FOLHA DE SP - 22/06
BRASÍLIA - Ninguém tem a menor ideia de como será o desfecho e qual será o saldo dos protestos de rua atuais. Nem os próprios manifestantes. É natural que seja assim. Em geral, as pessoas só sabem o que não querem, mas não o que querem.
Hoje, quem marcha pelas cidades brasileiras ao cair da tarde rejeita os partidos, os políticos, a corrupção. É contra quase tudo. Só não dizem exatamente o que colocar no lugar.
Um dos poucos consensos a respeito do que se passa é que alguma consequência haverá. Uma delas é uma nova configuração dos cenários de 2014. As 27 disputas para governador e a corrida presidencial estavam caminhando para uma zona de conforto, com muitos nomes sendo dados como favoritos. Agora, há mais dúvidas do que certezas.
Tome-se o caso da pesquisa Datafolha divulgada ontem e realizada anteontem apenas entre os manifestantes na cidade de São Paulo. O líder do levantamento na disputa pelo Palácio do Planalto é o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, com 30%. Em segundo lugar vem Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, com 22%. Ou seja, juntos eles têm mais da metade das preferências entre os paulistanos que estão protestando.
Dilma Rousseff, que, na pesquisa nacional Datafolha do início do mês, pontuou 51%, aparece com meros 10% entre os manifestantes de São Paulo. O tucano Aécio Neves tem 5%. Eduardo Campos, só 1%.
Outro dado notável é a taxa dos que dizem votar em branco, nulo ou nenhum: 27%. Embora esse percentual seja três vezes superior à média nacional, fica um pouco desmontada a tese de que os indignados rejeitam 100% dos políticos. Não é bem assim.
É evidente que essa é uma pesquisa cheia de viés por ter sido realizada durante um dia muito conturbado e com um público específico sob forte emoção. Mas é um indício também de que cenários novos podem surgir daqui até 2014.
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