sábado, maio 16, 2009

MERVAL PEREIRA

O que falta?

O GLOBO - 16/05/09

Para o Brasil se firmar como um dos líderes do novo mundo que está sendo desenhado pela crise internacional, seria preciso uma visão estratégica de longo prazo de seus governantes, focando especialmente a inovação tecnológica e ações em setores modernos da economia que têm repercussão internacional, como o meio ambiente. Mas há quem duvide da capacidade do país de sustentar uma liderança internacional, seja pela visão equivocada com relação ao poder que exerce na região, seja pela própria incapacidade de definir posições inequívocas nas relações internacionais, terreno no qual estariam cada vez mais aparentes suas deficiências técnicas.

Faltaria, também, resolver problemas internos, como as reformas estruturantes na economia.

O ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira, por exemplo, acha que é urgente adotar “visão ampla de futuro” para poder aproveitar as oportunidades da nova realidade, que, segundo sua visão, “será turbinada pelo conhecimento, respeitosa e exigente quanto ao meio ambiente, carente de alimentos e matérias primas de que somos fornecedores significativos, e sensível às disparidades, tanto geográficas, quanto sociais”.

Ele vê “graves deficiências” a serem superadas, algumas nos diferenciando dos outros Brics. “Nosso baixo nível de poupança e investimento; o espantoso menosprezo secular que devotamos à educação; o insuficiente esforço em pesquisa e desenvolvimento, em ciência e tecnologia, o que inibe a inovação; a frágil e deteriorada infraestrutura física e humana; a inapetência, que não é de agora, em perseguir as reformas estruturantes — a fiscal (não apenas tributária, mas também a de gastos); a previdenciária, a trabalhista e a da gestão eficaz do Estado, que requer modernizar a sufocante burocracia onipresente”.

Já para Paulo Sotero, diretor do Brazil Institute, do Woodrow Wilson International Center for Scholars, de Washington, a recente ascensão internacional do Brasil aconteceu num período em que, “pela primeira vez em sua história, o país conseguiu combinar democracia e estabilidade”.

Fortalecer ambas é, para ele, “condição indispensável” para consolidar os espaços de liderança do Brasil no mundo multipolar que começa a tomar forma. O que significa “reconhecer que estão em casa — na insegurança, na corrupção, na impunidade, na educação deficiente, na desigualdade — os fatores que mais limitam a ação internacional do país”.

Ao mesmo tempo, ressalta Sotero, “é essencial dosar o uso do capital diplomático nacional, investindo-o nas áreas geográficas (América do Sul e Caribe, África) e temas globais (mudança climática, energia, reforma da governança política e econômica internacional, combate ao crime organizado), que correspondem ao interesse nacional e nos quais o país pode fazer diferença”.

O sociólogo Amaury de Souza, da MCM Consultores, advoga posição cautelosa, dizendo que o primeiro passo consistiria “numa avaliação realista dos nossos recursos de poder, o que exige lucidez para identificar nossas vulnerabilidades e determinação para superá-las”.

Um mundo multipolar, lembra, não é necessariamente um mundo multilateralista, e só poder econômico e uma diplomacia sofisticada não bastam. Amaury de Souza se preocupa com “o virtual divórcio entre nossa política externa e a política de segurança e defesa. Tudo se passa como se o poder militar não fosse valioso instrumento de política externa”.

Na sua definição, “soft power (isto é, a opção pelo diálogo e persuasão) é boa política, mas smart power (a combinação de diálogo com pressão) é melhor”. Liderar, lembra Amaury de Souza, significa também assumir responsabilidades perante terceiras nações ou, “para usar o jargão atual, produzir bens públicos internacionais”, o que implica “arcar com custos consideráveis, seja mobilizando a ação coletiva em prol de algum interesse comum (meio ambiente, por exemplo) ou empreendendo ação unilateral em benefício de todos (proteção militar de rotas comerciais marítimas)”.

O sociólogo Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), é cético quanto a maior relevância do Brasil no cenário mundial.

“O tamanho da economia, a expansão do comércio internacional e a estabilidade econômica consolidada a partir do plano Real certamente ajudam”.

Para ele, no entanto, o Brasil continua tentando ser líder de um “terceiro mundo” que já deixou de existir, em um ativismo de muito poucos resultados. “Não vejo que existam parcerias sólidas e entendimento político com os outros Brics — China, Índia, Rússia — e namoros com lideranças como Chàvez, Morales e Ahmadinejad não ajudam”.

O economista Paulo Vieira da Cunha, ex-diretor do Banco Central, hoje atuando no mercado de capitais em Nova York, diz que falta competência: “Como a China está aprendendo, não é fácil ter uma presença internacional”.

Ele diz que a presumida competência do Itamaraty não se faz sentir em aspectos financeiros. “O Ministério da Fazenda não tem estrutura e nem o Banco Central. Nenhuma instituição, afora o Ministério das Relações Exteriores, tem um acompanhamento sistemático de países”.

“O resultado é que a política é personalizada, na figura do ministro, do diretor no FMI, com resultados insatisfatórios”.

Paulo Vieira da Cunha admite que, de fato, o Brasil é hoje parte importante nos foros financeiros internacionais, e não só no G-20 e no FMI, mas também em outros organismos internacionais.

Mas lamenta que o Brasil não tenha “capacidade de opinar propositivamente, não entra na parte substantiva das discussões”. A China também reluta em tomar qualquer liderança, discute bilateralmente, e objeta. Não é construtiva. “Mas a China é a China”, encerra Paulo Vieira da Cunha.

(Amanhã, as vantagens comparativas)

O PUTEIRO BRASIL

REVISTA VEJA

Brasil
UM CURIOSO E APIMENTADO CASO DE AMOR...

...com o dinheiro público. No Tocantins, recursos 
oficiais são usados até para comprar as roupas
íntimas da mulher do governador


Alexandre Oltramari e Diego Escosteguy

Humberto Leão/Secom
SEM LIMITE O governador Marcelo Miranda e sua mulher, Dulce: joias, presentes e caridade. Mas quem paga é o contribuinte


VEJA TAMBÉM
Exclusivo on-line
• Vídeo: trechos de cenas de corrupção explícita

O Tribunal Superior Eleitoral começará a julgar nesta semana mais um processo de cassação envolvendo um governador – o quarto nos últimos quatro meses. O réu é o governador do Tocantins, Marcelo Miranda, do PMDB, acusado de abuso de poder econômico na eleição de 2006. Se for inocentado, Miranda não terá muito tempo para comemorar. O governador está prestes a enfrentar outra encrenca colossal. No início deste mês, a secretária Ângela Costa Alves decidiu contar à Polícia Federal tudo o que viu e, principalmente, todos os trambiques que ajudou a fazer como principal assessora de Dulce Miranda, a mulher do governador. A ex-funcionária, que trabalhou com a primeira-dama de 2003 a 2006, disse que foi obrigada a abrir uma conta para receber dinheiro desviado do governo do estado, com o qual bancava, entre outras coisas, despesas como joias e roupas íntimas para Dulce. O depoimento, por si só, já seria devastador para a imagem do governador. Mas é pior. Ângela Alves também entregou à PF algumas provas do que ela testemunhou. A pilha de documentos inclui recibos do dinheiro vivo distribuído a eleitores, extratos da empresa que usou para lavar dinheiro do governo e até um vídeo com cenas de corrupção explícita (trechos podem ser vistos abaixo).

