O GLOBO - 22/06
Para quem estava acuada nas cordas por manifestações de caráter nacional, a presidente Dilma saiu-se bem em seu pronunciamento, demonstrando jogo de cintura. Não foi arrogante, ao contrário, foi humilde para aceitar que as vozes das ruas têm que ser ouvidas, mas soube ser firme na condenação dos arruaceiros que aproveitaram as manifestações para fazer saques e depredações pelas cidades.
A presidente Dilma, com o auxílio de seu marqueteiro João Santana, acertou em cheio as reivindicações das grandes massas que foram às ruas, sintonizada perfeitamente com os anseios da classe média brasileira, evitando uma leitura de esquerda às reivindicações, coisa que algumas alas petistas gostariam. Ao contrário, a presidente soube ler com clareza que o foco central dos manifestantes é o combate à corrupção, um ambiente que já lhe deu altos índices de popularidade, e o qual ela havia relegado a segundo plano em proveito de acordos fisiológicos que terá que rever.
No entanto, vai ser complicado, na relação com os diversos partidos políticos de sua heterogênea base parlamentar, fazer prevalecer a ética na política sobre os interesses partidários. Ela já foi obrigada a receber de volta políticos que havia "faxinado" no início do governo, por exemplo.
Dilma atualizou sua proposta de dar todos os recursos provenientes dos royalties do pré-sal para a Educação, o que é bastante conveniente no momento em que as pessoas estão nas ruas pedindo mais verbas para Saúde e Educação, setores que deixaram de ser prioridades para governos que só pensam em curto prazo, como têm sido os governos petistas.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, está defendendo que nada menos que 100% dos recursos sejam aplicados na Educação, como maneira de conseguirmos cumprir a promessa do Plano Nacional de Educação (PNE) de investir no setor 10% do PIB até 2020. Estaríamos, então, afastando-nos da famosa "maldição do petróleo", fenômeno registrado nas principais economias produtoras do mundo e que já está presente nas cidades brasileiras mais beneficiadas pelos royalties e pelas participações especiais. Este seria o momento adequado para o país marcar essa posição em favor do futuro.
Com o anúncio de que reunirá os governadores e prefeitos das principais cidades do país para discutir medidas concretas para as mudanças, a presidente Dilma conseguiu também repartir com os demais chefes de Executivos estaduais e municipais a culpa pelas medidas não adotadas até agora, tentando re-tirar de seu ombro a responsabilidade principal pelas mudanças.
No entanto, de nada adiantará ter se pronunciado de maneira adequada ao momento se suas atitudes não corresponderem aos fatos. Um exemplo de como será difícil mudar atitudes políticas é a reunião que ela teve antes do pronuncia-mento com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros, um dos políticos mais criticados pela voz das ruas.
Vai ser difícil, por exemplo, a presidente comprovar que os empréstimos financiados pelo BNDES para a construção dos estádios para a Copa do Mundo de Futebol aos governos estaduais serão pagos pela iniciativa privada.
Um primeiro balanço de seu pronunciamento, no entanto, deve ser otimista, até mesmo porque ela aceitou o mote de seu potencial adversário em 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, de que é possível fazer mais. A fala teve a intenção clara de reconectar a presidente com uma vasta camada do eleitorado que não é simpática ao PT e ao seu governo.
Não é à toa, portanto, que a presidente Dilma está irritada com a tentativa do PT de participar das manifestações, assumindo um papel de liderança que acabou sendo rejeitado pela população, embora de agrado dos líderes do Movimento Passe Livre.
Para a presidente Dilma, o pior que pode acontecer numa campanha eleitoral antecipada é ser envolvida em uma tentativa de levar para a esquerda radical uma classe média que, em alguma medida, ela estava conseguindo cooptar.
A presidente Dilma, com o auxílio de seu marqueteiro João Santana, acertou em cheio as reivindicações das grandes massas que foram às ruas, sintonizada perfeitamente com os anseios da classe média brasileira, evitando uma leitura de esquerda às reivindicações, coisa que algumas alas petistas gostariam. Ao contrário, a presidente soube ler com clareza que o foco central dos manifestantes é o combate à corrupção, um ambiente que já lhe deu altos índices de popularidade, e o qual ela havia relegado a segundo plano em proveito de acordos fisiológicos que terá que rever.
No entanto, vai ser complicado, na relação com os diversos partidos políticos de sua heterogênea base parlamentar, fazer prevalecer a ética na política sobre os interesses partidários. Ela já foi obrigada a receber de volta políticos que havia "faxinado" no início do governo, por exemplo.
Dilma atualizou sua proposta de dar todos os recursos provenientes dos royalties do pré-sal para a Educação, o que é bastante conveniente no momento em que as pessoas estão nas ruas pedindo mais verbas para Saúde e Educação, setores que deixaram de ser prioridades para governos que só pensam em curto prazo, como têm sido os governos petistas.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, está defendendo que nada menos que 100% dos recursos sejam aplicados na Educação, como maneira de conseguirmos cumprir a promessa do Plano Nacional de Educação (PNE) de investir no setor 10% do PIB até 2020. Estaríamos, então, afastando-nos da famosa "maldição do petróleo", fenômeno registrado nas principais economias produtoras do mundo e que já está presente nas cidades brasileiras mais beneficiadas pelos royalties e pelas participações especiais. Este seria o momento adequado para o país marcar essa posição em favor do futuro.
Com o anúncio de que reunirá os governadores e prefeitos das principais cidades do país para discutir medidas concretas para as mudanças, a presidente Dilma conseguiu também repartir com os demais chefes de Executivos estaduais e municipais a culpa pelas medidas não adotadas até agora, tentando re-tirar de seu ombro a responsabilidade principal pelas mudanças.
No entanto, de nada adiantará ter se pronunciado de maneira adequada ao momento se suas atitudes não corresponderem aos fatos. Um exemplo de como será difícil mudar atitudes políticas é a reunião que ela teve antes do pronuncia-mento com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros, um dos políticos mais criticados pela voz das ruas.
Vai ser difícil, por exemplo, a presidente comprovar que os empréstimos financiados pelo BNDES para a construção dos estádios para a Copa do Mundo de Futebol aos governos estaduais serão pagos pela iniciativa privada.
Um primeiro balanço de seu pronunciamento, no entanto, deve ser otimista, até mesmo porque ela aceitou o mote de seu potencial adversário em 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, de que é possível fazer mais. A fala teve a intenção clara de reconectar a presidente com uma vasta camada do eleitorado que não é simpática ao PT e ao seu governo.
Não é à toa, portanto, que a presidente Dilma está irritada com a tentativa do PT de participar das manifestações, assumindo um papel de liderança que acabou sendo rejeitado pela população, embora de agrado dos líderes do Movimento Passe Livre.
Para a presidente Dilma, o pior que pode acontecer numa campanha eleitoral antecipada é ser envolvida em uma tentativa de levar para a esquerda radical uma classe média que, em alguma medida, ela estava conseguindo cooptar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário