do celular. Quem levanta um empréstimo de seis anos para pagar uma conta de telefone? Não se entende.

O comentário mais comum, diante desse tipo de questão, é que não adianta discutir as partes quando o problema está no conjunto. Mas o diabo não se interessa pelo conjunto; ele gosta, mesmo, é de lidar com as partes. Sabe, por longa experiência, que se cuidar bem delas o conjunto sempre acaba vindo, mais cedo ou mais tarde.

GOSTOSA


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LÚCIA HIPPÓLITO

Hora de mudar o sistema eleitoral brasileiro

28/03/09

SÃO PAULO (AE) - O mensalão, os recentes escândalos no Senado e agora o envolvimento da construtora Camargo Correia em doações para partidos e políticos à base de caixa 2 revelam aquilo que já se sabe há tempos: o modelo de representação entrou em colapso no Brasil.
Modelos se esgotam. Em vez de reproduzir as virtudes, as qualidades, passam a reproduzir apenas os vícios, os defeitos. Quando isto acontece, está na hora de mudar. Nesta crise financeira em que o mundo inteiro está mergulhado, salta aos olhos o esgotamento do modelo de capitalismo baseado numa espécie de cassino em bolsa de valores, especulando com papéis lastreados em coisa nenhuma. 
Chega uma hora em que a casa cai. O modelo se esgota. É tempo de mudar. É o que já está acontecendo com o sistema eleitoral brasileiro, e não é de hoje. O sistema de representação não representa mais nada.
No voto proporcional, que elege vereadores e deputados, o eleitor vota e, no momento seguinte, perde completamente o controle sobre os caminhos percorridos pelo seu voto.
Em bom português: o eleitor brasileiro não tem a menor ideia de quem foi eleito com seu voto. No limite, vota num candidato honesto, e seu voto ajuda a eleger um bandido.
Porque o voto proporcional trabalha com o conceito de quociente eleitoral, aproveitando até a última gota a manifestação do eleitor.
Já o voto majoritário, que elege presidente, governador e senador, é mais direto. O eleitor vota num candidato. Se ele não for eleito, o voto não é reaproveitado, como no voto proporcional.
Mas, seja majoritário ou proporcional, o voto no Brasil distanciou muito os representantes dos representados. 
Deputados e senadores não representam mais ninguém. Representam apenas seus próprios interesses e os interesses de seus associados e apaniguados.
No caso dos senadores, temos em vigor esta excrescência que é o suplente. Cidadãos sem um único voto podem assumir presidências de comissões, discutem o orçamento, implementam interesses estranhos.
E desprezam a opinião pública, não prestam contas, não dão satisfação ao eleitor. Não precisam de votos.
Se não houver uma mudança substantiva na forma como as pessoas são eleitas no Brasil, ficaremos eternamente dependentes de pessoas honestas e bem-intencionadas.
É preciso enfrentar com coragem a mudança do sistema eleitoral brasileiro. O modelo esgotou-se. Está na hora de mudar.

FERNANDO RODRIGUES

Simulacro de indignação

FOLHA DE SÃO PAULO - 28/03/09

BRASÍLIA - A empreiteira Camargo Corrêa seguiu à risca a cartilha das horas amargas. A direção declarou-se perplexa. Afirmou ter feito doações a políticos sempre dentro da lei. O Democratas (ex-Arena, ex-PFL) também demonstrou indignação. Em nota, copiou a empreiteira. Disse fazer as coisas "de acordo com as leis do país".
Foram reações à última ação midiática da Polícia Federal, batizada de Operação Castelo de Areia. Camargo Corrêa, Democratas e alguns outros partidos deram azar. Desta vez, foram eles. É tudo obra do acaso. Nenhum partido ou empreiteira neste país está livre para bater no peito e bradar nunca ter entrado no negócio de "recursos de campanha não contabilizados", para usar o eufemismo de caixa dois criado por Delúbio Soares, o ex-tesoureiro de Lula e do PT.
A reação de todos os apanhados nessas situações segue uma lógica milimetricamente idêntica. Mostram-se surpresos em público e juram estar obedecendo a lei. Nenhum nunca se dispõe a fazer o básico: revelar, em detalhes, tudo o que recebeu (ou pagou) de doações políticas. Tome-se o caso da Camargo Corrêa.
A empreiteira diz fazer tudo dentro da lei. Poderia, portanto, divulgar uma lista completa dos dinheiros enviados a partidos e a políticos -desde os candidatos a vereador até a presidente da República. Nada a impede também de exigir dos partidos recebedores a revelação sobre uso dos recursos. Aí sim haveria transparência, e não apenas o simulacro de indignação assistido nos últimos dias.
Já os partidos estão convidados a detalhar como usam as doações recebidas das empreiteiras. Quem fica com cada centavo desse dinheiro? As siglas argumentarão não haver exigência legal para tal tipo de abertura. Ou, como ensina a filosofia delubiana, "transparência demais é burrice". É mais cômodo indignar-se com as ações da PF.

