terça-feira, agosto 18, 2009

FERNANDO CALAZANS

Gols jogados fora

O GLOBO - 18/08/09

O telespectador perguntou em meio à transmissão de Grêmio 4 x 1 Flamengo pela TV Globo: “O que falta para Adriano voltar à seleção brasileira?” Parecia até que o Adriano estava jogando muita bola e fazendo muitos gols. A pergunta do torcedor dava prosseguimento ao tema abordado aqui na coluna no domingo. Minha resposta seria esta: falta ele parar de perder um gol atrás do outro.
Contra o Corinthians, que o Flamengo venceu com gol dele, Adriano desperdiçou três ou quatro oportunidades. Contra o Grêmio, repetiu a dose: outros três ou quatro gols perdidos, ele e o goleiro. Com a agravante de que Adriano não resolveu a parada. Nem ele, nem Emerson, nem Everton Silva. Todos jogaram gols fora.
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O placar exorbitante pouco tem a ver com o jogo, pois o Flamengo podia ter resolvido a tal parada ainda no primeiro tempo, acreditem ou não. Como Adriano e os outros fizeram questão de não decidir o jogo, o Flamengo sofreu o merecido castigo no segundo, até porque, enquanto os atacantes do Flamengo não faziam gols, os zagueiros faziam pênaltis à vontade. O Grêmio teve a competência de, ao contrário do Flamengo, saber aproveitar as jogadas de gol, com Perea, Réver e com Jonas na cobrança de dois pênaltis.
O goleiro Victor é muito bom, excelente, mas as suas defesas tiveram a contribuição dos atacantes do Flamengo, com incrível tendência para chutar a bola em cima dele, mesmo tendo o gol inteiro à disposição. Desse jeito, caro telespectador, Adriano não volta à seleção.
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E, desse jeito, o Fluminense não escapa do rebaixamento. Perdendo de 3 a 1 para o Coritiba, no Maracanã, não escapa. Mas que tal a fabulosa “estratégia” de poupar titulares na estreia da Copa Sul-Americana no meio da semana? Que tal?. O Fluminense, na diretoria, no departamento de futebol,
na comissão técnica, no campo, é hoje um gigantesco equívoco.
Era o primeiro colocado do campeonato, o Palmeiras, enfrentando — em sua casa — o décimo-quinto, o Botafogo, mas eram times iguais: abarrotados de gente para destruir, com muito pouca gente para criar; uns gatos pingados para jogar futebol, um exército para não deixar jogar. O Botafogo, na estreia do técnico Estevam Soares, tinha seus motivos: o time, que é reconhecidamente inferior ao adversário, ainda tinha um monte de desfalques.
O Palmeiras não tinha tantos motivos, mas tem uma explicação: o professor doutor Muricy Ramalho é, reconhecidamente também, muito melhor na arte de não deixar jogar do que na arte de fazer jogar.
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Num jogo medíocre e violento, em que não viu a cor da bola durante os primeiros 20 minutos, o Vasco se acertou o suficiente depois para derrotar a Portuguesa por 3 a 1, firmando-se no G-4 da Segunda Divisão. Mas está longe de ter um time de futebol. Quando se classificar de volta à Primeira, terá que reformular o elenco.
Não pode continuar com a atual defesa (à exceção do goleiro), nem com um meio de campo formado por Souza, Nilton, Enrico e Alex Teixeira. Só pode agora, porque a Série B tem um futebol tosco, muito ruim, tão ruim que fica infinitamente abaixo da Série A.

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