sábado, março 10, 2012

Tudo por causa do Ministério da Pesca! - JORGE BASTOS MORENO

O GLOBO - 10/03/12


A crise política do governo pode ser complexa, mas foi desencadeada por um motivo aparentemente banal: a nomeação de um importante senador da República, Marcelo Crivella, para um desimportante Ministério da Pesca. Tão desimportante que era o primeiro da lista das inutilezas que seriam extintas na reforma administrativa do Ministério que não houve.

O problema da nomeação foi o momento de insatisfação generalizada dos partidos com o governo.

O cenário da batalha também não ajudou: o Senado Federal, onde 2/3 dele terão mais tempo de mandato do que Dilma.

O governo ficou tão perdido que ainda mandou a ministra Ideli investigar as causas da rejeição à recondução de Bernardo Figueiredo na agência do trem-bala. Dessa investigação, resultou a suspeita de que até o Sarney poderia ter votado contra o governo. Trabalho inútil. Bastaria ouvir o alfaiate Severo dos Santos, que há 30 anos veste senadores e deputados.

Só que, depois dessa, o Senado, que há muito não faz papel de herói, está se achando. Tanto que Cássio Cunha Lima, de ficha tão limpa quanto a de Figueiredo e que está lá pelo desleixo da lei, gritou com o resultado da votação:

— Começou a faxina do Senado.

Como piada de plenário não podia ser melhor.

Aviso aos navegantes
Só ontem, quando de fato, voltei a trabalhar, mais de 10 pessoas vieram me contar a mesma história.

A do barraco entre a presidente Dilma e Cid Gomes, ocorrida no início de fevereiro, no interior do Ceará.

Pauta velha.

Depois desse incidente, a Dilma já voltou lá e até fez as pazes com o governador.

A oposição, assanhada, diz que a presidente foi indelicada com Cid, ao chamá-lo de “incompetente”.

Mas, neste país machista, ninguém critica o fato de o governador levantar-se bruscamente da reunião e ter batido a porta com tanta força, que ela quase cai na cabeça do Eduardo Campos, que correra atrás do colega, tentando segurá-lo. Como eu estava ausente nesse período, não vou fazer o jogo dos adversários, divulgando um triste episódio, graças a Deus, completamente superado.

Fofoqueiros, não contem comigo!

Fofoqueiro
Jogada de mestra a da presidente Dilma, ao mandar Gilberto Carvalho desembarcar no Rio numa sexta-feira para acalmar Eduardo Paes, que queria matar o Padilha, por causa dos dados sobre a saúde no município.

Paes, não só ficou calmo, como ainda saiu, depois, em defesa do ministro da Saúde, quando Cabral, mais irritado que o prefeito, tentou dar o troco:

— Governador, faça isso não! Soube por um amigo de Brasília que o cara está muito fraco, coitado!

Ausência
Enquanto isso, Padilha, ontem, em São Paulo, rolava literalmente pelo chão com alunos da escola pública onde estudou.

Até a ex-cozinheira voltou só para fazer o bolo da festa.

A mãe do ministro e suas exprofessoras também foram, além do Kassab.

De ex-colegas, só faltou mesmo o Eduardo Paes.

Dupla homenagem
Até as carpas do Alvorada sabem que a Dilma nunca gostou de Tarso nem Tarso nunca gostou da Dilma.

Mas, como integrante da comitiva presidencial à Alemanha, o governador foi muito paparicado pela presidente da República.

Pasmem!
Como a viagem coincidiu com o aniversário de Tarso, Dilma mandou fazer um enorme bolo de aniversário, servido no voo. Tarso apagou as velinhas ao som do “Parabéns Pra Você”, cantado por Dilma, Patriota, Pimentel, Paulo Bernardo, Jaques Wagner e Helena Chagas.

Demorei a entender motivo de tão exagerada, embora justa, homenagem.

Na verdade, Tarso não foi homenageado apenas pelo aniversário.

Foi por ter chamado de “papo furado” o argumento do ministro Aloizio Mercadante sobre o reajuste do piso do magistério. Gente, como o Mercadante é querido dentro do PT.

Nome feio
Antes, era só o Gabrielzinho Rousseff que chorava quando alguém falava no nome de Geddel Vieira Lima.

Agora também é a vovozona! Que, quando ouve o nome de Geddel, chora!

Chora e Xinga!

Xinga e chora!

Gentleman
Eduardo Paes, chiquérrimo, desembarcou em Brasília com um buquê de rosas. Que entregou a Dilma como presente do Dia Internacional da Mulher.

Conquista
As duas maiores empresas brasileiras que fabricam silicone com selo da Anvisa resolveram atender o apelo do governo.

Agora, passam a cobrar pela tabela do SUS.

Bela notícia.

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