segunda-feira, setembro 30, 2013

A semana da política - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 30/09

Que votações que nada. Paralelamente à saída de Fernando Bezerra Coelho do Ministério da Integração, abrindo lugar ao senador Vital do Rêgo do Filho, do PMDB, esta semana será dedicada à montagem dos times eleitorais que se apresentarão para as eleições de 2014. O vai e vem está num ritmo que há muito não se via. Nas últimas 48 horas, os movimentos mais surpreendentes vieram do ex-governador de São Paulo José Serra, que se preparava para deixar o PSDB.

Como já dissemos aqui há alguns dias, Serra nunca esteve tão encalacrado. Mas, nas últimas horas, cresceu nele o sentimento de que, se quiser respirar de peito aberto, sem ser tolhido em suas andanças e projetos, tem que sair do partido. No PSDB, ele se sente sufocado. No plano nacional, quem dá as cartas é o senador Aécio Neves. No regional, o governador Geraldo Alckmin. E ele, Serra, que foi prefeito, governador, ministro do Planejamento e da Saúde do governo Fernando Henrique e, duas vezes, candidato a presidente da República, não é prestigiado.

Desde que Serra começou nessa montanha-russa, ora pensa em sair ora diz que vai ficar no PSDB, não houve um ato público dentro do partido em que ele fosse chamado. Os seminários regionais, que Aécio promove pelo país afora — os dois primeiros ocorreram em Maceió e em Curitiba — não contaram com a presença de Serra. E, como em política, os gestos muitas vezes dizem mais do que as palavras, para muitos serristas ficou claro que o ex-governador paulista não está com essa bola toda, e que a porta da rua pode ser a serventia da casa — lembra até um pouco a forma com que Dilma se despediu do PSB.

Por falar em formas...

Dilma tem plena consciência de que a saída do PSB do governo foi um prejuízo, e Lula deixou isso claro na entrevista exclusiva que deu ao Correio. Da mesma forma, a saída de Serra, se confirmada, será um problema para os tucanos. Mas, lá na frente, talvez o que hoje é visto como perda se transforme numa vantagem. Se nem Eduardo nem Serra chegarem ao segundo turno, eles podem auxiliar seus antigos aliados. Eduardo Campos poderá ser importante num segundo turno em favor da petista. Como integrante do campo governista, ele não integra oficialmente o “outro lado”. Serra, como um elemento forte dentro da oposição, será importante para quem estiver contra Dilma. E, aos olhos de hoje, quem tem maior estrutura para chegar lá contra Dilma é o PSDB.

Nesse cenário, para que essa ajuda se dê de fato, é preciso que o PT não jogue fora a relação com Eduardo nem o PSDB deixe o relacionamento com Serra escorrer pelos dedos. Os petistas, até o momento, não se mostraram muito hábeis nessa construção. Isso porque, em vez de jogar às claras, começaram a minar o PSB por dentro. Eduardo não gostou e acabou antecipando uma saída do seu time do governo. Os tucanos ainda não tiveram esse problema. Esta semana, entretanto, vão começar a pensar nisso, enquanto observam não só os movimentos de Serra como também as evoluções da Rede de Marina Silva, as peças que faltam para fechar o quadro de potenciais concorrentes ao Planalto.

Enquanto isso, na antessala de Dilma...

Com o PMDB no comando da Integração Nacional, a briga será intensa nos bastidores entre os dois grandes partidos que integram a base do governo. O PMDB já fez chegar ao Planalto seu desejo de ficar com alguns postos importantes ligados ao ministério, e que vai brigar pela Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) que, hoje, tem uma série de projetos na área de transporte regional, especialmente ferrovias. Tem ainda recursos para viabilizar seus planos, coisa rara em se tratando de governo. Daí, a briga para ocupar esse cargo.

Os peemedebistas, entretanto, consideram que, se a bancada da região contar ponto para definir a quem cabe a Sudeco, o cargo ficará com eles. O PMDB tem mais deputados que o PT no Centro-Oeste e dois governadores, de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul. O PT só tem o do Distrito Federal. Essa briga promete. Quanto à Secretaria de Portos, o mais provável é a permanência de Leônidas Cristino. Dilma não quer confusão com reforma ministerial agora. Já chega a dor de cabeça que terá por conta da disputa entre PMDB e PT pelos cargos vagos na estrutura de poder da Integração.

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