Na economia, tudo vira uma medida. Sendo assim, aqui vai: a supertempestade Sandy ainda não está completamente calculada, mas pode ficar em 20% do Katrina. Pouco, portanto, mas são US$ 20 bilhões de perdas econômicas. Sem falar no custo para as empresas de seguro, que será maior do que o furacão Irene de agosto do ano passado, que foi de US$ 4,5 bilhões.
As máquinas de calcular das várias consultorias especializadas em estimar riscos estavam a todo o vapor ontem. A Eqecat avalia entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões as perdas dos bens segurados, o que se transforma em custo para as empresas seguradoras, e de US$ 10 bilhões a US$ 20 bi as perdas econômicas. A Capital Economics fecha em US$ 20 bi o custo total e lembra que o tsunami no Japão causou prejuízo de US$ 200 bilhões, e o furacão Katrina, de US$ 100 bi. A IHS Global Insight acha que só as perdas econômicas podem chegar a US$ 30 bilhões. Não há consenso, é cedo.
Nova York continuou com lojas, bancos e bolsas fechadas. Mas hoje as bolsas devem reabrir. A cidade ainda deve ficar mais uns dias sem metrô, a falta de luz se espalhou para mais consumidores, e isso afeta inclusive a capacidade de trabalhar remoto - uma possibilidade que a tecnologia permite. A ONU pediu desculpas por estar com seu site, e seu sistema, fora do ar, por falta de energia. Telefonia celular nem sempre pode substituir o fixo, por falta de energia ou por eventos como a sede da Verizon, que fica na parte baixa de Manhattan, atingida pela inundação. Terminais de portos e aeroportos fechados na Costa Leste estão afetando diretamente a cadeia de suprimentos.
O evento está em curso e ele tem efeitos econômicos e políticos. Faltando dias para as eleições americanas, as candidaturas estão congeladas, e o presidente Obama, exposto em sua capacidade de resposta diante de uma crise complexa. Por outro lado, o jornal "New York Times", que já anunciou que apoia a reeleição de Obama, fez um duro editorial contra o candidato republicano, Mitt Romney.
Em seu primeiro debate nas primárias do seu partido, Romney afirmou que não apenas era a favor de se devolver aos estados as funções de responder aos desastres e emergências, como disse que iria além: melhor seria privatizar esse serviço.
É preciso ser insensato para pensar em entregar para empresas a gerência de crises nas quais precisam ser mobilizados vários serviços públicos. A Agência Federal de Gerência de Emergências (Fema), foi criada pelo presidente Jimmy Carter, fortalecida na hierarquia federal por Bill Clinton, neglicenciada por George Bush. O candidato a vice na chapa de Romney, Paul Ryan, é autor de cortes nos gastos da agência que vão a 43%.
Eles não acreditam em mudança climática, sendo assim, no seu horizonte, não está o alerta que tem sido feito por nove em cada dez climatologistas - fazendo a conta por baixo - de que esses eventos ficarão mais extremos e mais frequentes. A ideologia, neste caso, é perigosa, exatamente porque se não houver sistema de prevenção forte, e de resposta a eventos como este, eles provocarão mais mortes e prejuízo.
Há economistas falando que depois da tempestade virá o impulso econômico da reconstrução e que novos empregos serão gerados e mais atividade vai acontecer. Por outro lado, teme-se que as vendas fiquem mais fracas no Natal porque os consumidores atingidos estarão mobilizando seus recursos para reparar estragos ou se proteger contra acontecimentos como este. O fato é que desastres naturais vêm e passam, o problema é que ocorrerão com mais frequência, o que torna a economia um terreno cada vez mais instável e imprevisível.
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