COME OU NÃO COME


MÍRIAM LEITÃO

Terra ainda treme


O GLOBO - 28/03/09

Doar dinheiro a partidos não é crime. Proibido é fazer isso por meio de contabilidade paralela. Alimentada por recursos de origem e destino obscuros, não raro captados mediante fraude na contratação de obras ou serviços pelo poder público e desviados em parte para o financiamento de campanhas eleitorais.

É sobre esse lado escuro das relações entre a construtora Camargo Corrêa com partidos de variados matizes e com o aparelho de Estado que incide a mais recente operação da Polícia Federal no setor do colarinho-branco.

A PF investigou durante um ano e meio crimes de lavagem de dinheiro, superfaturamento de obras públicas, remessa ilegal de dólares para o exterior e doação ilegal para partidos políticos. Prendeu diretores da empresa, secretárias e doleiros. Envolveu sete legendas significativas – PSDB, PMDB, PPS, PDT, DEM e PP – e, é claro, provocou protestos, embora tenha recebido também elogios pela relativa sobriedade da ação.

Teria se mantido totalmente dentro do melhor figurino, não fosse a divulgação do nome de dois senadores – coincidentemente integrantes dos dois maiores partidos de oposição – que tinham como provar a legalidade das doações recebidas.

Aí a PF claudicou visivelmente, abrindo a guarda para as críticas de que agiu orientada por “viés político”. De fato, se Agripino Maia (DEM) e Flexa Ribeiro (PSDB) são os únicos políticos citados e não se enquadram nos delitos investigados, por que citá-los como envolvidos numa operação criminosa?

Há sempre a possibilidade de haver mais contra ambos no inquérito. Mas, se há, por que divulgar doações registradas na Justiça Eleitoral e, portanto, legais?

Se não há, divulgou-se para constranger. Sem necessidade, pois esse tipo de detalhe acaba dando margem para que se desvie o foco da questão central e se desacredite o conjunto do trabalho que reúne informações substanciais sobre, por exemplo, o superfaturamento de R$ 72 milhões nas obras da refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, em Pernambuco.

Na última leva divulgada das gravações de conversas entre diretores da construtora sobre as relações da empresa com partidos, incluiu-se o PT, cuja ausência da lista estava sustentando a argumentação de uso político.

O partido, assim como as outras legendas, alega que recebeu da Camargo Corrêa de forma legal. A verdade comprova-se ou se derruba facilmente no Tribunal Superior Eleitoral.O problema não está aí. O que joga suspeição sobre os negócios entre a empresa, partidos e políticos é a prática do caixa 2, a ingerência partidária nos negócios administrativos do Estado e a transformação do Congresso numa instituição que cada vez menos representa as demandas da sociedade e cada vez mais defende os interesses de lobbies. Públicos e privados.

É o conjunto da obra que estigmatiza e torna verossímil qualquer acusação contra políticos e empreiteiras, independentemente de serem verdadeiras ou falsas. A relação é viciada, a corrupção grassa e não é combatida a não ser por meio de artificialismos de propaganda. As práticas abusivas são aceitas, desculpadas e, quando denunciadas, em geral acabam rendendo prejuízo mesmo para quem denuncia.

Essa última operação da PF por ora não provou tudo o que disse, mas só de falar a respeito de coisas que todo mundo sabe já é um avanço. Nem a Camargo Corrêa pode em sã consciência se dizer “perplexa” nem o mundo político tem autoridade para denunciar uma “armação”.

No mínimo, por causa da prática do caixa 2. Admitida por todos e praticamente oficializada pelo presidente Luiz Inácio da Silva quando, em 2005, corroborou a tese do delito eleitoral com a qual o PT pretendia negar crimes de corrupção, dizendo que o partido fazia “o que sistematicamente se faz no Brasil”.