Segundo a ex-assessora, depois de várias denúncias de nepotismo, Miranda foi obrigado a exonerar a mulher de uma das secretarias do governo. Para que ela continuasse mantendo seu padrão de vida, o governador criou uma estrutura clandestina para drenar recursos públicos. Uma empresa simulava contratos com o governo e repassava os valores recebidos para a conta administrada por Ângela Costa. De acordo com extratos em poder da polícia, em apenas seis meses a empresa recebeu 3,6 milhões de reais. O dinheiro, conforme depoimento da secretária, era distribuído à primeira-dama e a um tio do governador, além de ser usado para pagar despesas pessoais do primeiro-casal. "Entreguei dinheiro nas mãos dela várias vezes. Entreguei dentro do palácio e até dentro do quarto dela", contou Ângela a VEJA.

No réveillon de 2006, a empresa Reis & Arruda recebeu 750 000 reais do governo do Tocantins para bancar as despesas da festa oferecida pelo primeiro-casal. O rega-bofe, porém, custou apenas 300 000 reais. Os 450 000 reais do superfaturamento, de acordo com a ex-servidora, foram divididos entre a primeira-dama (56 000 reais), um empresário (44 000 reais) e um secretário do governo (350 000 reais). Ângela entregou à PF extratos de sua conta mostrando o depósito de 750 000 reais, as despesas verdadeiras com a festa e o saque na boca do caixa de 450 000 reais. Também entregou documentos de outras despesas superfaturadas, que abasteceram o duto dos desvios. "Muitas só existiram no papel. O dinheiro eu usava para pagar despesas dela ou entregava a quem ela e o tio do governador mandavam", afirma. Ângela diz, ainda, ter comprado roupas para o governador e joias para a primeira-dama. "As joias foram presente de aniversário de casamento. Enrolei em uma camisola de seda, da cor dos olhos dela, e entreguei a ele. Ela abriu o presente pela manhã, em casa, na frente dos filhos."

TELA QUENTE Ângela Costa e o vídeo com cenas explícitas de corrupção: propina em nome da primeira-dama

A ex-assessora relatou ter distribuído dinheiro a beneficiários do programa Governo Mais Perto de Você, uma peregrinação que secretários e a primeira-dama faziam pelo interior do Tocantins. Nesses eventos, segundo Ângela, Dulce Miranda distribuía dinheiro vivo à população. Para provar, ela entregou à PF um relatório assinado por uma assessora do governo, listando, uma a uma, 97 pessoas atendidas por Dulce Miranda em Ananás, a 520 quilômetros da capital, no dia 29 de abril de 2006. Ao lado dos nomes, há uma descrição do atendimento solicitado, como cesta básica, colchão, material de construção, casa própria, botijão de gás, passagem e "ajuda de custo". Com a lista, a ex-assessora entregou dezenas de recibos, assinados pelos eleitores, atestando a distribuição do dinheiro.

Procurado por VEJA, o governo do Tocantins informou que tomou conhecimento do depoimento da ex-assessora na semana retrasada e desmente todas as acusações. "São alegações sem provas. Não há sequer um inquérito, uma investigação formal. Tanto que nem fomos notificados pela Polícia Federal", diz o secretário de Comunicação, Sebastião de Melo. Ele encaminhou a VEJA uma carta enviada pela ex-assessora ao governador em janeiro passado, na qual ela se mostra arrependida das acusações que, depois, veio a confirmar oficialmente à polícia, inclusive anexando uma novidade escabrosa. Trata-se de um vídeo gravado em outubro de 2008. Nele aparece José Francisco do Santos, gerente de compras do governo, extorquindo um fornecedor. Ele pede 3 500 reais. "A primeira-dama pediu pra eu comprar um notebook para ela por 3 500. Assim que eu conseguir, eu vejo aquele empenho pra você", diz Santos, ao embolsar um maço de dinheiro. Ao final, o empresário pede ajuda para sua empresa se livrar do pagamento de multas e impostos. O governo do Tocantins tomou conhecimento da propina em outubro passado, por meio de um amigo do empresário extorquido. O gerente de compras foi afastado do cargo – e, em seguida, transferido para uma empresa estatal, a Mineratins, cumprindo determinação do governador Marcelo Miranda.

RUY CASTRO

Prisão perpétua

FOLHA DE SÃO PAULO - 16/05/09

RIO DE JANEIRO - Na madrugada do dia 7, em Curitiba, o deputado estadual Francisco Carli Filho, 26, literalmente decolou com seu carro, um Passat preto, e passou como uma navalha sobre um Honda Fit prata, matando os dois ocupantes deste, de 20 e 26 anos. O choque atirou os carros na outra pista. Um dos rapazes foi decapitado.
Uma testemunha declarou que o Passat vinha em alta velocidade, a ponto de levantar voo ao atravessar um desnível. Os bombeiros encontraram o velocímetro congelado em 190 km/h. Nove deles disseram que, ao ser socorrido, o deputado estava "visivelmente alcoolizado". Apesar disso, a polícia de Curitiba levou uma semana para pedir amostras de sangue do deputado.
O deputado tinha 30 multas de trânsito, das quais 23 por excesso de velocidade, e 130 pontos na carteira -o máximo permitido é 20 pontos por ano. Estava com a habilitação suspensa desde julho de 2007, mas continuava dirigindo.
Nos primeiros dias, o noticiário privilegiou a informação de que o deputado saíra gravemente ferido do acidente e só se referia de passagem à morte dos dois rapazes. Seus assessores levantaram "suspeitas" de que tivesse havido um pega entre os carros ou que a culpa pelo acidente pudesse ser do Honda -tramoia desmentida pela testemunha. O deputado pertence a uma influente família de políticos paranaenses, com poderes sobre alguns meios de comunicação.
Nos EUA, a punição para esse tipo de acidente, mesmo sem tantos agravantes, pode levar à prisão perpétua. No Brasil, o deputado, se se recuperar do choque, logo estará de novo ao volante e à sua cadeira na Assembleia local. Condenados à prisão perpétua estão os pais dos rapazes mortos -a mãe de um deles, ao ser chamada após a tragédia, recebeu a cabeça de seu filho para reconhecer.

