sexta-feira, dezembro 28, 2012

O ano em que a Justiça venceu - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 28/12


Neste período em que tradicionalmente são feitos balanços e retrospectivas do ano que chega ao fim, o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) aparece como o episódio de maior relevância.

A mais alta Corte do país condenou políticos flagrados em atos de corrupção e estabeleceu o que pode ser um novo parâmetro de conduta para os agentes públicos. Figurões do PT como José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha foram condenados à prisão.

Ficou provado que o governo comprou partidos e parlamentares em troca de apoio político e usou dinheiro público para financiar o esquema.

Dirceu, tido como braço direito do ex-presidente, foi considerado chefe de quadrilha e terá de cumprir pena em regime fechado. Como o samba de uma nota só dos governos petistas tem a marca da corrupção em moto-contínuo, antes mesmo do término do julgamento do mensalão eclodiu um novo escândalo.

O Brasil descobriu a existência de uma organização criminosa que fraudava pareceres técnicos e atuava em favor de empresas junto ao governo. A ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, nomeada por Lula e integrante de seu círculo mais íntimo, usava sua proximidade com o ex-presidente para atender aos interesses da quadrilha.

E não parou por aí. Logo depois do ‘Rosegate', eis que o operador financeiro do mensalão, Marcos Valério, volta a ocupar as manchetes com denúncias feitas em depoimento à Procuradoria Geral da República.

Segundo ele, que revelou ter sido ameaçado de morte por pessoas ligadas a Lula, o ex-presidente teria autorizado empréstimos e até recebido dinheiro do esquema para o pagamento de gastos pessoais. O empresário ainda acusou dirigentes do Banco do Brasil de terem estipulado a agências de publicidade um "pedágio" de 2% do valor dos contratos, que deveria ser repassado ao PT.

Na economia, o Brasil termina o ano com índices pífios de crescimento. No terceiro trimestre, o PIB avançou 0,6% em relação aos três meses anteriores, e o país deve fechar 2012 com expansão de menos de 1,5%, bem atrás dos outros membros do grupo dos Brics.

A herança deixada por Lula é pesada: sofremos com graves deficiências de infraestrutura, vide o setor elétrico, o sucateamento de estradas, rodovias e portos, além de um contínuo processo de desindustrialização. Para piorar, o risco de inflação já começa a se tornar preocupante.

Nas eleições, apesar do uso desenfreado da máquina em favor das candidaturas petistas, as forças de oposição ao governo saíram fortalecidas das urnas.

O PT teve uma vitória importante em São Paulo, mas nem mesmo a participação ostensiva de Dilma e Lula no palanque evitou derrotas fragorosas em outras capitais, como Salvador, Manaus, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Vitória, Teresina e Porto Alegre. Em 2013, cabe à oposição continuar exigindo os resultados que não foram entregues à população nesta metade inicial de governo.

Também é preciso cobrar dos órgãos competentes a investigação dos escândalos de corrupção que se sucedem com velocidade espantosa. Nossa missão é construir uma alternativa consistente que se contraponha ao desgastado modelo petista. O Brasil clama por um novo projeto.

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