Não há surpresa, portanto. Muito menos razão para tanta indignação.

Conceito de ética

O novo presidente do Conselho de Ética da Câmara é um homem em consonância com seu tempo e espaço. O deputado José Carlos Araújo acha que há diversos graus de compostura e defende penas mais leves no caso de quebra do decoro parlamentar, hoje punida com cassação de mandato.

Se a quebra for só um pouco indecorosa, advertência. Se for mais ou menos indecorosa, seis meses de suspensão.

O deputado Edmar Moreira, defensor da extinção pura e simples de julgamentos no Parlamento, está em vias de ser julgado pelo conselho ora presidido pelo deputado que tenta revogar um conceito que não admite meio-termo. Decoro, ou a pessoa tem ou não tem. E quem dá uma ideia dessas, obviamente não tem.

Avesso do avesso

Dirão que contra os ricos vale tudo, mas nem por isso deixa de ser racista a declaração do presidente Lula atribuindo a culpa da crise econômica à “gente branca, loura, de olhos azuis”.

DORA KRAMER

Os suspeitos de sempre


O ESTADO DE SÃO PAULO - 28/03/09

Doar dinheiro a partidos não é crime. Proibido é fazer isso por meio de contabilidade paralela. Alimentada por recursos de origem e destino obscuros, não raro captados mediante fraude na contratação de obras ou serviços pelo poder público e desviados em parte para o financiamento de campanhas eleitorais.

É sobre esse lado escuro das relações entre a construtora Camargo Corrêa com partidos de variados matizes e com o aparelho de Estado que incide a mais recente operação da Polícia Federal no setor do colarinho-branco.

A PF investigou durante um ano e meio crimes de lavagem de dinheiro, superfaturamento de obras públicas, remessa ilegal de dólares para o exterior e doação ilegal para partidos políticos. Prendeu diretores da empresa, secretárias e doleiros. Envolveu sete legendas significativas – PSDB, PMDB, PPS, PDT, DEM e PP – e, é claro, provocou protestos, embora tenha recebido também elogios pela relativa sobriedade da ação.

Teria se mantido totalmente dentro do melhor figurino, não fosse a divulgação do nome de dois senadores – coincidentemente integrantes dos dois maiores partidos de oposição – que tinham como provar a legalidade das doações recebidas.

Aí a PF claudicou visivelmente, abrindo a guarda para as críticas de que agiu orientada por “viés político”. De fato, se Agripino Maia (DEM) e Flexa Ribeiro (PSDB) são os únicos políticos citados e não se enquadram nos delitos investigados, por que citá-los como envolvidos numa operação criminosa?

Há sempre a possibilidade de haver mais contra ambos no inquérito. Mas, se há, por que divulgar doações registradas na Justiça Eleitoral e, portanto, legais?

Se não há, divulgou-se para constranger. Sem necessidade, pois esse tipo de detalhe acaba dando margem para que se desvie o foco da questão central e se desacredite o conjunto do trabalho que reúne informações substanciais sobre, por exemplo, o superfaturamento de R$ 72 milhões nas obras da refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, em Pernambuco.

Na última leva divulgada das gravações de conversas entre diretores da construtora sobre as relações da empresa com partidos, incluiu-se o PT, cuja ausência da lista estava sustentando a argumentação de uso político.

O partido, assim como as outras legendas, alega que recebeu da Camargo Corrêa de forma legal. A verdade comprova-se ou se derruba facilmente no Tribunal Superior Eleitoral.O problema não está aí. O que joga suspeição sobre os negócios entre a empresa, partidos e políticos é a prática do caixa 2, a ingerência partidária nos negócios administrativos do Estado e a transformação do Congresso numa instituição que cada vez menos representa as demandas da sociedade e cada vez mais defende os interesses de lobbies. Públicos e privados.

É o conjunto da obra que estigmatiza e torna verossímil qualquer acusação contra políticos e empreiteiras, independentemente de serem verdadeiras ou falsas. A relação é viciada, a corrupção grassa e não é combatida a não ser por meio de artificialismos de propaganda. As práticas abusivas são aceitas, desculpadas e, quando denunciadas, em geral acabam rendendo prejuízo mesmo para quem denuncia.

Essa última operação da PF por ora não provou tudo o que disse, mas só de falar a respeito de coisas que todo mundo sabe já é um avanço. Nem a Camargo Corrêa pode em sã consciência se dizer “perplexa” nem o mundo político tem autoridade para denunciar uma “armação”.

