sábado, junho 22, 2013

Infelicidade de uns - SONIA RACY

O ESTADÃO - 22/06

A questão é política, mas empresários são pragmáticos. Essa coluna ouviu, ontem, quatro dos grandes, impactados com a força dos protestos e a fraqueza dos governos. "Quem vai querer participar de licitações - como a do metrô paulista, que se a vizinha sem saber se sua tarifa estará garantida?" indagou um deles.


Outro contou ter mandado essa semana, para aplicação no exterior, recursos pessoais registrados. A insegurança só cresce." O terceiro, mais otimista, optou por olhar a metade do copo cheia. "A interlocução estava tão difícil, todo mundo achando que o País está uma maravilha, que certamente as coisas vão melhorar,"

O quarto? "Estou mudo".

...alegria de outro?

Mas tem um empresário satisfeito: o dono da Condor, única empresa no Brasil que fabrica gás pimenta. Seu estoque acabou. Novos pedidos? Só daqui a 30 dias.

Way out

Além dos EUA, a Alemanha também surge como plano B para a Copa de 2014.Segundo apurou a coluna, Joseph Blatter conversado com a federação alemã e executivos de patrocinadoras do Mundial.

Problema? Teria que “desinstalar"’ o aparato publicitário já montado para a competição. Preocupado, Piqué tenta convencer Shakira a voltar para casa. O zagueiro da Espanha teme a onda de manifestações por aqui. A cantora chegou anteontem ao País com o filho do casal, Milan.

Radical

Bruno Barreto tem sugestão algo anárquica para os ativistas: “Calote na Receita, com a população depositando o imposto em juízo até haver transparência nas contas do governo”. Para o cineasta, sem dinheiro, eles vão se mexer

Batalha Naval

A Marinha abriu sindicância para apurar as declarações de integrante da corporação no Facebook. Em um dos posts,Wladimir Fernandes, que se identifica como fuzileiro naval, diz: ""boa sorte policias (sic) do RJ e do SP batam muito nos que se dizem manifestantes, que comecem os jogos”.

À coluna, a corporação ressaltou que “repudia qualquer tipo de incitação à violência”.


E AGORA...

O QUÊ?



Silvio Caccia Bava, sociólogo, diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil e ex-diretor da Associação Nacional de Transportes Públicos, falou à coluna sobre a onda de manifestações no País.

●Por que está tão difícil traçar um perfil desse movimento social? Eu também estou tentando compreender até agora. E não é nada fácil.

Acontece que as manifestações foram agregando pautas. Em um primeiro momento, era o Movimento Passe Livre. Quando a polícia foi extremamente violenta, houve uma sensação de indignação geral. Começam a surgir indícios de que existe um grande desabafo.

●Como assim? É uma espécie de grito da sociedade, rebelada contra as condições de vida nas cidades. Não se trata apenas de transporte, mas, também, de violência, educação, saúde, dívidas a pagar... E uma juventude que não consegue se empregar e não enxerga um futuro.

●O movimento é difuso? Está apontando para uma ideia de luta pelo direito à cidade, de reapropriação do espaço público. E com toda a variedade de grupos: direita, esquerda, radicais. É um momento de radicalização. Agora, nas manifestações, aparecem gritos de "sem violência" se contrapondo aos de "sem burguesia". É muito difuso.

Eu fico preocupado com os desdobramentos, porque isso pode dar em nada.

●E a questão do apartidarismo? Muitos defendem manifestações apartidárias; já outros acham isso antidemocrático.

O movimento não é de esquerda nem de direita. Deveria poder contemplar e aceitar todas as manifestações.

Mas uma parte dos que estão na rua não tem visão de democracia. E não quer se misturar com outra que repudia, não quer ver o movimento ganhar uma coloração partidária. Considero isso natural.

Passaria a ser um problema se eles não pudessem se expressar. Mas as bandeiras continuam lá

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