FOLHA DE SP - 03/07
BRASÍLIA - No México, o PRI (Partido Revolucionário Institucional) mandou e desmandou por 71 anos, ficou fora do poder durante 12 e está de volta, por eleições diretas. Ou seja, pelos braços do povo.
No Paraguai, o Partido Colorado, que respaldou a sangrenta ditadura de Alfredo Stroessner e ficou 61 anos no poder, também está esquentando o time para voltar de onde, aparentemente, nunca saiu. O governo do solitário ex-bispo Fernando Lugo parece um hiato de quatro anos. O partido, eufórico, acha que ganha fácil as eleições de abril de 2013.
A história não se repete, a não ser como farsa... Mas os partidos latino-americanos mais carcomidos por golpes, ditaduras e corrupção são como carrapatos no poder. Saem, mas ficam. Saem, mas mantêm-se enraizados nas instituições, nas Forças Armadas, nas sociedades.
Pior: não encontram oposição de fato que consiga assumir as rédeas, conduzir o país, combater as desigualdades sociais, mantendo equilíbrio político, dinamismo na economia, relações diplomáticas sólidas. Vide Lugo, um sonho de verão.
Para recuperarem a cadeira e manterem o poder que sempre tiveram, o PRI e o Partido Colorado têm o cuidado de renovar a cara e o discurso. O eleito no México, Enrique Peña Nieto, é um advogado de 45 anos com jeitão contemporâneo. O candidato mais forte dos colorados no Paraguai, Horacio Cartes, é um dos homens mais ricos do país, desses com pinta de "modernidade".
A história, as práticas e os aliados, porém, são os de sempre. Os partidos mudam para não mudar. Não dá para acreditar que a prioridade do PRI seja combater o narcotráfico, principal poder no México, nem a dos Colorados de Cartes seja combater a desigualdade social e a corrupção, maiores calamidades paraguaias.
O povo põe, o povo tira, o povo põe de novo. Democracia é assim mesmo, cheia de defeitos. Pena que ainda não inventaram nada melhor.
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