FOLHA DE SP - 18/09
LULA VAI voltar? Mas Dilma Rousseff não é muito popular, com mais de 70% de aprovação? Onde fica a praia "x", que tem baleias? Muito animadora a "Clean Record Law" (Lei da Ficha Limpa). O Brasil melhora na corrupção, mas regride na economia, com Estado demais. Existe um bom restaurante brasileiro na região de Boston?
Reunião informal, "festa", com professores de Harvard e universidades da região, além de pesquisadores e estudantes e brasileiros vários. A maioria conhece razoavelmente o Brasil. Poucos falam de economia. Muito "brasilianista" agora se dedica mais a assuntos como sexo, educação, religião, ambiente, "culturas das periferias", empreendedorismo.
Quem fala de economia trata de protecionismo e/ou dos motivos do baixo crescimento recente.
A conversa curta, em meio ao barulho, não permite descobrir se o interlocutor conhece bem a política econômica. Pode ser que as perguntas apenas tenham sido sugeridas pelo mais recente dos muitos textos que a "Economist" ou o "Financial Times" publica desancando o governo brasileiro.
Seja como for, pergunta-se por que o Brasil barra importações ("até louças! Comida congelada!", dizem), por que o governo "só" compra de empresas nacionais, por que barrou a importação de carros, por que a Petrosal, por que o BNDES subsidia multinacionais no Brasil, por que o Brasil não segue o exemplo de Chile, Peru, Colômbia e México, que montam uma área de livre comércio "de verdade".
Mas há quem lembre que Dilma quer "reduzir o custo Brasil" (assim mesmo, em português) e lançou também um "plano de privatizações" (as concessões na área de infraestrutura). Os professores mais "heterodoxos" da universidade obviamente não estão na festa.
Muitos falam de Lula, que faz menos de um mês deu entrevista ao "New York Times". O texto da reportagem sugeria que Lula poderia voltar, embora talvez não em 2014.
Querem saber também o que o ex-presidente tem a ver com o "julgamento da cúpula do Partido dos Trabalhadores" (o julgamento do mensalão), como diz um conviva.
Este brasileiro ouve várias congratulações sobre o progresso nacional no combate à corrupção. Mencionam especificamente tribunais barrando candidatos podres ao posto de prefeito, obviamente o julgamento do mensalão, as tentativas de barrar o tráfico no Rio (sic) e até as providências do Conselho Nacional de Justiça. Enfim ninguém pergunta da Amazônia, mas comentam os problemas com direitos de trabalhadores rurais e escravidão.
Uma pesquisadora observa que o Brasil tem uma presidente mulher e a maior cidade do país teve "recentemente" duas prefeitas, também um progresso "admirável", ao qual os americanos resistem.
Por que Dilma Rousseff é tão popular, se é tão discreta e a economia tem crescido tão pouco? É o desemprego baixo? Foi o apoio que deu ao combate à corrupção (a demissão de ministros enrolados pegou bem até aqui fora)?
Um professor diz que Dilma tenta dar "racionalidade ao debate político brasileiro, muito radicalizado no governo anterior". Mas na rodinha discute-se se ela terá o "impulso" de fazer grandes reformas econômicas (FHC) ou "sociais" (Lula).
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