quinta-feira, abril 09, 2009

PAINEL

O Marcelo do grampo


RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/04/09

Objeto de muita especulação quando foi deflagrada a Operação Castelo de Areia, a identidade do personagem ‘Marcelo’, que aparece nos grampos da Polícia Federal cobrando de um diretor da Camargo Corrêa ‘aquela tulipa’ para campanhas políticas, sempre esteve clara para um pequeno círculo de entendidos. Trata-se de Marcelo Bisordi, também diretor da construtora. Nessa mesma conversa, Bisordi diz ao interlocutor que a doação não seria ‘por dentro’.
Em Brasília, ele costuma circular com Guilherme Cunha Costa, lobista que presta serviços formalmente à Camargo, mas na prática também à Fiesp. Bisordi é homem da Camargo no projeto da usina de Jirau.

Mimos - Guilherme Cunha Costa costuma colocar veículos à disposição de deputados e senadores, notadamente durante viagens a São Paulo. Diárias em bons hotéis são outro conforto oferecido a parlamentares pelo lobista.

Eterno retorno - Do deputado Fernando Ferro (PT-PE), na tribuna, sobre o fato de FHC ter dito que já venceu Lula duas vezes: ‘Sugiro ao PSDB que o coloque para disputar agora, já que ele é tão competitivo. Podemos propor um terceiro mandato para o Lula fazer essa revanche’.

Currículo - Eni Teixeira Catramby, mulher do consultor da Camargo Antonio Carlos Portugal, atua no cerimonial da Casa Civil. Funcionária de carreira, fazia o mesmo em Minas e Energia quando o ministro era Rodolpho Tourinho, durante o governo FHC.

Liga - O empresariado deve comparecer em peso à posse do deputado José Otavio Germano (PP-RS), terça-feira, na presidência da Frente Parlamentar da Infraestrutura. Augusto Nardes, ministro do TCU e muito amigo de Germano, confirmou presença.

Na carne - Na visita das centrais sindicais ao Planalto, Dilma Rousseff manifestou especial preocupação com o setor frigorífico, que vem numa escalada de demissões.

Rolo - Lula chegou ao encontro com as centrais reclamando de um radialista pernambucano que troca de relógio com o presidente toda vez que o encontra. Rindo, os visitantes sugeriram cuidado com a Comissão de Ética Pública.

Pelo cansaço - Demorou seis meses a campanha do ministro Guido Mantega (Fazenda), no ouvido de Lula, para derrubar Lima Neto da presidência do Banco do Brasil.

Cabide - Contratada pela Gráfica do Senado, a empresa terceirizada Steel Serviços Auxiliares, que abriga parentes de servidores da Casa, também possui contratos com a União na Aneel, na gerência do Ministério da Fazenda na Bahia e na regional do Dnit em Sergipe. A maior bolada recebida até agora foi R$ 590 milhões da Aneel.

Multiuso - A baiana Stell, cujo contrato com o Senado prevê R$ 6,7 milhões, é registrada na Receita com o nome fantasia Detetiza. O serviço no Legislativo é cumprir tarefas de paginação e impressão.

Aperto 1 - A Palma Engenharia Ltda., contratada por R$ 30 milhões para fazer parte da polêmica reforma dos apartamentos da Câmara, teve de pedir empréstimo de R$ 1 milhão ao Bic Banco para não paralisar as obras. O acordo foi selado diante do diretor da Câmara, Sérgio Sampaio, e do quarto secretário, Nelson Marquezelli (PTB-SP).

Aperto 2 - O caso da Palma repete o padrão em que uma empresa apresenta preço muito baixo para vencer uma licitação, mas depois não consegue prestar o serviço. O banco aceitou conceder empréstimo mediante garantia de que o que a empresa recebesse da Câmara seria repassado para amortizar a dívida. A empresa cearense já recebeu R$ 9,6 mi da Casa.

Tiroteio

É a lógica arrogante das empreiteiras, para as quais a preservação do meio ambiente não tem importância. Vale apenas o aspecto financeiro.
De MÁRIO MANTOVANI , diretor da ONG SOS Mata Atlântica, sobre afirmação do gerente de Gestão Ambiental da Dersa, Marcelo Barbosa, segundo quem ‘a natureza é a responsável pelas mortes’ de animais na região das obras do trecho sul do Rodoanel.

Contraponto

A bela e a fera

Transcorria a sessão do Senado que acabou convertida num longo desagravo a Tasso Jereissati (PSDB-CE), após reportagem sobre o usou de sua verba indenizatória para fretamento de jatinhos. A dada altura, Pedro Simon (PMDB-RS) resolveu furar a fila de oradores solidários:
-Deixemos a senadora Patrícia Saboya (PDT-CE) para o fim. A mais bonita é sempre a última!
Em seguida discursou Heráclito Fortes (DEM-PI), que, ao encerrar, devolveu a palavra a Tasso. O tucano anunciou que então era a vez de Patrícia, e Fortes emendou:
-Ah! Acho que agora eu entendi o critério dos oradores: fala um feio e depois um bonito!

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