GOSTOSA


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PAINEL

Inflamável

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 16/05/09

Por trás da inusitada parceria do DEM com o governo para abortar a CPI da Petrobras, tucanos enxergam interesse específico do líder "demo" José Agripino Maia (RN). Alegam que a investigação invevitavelmente esbarraria nos negócios da Comav (Comércio de Combustível para Aviação), empresa cujo sócio majoritário é o deputado Felipe Maia, filho do senador. A Comav tem contratos com a BR Distribuidora para abastecer os aeroportos de Natal e Mossoró.
A CPI também poderia bater nos negócios do empresário Sinval Moreira Dias, filiado ao DEM e sócio da família Maia. Para completar, em 2010 a Comav terá de renovar seu contrato com a Petrobras.

Negócios. Em 2006, antes da renovação do contrato com a BR Distribuidora, Felipe Maia declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 3,9 milhões. Nesse documento, o deputado avaliou sua cota na Comav em R$ 120 mil. 

Eu não. Agripino nega que tenha interesse pessoal no caso. "É um absurdo. Felipe tem esse contrato há quase dez anos. Foi uma concorrência", afirma o senador, para em seguida se voltar contra os tucanos: "Eu fui um dos primeiros a assinar a CPI. E o Arthur Virgílio concordou com o acordo [para adiar a instalação]. Por que será que ele foi desautorizado pelo PSDB?". 

Inconfidência. Partiu de Aécio Neves o primeiro telefonema para motivar a bancada tucana a insistir na instalação da CPI. O governador está incomodado com o tombo de 90% nos repasses da Cide para Minas, fruto de manobra contábil que permitiu à Petrobras pagar menos imposto. Até o pacato Eduardo Azeredo pegou em armas graças ao estímulo do governador. 

Prancheta. Na negociação com senadores demo-tucanos para a retirada de assinaturas do requerimento da CPI, o governo incluiu obras de gasodutos em Mato Grosso, novas plantas de refinaria em Sergipe e no Rio Grande do Norte e a construção de um oleoduto em Alagoas. E com a promessa de que os senadores serão "padrinhos" das obras. 

Local. Enquanto até senadores da oposição se viam tentados a assumir o desgaste de riscar suas assinaturas do requerimento da CPI, Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) permanecia impassível em sua disposição investigativa. A justificativa é a de sempre: disputa com o conterrâneo Romero Jucá (PMDB-RR).

Tiroteio

"Nossa aliança é com o PSDB, não com o PMDB ou com o governo. Nosso caminho é na oposição, e não podemos dar motivo para que a cizânia com os tucanos se aprofunde." 


De DEMÓSTENES TORRES (DEM-GO), presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, sobre a divergência entre seu partido e o PSDB em torno da instalação da CPI da Petrobras.

Contraponto

Zoológico O plenário da Câmara discutia no final de março um polêmico artigo introduzido pelo relator Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na medida provisória 450, flexibilizando as licitações na Eletrobrás. Da bancada tucana surgiram os primeiros protestos. Tratava-se, disse um deputado, de "jabuti na árvore". Ou seja, alguém o havia colocado ali. Chico Alencar (PSOL-RJ) teve outra ideia:
-Ou será bacalhau em água rasa?
Os mineiros entraram na onda:
-É ovelha desgarrada, presa fácil de lobos...-, disse um deles, buscando trocadilho com o nome do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), correligionário de Cunha.

PARA...HIHIHI

SEM CONEXÃO

Eu nunca havia entendido porque as necessidades sexuais dos homens e das mulheres são tão diferentes.Nunca tinha entendido isso de "Marte e Vênus". E nunca tinha entendido porque os homens pensam com a cabeça e as mulheres com o coração.
Uma noite, semana passada, minha mulher e eu estávamos indo para a cama. Bom, começamos a ficar a vontade, fazer carinhos, provocações, o maior "T" e, nesse momento, ela parou e me disse: Acho que agora não quero, só quero que você me abrace... Eu falei:- O QUEEE??? Ela falou: - Você não sabe se conectar com as minhas necessidades emocionais como mulher.
Comecei a pensar no que podia ter falhado. No final, assumi que aquela noite não ia rolar nada, virei e dormi.
No dia seguinte, fomos ao shopping.
Entramos em uma grande loja de departamentos... Fui dar uma volta enquanto ela experimentava três modelitos caríssimos. Como não podia decidir por um ou outro, falei para comprar os três. Então, ela me falou que precisava de uns sapatos que combinassem a R$ 200,00 cada par. Respondi que tudo bem. Depois fomos à seção de joalheria, onde escolheu uns brincos de diamantes. Estava tão emocionada!!Deveria estar pensando que fiquei louco. Acho até que estava me testando quando pediu uma raquete de tênis, porque nem tênis ela joga. Acredito que acabei com seus esquemas e paradigmas quando falei que sim.
Ela estava quase excitada sexualmente depois de tudo isso. Vocês tinham que ver a carinha dela, toda feliz! Quando ela falou: - Vamos passar no caixa para pagar, amor?
Dai eu disse:: Acho que agora não quero mais comprar tudo isso, meu bem... Só quero que você me abrace.
Ela ficou pálida. No momento em que começou a ficar com cara de querer me matar, falei: Você não sabe se conectar com as minhas necessidades financeiras de homem.
Vinguei-me, mas acredito que o sexo acabou para mim até o Natal de 2010.

