ZERO HORA - 07/10
Depois de 20 anos de polarização entre o PT, que ocupa o governo, e o PSDB, que esteve durante oito anos no poder, o Brasil ingressa numa nova fase de sua vida política com a formação da aliança entre a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, e o PSB, de Eduardo Campos, ambos ex-ministros de Lula. Aparentemente, trata-se de uma força política capaz de disputar a preferência do eleitorado com os partidos tradicionais, por reunir o ideá-rio ambientalista da ex-ministra e a alardeada competência gerencial do governador pernambucano, cuja administração estadual é a melhor avaliada no país. A surpreendente parceria, que mexe profundamente com o quadro político nacional um ano antes do pleito presidencial, foi motivada pela decisão da Justiça Eleitoral de negar registro ao partido organizado pela ex-ministra do Meio Ambiente.
Ainda é cedo para se saber que conformação tomará o PSB a partir da adesão dos marineiros, mas a aliança certamente obrigará os demais participantes da corrida presidencial a mudar o discurso bipolar de governo contra oposição ou esquerda contra direita. Alguns pontos, porém, carecem de melhor esclarecimento a partir do inesperado apoio de Marina Silva a Eduardo Campos. Em primeiro lugar, cabe à ex-ministra formalizar a denúncia que vem insinuando desde a rejeição do registro de seu partido, sobre o aparelhamento petista em alguns cartórios eleitorais que anularam ou sequer examinaram as listas de apoiadores da Rede. Trata-se de uma suspeita muito grave: os cartórios estão sujeitos à fiscalização da Justiça, não podem deixar de cumprir suas obrigações por interesses político-partidários.
Caso seja confirmada má-fé em algum episódio relativo às assinaturas descartadas, é evidente que os responsáveis devem ser punidos. O país não pode começar a campanha eleitoral à sombra de tamanha suspeita, sob o risco de ver o jogo sujo se transformar em regra geral.
Outra questão em aberto é a união de opositores. Embora faça questão de dizer que a nova aliança tem sentido programático, e não pragmático, o certo é que Marina Silva terá que compactuar com políticos de pensamento diverso ao seu. Entre os integrantes do PSB há, por exemplo, duas dezenas de parlamentares que ficaram ao lado dos ruralistas nas recentes votações do Código Florestal - uma das bandeiras da Rede Sustentabilidade.
Porém, como o acordo firmado entre a Rede e o PSB garante a integridade partidária das duas siglas, parece ter sido preservado o espaço para o convívio de ideias diferentes, o que, aliás, é um recurso obrigatório para a existência de coligações. Além disso, os líderes dos dois partidos reconhecem que o PSB será apenas um "abrigo transitório" para a Rede, até que a nova organização consiga o seu registro no TSE. Mantém-se indefinida, inclusive, a formação da chapa que disputará a eleição presidencial, embora a perspectiva maior seja de que o governador pernambucano a encabece e a ex-ministra entre como vice. Em qualquer hipótese, o surgimento de uma terceira via tende a tornar a disputa presidencial mais plural e mais democrática.
Após filiar-se ao PSB, cabe à ex-ministra Marina Silva formalizar a denúncia que vem insinuando desde a rejeição do registro de seu partido, sobre o aparelhamento petista em alguns cartórios eleitorais.
Ainda é cedo para se saber que conformação tomará o PSB a partir da adesão dos marineiros, mas a aliança certamente obrigará os demais participantes da corrida presidencial a mudar o discurso bipolar de governo contra oposição ou esquerda contra direita. Alguns pontos, porém, carecem de melhor esclarecimento a partir do inesperado apoio de Marina Silva a Eduardo Campos. Em primeiro lugar, cabe à ex-ministra formalizar a denúncia que vem insinuando desde a rejeição do registro de seu partido, sobre o aparelhamento petista em alguns cartórios eleitorais que anularam ou sequer examinaram as listas de apoiadores da Rede. Trata-se de uma suspeita muito grave: os cartórios estão sujeitos à fiscalização da Justiça, não podem deixar de cumprir suas obrigações por interesses político-partidários.
Caso seja confirmada má-fé em algum episódio relativo às assinaturas descartadas, é evidente que os responsáveis devem ser punidos. O país não pode começar a campanha eleitoral à sombra de tamanha suspeita, sob o risco de ver o jogo sujo se transformar em regra geral.
Outra questão em aberto é a união de opositores. Embora faça questão de dizer que a nova aliança tem sentido programático, e não pragmático, o certo é que Marina Silva terá que compactuar com políticos de pensamento diverso ao seu. Entre os integrantes do PSB há, por exemplo, duas dezenas de parlamentares que ficaram ao lado dos ruralistas nas recentes votações do Código Florestal - uma das bandeiras da Rede Sustentabilidade.
Porém, como o acordo firmado entre a Rede e o PSB garante a integridade partidária das duas siglas, parece ter sido preservado o espaço para o convívio de ideias diferentes, o que, aliás, é um recurso obrigatório para a existência de coligações. Além disso, os líderes dos dois partidos reconhecem que o PSB será apenas um "abrigo transitório" para a Rede, até que a nova organização consiga o seu registro no TSE. Mantém-se indefinida, inclusive, a formação da chapa que disputará a eleição presidencial, embora a perspectiva maior seja de que o governador pernambucano a encabece e a ex-ministra entre como vice. Em qualquer hipótese, o surgimento de uma terceira via tende a tornar a disputa presidencial mais plural e mais democrática.
Após filiar-se ao PSB, cabe à ex-ministra Marina Silva formalizar a denúncia que vem insinuando desde a rejeição do registro de seu partido, sobre o aparelhamento petista em alguns cartórios eleitorais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário