O GLOBO - 06/07
Para além das óbvias implicações no estudo da física, entre elas a explicação da origem do Universo e o desenvolvimento do Cosmos, enigmas cujas respostas têm sido obstinadamente perseguidas pelos cientistas, a descoberta da partícula com características compatíveis com o bóson de Higgs abre promissoras fronteiras para o futuro da Humanidade. Não só pelos aspectos puramente científicos do extraordinário feito - a confirmação da existência da chamada "partícula de Deus" é uma das mais notáveis experiências físicas desde a formulação da Teoria da Relatividade, por Einstein, no início do século passado -, mas pelo modelo de cooperação supranacional que permitiu ao Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) reunir pesquisadores e cientistas de todo o mundo para comprovar a tese do inglês Peter Higgs.
A descoberta anunciada esta semana é um daqueles momentos de brilho da inteligência humana, em que o Homem, colocado diante de desafios aparentemente intransponíveis, supera limitações tecnológicas e científicas para dar saltos à frente. A identificação do bóson não terá aplicação prática no mundo da tecnologia e dos produtos. O feito é admirável pelos caminhos que abre para novas rodadas de formulações, terreno dos cientistas. Mas o experimento, como um todo, lega de imediato à Humanidade um modelo de colaboração para se enfrentar demandas, decorrentes de fenômenos naturais ou em consequência de agravos provocados por ações deletérias do homem, que põem em risco até mesmo a vida no planeta.
Desde que se organizou em sociedades, o homem se defronta com desafios à sobrevivência, quando nada com flagelos de grandes dimensões.
A raça humana já conviveu com epidemias de peste, enfrentou vírus com potencial para dizimar vidas em escala quase incontrolável e duas guerras mundiais. Perigos mais contemporâneos, o aquecimento global em níveis próximos do descontrole, a fome, a opção de governos por modelos de desenvolvimento ou de ocupação do solo que agridem sistematicamente a natureza também fazem parte desses desmazelos que deixam em xeque a própria existência da raça humana.
A isso se somam questões decorrentes da exploração da Terra e do povoamento do planeta pelo homem. No primeiro caso, a fatalista particularidade de que o modelo de desenvolvimento de todas as sociedades está assentado no uso de recursos naturais não renováveis. Ou seja, em algum momento da História estarão esgotadas matérias- primas hoje abundantes na natureza. O segundo caso fica no terreno da progressão demográfica.
A população mundial, hoje na casa dos 7 bilhões, só alcançou seu primeiro bilhão em 1804. Desde então a curva vem subindo num ritmo alucinante, nem sempre acompanhado por conquistas que assegurem qualidade de vida para todos.
São desafios que assustam. Nem todos já batem à porta, mas a maioria deles é inescapável.
Porém, a experiência da descoberta da "partícula de Deus" mostrou que, com criatividade, emprego da inteligência em prol de um objetivo comum e boa vontade, o Homem pode superá- los. Este talvez seja o mais importante exemplo de aplicação prática, com efeitos imediatos para a sociedade, que fica do excepcional feito dos cientistas do Cern.
A descoberta anunciada esta semana é um daqueles momentos de brilho da inteligência humana, em que o Homem, colocado diante de desafios aparentemente intransponíveis, supera limitações tecnológicas e científicas para dar saltos à frente. A identificação do bóson não terá aplicação prática no mundo da tecnologia e dos produtos. O feito é admirável pelos caminhos que abre para novas rodadas de formulações, terreno dos cientistas. Mas o experimento, como um todo, lega de imediato à Humanidade um modelo de colaboração para se enfrentar demandas, decorrentes de fenômenos naturais ou em consequência de agravos provocados por ações deletérias do homem, que põem em risco até mesmo a vida no planeta.
Desde que se organizou em sociedades, o homem se defronta com desafios à sobrevivência, quando nada com flagelos de grandes dimensões.
A raça humana já conviveu com epidemias de peste, enfrentou vírus com potencial para dizimar vidas em escala quase incontrolável e duas guerras mundiais. Perigos mais contemporâneos, o aquecimento global em níveis próximos do descontrole, a fome, a opção de governos por modelos de desenvolvimento ou de ocupação do solo que agridem sistematicamente a natureza também fazem parte desses desmazelos que deixam em xeque a própria existência da raça humana.
A isso se somam questões decorrentes da exploração da Terra e do povoamento do planeta pelo homem. No primeiro caso, a fatalista particularidade de que o modelo de desenvolvimento de todas as sociedades está assentado no uso de recursos naturais não renováveis. Ou seja, em algum momento da História estarão esgotadas matérias- primas hoje abundantes na natureza. O segundo caso fica no terreno da progressão demográfica.
A população mundial, hoje na casa dos 7 bilhões, só alcançou seu primeiro bilhão em 1804. Desde então a curva vem subindo num ritmo alucinante, nem sempre acompanhado por conquistas que assegurem qualidade de vida para todos.
São desafios que assustam. Nem todos já batem à porta, mas a maioria deles é inescapável.
Porém, a experiência da descoberta da "partícula de Deus" mostrou que, com criatividade, emprego da inteligência em prol de um objetivo comum e boa vontade, o Homem pode superá- los. Este talvez seja o mais importante exemplo de aplicação prática, com efeitos imediatos para a sociedade, que fica do excepcional feito dos cientistas do Cern.
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