BRASIL


FERNANDO RODRIGUES

Senado à deriva

FOLHA DE SÃO PAULO - 16/05/09

BRASÍLIA - O vaivém da CPI da Petrobras é o sintoma mais recente da fragilidade da base de Lula dentro do Senado. Por mais de uma semana, o Planalto tentou evitar a instalação da investigação. Ontem, ao longo do dia, aliados lulistas se esfalfavam para convencer meia dúzia de senadores a retirar o apoio à CPI. O que aconteceu para se chegar a uma situação em que o governo teve de suar frio? Basicamente nada. O PMDB continua espetando a faca na barriga de Lula, como sempre fez. O PSDB procura mimetizar a atitude típica do PT de anos atrás, vociferando sem parar.
O PT, abúlico, copia o PSDB fernandista, repetindo ser necessário "pensar no país". E Lula tentou demonstrar surpresa ao saber do risco de a Petrobras ir para o centro do picadeiro do Congresso.
A origem da atual descoordenação governista é a relação fisiológica abraçada por Lula desde o início de governo na hora de tratar com o Congresso. Essa metodologia produz longos períodos de calmaria, mas às vezes um interesse contrariado se transforma num fio desencapado. O PMDB está num desses momentos, depois de perder alguns cabides de emprego na Infraero. Os tucanos são indecisos, mas não são bobos. Perceberam a janela de oportunidade e tentaram surfar nessa onda.
Há também outra peça relevante nesse cenário conturbado no Senado: José Sarney. O senador que fez carreira no Maranhão, elege-se pelo Amapá e anda sumido do público foi uma daquelas mercadorias que o PMDB sempre promete e não entrega. Em janeiro, Sarney era oferecido ao Planalto como o único capaz de presidir o Senado e mantê-lo com viés lulista.
Passados menos de quatro meses de sua posse, Sarney acumula mais de 20 escândalos sem solução no Senado. A Casa virou uma espécie de império do baixo clero bem remunerado. Deve estar causando inveja em alguns deputados.

ATENTADO RACIALISTA


EDITORIAL

O GLOBO - 16/5/2009

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei de importância transcendental, capaz de levar o Brasil a viver a experiência do racismo como jamais se pensou que aconteceria num país cuja imagem se confunde com a miscigenação e o convívio, sem tensões raciais, entre milhões de pessoas de quase todas as origens possíveis — Américas, Europa, África e Ásia.
Pode ser que o fato de o Congresso estar mergulhado em grave crise de imagem sirva de cortina de fumaça para o que se passa na comissão especial criada na Câmara para discutir a proposta do Estatuto da Igualdade Racial, de iniciativa do senador Paulo Paim (PT-RS), e já aprovada no Senado.
Nesta Casa, discutem-se as cotas raciais para o preenchimento de vagas nas universidades públicas.
Mas é o estatuto que revela a dimensão e a profundidade do projeto político e de poder racialista, cujo objetivo é dividir a sociedade entre “brancos”, de um lado, e “negros” e “pardos”, de outro.
Aprovado o projeto, o Brasil naufragará num apartheid de estilo sul-africano. Aqui, porém, destinado a superar “desigualdades raciais” e a dar a “reparação” a supostas vítimas da igualdade.
As cotas no ensino são apenas uma pequena parte de uma grande construção política racialista.
Revogam-se afinidades sociais, sem relação com origem social e renda, e coloca-se em seu lugar o critério da cor da pele, num atentado contra o patrimônio cultural e social da nação.
O estatuto chega a determinar que filmes e programas de televisão tenham no mínimo 20% de atores e figurantes negros — como nas cotas nas universidades, não há qualquer preocupação com mérito e capacidade profissionais.
A mesma regra é estabelecida para peças de publicidade contratadas por estatais e órgãos públicos. A publicidade privada destinada à TV e a cinemas terá de obedecer à mesma cota.
O projeto avança também no mercado de trabalho. Na contratação de servidores, negros terão tratamento especial, com o “incentivo à adoção de medidas similares em organizações privadas”.
Assim, as tensões raciais serão disseminadas também nos ambientes de trabalho, no setor público e nas empresas privadas.
Haverá, ainda, Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, um passo para o ministério público e polícias raciais.
O país se encontra à beira de um pesadelo orwelliano. Coerente com todo este projeto — bem lembrou o sociólogo Demétrio Magnoli, em artigo no GLOBO —, faltará uma lei como a da Proteção do Sangue Germânico, da Alemanha de 1935. Aquela criminalizava o casamento e o sexo entre arianos e judeus; esta proibirá o mesmo entre “brancos” e “negros/ pardos” brasileiros. É o que faltará para o serviço dos racialistas ser completado.

GOSTOSA


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CLÓVIS ROSSI

Brasileiro desiste, sim

FOLHA DE SÃO PAULO - 16/05/09

SÃO PAULO - Lembra-se daquela história de que "brasileiro não desiste nunca", muito usada na propaganda do governo? Pois não é que um dos garotos propaganda da história desistiu do Brasil? Chama-se Ronaldo Nazário de Lima, mais conhecido como Ronaldo Fenômeno, e confessou ontem, durante a sabatina Folha, que prefere educar os filhos na Europa.
Por dois motivos básicos: segurança e educação. Ronaldo contou que, quando seu filho vem ao Brasil e se junta a garotos brasileiros da mesma faixa etária, é impressionante a quantidade de palavrões que dizem os amigos do filho.
Já Ronald é "doce", "europeu", diz o pai. Na prática, quer dizer o seguinte: a educação que recebe na Espanha, onde vive com a mãe, o torna mais civilizado que seus companheiros no Brasil. Quando observei que a comparação parecia racista, o jogador devolveu: é apenas realista. Fechou com uma frase irrespondível: "A gente tem que pensar nos filhos".
É nessas horas que o Brasil dói na gente. É quando uma pessoa inteligente, informada e que teve a oportunidade de comparar o país com outro (ou outros) desiste de criar os filhos nestes tristes trópicos. E não se trata de um filho ou neto de espanhol, italiano, russo, javanês ou marciano, mas do arquétipo do brasileiro.
Se alguém precisar de um personagem com todas as características que se atribuem ao brasileiro, chamará Ronaldo para o papel. Dói mais porque uma pessoa com o jeito Ronaldo de ser desiste do Brasil para os filhos depois de 14,5 anos de dois presidentes que mais história e preocupação tinham com a questão social, que envolve, como é óbvio, segurança, educação e outras coisas mais.
Como fica ilusória essa história de potência emergente diante da constatação de que não emergiu um país em que um brasileiro típico deseje criar filhos.

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA

Roberto Pompeu de Toledo
Por um novo modo de votar

"A lista fechada não garante a vitória dos mais honestos e mais capazes. O garantido é que a lista aberta é sinal verde para os mais desonestos e mais incapazes"

Os dois argumentos assacados com mais frequência contra o sistema chamado "de lista fechada" para a eleição de deputados, que a Câmara promete votar em breve, em substituição à "lista aberta" hoje adotada, induzem a erro. O primeiro é o de que o sistema proposto cassa o direito do eleitor de escolher seu deputado. Isso leva a crer que, no sistema atual, ele tem esse direito. No sistema atual, malicioso e obscuro, vota-se em João e elege-se Antônio. O voto em João, meu preferido, vai para um cesto partidário que reforça a posição dos mais bem votados dentro da sigla, caso de Antônio, que eu detesto. O outro argumento é o de que a opção pela lista fechada dá excessivo poder às cúpulas partidárias, na hora de decidir quem será candidato e em que posição na lista. Aí, o erro é supor que no sistema atual elas não têm esse poder. São elas que escolhem quem vai se candidatar, com que ajuda em dinheiro das fontes partidárias e com que dose de empenho da máquina.

