FOLHA DE SP - 29/11/11
Isto é, de um decisão que induziria o Banco Central Europeu a, na prática, bancar a dívida dos governos semiquebrados e a expandir ainda mais seu programa, já em curso, de socorrer bancos.
Tal solução política é transformar os países mais pobres e financeiramente frágeis da zona do euro em protetorados fiscais e orçamentários da União Europeia -da Alemanha e da França, em suma. Trocando em miúdos, significa que os governos teriam de submeter suas contas e Orçamentos a alguma instituição da União Europeia. A pressão maior recairia sobre Grécia, Portugal, Itália e Espanha.
O rumor era que Alemanha, França e parceiros menores poderiam chegar a um acordo antecipado de intervenção da União Europeia em governos deficitários demais, de modo a obrigá-los a reduzir suas dívidas. A novidade aqui é a palavra "antecipado".
A princípio, tal mudança dependeria de uma difícil e demorada reforma legal da União Europeia, que não teria efeito prático, se viável, antes do final de 2012.
Os eurocratas do Executivo da União Europeia, a Comissão Europeia, Alemanha e França, porém, cozinham novo acerto, sobre o qual não havia detalhes ontem.
O boato era que os países financeiramente mais sólidos da eurozona poderiam firmar acordos entre eles mesmos, obrigando os países mais frágeis a aderir ao pacto do arrocho. Caso contrário, seriam relegados ao inferno da indiferença dos mercados e da eurozona: quebrariam de vez.
Quebradeira em qualquer lugar da Europa não é uma solução, mas a ameaça de represálias sobe de tom desde que, na prática, Alemanha e cia. derrubaram os governos da Itália e da Grécia, trocando-os por interventores capazes de implementar o arrocho, imaginam.
Quais, porém, as diferenças da atitude de agora e das outras pressões de Comissão Europeia, Alemanha e Banco Central Europeu, que vêm desde o início da crise, em 2009-2010, e não funcionaram?
Segundo a diplomacia francesa, um "pacto fiscal" entre países sólidos não deixaria alternativa aos mais fracos. Os programas de corte de gastos e limitação de dívidas ganhariam "credibilidade" (isto é, o arrocho estaria sob fiscalização de um pelotão de fuzilamento político-financeiro). Nesse caso, ficariam amolecidas as restrições alemãs e do Banco Central Europeu a:
1) Que o fundo europeu de socorro a países semiquebrados garantisse mais dívida desses países: que a União Europeia (os países ricos e mais sólidos) se tornasse "fiadora" dos países em dificuldades. Assim, talvez, os credores talvez voltassem a emprestar a taxas menos extorsivas pelo menos para Itália e Espanha, ora quase no bico do corvo;
2) Que o Banco Central Europeu expandisse seu programa de compra de dívidas (empréstimo) a países em dificuldades, "imprimindo" dinheiro, e emprestasse ainda mais dinheiro aos bancos asfixiados do continente, mas em troca de garantias ainda menos valiosas.
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