FOLHA DE SP - 03/10
SÃO PAULO - Depois de meses tecendo sua Rede Sustentabilidade com base no tal ideário "sonhático", Marina Silva vive dias de pesadelo. Não há saída simples nem à prova de danos à sua imagem para a discussão, no limite do prazo legal, sobre se ela cumpriu os requisitos legais para criar o partido.
Digamos que a relatora Laurita Vaz encontre argumentos para, contrariando a matemática e o parecer do Ministério Público, considerar que sim. Admitamos que a maioria dos ministros do TSE siga o voto da relatora e a Rede seja, enfim, criada.
Marina não escapará de responder se foi beneficiada pelo "jeitinho" e pela mania de resolver as questões "por cima", vícios que sempre condenou na chamada "velha política".
Especulemos, ainda, que se dê o contrário, e o TSE decida que ela não obteve o número necessário de assinaturas de apoio para criar a Rede. Nesse caso, a ex-senadora terá poucas horas para decidir se ingressa ou não em outro partido sem o grau de "pureza" daquele que idealizou.
Se ela seguir o que dita o senso comum da política, fará isso e continuará detentora, no quadro de hoje, de cerca de 20% das intenções de voto para 2014. Mas tisnará a aura de política "diferente" --que a ajudou a amealhar esse capital eleitoral.
Caso siga o conselho dos sonháticos e fique sem partido, como mártir de um complô imaginário para tirá-la do páreo, se arrisca a ver esse patrimônio se esvair, a oportunidade passar e virar uma ONG política.
Há, porém, um cenário ainda pior. O TSE pode pedir novas diligências sobre a Rede e adiar a decisão final para depois de 5 de outubro. Nesse caso, se a presidenciável ingressar em outra sigla, corre o risco de ver a Rede ser criada depois, sem ela.
Tantos percalços só atestam que a ex-senadora e seus seguidores levaram muito tempo para acordar do sonho e agir segundo preceitos da realidade (e da lei). O que é um dado importante para tentar projetar o que seria um eventual governo Marina.
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