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O Pelé da política pode encerrar a carreira no time dos malufs
O Pelé fez isso, o Pelé deixou de fazer aquilo — é sempre na terceira pessoa do singular que o maior craque de todos os tempos se refere a si próprio. Faz sentido: nem Pelé acredita que é Pelé. Sabiamente, prefere achar que os deuses dos estádios resolveram contemplar o País do Futebol com uma coisa do outro mundo que, antes e depois da deslumbrante passagem pelos campos do planeta, teria o nome de Edson Arantes do Nascimento e a aparência de um ser humano.
O Maluf fez isso, o Maluf jamais faria aquilo — copiou a fórmula o grande farsante desde que se alojou no noticiário político-policial. Faz sentido: embora saiba que é Maluf, Paulo Salim Maluf prefere que os outros acreditem na existência de uma entidade mais que perfeita perseguida por um homônimo delinquente. Espertamente, finge achar que todos os santos se juntaram para presentear o maior país católico do mundo com o Maluf que faz metrô, avenida, estrada, cidade, Estados — até país, se deixarem. Mas a Divina Providência esqueceu de proibir o nascimento do outro Maluf que faz coisas de que até Deus duvida e a Justiça faz de conta que não vê.
O Lula fez isso, o Lula vai fazer aquilo, o Lula faz e acontece — deu de usar a terceira pessoa também o presidente da República. Faz sentido: convivem na cabeça de Luiz Inácio Lula da Lula o gênio da bola e o gênio das bolas. Pelo que diz que fez ou fará, é mais que o maior dos governantes desde Tomé de Sousa: é o Pelé dos estadistas. Pelas jogadas que anda fazendo, pelos amigos de infância que arrumou, pelos parceiros que tem, pelas demonstrações de desprezo por códigos legais ou normas éticas, pela cumplicidade ativa com corruptos juramentados, pela desenvoltura com que conta mentiras e pelo conjunto da obra, já está moralmente qualificado para encerrar a carreira no time dos malufs.
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