terça-feira, junho 09, 2009

PAINEL DA FOLHA

O jogo de cada um

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/06/09

O próximo presidente do PT deve ser mesmo José Eduardo Dutra, mas, até a eleição, haverá espaço para muito jogo de cena. Ao sugerir que o assunto não está liquidado, como fez em reunião no fim de semana, José Dirceu cria dificuldade para obter de Dutra algum compromisso de preservação de seu espaço.
Ao insinuar que pode se lançar na disputa, Arlindo Chinaglia tenta conseguir por outra via o que está buscando desde o fim de seu mandato na presidência da Câmara: um cargo no governo. E José Eduardo Cardozo, mesmo sem chances de ganhar, será mantido no páreo como forma de delimitar o tamanho da Mensagem, grupo do ministro Tarso Genro.

Lição de casa - Há ainda petistas sem relação com Dutra, mas que aderiram na primeira hora e com grande entusiasmo. Estes esperam alguma compensação quando o candidato deixar o comando da BR Distribuidora.

Estrangeiro - De um cardeal petista, sobre a resistência de Dirceu: ‘O Dutra hoje é mais Dilma do que Articulação’. Articulação, para quem não lembra, é o antigo nome da ala majoritária do PT.

Proativa - Quem conhece a Petrobras por dentro inscreve o timing da anunciada redução nos preços dos combustíveis dentro do repertório de instrumentos de que a estatal dispõe para se contrapor ao barulho em torno da CPI.

Passivo - ‘A Petrobras é uma empresa extremamente agressiva’, observa esse conhecedor das engrenagens da empresa. Ou seja, não assistirá à CPI calada, como ocorreu com os Correios em 2005.

Para registro - O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, avisa: não será candidato ao Senado nem a outro cargo eletivo em 2010. Para além da decisão pessoal, ele lembra que o PT da Bahia já firmou decisão de oferecer a candidatura ao Senado a partidos aliados, em troca do apoio à reeleição do governador Jaques Wagner.

Ideli Inc - O Boletim Administrativo de Pessoal do Senado registrou, em sua edição de ontem, o remanejamento de 12 assessores para o gabinete da liderança do governo no Congresso, agora ocupada por Ideli Salvatti (PT-SC). Além disso, a senadora nomeou outros três servidores dos quadros da Casa para seu gabinete pessoal. Por fim, promoveu três de seus atuais assessores para cargos mais altos.

Lupa - As doações da Camargo Corrêa e da AIB (Associação Imobiliária Brasileira) serão os dois primeiros alvos do Núcleo Especial de Auditoria de Contas, criado em abril pelo TSE para fazer análise mais aprofundada das prestações partidárias e de campanha.

Embaralhou - Depois de horas debruçado sobre o parecer com o qual tentará restringir os ‘contrabandos’ nas MPs, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), foi parar no oculista em pleno domingo. O texto deve ser apresentado hoje ao plenário.

Na TV - Responsável pela formatação do dossiê de gastos de FHC, Maria de la Soledad Castrillo trocou a Casa Civil pela EBC, empresa responsável pela TV pública. Marisol, como é chamada, vai trabalhar no setor de auditoria.

Pré-requisito - Vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman chegou com duas horas de atraso ontem ao seminário sobre a crise econômica promovido pelo DEM. O deputado tucano Emanuel Fernandes brincou: ‘Está treinando direitinho para substituir o chefe...’.

Tiroteio

É só falar em Wilson Santarosa que muitos governistas entram em pânico no Senado. Ele provoca paúra.
Do senador ÁLVARO DIAS (PSDB-PR), autor do requerimento da CPI da Petrobras, sobre o gerente de Comunicação Institucional da empresa, ligado ao PT.

Sobremesa - José Sarney diz que chegou só no final do almoço de sexta no Gero, do qual participaram seu genro, Jorge Murad, o médico Raul Cutait, o ex-senador Gilberto Miranda e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.

Contraponto

Fast forward

José Serra participava há uma semana da cerimônia de abertura da Feira do Piauí, em São Paulo, de olho no relógio. O governador Wellington Dias (PT) proferia alentado discurso, que não dava sinais de acabar, e seu colega paulista já estava atrasado para a festa de 21 anos do PSDB.
O também tucano Silvio Mendes, prefeito de Teresina, notou a apreensão de Serra e resolveu agir. Encaminhou a Dias um bilhete de estilo mais claro impossível:
-Acelera!
O governador encerrou prontamente. Mais tarde, no jantar do PSDB, Serra agradeceu a gentileza.

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