ZERO HORA - 06/12
O atraso nas obras da Copa fica em segundo plano a partir de hoje, quando se realiza o sorteio dos grupos das equipes que disputarão o Mundial e o futebol assume o protagonismo da competição. A segunda Copa brasileira tem proporcionado ao país uma experiência importante na organização de um grande evento internacional e no exercício da cidadania. Poucas vezes, como está ocorrendo agora, a opinião pública acompanhou com tanta atenção as ações de seus dirigentes políticos, que assinaram o acordo com a Fifa para trazer a competição ao país e comandam os investimentos nos estádios e nas obras de infraestrutura.
É natural que a euforia com a Copa conviva com dúvidas e críticas, mesmo que em minoria, ao pesado envolvimento financeiro do setor público. Foi assim em todos os países que já realizaram eventos desse porte. Ninguém espera que um acontecimento que mexe com paixões e também com a racionalidade de quem, direta ou indiretamente, o sustenta, conquiste unanimidades. Assim como é falso supor que uma Copa ou uma Olimpíada, em qualquer lugar do mundo, possam se viabilizar sem a participação dos governos.
Mesmo que ainda persistam interrogações sobre os reais benefícios da Copa, e não só para o esporte, mas para todos, já não há mais margem para hesitações sobre a sua realização. O que o Brasil precisa agora é reafirmar, com a aceleração do ritmo das obras, a convicção de que a Copa inspira outros investimentos, dissemina a geração de empregos e propicia a execução de projetos que não prosperariam sem a sua realização. O importante é que a Copa deixa legados. Mas o impacto econômico do Mundial será completo se observado ao lado de seus benefícios sociais, em especial nas melhorias em mobilidade e na urbanização das grandes cidades.
É no conjunto das avaliações que devem ser vistos também os protestos de rua de junho e as manifestações permanentes nas redes sociais, com questionamentos sobre os mais variados aspectos da Copa. São atitudes que contribuem para o exercício da cidadania e das discordâncias, o aprimoramento de controles e a maior transparência no uso de recursos públicos. Há muito ainda a fazer. Sorteados os grupos, a torcida agora deve ultrapassar os limites do futebol. Que em 2014 os brasileiros sejam os grandes vitoriosos, com o fortalecimento da autoestima e da imagem do país no Exterior.
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