O GLOBO - 06/12
A divulgação, em poucos dias, de uma série de dados permite uma visão preocupante dos diversos níveis da Educação brasileira, do básico ao ensino superior
A coincidência da divulgação, em poucos dias, de uma série de dados, de fontes diversas, sobre segmentos da Educação permite uma avaliação de como está o setor, do ciclo fundamental à Universidade. Os números não sustentam um diagnóstico “científico”, mas são importantes por desenhar um esboço impressionista da qualidade do ensino no país, em todos os níveis. E o quadro é preocupante.
Os resultados do último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), divulgados na semana passada, confirmaram a clássica disparidade entre o ensino público e o privado. Sem a melhoria radical do primeiro, a maior parte da população jovem não terá qualificação à altura das exigências do mercado de trabalho, e, assim, o país não se beneficiará do “bônus demográfico” — grande proporção de jovens na força de trabalho —, já em fase de resgate.
No início desta semana, saíram os dados de 2012 do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), de que participaram representantes de 66 países. Todos com 15 anos de idade, portanto, na fase final do ensino básico. Brasileiros se submetem ao teste desde 2000, têm demonstrado evolução nas matérias abordadas — Matemática, Ciências e Leitura —, mas não o suficiente para sair dos últimos lugares no ranking do Pisa. Desta vez, ficaram no 58º.
Já ontem, foi divulgado levantamento da Times Higher Education (THE) sobre as cem melhores universidades do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e 17 outros emergentes. Repetiu-se a posição inferior brasileira: não há qualquer estabelecimento do país na relação dos dez mais bem avaliados, liderada pela Universidade de Pequim. A China, por sinal, ocupa quatro das dez posições; Turquia, três; Taiwan, África do Sul e Rússia, uma cada. A universidade brasileira mais bem colocada é a USP (Universidade de São Paulo), em 11º. Na relação, há apenas mais três outras nacionais: Unicamp (Campinas), UFRJ e Unesp (Estadual Paulista). Muito pouco para uma das sete economias do mundo.
Vistos em conjunto, o Enem, o Pisa e este ranking deveriam levar a uma reflexão. Numa visão mais ampla, a debacle na Educação parece, em parte, derivar de um projeto de país destinado a solucionar o “problema social”. O ensino superior não foge a este contexto. É mais importante criar cotas raciais na Universidade do que aprofundar políticas que conectem o ensino ao desenvolvimento na globalização. Chegou-se ao ponto de, no bom programa Ciência sem Fronteiras, não haver cuidado com o nível do inglês dos candidatos. Esquece-se que a questão social só será de fato equacionada com avanços na capacidade de o país competir no mundo, razão direta de uma boa Educação. Caso contrário, o Brasil será um país de segunda classe, exportador apenas de produtos primários, e com amplas camadas da população dependentes de “gastos sociais”, hoje parte ponderável das despesas primárias do governo. O futuro se mostra medíocre.
Um comentário:
Crise! Que Crise?
O ministro da educação (em letras minúsculas!) deu uma entrevista sobre a avaliação do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) entre as edições de 2.003 e 2.012, onde cita:
" Ele classificou o resultado de "grande vitória" e destacou que o país conseguiu melhorar seu desempenho ao mesmo tempo em que incluiu novos estudantes. O ministro admitiu que a fotografia da realidade educacional brasileira ainda não é boa, mas enfatizou que o filme, isto é, o avanço na última década, foi positivo."
Ocorre que a posição do Brasil é a 58ª lugar, entre 65 países.
BRAZIL, PAÍS RICO...DE PAROLEIROS!!!
Postar um comentário