Por "de lista fechada", para quem essa conversa soa enigmática como, para um brasileiro, as regras do críquete, entende-se o método pelo qual o voto é num partido, não num candidato. Se a eleição for para uma bancada de 100 deputados, e esse partido conseguir 10% dos votos, terá direito a dez cadeiras. Elas serão ocupadas pelos dez primeiros nomes da lista de candidatos que o partido, durante a campanha, apresentou ao eleitorado. É o sistema utilizado na maioria dos países que adotam o sistema proporcional. Se o sistema é proporcional – quer dizer, estipula que a representação na Câmara se dará na mesma proporção das correntes de opinião existentes na sociedade –, nada mais lógico que favoreça antes o partido, a quem cabe aglutinar e dar expressão às correntes de opinião, do que a pessoa do candidato.

O colunista que vos fala já escreveu mais de uma vez, mas vai repetir que a seu ver a reforma política, de que tanto se fala e em favor da qual tão pouco se faz, deveria se balizar por dois grandes propósitos:

1. tornar o sistema mais compreensível;

2. torná-lo menos caro.

O atual sistema de eleição de deputado é tão incompreensível, para a grande maioria do eleitorado, quanto, para um americano, a lei do impedimento no futebol. O eleitor vota num candidato mas seu voto vai, em primeiro lugar, para o cesto partidário. O fato de votar num candidato lhe dá a impressão de que a eleição é majoritária, quer dizer, o candidato que tem mais votos leva. Engano. Sendo a eleição proporcional, antes é preciso levar em conta a proporção de votos obtida pelo partido. Há candidatos bem votados que não serão eleitos porque o partido como um todo teve votos insuficientes e, inversamente, candidatos pouco votados que obterão a vaga porque beneficiados por uma votação expressiva do partido. Se não se compreende o método, poucas razões existem para amá-lo e defendê-lo. Pior para a democracia. A eleição por lista fechada tem a vantagem de clarear as coisas. O eleitor sabe que está votando no partido e pronto.

Quanto ao segundo propósito, não se conseguiria inventar sistema mais caro, para a eleição de deputado, do que o atual. É cada um por si, arcando com os custos da campanha num estado inteiro. O custo da eleição é um dos grandes propulsores da corrupção no país. Rouba-se em boa parte para financiar as campanhas. Na opção pela lista fechada, a campanha centraliza-se no partido, a quem cabe pagar a conta. O custo será menor. O pacote de reformas políticas em cogitação no Congresso prevê também o financiamento público das campanhas. À primeira vista, a hipótese assusta: dinheiro público para financiar a eleição dessa gente?! Se for para eliminar, ou enfraquecer, o conúbio sinistro entre empresas e políticos que tanto contamina o processo político, virá para o bem. Financiamento público só é viável na opção pela lista fechada. É impraticável se o jogo é o do cada um por si no financiamento.

A campanha contra a proposta da lista fechada – o deputado Miro Teixeira anuncia uma "luta feroz" contra ela – tem como o maior dos inconvenientes deixar a entender que o sistema atual é bom. É por ele que se elegeram o deputado do castelo e o que se lixa para a opinião pública, entre muitos outros. A mudança para a lista fechada não garante a vitória dos mais honestos e mais capazes. O garantido é que a lista aberta é sinal verde para a vitória dos mais desonestos e mais incapazes.

PANORAMA

REVISTA VEJA

Panorama
Holofote

Felipe Patury

O estranho doutor Jack

Divulgação


É crítica a situação da concorrência feita pela Receita Federal que visa à compra de scanners de contêineres para os portos nacionais. Três dos quatro consórcios que disputam o contrato de 250 milhões de reais já foram desabilitados. O último, liderado pela EBCO, pode sair do páreo por causa de um inquérito aberto pela Polícia Federal em abril. Ele investiga uma denúncia de que o presidente da EBCO, Jacques Barthelemy, teria pago 50 000 reais ao físico Marcelo Donizeti de Oliveira para que ele sabotasse um dos adversários. O físico confessou o delito. O "doutor Jack", como Barthelemy é conhecido, nega tudo.

 

Internet associados

Cristiano Mariz


Agora, a Oi quer fincar sua bandeira na imprensa. Há um mês, os sócios majoritários da telefônica, Sérgio Andrade e Carlos Jereissati, negociam um acordo com o presidente dos Diários Associados, Álvaro Teixeira da Costa. Eles querem usar os conteúdos do Correio Braziliense e do Estado de Minas, os dois maiores jornais do grupo, para ressuscitar o portal de internet iG. Em troca desse material, cederiam aos Diários Associados o noticíario de política e economia produzido pelo iG, que deverá ser reforçado.

 

Toque sertanejo

Valeria Gonçalvez/AE


Bastou o cantor Sérgio Reis pensar em se candidatar a deputado para choverem convites de partidos. Em Minas Gerais, seu passe é disputado por oito agremiações, que preveem que Reis terá 600 000 votos, o suficiente para garantir a eleição de mais candidatos. Uma vez na Câmara, Reis pretende defender projetos na área de saúde. Pensa, por exemplo, em obrigar homens com mais de 55 anos a se submeter a exames para a detecção de câncer na próstata. Os que se recusassem a fazer o teste não receberiam aposentadoria nem poderiam renovar a carteira de motorista.

 

Não sai da praia

Mario Rodrigues


O estilista Amir Slama deixou a Rosa Chá, sua criação mais famosa, mas não a praia. Slama já esboça os planos de uma nova marca de biquínis e maiôs. Ela levará o nome do estilista e deverá ser lançada no Brasil e no exterior até o fim do ano. Aqui, o principal concorrente da nova empresa será, é claro, a própria Rosa Chá, que ele vendeu por 20 milhões de reais à tecelagem catarinense Marisol.

 

A cara verde da Esso

Germano Luders


A Cosan usará o Palmeiras na primeira campanha publicitária que fará depois da compra da rede de postos da Esso no Brasil. Seu presidente, Rubens Ometto,patrocinará o clube para divulgar o caráter ambientalmente correto do etanol que produz. Em troca, terá direito de anunciar no estádio Palestra Itália e estampará sua marca no calção dos jogadores. Ometto acertou ainda um acordo de cooperação em futebol entre o Palmeiras e o XV de Piracicaba, time que patrocina no interior paulista.

