sábado, setembro 07, 2013

Por um dia de paz - ZUENIR VENTURA

O GLOBO - 07/09

A tensão pré-7 de setembro produziu um efeito benéfico: levou à tomada de medidas preventivas contra os excessos



Este 7 de setembro chega carregado das pesadas ameaças que foram se acumulando nestas últimas semanas nas redes sociais. Faço votos para que elas não se concretizem com violência por ocasião das paradas militares e nem venham a ocorrer logo mais à tarde, durante o amistoso do Brasil contra a Austrália. Do Palácio do Planalto aos quartéis da PM, criou-se uma tensa expectativa em relação ao “maior protesto da história do Brasil”, convocado por vários grupos ativistas, principalmente os mascarados Anonymous, cuja “Op7” estava prevendo manifestações em mais de 170 cidades. Dos 5 milhões de convites distribuídos pelo Facebook, mais de 400 mil haviam confirmado participação no chamado “badernaço”. Também os encapuzados Black Blocs pretendem promover badernas em outras tantas cidades. No Rio, depois de um “Ocupa Cabral” por 40 dias, eles desmontaram ontem o acampamento do Leblon, alegando que querem “descansar” para os atos de hoje. Dali saiu a cara feminina do movimento que, encoberta e deixando aparecer apenas os olhos, foi parar na capa da “Veja” e na coluna de Caetano: “Os olhos de Emma são lindos”, ele escreveu, “de uma cor verde-cinza e com forma e tamanho muito harmônicos com o pedaço do rosto cuja pele está de fora.”

Ao contrário de seus cinco colegas de grupo que foram presos esta semana, Emma, pelo que tenho sabido, corre o risco de acabar não na cadeia, mas nas páginas da “Playboy”. Além dos belos olhos, essa ativista de 25 anos usa como arma as palavras radicais que compõem o seu discurso político. Já os seus companheiros Black Blocs foram autuados por formação de quadrilha armada e incitação à violência. É que em suas casas a polícia encontrou facas, máscaras, capuzes e um artefato feito com pregos e cola capaz de furar pneus e o corpo humano. Segundo a delegada Marta Rocha, as armas seriam usadas no “badernaço”.

A tensão pré-7 de setembro produziu um efeito benéfico: levou à tomada de medidas preventivas contra os excessos de um lado e do outro. Pelo menos no Rio os PMs não deverão se infiltrar disfarçados nos protestos, como foram acusados de fazer antes, e os manifestantes não poderão usar máscaras ou capuzes, ou até poderão, mas terão que se identificar sempre que solicitados por um policial, que agora está autorizado pela Justiça a conduzi-los a uma delegacia e de lá, conforme o caso, a uma prisão. Com isso, quem sabe, vamos ouvir de novo a palavra de ordem predominante nos primeiros momentos das memoráveis manifestações de junho: “Sem violência!”

Um comentário:

matuto disse...

No dia que se comemora a INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, é de bom tom rever a frase do "demiurgo":
"Nunca antes na história deste país". A festa de comemoração da "LIBERDADE DO PAÍS" ocorreram tantas prisões de participantes.
Cuidado! estamos caminhando para o "controle social" da participação. Sendo contrário aos padrões dos "olhos sociais", vai ser interpelado por esta voz:"TÊJE PRESO!"