FOLHA DE SP - 29/07
BRASÍLIA - Francisco foi embora, o papa que foi ao encontro das ruas e não das autoridades. Para muitos, deixa palavras de esperança e renovação. Para outros, sentimentos de decepção ao não tocar em temas tabus, como aborto.
Respeito e compreendo a reação do segundo grupo, mas fico com o primeiro. Não esperava do pontífice pregação revolucionária de questões morais, mas nutria grande expectativa sobre sua mensagem à juventude quanto a seu lugar no atual cenário político e social.
Digo que não me frustrei. Pelo contrário. Ele conclamou os jovens a assumir o protagonismo das mudanças sociais, estimulou-os a seguir nas ruas e pediu que nunca desanimem nem percam a confiança diante de notícias de corrupção.
Diria que o papa cumpriu muito bem sua missão de semeador. Suas palavras tocaram mentes e corações e partiram de quem dá exemplos concretos de segui-las. Se vão produzir frutos, só o tempo dirá.
É bom lembrar, para desgosto da nossa classe política, que foram lançadas em período de terreno fértil, propício para que tenham impacto real no cotidiano daqueles que o seguiram nestes dias no Brasil.
Por aqui, a turma das ruas redescobriu sua força e temos pela frente eventos catalisadores de atenção, como Copa do Mundo e eleições. Cenário que gera insegurança no mundo político e pode ser oportunidade única para sairmos de vez do quadro de acomodação.
A tendência é que, nas próximas eleições, a taxa de renovação no Congresso seja a mais alta da história. Nada mais merecido. Afinal, a classe política estava totalmente divorciada da população. Acordou no susto e ainda não sabe muito bem o que fazer para sobreviver.
Poderia começar dando mais valor à palavra empenhada e dando exemplos concretos de segui-la, tal como Francisco. Só que aqui, na capital federal, isso tem sido produto cada vez menos valorizado.
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