CORREIO BRAZILIENSE - 30/09
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada sexta-feira passada pelo IBGE é trágico flagrante do atraso governamental em área essencial para o desenvolvimento do país: a educação. Depois de uma década e meia em declínio, o contingente de analfabetos brasileiros com mais de 15 anos de idade foi engordado em cerca de 300 mil pessoas no último ano com relação a 2011. Tivesse estagnado, a vergonha já seria grande, mas, pior do que isso, a curva do analfabetismo voltou a apontar para cima, com avanço de 0,1 ponto percentual, passando de 8,6% para 8,7%.
Ressalve-se que tal grau de ignorância é observado em faixa etária bastante avançada para a vida escolar. E que aqui não se trata de pessoas desprovidas de pleno domínio da leitura e da escrita, mas de quem simplesmente é incapaz de ambas as coisas. Mais: o universo dos analfabetos funcionais (agora, sim, dos que não sabem ler nem escrever satisfatoriamente), entre os que chegaram ou ultrapassaram os 15 anos, é bastante superior, girando em torno de 20% do total. Ou seja, o infortúnio do estudante neste país vai de ponta a ponta. Para se ter ideia, cerca de 38% dos que cursam o terceiro grau têm sérias dificuldades para produzir e interpretar textos.
No fim de 2012, mais precisamente em 9 de novembro, o governo federal lançou o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. O programa, com previsão de investimentos de R$ 2,7 bilhões neste ano e em 2014, tem como alvo crianças de 7 anos. Vejam que essa é a "idade certa". Tanto que em 2008 foi instituída a Provinha Brasil, destinada a aferir se, aos 8 anos, os alunos do 2° ano do ensino fundamental da rede pública estariam, de fato, plenamente alfabetizados. Mas, passada meia década, percebe-se que os efeitos da louvável medida adotada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) têm sido, no mínimo, insuficientes.
Acabar com o mal endêmico que compromete geração após geração de brasileiros, como pesado entrave ao desenvolvimento sustentável do país, é desafio para toda a sociedade. Mas é preciso, antes, romper o círculo vicioso, para que as famílias adquiram condições de prestar cota de colaboração nessa tarefa gigantesca. Sem o mínimo, perde-se inclusive a possibilidade de aplicação de prática comum nos países desenvolvidos, de os pais lerem para os filhos pequenos, o que desperta o interesse pela leitura, desenvolve o raciocínio, amplia o conhecimento da língua e facilita o aprendizado das demais disciplinas.
Fracassos em matemática, geografia, história, ciências e outras matérias se devem, sobretudo, a deficiências de leitura e escrita. Nessa bola de neve do atraso, a evasão escolar cresce, alimentada pelo desinteresse de quem está na escola sem entender nada. Mais: a própria cidadania é mutilada. Portanto, é preciso fazer valer cada centavo dos R$ 2,7 bilhões destinados a crianças de 7 anos em 2013 e 2014. Mas os jovens e adultos analfabetos também carecem de ação rápida e eficiente do Estado. É o futuro da nação que está em jogo.
Ressalve-se que tal grau de ignorância é observado em faixa etária bastante avançada para a vida escolar. E que aqui não se trata de pessoas desprovidas de pleno domínio da leitura e da escrita, mas de quem simplesmente é incapaz de ambas as coisas. Mais: o universo dos analfabetos funcionais (agora, sim, dos que não sabem ler nem escrever satisfatoriamente), entre os que chegaram ou ultrapassaram os 15 anos, é bastante superior, girando em torno de 20% do total. Ou seja, o infortúnio do estudante neste país vai de ponta a ponta. Para se ter ideia, cerca de 38% dos que cursam o terceiro grau têm sérias dificuldades para produzir e interpretar textos.
No fim de 2012, mais precisamente em 9 de novembro, o governo federal lançou o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. O programa, com previsão de investimentos de R$ 2,7 bilhões neste ano e em 2014, tem como alvo crianças de 7 anos. Vejam que essa é a "idade certa". Tanto que em 2008 foi instituída a Provinha Brasil, destinada a aferir se, aos 8 anos, os alunos do 2° ano do ensino fundamental da rede pública estariam, de fato, plenamente alfabetizados. Mas, passada meia década, percebe-se que os efeitos da louvável medida adotada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) têm sido, no mínimo, insuficientes.
Acabar com o mal endêmico que compromete geração após geração de brasileiros, como pesado entrave ao desenvolvimento sustentável do país, é desafio para toda a sociedade. Mas é preciso, antes, romper o círculo vicioso, para que as famílias adquiram condições de prestar cota de colaboração nessa tarefa gigantesca. Sem o mínimo, perde-se inclusive a possibilidade de aplicação de prática comum nos países desenvolvidos, de os pais lerem para os filhos pequenos, o que desperta o interesse pela leitura, desenvolve o raciocínio, amplia o conhecimento da língua e facilita o aprendizado das demais disciplinas.
Fracassos em matemática, geografia, história, ciências e outras matérias se devem, sobretudo, a deficiências de leitura e escrita. Nessa bola de neve do atraso, a evasão escolar cresce, alimentada pelo desinteresse de quem está na escola sem entender nada. Mais: a própria cidadania é mutilada. Portanto, é preciso fazer valer cada centavo dos R$ 2,7 bilhões destinados a crianças de 7 anos em 2013 e 2014. Mas os jovens e adultos analfabetos também carecem de ação rápida e eficiente do Estado. É o futuro da nação que está em jogo.
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