O GLOBO - 30/06
A queda espetacular de popularidade da presidente Dilma registrada na pesquisa Datafolha de ontem - apenas 30% dos consultados consideram seu governo "bom"ou "ótimo", contra 57% na primeira semana deste mês - tem reflexos inevitáveis na corrida presidencial. O PSDB tem uma pesquisa nacional que mostra uma reversão de expectativas, com o segundo turno garantido e os adversários do PT tendo a maioria dos votos, embora a presidente Dilma continue à frente.
Pela pesquisa, a presidente teria hoje 40% dos votos; a ex-senadora Marina Silva, 22%; o senador Aécio Neves, 20%; e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, 5%. Mais uma vez, Marina surge como a grande beneficiária dos movimentos de contestação que ocorrem pelo país, pois, embora tenha sido senadora por 16 anos e fundadora do PT, ela não é percebida pela população como uma política profissional.
Mas Marina tem também um lado evangélico que, segundo estudos recentes, foi decisivo na sua votação na campanha de 2010. O professor Cesar Romero Jacob, diretor do Departamento de Comunicação Social da PUCRio, lançou recentemente o e-book "Religião e Território no Brasil: 1991/2010", da Editora da PUC, trabalho que, ao analisar as transformações no perfil religioso da população brasileira, com o crescimento do número de evangélicos, pode ser útil para o entendimento do cenário eleitoral do ano que vem, considerando a participação crescente de pastores pentecostais na política.
Segundo Romero Jacob, o pluralismo religioso se consolidou no país, com a Igreja Católica perdendo 24 pontos percentuais. O número de católicos cai de 89% da população para 65% em 30 anos. No mesmo período, os fiéis do conjunto de Igrejas Pentecostais passam de 3% da população, em 80, para 13% em 2010. "O Brasil deixou de ser um país de hegemonia católica para ser um país de maioria católica".
Segundo o estudo, no Nordeste, em Minas Gerais e no Sul do Brasil, o percentual de católicos se mantém muito elevado, mas nas áreas de imigração para a fronteira agrícola e mineral do Centro-Oeste e Norte e na periferia das regiões metropolitanas os pentecostais crescem.
"De um modo geral, diz Romero Jacob, nas áreas de expansão recente e, sobretudo, num certo caos social, o pentecostalismo se implantou".
Essa seria a razão da participação de Marina Silva em cultos evangélicos para a coleta de assinaturas em apoio à criação do seu partido, a REDE, como seus militantes fizeram ontem na Marcha para Jesus, em São Paulo.
Apesar de o livro se ater à questão religiosa, os mapas permitem algumas ilações políticas, uma vez que os pastores têm demonstrado certo controle sobre o eleitorado evangélico pentecostal.
Na política, na época da eleição de 2010, na análise de Romero Jacob, Marina conseguiu atrair os insatisfeitos com a campanha do Serra, os petistas insatisfeitos com os rumos do governo do PT, os evangélicos e até os verdes, que não têm uma expressão tão grande assim do ponto de vista eleitoral. Mas o que parece agora, com dados novos, diz o professor da PUC, quando se analisa o mapa dos pentecostais e não determinados com o mapa da votação da Marina, "mesmo que não sejam exatamente iguais, têm pontos de contato muito nítidos".
Embora Marina tenha construído uma carreira em torno da questão ambiental, isso não significa dizer que os evangélicos não a tenham apoiado fortemente. "É claro que a Marina não é uma evangélica óbvia, ela tem uma sofisticação na fala, no sentido de não estar diretamente ligada à questão religiosa", analisa Romero Jacob, ressaltando que "quem é muito óbvio, como Garotinho e Crivella, tem uma rejeição muito alta exatamente pela mistura da religião com política". Ou, como define, "tem um piso alto, mas um teto baixo".
Em 2010, Marina tinha a agenda verde na mão, mas agregou pouco ao PV. Os 20 milhões de votos não aumentaram a bancada de deputados federais do PV.
"Quando se vê Marina indo buscar assinaturas em cultos evangélicos para viabilizar seu partido, isso significa que aí ela se restringe", comenta Romero Jacob.
Pela pesquisa, a presidente teria hoje 40% dos votos; a ex-senadora Marina Silva, 22%; o senador Aécio Neves, 20%; e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, 5%. Mais uma vez, Marina surge como a grande beneficiária dos movimentos de contestação que ocorrem pelo país, pois, embora tenha sido senadora por 16 anos e fundadora do PT, ela não é percebida pela população como uma política profissional.
Mas Marina tem também um lado evangélico que, segundo estudos recentes, foi decisivo na sua votação na campanha de 2010. O professor Cesar Romero Jacob, diretor do Departamento de Comunicação Social da PUCRio, lançou recentemente o e-book "Religião e Território no Brasil: 1991/2010", da Editora da PUC, trabalho que, ao analisar as transformações no perfil religioso da população brasileira, com o crescimento do número de evangélicos, pode ser útil para o entendimento do cenário eleitoral do ano que vem, considerando a participação crescente de pastores pentecostais na política.
Segundo Romero Jacob, o pluralismo religioso se consolidou no país, com a Igreja Católica perdendo 24 pontos percentuais. O número de católicos cai de 89% da população para 65% em 30 anos. No mesmo período, os fiéis do conjunto de Igrejas Pentecostais passam de 3% da população, em 80, para 13% em 2010. "O Brasil deixou de ser um país de hegemonia católica para ser um país de maioria católica".
Segundo o estudo, no Nordeste, em Minas Gerais e no Sul do Brasil, o percentual de católicos se mantém muito elevado, mas nas áreas de imigração para a fronteira agrícola e mineral do Centro-Oeste e Norte e na periferia das regiões metropolitanas os pentecostais crescem.
"De um modo geral, diz Romero Jacob, nas áreas de expansão recente e, sobretudo, num certo caos social, o pentecostalismo se implantou".
Essa seria a razão da participação de Marina Silva em cultos evangélicos para a coleta de assinaturas em apoio à criação do seu partido, a REDE, como seus militantes fizeram ontem na Marcha para Jesus, em São Paulo.
Apesar de o livro se ater à questão religiosa, os mapas permitem algumas ilações políticas, uma vez que os pastores têm demonstrado certo controle sobre o eleitorado evangélico pentecostal.
Na política, na época da eleição de 2010, na análise de Romero Jacob, Marina conseguiu atrair os insatisfeitos com a campanha do Serra, os petistas insatisfeitos com os rumos do governo do PT, os evangélicos e até os verdes, que não têm uma expressão tão grande assim do ponto de vista eleitoral. Mas o que parece agora, com dados novos, diz o professor da PUC, quando se analisa o mapa dos pentecostais e não determinados com o mapa da votação da Marina, "mesmo que não sejam exatamente iguais, têm pontos de contato muito nítidos".
Embora Marina tenha construído uma carreira em torno da questão ambiental, isso não significa dizer que os evangélicos não a tenham apoiado fortemente. "É claro que a Marina não é uma evangélica óbvia, ela tem uma sofisticação na fala, no sentido de não estar diretamente ligada à questão religiosa", analisa Romero Jacob, ressaltando que "quem é muito óbvio, como Garotinho e Crivella, tem uma rejeição muito alta exatamente pela mistura da religião com política". Ou, como define, "tem um piso alto, mas um teto baixo".
Em 2010, Marina tinha a agenda verde na mão, mas agregou pouco ao PV. Os 20 milhões de votos não aumentaram a bancada de deputados federais do PV.
"Quando se vê Marina indo buscar assinaturas em cultos evangélicos para viabilizar seu partido, isso significa que aí ela se restringe", comenta Romero Jacob.
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