No mínimo, por causa da prática do caixa 2. Admitida por todos e praticamente oficializada pelo presidente Luiz Inácio da Silva quando, em 2005, corroborou a tese do delito eleitoral com a qual o PT pretendia negar crimes de corrupção, dizendo que o partido fazia “o que sistematicamente se faz no Brasil”.

Não há surpresa, portanto. Muito menos razão para tanta indignação.

Conceito de ética

O novo presidente do Conselho de Ética da Câmara é um homem em consonância com seu tempo e espaço. O deputado José Carlos Araújo acha que há diversos graus de compostura e defende penas mais leves no caso de quebra do decoro parlamentar, hoje punida com cassação de mandato.

Se a quebra for só um pouco indecorosa, advertência. Se for mais ou menos indecorosa, seis meses de suspensão.

O deputado Edmar Moreira, defensor da extinção pura e simples de julgamentos no Parlamento, está em vias de ser julgado pelo conselho ora presidido pelo deputado que tenta revogar um conceito que não admite meio-termo. Decoro, ou a pessoa tem ou não tem. E quem dá uma ideia dessas, obviamente não tem.

Avesso do avesso

Dirão que contra os ricos vale tudo, mas nem por isso deixa de ser racista a declaração do presidente Lula atribuindo a culpa da crise econômica à “gente branca, loura, de olhos azuis”.

PAINEL

Discurso pronto

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO 28/03/09

Os partidos ensaiam uma justificativa-padrão para os "por dentro" e os "por fora" que aparecem nos grampos da Operação Castelo de Areia, em diálogos alusivos a financiamento de campanhas. "Por dentro" seriam doações feitas aos comitês dos candidatos. "Por fora", aos partidos -contrariando o sentido de "caixa dois" desde sempre associado à expressão.
Foi assim que o DEM explicou os R$ 300 mil recebidos por Mendonça Filho da Camargo Corrêa, "por fora", na campanha de 2006 em Pernambuco: teriam chegado ao partido e sido repassados em duas parcelas ao candidato. O PSDB dirá que o dinheiro da empreiteira abastecia o cofre dos diretórios estaduais e nacional, os quais decidiam quanto dar e a quem.




Foco. Advogados e executivos da Camargo Corrêa questionam o fato de a empresa ser a única atingida pela operação da PF, que tem como mote denúncia de sobrepreço na refinaria Abreu e Lima, se ela não comanda o consórcio contratado pela Petrobras para executar a obra. A líder do grupo, integrado ainda pela Queiroz Galvão, é a Odebrecht. 

Currículo 1. Guilherme Cunha Costa, lobista da Camargo Corrêa mencionado na decisão judicial que permitiu deflagrar a Operação Castelo de Areia, costuma promover jantares com deputados e senadores em seu apartamento em Brasília. Tem um ótimo trânsito nas comissões de Orçamento, Infraestrutura e Minas e Energia. 

Currículo 2. Citado numa das escutas da Polícia Federal como suposto destinatário de repasses da Camargo Corrêa, o senador Flexa Ribeiro (PSDB) foi presidente da Federação das Indústrias do Pará e diretor da Confederação Nacional da Indústria. 

Porta-voz. De Flexa Ribeiro, na tribuna, em 2 de fevereiro de 2006, condenando a invasão de uma área da construtora pelo MST: "É importante que o Brasil tome conhecimento de que o investimento da Camargo Corrêa Metais no Pará é da ordem de US$150 milhões e gera, entre empregos diretos, terceirizados e indiretos, algo em torno de 5 mil postos de trabalho".

Areia. A Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, não é a única obra tocada pela Camargo Corrêa na qual o Tribunal de Contas da União apontou indícios de irregularidades. No dia 13 passado, o TCU voltou a identificar sinais de sobrepreço nas obras do metrô de Fortaleza, incluídas na lista do PAC.

SÁBADO NOS JORNAIS

Folha: Investigação atinge outra obra da Camargo Corrêa

 

Estadão: Corte no IPI dos carros vale por mais três meses

 

JB: Governo segura preço dos carros

 

Correio: Lula: “não é hora de pedir aumento”

 

Globo: Lula aconselha a não pedir aumento

Valor: Montadoras e grande varejo conseguem crescer na crise

 

Gazeta Mercantil: Vendas de caminhões reagem em março