sábado, maio 16, 2009

PAINEL

Inflamável

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 16/05/09

Por trás da inusitada parceria do DEM com o governo para abortar a CPI da Petrobras, tucanos enxergam interesse específico do líder "demo" José Agripino Maia (RN). Alegam que a investigação invevitavelmente esbarraria nos negócios da Comav (Comércio de Combustível para Aviação), empresa cujo sócio majoritário é o deputado Felipe Maia, filho do senador. A Comav tem contratos com a BR Distribuidora para abastecer os aeroportos de Natal e Mossoró.
A CPI também poderia bater nos negócios do empresário Sinval Moreira Dias, filiado ao DEM e sócio da família Maia. Para completar, em 2010 a Comav terá de renovar seu contrato com a Petrobras.

Negócios. Em 2006, antes da renovação do contrato com a BR Distribuidora, Felipe Maia declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 3,9 milhões. Nesse documento, o deputado avaliou sua cota na Comav em R$ 120 mil. 

Eu não. Agripino nega que tenha interesse pessoal no caso. "É um absurdo. Felipe tem esse contrato há quase dez anos. Foi uma concorrência", afirma o senador, para em seguida se voltar contra os tucanos: "Eu fui um dos primeiros a assinar a CPI. E o Arthur Virgílio concordou com o acordo [para adiar a instalação]. Por que será que ele foi desautorizado pelo PSDB?". 

Inconfidência. Partiu de Aécio Neves o primeiro telefonema para motivar a bancada tucana a insistir na instalação da CPI. O governador está incomodado com o tombo de 90% nos repasses da Cide para Minas, fruto de manobra contábil que permitiu à Petrobras pagar menos imposto. Até o pacato Eduardo Azeredo pegou em armas graças ao estímulo do governador. 

Prancheta. Na negociação com senadores demo-tucanos para a retirada de assinaturas do requerimento da CPI, o governo incluiu obras de gasodutos em Mato Grosso, novas plantas de refinaria em Sergipe e no Rio Grande do Norte e a construção de um oleoduto em Alagoas. E com a promessa de que os senadores serão "padrinhos" das obras. 

Local. Enquanto até senadores da oposição se viam tentados a assumir o desgaste de riscar suas assinaturas do requerimento da CPI, Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) permanecia impassível em sua disposição investigativa. A justificativa é a de sempre: disputa com o conterrâneo Romero Jucá (PMDB-RR).

Tiroteio

"Nossa aliança é com o PSDB, não com o PMDB ou com o governo. Nosso caminho é na oposição, e não podemos dar motivo para que a cizânia com os tucanos se aprofunde." 


De DEMÓSTENES TORRES (DEM-GO), presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, sobre a divergência entre seu partido e o PSDB em torno da instalação da CPI da Petrobras.

Contraponto

Zoológico O plenário da Câmara discutia no final de março um polêmico artigo introduzido pelo relator Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na medida provisória 450, flexibilizando as licitações na Eletrobrás. Da bancada tucana surgiram os primeiros protestos. Tratava-se, disse um deputado, de "jabuti na árvore". Ou seja, alguém o havia colocado ali. Chico Alencar (PSOL-RJ) teve outra ideia:
-Ou será bacalhau em água rasa?
Os mineiros entraram na onda:
-É ovelha desgarrada, presa fácil de lobos...-, disse um deles, buscando trocadilho com o nome do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), correligionário de Cunha.

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