 

Prenda-o se for capaz

John Macdougall


Vai parecer uma versão brasileira dePrenda-Me Se For Capaz, filme no qual o ator Leonardo Di Caprio interpreta um vigarista que dá golpes para viver como um ricaço. Quem protagonizou esse tipo de peripécia no Brasil foi Marcelo Nascimento da Rocha. Em 2001, fingindo ser o empresário Henrique Constantino, ele alugou carros, aviões, namorou beldades e até deu entrevistas para a TV. Hoje, cumpre pena por crimes como estelionato. Suas aventuras contadas no livro Vips, Histórias Reais de um Mentiroso, da jornalista Mariana Caltabiano, serão adaptadas para o cinema por Braulio Mantovani, de Cidade de Deus.Constantino aprovou o roteiro, que deverá ter Wagner Moura no papel principal.

APRENDIZ


DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA

Diogo Mainardi
O Goebbels egípcio

"Farouk Hosny é candidato ao cargo de diretor-geral
da Unesco. Quem o apoia? O Brasil. O Itamaraty. Lula.
Celso Amorim. Apoiamos um antissemita. Apoiamos um 
queimador de livros"

"Eu queimaria pessoalmente qualquer livro israelense que se encontrasse nas bibliotecas do Egito."

A frase é de Farouk Hosny, o ministro da Cultura egípcio. Ele a pronunciou num congresso de seu partido, em 10 de maio de 2008. O diretor do Centro Simon Wiesenthal acusou-o de se inspirar em outro ministro da Cultura incendiário: Joseph Goebbels. Acusou-o também de ter disponibilizado a TV estatal do Egito a um notório negador do holocausto, Roger Garaudy, o antigo filósofo comunista que se converteu ao islamismo – o Cat Stevens de Auschwitz.

Farouk Hosny é candidato ao cargo de diretor-geral da Unesco. Isso mesmo, da Unesco: o organismo internacional que se ocupa prioritariamente de livros e bibliotecas. Quem o apoia? O Brasil. O Itamaraty. Lula. Celso Amorim. Apoiamos um antissemita. Apoiamos um queimador de livros. É o nosso "Fahrenheit 451" diplomático.

Mas o antissemitismo é só um dos aspectos escandalosos da candidatura de Farouk Hosny. Há outro. Uma das metas da Unesco, segundo seus estatutos, é promover os princípios democráticos. Há até um departamento de Democracia na Unesco, que zela pela liberdade de opinião e pela liberdade de imprensa. Farouk Hosny é ministro da Cultura do regime militar de Hosni Mubarak. O mesmo Mubarak que persegue seus opositores. O mesmo Mubarak que pretende transferir o poder para seu filho, Gamal. O mesmo Mubarak que tem a prerrogativa, entre muitas outras, de nomear os diretores dos principais jornais do país, todos pertencentes ao estado. E tem mais: Farouk Hosny é o ministro da Cultura do Egito desde 1987. Isso significa que nosso candidato para a Unesco, aquele que terá de tutelar os valores da democracia, da liberdade de opinião, da liberdade de imprensa, está enraizado no poder, em sua suserania ministerial, há exatamente 22 anos, protegido por um ditador.

Para apoiar Farouk Hosny, o Itamaraty abandonou a candidatura de um diplomata brasileiro, Márcio Barbosa. Especulou-se que isso poderia ser usado numa barganha com os países árabes para eleger Celso Amorim à chefia de outro organismo da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica. Celso Amorim negou esse propósito, declarando que o Brasil apoiaria a candidatura do sul-africano Abdul Minty para a AIEA. Faz sentido. Abdul Minty, assim como Celso Amorim e Lula, defende o programa nuclear iraniano, opondo-se a qualquer medida retaliatória contra o regime de Mahmoud Ahmadinejad, o negador do holocausto, o Roger Garaudy radioativo, o Cat Stevens de Natanz. Ahmadinejad esnobou o convite de Lula para visitar o Brasil. Quem sabe Roger Garaudy aceite.

BRASÍLIA - DF

Na mira da PF

CORREIO BRAZILIENSE - 16/05/09

A Polícia Federal deu cinco dias para que o Senado envie todos os contratos de empréstimos consignados feitos pela Casa que ainda estão em vigor. A partir desse material, a PF começará a investigar as suspeitas de irregularidades na gestão de João Carlos Zoghbi como diretor de Recursos Humanos do Senado. O mesmo prazo foi dado à Polícia Legislativa para envio de tudo o que foi apurado na investigação interna. Ou seja, se os senadores consideravam que a crise estava passando, a verdade é que a novela ainda está nos primeiros capítulos e promete muitas emoções.

A esperança dos anões

O ex-deputado Genebaldo Corrêa (PMDB-BA) passou por Brasília esta semana em defesa do voto em lista fechada. Genebaldo foi líder da bancada peemedebista, poderosíssimo no tabuleiro político nos anos 80. Terminou sugado pela CPI do Orçamento em 1993, que ficou conhecida como o "escândalo dos anões", por causa da baixa estatura dos parlamentares envolvidos. Agora, se a lista fechada for aprovada, as chances de retorno serão exponenciais. Não precisa nem fazer campanha. 

Não seja por isso...

Aos oposicionistas que vivem se referindo ao presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, como pré-candidato ao Senado, ele avisa: "Não sou candidato nem pré-candidato a qualquer mandato eletivo em 2010, nem na Bahia nem em nenhum outro lugar". Gabrielli, realmente, não tem do que reclamar do cargo que ocupa. No fim da semana que vem, receberá o prêmio de Homem do Ano, em Nova York. 

Tem limite

Sob pressão no Congresso, o governo mostra-se disposto a destinar R$ 1 bilhão do programa Minha Casa, MinhaVida para cidades com menos de 50 mil habitantes. Os recursos seriam carimbados no crédito de R$ 6 bilhões do programa habitacional. Mas com uma condição: o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), tem que colocar no relatório só o que for aceito pelo Poder Executivo.

Seguem as rusgas

O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel estranha as críticas que recebe do grupo do ministro do Desenvolvimento, Patrus Ananias, por não trabalhar desde já uma aliança eleitoral em Minas com o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB). "Sou mais aliancista que todos eles juntos. Tanto que apanhei igual a um condenado na aliança para prefeitura de Belo Horizonte", diz Pimentel, referindo-se à parceria com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, para eleger o atual prefeito, Márcio Lacerda (PSB).

No cafezinho

Fui! / Enquanto o governo se debatia contra as duas CPIs da Petrobras lidas ontem no plenário do Senado, o líder do governo na Casa, Romero Jucá, estava em Roraima, mergulhado depois do embate público com o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Sobrou para o vice-líder, Gim Argello (PTB-DF), tocar o barco. 

