FOLHA DE SP - 08/12/11
Num ano de tumulto e crise financeiros, continua forte o negócio de aquisição de empresas brasileiras
A GENTE viu que a controladora da American Airlines pediu concordata nos Estados Unidos, no final de novembro. A aviação é um oligopólio curioso, um negócio difícil, de rentabilidade aleatória e de muitas falências. Pior ainda em anos de tumulto na economia mundial. Mas essa é outra história.
Negócio difícil ou não, crise mundial horrível ou apenas feia, o fato interessante é que a Delta Airlines comprou um pedaço da Gol. Coisa pequena, 3%, decerto, US$ 100 milhões. Mas a Delta quer dar uma aterrissada no Brasil. Não só ela.
A Penguin tornou-se sócia da Companhia das Letras. Outra vez, não se trata de um negócio enorme, mesmo porque editoras em geral são relativamente bem pequenas no Brasil. Mas editoras ou companhias europeias com negócios no setor continuam a desembarcar por aqui. Compram-se faculdades, redes de colégios e empresas similares.
Investidores institucionais dos EUA e do Japão (como fundos de pensão) arriscam seus primeiros dinheiros sérios no país. Agora encaram os "emergentes" como negócio estratégico, como relata um estudo da Economist Intelligence Unit, patrocinado pelo Bank of New York Mellon, divulgado ontem.
No caso do Brasil, mais notável é que as aquisições de empresas ocorram num momento de muita incerteza na economia mundial, como se observava outro dia nestas colunas.
Parece fácil dizer que o capital está sem alternativas no velho mundo rico, euroamericano, e que procura usos e rentabilidades para seus fundos nos ditos mercados emergentes.
Porém, não se sabe se a crise também vai engolir os países antes periféricos, como o Brasil. Portanto, as visitações do capital estrangeiro ainda suscitam curiosidade.
Trata-se de visão de longo prazo? Da perspectiva de empresas que não acreditam mais em crescimento forte no mundo rico mesmo no pós-crise (que ninguém sabe quando vai acabar, aliás)? As empresas brasileiras que vendem parte de suas ações querem se internacionalizar? O que é feito do capital obtido com a venda das empresas brasileiras?
Premido um tanto pela crise e pela ameaça de seca de dólares, além das queixas da finança, o governo reabriu a porteira para o investimento estrangeiro em ações, no pacote da semana passada. O pessoal do mercado diz que, "passadas as turbulências" (quando?), vai andar uma fila grande de aberturas de capital, neste ano até agora imobilizada por impostos restritivos e pelos efeitos do tumulto europeu.
Sim, parece haver interesse. O Investimento Estrangeiro Direto como proporção do PIB aumentou 135% em relação ao ano passado (no acumulado de 12 meses até outubro). Está em 3,3% do PIB, o melhor resultado desde 1995, excluídas ilusões estatísticas e cambiais.
No que diz respeito a aquisições, os estrangeiros procuram negócio em vários departamentos: petróleo e combustíveis, alimentos, bebidas, siderurgia, distribuição de energia elétrica, publicidade, editoras e, atenção, até pequenas empresas de tecnologia de informação.
Enfim, mesmo num ano duro, de incertezas grandes e de esfriamento da economia doméstica, o mercado de fusões e aquisições doméstico também está bem quente.
Em suma, algo de novo acontece no que diz respeito à internacionalização da economia brasileira.
A GENTE viu que a controladora da American Airlines pediu concordata nos Estados Unidos, no final de novembro. A aviação é um oligopólio curioso, um negócio difícil, de rentabilidade aleatória e de muitas falências. Pior ainda em anos de tumulto na economia mundial. Mas essa é outra história.
Negócio difícil ou não, crise mundial horrível ou apenas feia, o fato interessante é que a Delta Airlines comprou um pedaço da Gol. Coisa pequena, 3%, decerto, US$ 100 milhões. Mas a Delta quer dar uma aterrissada no Brasil. Não só ela.
A Penguin tornou-se sócia da Companhia das Letras. Outra vez, não se trata de um negócio enorme, mesmo porque editoras em geral são relativamente bem pequenas no Brasil. Mas editoras ou companhias europeias com negócios no setor continuam a desembarcar por aqui. Compram-se faculdades, redes de colégios e empresas similares.
Investidores institucionais dos EUA e do Japão (como fundos de pensão) arriscam seus primeiros dinheiros sérios no país. Agora encaram os "emergentes" como negócio estratégico, como relata um estudo da Economist Intelligence Unit, patrocinado pelo Bank of New York Mellon, divulgado ontem.
No caso do Brasil, mais notável é que as aquisições de empresas ocorram num momento de muita incerteza na economia mundial, como se observava outro dia nestas colunas.
Parece fácil dizer que o capital está sem alternativas no velho mundo rico, euroamericano, e que procura usos e rentabilidades para seus fundos nos ditos mercados emergentes.
Porém, não se sabe se a crise também vai engolir os países antes periféricos, como o Brasil. Portanto, as visitações do capital estrangeiro ainda suscitam curiosidade.
Trata-se de visão de longo prazo? Da perspectiva de empresas que não acreditam mais em crescimento forte no mundo rico mesmo no pós-crise (que ninguém sabe quando vai acabar, aliás)? As empresas brasileiras que vendem parte de suas ações querem se internacionalizar? O que é feito do capital obtido com a venda das empresas brasileiras?
Premido um tanto pela crise e pela ameaça de seca de dólares, além das queixas da finança, o governo reabriu a porteira para o investimento estrangeiro em ações, no pacote da semana passada. O pessoal do mercado diz que, "passadas as turbulências" (quando?), vai andar uma fila grande de aberturas de capital, neste ano até agora imobilizada por impostos restritivos e pelos efeitos do tumulto europeu.
Sim, parece haver interesse. O Investimento Estrangeiro Direto como proporção do PIB aumentou 135% em relação ao ano passado (no acumulado de 12 meses até outubro). Está em 3,3% do PIB, o melhor resultado desde 1995, excluídas ilusões estatísticas e cambiais.
No que diz respeito a aquisições, os estrangeiros procuram negócio em vários departamentos: petróleo e combustíveis, alimentos, bebidas, siderurgia, distribuição de energia elétrica, publicidade, editoras e, atenção, até pequenas empresas de tecnologia de informação.
Enfim, mesmo num ano duro, de incertezas grandes e de esfriamento da economia doméstica, o mercado de fusões e aquisições doméstico também está bem quente.
Em suma, algo de novo acontece no que diz respeito à internacionalização da economia brasileira.
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