FOLHA DE SP - 07/09
BRASÍLIA - Há pouca ciência e muito chute a respeito de como serão os protestos de rua hoje ou os próximos, daqui a um ano, quando o Brasil estará prestes a eleger novos governadores e o presidente da República.
Os elementos disponíveis para análise têm pouca lógica entre si. A grande onda de manifestações populares se deu em junho, mês que fechou o segundo trimestre do ano com crescimento de 1,5% da economia, um resultado muito positivo. Não obstante, foi naquele momento que os brasileiros resolveram ficar impacientes e gritar nas ruas.
O crescimento econômico veio tarde demais? Foi insuficiente por causa do marasmo em períodos anteriores? Terá efeitos só partir de agora nos corações e mentes dos eleitores? Ninguém sabe.
Neste terceiro trimestre, a economia está menos robusta. Ou seja, a situação geral tende a ser pior no cotidiano das pessoas. Ainda assim, as manifestações perderam o ímpeto de junho para cá. Sobraram grupos renitentes e organizados, mas "o povo" se afastou um pouco.
Hoje, há dezenas de atos marcados. Em Brasília, com algumas coincidências: desfile militar na Esplanada dos Ministérios, Dilma Rousseff no palanque e jogo da seleção brasileira de futebol no estádio Mané Garrincha. Ninguém sabe o que vai dar.
Em 2014, a incógnita aumenta. Já se sabe que haverá a Copa do Mundo. É um evento bem maior do que foi a Copa das Confederações, razão de tanta irritação em junho passado. Brasileiros batalhadores observavam com desalento os estádios milionários a partir das janelas de ônibus sujos, lentos e desconfortáveis.
Entre governo e oposição há um consenso. Não existe no horizonte um sinal de deterioração completa da economia. O mais provável é que se mantenha o ritmo medíocre (no sentido de mediano) de crescimento.
Nesse cenário pastoso, os protestos de hoje serão um termômetro, mas não um indicador definitivo.
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