Rouco de tanto explicar / Desde que foi escalado pelo presidente do Senado, José Sarney, para falar das mazelas da Casa e de suas soluções, o primeiro-secretário Heráclito Fortes (foto) adotou o chá de gengibre, numa xícara de cafezinho. São pelo menos duas doses diárias. Uma no início, outra no final da tarde.

Irada / A mulher do prefeito de Salvador, João Henrique, a deputada estadual Maria Luiza, conhecida por querer mandar na administração local, não tira os olhos da campanha de 2010. Ela está empenhada em trabalhar a candidatura do prefeito ao governo da Bahia, apesar do acordo com o ministro Geddel Vieira Lima para que João Henrique fique no cargo. 

50 anos, 50 obras / O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e o vice, Paulo Octávio, passam o fim de semana separando as 50 obras prioritárias a serem inauguradas em abril de 2010. O anúncio será na quarta-feira. 

RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA
O que dizer às mães de Gilmar e Carlos?
RUTH DE AQUINO
Revista Época
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br

Perdão por ter causado a morte de seus filhos em segundos. Perdão por ter destruído, a 190 quilômetros por hora, o carro onde estavam Gilmar Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20. Eu tinha bebido muito. Perdão por não me lembrar de que existe Lei Seca. Perdão por não ter deixado de dirigir, mesmo com 130 pontos na carteira e 23 multas por excesso de velocidade. Perdão por ter violado as leis dos homens. Perdão pela Justiça, que não me punirá porque sou deputado e tenho foro privilegiado.

Ele é boa-pinta. Poderia ser ator. Mas o paranaense Fernando Ribas Carli Filho decidiu candidatar-se a deputado porque o pai é prefeito de Guarapuava, no Paraná, e o tio também é parlamentar. Carli Filho tem 26 anos, a mesma idade de um dos rapazes mortos no terrível acidente da madrugada do dia 7 de maio numa avenida de Curitiba. Yared era estudante de psicologia. Carlos Murilo trabalhava no cinema de um shopping havia cinco meses. Tiveram morte instantânea. Uma testemunha, Alice Brás, viu da janela de casa. Disse que o carro do deputado estava tão veloz que decolou e passou por cima do outro. Pedaços dos carros ficaram espalhados na rua por 100 metros. O carro das vítimas (fotos abaixo) virou uma massa retorcida, sem teto e sem uma porta.

Acidentes acontecem. Alguns são fatalidade. “Este foi um crime”, disse o pai de Yared, Gilmar. Desde julho do ano passado, o deputado estadual Carli Filho (PSB) tinha perdido sua carteira de habilitação. Mas estava se lixando para esse detalhe.

“Perguntei por que não foi feito exame de dosagem alcoólica e me disseram que o deputado estava tomando medicamentos e era preciso ter autorização. No meu filho, fizeram o exame sem autorização”, disse Cristiane Yared. Dosaram a bebida somente dos mortos. Cristiane não se surpreendeu com o boletim dos bombeiros. Eles sentiram “hálito etílico” em Carli Filho na hora do resgate. “Nenhuma pessoa em sã consciência pode dirigir com aquela velocidade”, disse ela.

Talvez Cristiane esteja enganada. Ou o deputado bebe demais sempre, ou é capaz de dirigir tresloucadamente, mesmo sóbrio e em sã consciência. Em três de suas 30 multas, foi flagrado pelo radar com 50% acima da velocidade permitida. Apenas em um dia, 28 de setembro do ano passado, foi multado quatro vezes por excesso de velocidade em pouco mais de duas horas. E pensar que Carli Filho é autor de projeto de lei que prevê benefícios para bons motoristas.

O deputado envolvido num acidente de carro com a carteira
suspensa deve perdão à família dos mortos

A família Yared pediu a cassação do deputado por “quebra de decoro parlamentar”. Despido do mandato, ele perde o direito ao foro privilegiado e vai a júri popular. É o início de uma luta cheia de dores, frustrações e lágrimas, que não trará seu filho de volta. Uma luta contra padrinhos importantes: o governador do Paraná, Roberto Requião, teria mandado jatinho do Estado levar o deputado para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Nelson Justus, pediu que se apure “eventual quebra de decoro parlamentar”. O regimento interno exige de deputados conduta exemplar dentro e fora da Casa. Mas tem parlamentar que se lixa para isso.

Se Carli Filho não perder o mandato, as investigações serão feitas pelo Poder Judiciário. O promotor do Ministério Público estadual, Rodrigo Chemin, confirmou a embriaguez do deputado, documentada por testemunhas. Uma semana após o acidente, o sangue do deputado ainda não tinha sido analisado.

Todos nós, até o julgamento, somos inocentes. Mas esses dois rapazes não estariam mortos se o deputado agisse corretamente. Perdeu a carteira? Faça novo exame, contrate um motorista. Dinheiro para isso ele tem.

Essa tragédia também precisa provocar reflexões sobre o foro privilegiado. Se for para manter o privilégio, que seja em delitos menores, sem mortes.

O deputado Carli Filho respira sem a ajuda de aparelhos e passa por exames clínicos e neurológicos. Na sexta-feira, não havia previsão de alta. Ele fará cirurgias para reconstrução da boca e da face. Quem sabe, junto, os médicos reconstruam sua consciência. E ele peça perdão às mães de Gilmar e Carlos.

GOSTOSA


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MAÍLSON DA NÓBREGA

REVISTA VEJA

Maílson da Nóbrega
Antiglobalização financeira

"Rejeitar a globalização financeira seria isolar
o país. Voltaríamos ao controle de capitais. 
O sistema financeiro e o mercado de 
capitais voltariam à idade da pedra."

A crise financeira tem propiciado extensa produção intelectual. Há estudos sobre as origens e as consequências da crise, sobre medidas regulatórias para evitar sua repetição, e por aí afora. Autores de peso como Dani Rodrik, da Universidade Harvard, criticam a globalização financeira.

Rodrik é peremptório. O processo é uma decepção, e por isso existem apenas duas escolhas: impedir ou estimular a globalização financeira. Governos que optam pelo estímulo estão redondamente enganados. Há adeptos da tese no Brasil. Veja o texto em www.palgrave-journals.com/imfsp/journal/v56/n1/full/imfsp200829a.html.

M. Ayhan Kose, do FMI, não é tão incisivo. Ao examinar a literatura sobre o tema, reconheceu a dificuldade de extrair conclusão firme sobre os benefícios da globalização financeira, salvo para os países industrializados. Para os países emergentes, tudo dependeria de certas condições prévias, tais como desenvolvimento do sistema financeiro, qualidade das instituições, abertura comercial e estabilidade macroeconômica. O estudo está emhttp://www.nber.org/papers/w14916.

