FOLHA DE SP - 19/01
BRASÍLIA - Lula bem que tentou, com sua gloriosa aparição como sinhô-velho aconselhando sinhozinho Haddad e seus amiguinhos a como aproveitar os caraminguás de sinhá Dilma naquele constrangedor momento da história de São Paulo. Mas o personagem da semana acaba sendo ele, o bode Galeguinho.
Inocente, ele curtia a sombra numa casinha largada em Natal, um quadro que faria justiça à observação naturalista de Frans Post, holandês famoso por seus quadros que tão bem mostravam nossa mansidão colonial -que campeia até hoje.
O caprino nunca suspeitara de que portentosos R$ 6 milhões fossem administrados a partir daquele humilde quartel-general, prova inconteste do gênio brasileiro, obviamente.
Mas aí a malvada imprensa apareceu, curiosa para saber por que outro sinhô, o provável futuro número dois da linha sucessória presidencial, Henrique Eduardo Alves, resolveu botar tanta grana por meio de emendas parlamentares numa empresa que pertencia a seu assessor.
O resto é história. Revelado ao mundo, Galeguinho dançou: foi amarrado a uma árvore no meio da rua, como que a apagar rastros de outrem. Ao tal assessor não sobrou destino tão cruel, mas, de todo modo, ele perdeu o emprego formal para que nada pesasse contra o chefe Alves, que, claro e à imagem de sinhô Lula, nada sabia de irregularidades.
Galeguinho é uma triste metáfora. A tentação é equivaler sua situação expiatória à da maioria do povão longe do intramuros das grandes capitais, São Paulo e Rio à frente. Bobagem: somos todos, pagadores de impostos, Galeguinhos em potencial.
Assim, resta fingir que sou um desses moderninhos que usam rede social para fazer campanha, lembrar da minha antiga musa Winona Ryder e defender a liberdade do bicho com o hashtag #freegaleguinho.
Só espero que nenhum amigo de "Henriquinho" goste e fature nas minhas costas com algumas camisetas.
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