Aluguel de máquina para construção registra queda
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 02/10/11
Os preços praticados pelas locadoras de equipamentos para construção, como empilhadeiras, andaimes e escavadeiras, registraram queda neste ano no Brasil.
"Houve uma redução dos preços em torno de 15% em valor real no mercado em geral", diz Eurimilson Daniel, da Sobratema (associação de tecnologia para equipamentos) e presidente da empresa de locação Escad.
À elevação no custo de crédito e manutenção das máquinas soma-se a entrada de asiáticos, que aumentou a oferta no país.
Além disso, o setor investiu muito na compra de máquinas nos últimos anos, de acordo com o presidente da Alec (Associação dos Locadores de Equipamentos para a Construção Civil), Durval Gasparetti.
Entre 2008 e 2010, o número de locadoras cresceu 30% no país. Hoje são cerca de 2.400. Além disso, as empresas que já existiam dobraram seus quadros de funcionários, afirma Gasparetti.
O setor de construção, porém, diminuiu o ritmo de expansão. Em 2010, o PIB do segmento cresceu 12%. Para este ano, a previsão é de 5%.
"Como resultado dos investimentos, atualmente temos máquinas ociosas. Quem tem uma posição favorável, pode fazer promoção e depois se recuperar", diz.
Gasparetti afirma que não tem como quantificar a queda de demanda, mas afirma que foi um declínio lento, que se iniciou em fevereiro e que foi até junho.
"Agora está estabilizado."
PRESSÃO NA MARGEM
A Eleva Brasil, locadora de equipamentos motorizados para construção civil, registrou queda de 15% a 20% nos preços que cobra de seus clientes.
"No terceiro trimestre, deu uma desacelerada. O mercado financeiro já prevê menores lucros para as construtoras, que são um dos setores que mais sofrem no mercado acionário em 2011", afirma Guilherme Bueno, sócio da Eleva, empresa do grupo Emit Brasil.
O empresário cita empilhadeiras e manipuladores telescópicos entre as máquinas que perderam preço.
As margens das vendas também foram pressionadas pela entrada de produtos de empresas chinesas e indianas, que passaram a vender diretamente para construtoras, o que atrapalha o mercado de locação.
A pressão foi sentida pela Emit Equipamentos, que importa e vende escoramentos metálicos e acessórios para andaimes.
"Com a subida do dólar, é provável que os preços se reajustem para cima, mas não por um aumento de margem, é meramente câmbio", afirma Murilo Santos, sócio da Emit.
INVASÃO DE CAPITAL
A participação de estrangeiros na carteira de ativos financeiros do mercado brasileiro dobrou nos últimos seis anos, de acordo com o Cemec (Centro de Estudos de Mercado de Capitais).
Desde 2005, o volume de investimento de pessoas de outros países no Brasil passou de 5,3% para 10,6%. "A isenção de Imposto de Renda para títulos públicos foi o principal motivo para esse aumento", diz o diretor do centro, Carlos Rocca.
Nos próximos anos, a tendência é que a participação dos investidores estrangeiros no mercado brasileiro cresça ainda mais, segundo a entidade. "Se o governo der continuidade ao processo de desoneração do Imposto de Renda também nos títulos de dívida privada, temos um potencial muito grande."
Em julho passado, a carteira de ativos financeiros atingiu R$ 5,4 trilhões no Brasil, sem contar os valores de companhias de capital fechado.
O Cemec, criado em 2008, mantém convênios com BM&FBovespa, Anbima, Cetip, Ibmec, entre outros.
O QUE ESTOU LENDO
Líbano Barroso, presidente da TAM
História e culinária chinesas são atualmente temas da leitura de Líbano Barroso.
"'O Último Chef Chinês', de Nicole Mones, [ed. Suma de Letras Brasi], é um romance que faz uma deliciosa narração sobre a culinária da China, desde o final do Império, passando pela Revolução Cultural, até os dias de hoje", afirma o presidente da TAM.
"O livro é uma mistura de história e ritual da comida daquele país, pois, para os chineses, comer é um evento e nunca apenas a nutrição."
Barroso lê também uma obra sobre gestão."'Não é Óbvio', de Eliyahu M.Goldratt, [ed. Nobel], é baseado na melhoria de processos do comércio varejista", diz.
ORÇAMENTOS EM XEQUE
A implementação de projetos costuma estourar em 66% o valor previsto no orçamento, na média mundial, segundo estudo da consultoria americana A.T. Kearney.
Entre as empresas de telecomunicação, os gastos chegam a ser o dobro do estimado inicialmente.
"É um setor que utiliza muito os novos recursos tecnológicos", afirma Dario Gaspar, sócio da consultoria que atua em mais de 30 países.
O valor dos orçamentos de obras de infraestrutura, por sua vez, é superado em 67%.
Na América do Sul, o montante desembolsado para viabilização de projetos é 67% superior ao orçado. Nos países da América do Norte, esse número é de 33%.
com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ
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