A globalização financeira nasceu no mesmo tempo da Revolução Industrial. O investimento estrangeiro direto – uma de suas características – já era extenso no século XIX. No princípio do século XX, países não industrializados – incluído o Brasil – tinham acesso aos mercados internacionais de capitais. Muito mais antiga é a globalização econômica, que, na definição de Jagdish Bhagwati, significa a integração das economias nacionais na economia internacional através do comércio exterior, do investimento estrangeiro direto e do fluxo de capitais, de trabalhadores e de tecnologia.

O Império Romano foi uma das primeiras manifestações da globalização. O mesmo se dirá das rotas da seda, iniciadas muito antes da era cristã. Por mais de 2.000 anos, nelas transitaram mercadorias, peregrinos, missionários e militares na China, na Índia, na Pérsia e nos países do Mediterrâneo. No século XVI, Portugal criou a primeira globalização baseada no comércio na África, na América do Sul e na Ásia.

A globalização financeira se alargou a partir dos anos 1980, na esteira da desregulação e da redução de custos proporcionadas pela tecnologia das comunicações e da informação. O Brasil se beneficiou do processo, particularmente depois dos avanços institucionais que asseguraram a estabilidade macroeconômica e a solidez do sistema financeiro.

O acesso aos mercados internacionais de capitais foi fundamental para que empresas como a Vale, a Embraer, a Odebrecht, a Gerdau, a AmBev e outras alcançassem pujança econômica e projeção internacional. Companhias brasileiras abriram seu capital em lançamentos globais. Títulos do Tesouro em reais foram colocados no exterior, o que nos redimiu do "pecado capital", qual seja, a incapacidade de um país financiar-se no exterior em sua própria moeda.

A globalização financeira, associada a melhores instituições e à estabilidade macroeconômica, contribuiu para elevar a taxa de investimento do Brasil de 15,3% para 19% do PIB entre 2003 e 2008, tendência que se manteve após o ressurgimento de déficit em conta-corrente do balanço de pagamentos. Ao contrário do que dizem os críticos, os fluxos externos financiaram o investimento, e não o consumo.

Rejeitar a globalização financeira seria isolar o país. Voltaríamos ao controle de capitais. Poderiam retornar os limites nas compras de moeda estrangeira para viagens, tratamento de saúde e estudo no exterior. Haveria restrições para o uso do cartão de crédito no exterior e para compras na internet, como a de livros na Amazon.

E para as empresas? Operações em mercados futuros, essenciais para o agronegócio, a mineração e outros segmentos, se tornariam inviáveis, pois as remessas para a cobertura de margens – que devem ser instantâneas – ficariam à mercê da burocracia. O sistema financeiro e o mercado de capitais voltariam à idade da pedra.

Seria um horror, mas o mercado encontraria brechas, a um custo elevadíssimo e com muita corrupção.

O Brasil já atingiu um estágio que lhe permite ganhar com a integração aos fluxos mundiais de comércio e finanças. Às favas, pois, as teses antiglobalização financeira.

INFORME JB

Reforma política só para 2014

Leandro Mazzini

JORNAL DO BRASIL - 16/05/09

A Câmara vai colocar em pauta ainda este ano, num esforço de agenda positiva, duas reformas estruturantes há muito prometidas – embora passem ao largo do consenso: a política e a tributária. Mesmo que não passem, será uma prova de que há preocupação com os assuntos, diz o presidente Michel Temer (foto). A política, por exemplo, não tem consenso sobre propostas apresentadas. Para Temer, as mudanças devem valer só para 2014 – ninguém quer mexer nessa caixa de marimbondos às vésperas do principal pleito majoritário. E deve haver, antes da votação, ainda muito debate. Temer explica à coluna: "Apareceram pré-projetos referentes a lista fechada e a financiamento público. Curiosamente muitos deram até como se já tivessem sido apresentados, discutidos e aprovados. E na verdade são pré-projetos, há outras tantas propostas aqui.

Mabel feliz Esperanças

Michel Temer teve uma séria conversa com Sandro Mabel (PR-GO) para colocar em pauta a reforma tributária, cuja relatoria é do deputado goiano. Vai a plenário mês que vem.

"Eu vejo focos de resistência em relação à reforma tributária, mas, como alguns insistem que se coloque (em votação), eu disse que no mês de junho eu vou colocar", disse Temer à coluna.

Pressão total

A pressão em cima dos 32 senadores que assinaram a CPI da Petrobras era tão grande ontem que uns já haviam viajado na véspera, prevendo a dor de cabeça.

PP de Paz

Negromonte diz que está tudo em paz na bancada do PP na Câmara. Diz que todas as liminares contra a recondução dele foram derrubadas.

Prefeito-ouvidor

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, lançou uma boa ideia, a do prefeito-ouvidor. Mais ou menos assim: a partir de segunda-feira, vai montar uma salinha, na Zona Oeste, para receber fila de moradores e anotar reivindicações.

Okamotto agrário

Paulo Okamotto, presidente do Sebrae, que anda sumido do noticiário, apareceu com pompa. Foi homenageado ontem pela Sociedade Nacional de Agricultura com a Comenda do Mérito Agrário, pela atuação do Sebrae no incentivo ao Agronegócio.

No ar

A Organização de Aviação Civil Internacional, agência da ONU, concluiu ontem inspeção no setor no Brasil. O relatório sai em 290 dias.

Briga boa

A Microsoft pode ter uma derrota inédita na Justiça brasileira. Envolve uma ação da Sergen, empresa do Rio, contra a multinacional, por uma vistoria, 10 anos atrás, na qual o juiz expediu mandado de busca contra produtos piratas na empresa.

Mas...

Eram três peritos em inspeção à empresa, todos indicados pelo juiz na ocasião. O primeiro relatório registra supostos 100 programas piratas. No segundo, o número caiu para 40. E o último perito não encontrou irregularidades.

Toga quente

O caso está no STJ. O ministro-relator, João Otávio, votou a favor da multi. O ministro Salomão pronunciou-se contra. O presidente da 4ª Turma, ministro Gonçalves, pediu vista. Mas, antes do fim da sessão, o ministro Passarinho adiantou o voto a favor da Sergen. Placar por ora: 2 a 1. E o clima está quente entre as togas.

Daí?

Numa eventual derrota da Microsoft, o caso abre precedentes para outras empresas recorrerem. Hoje é assim: a multi tem telefone para denúncias sobre suposta pirataria. Um juiz autoriza a busca, sem a defesa prévia da empresa, que em muitos casos não tem mais nota fiscal dos produtos.