FOLHA DE SP - 29/11/11
SÃO PAULO - Embora o Brasil tenha uma economia baseada na livre concorrência, muitos não resistem à tentação de pegar carona na autoridade do Estado para colher os lucros do capitalismo sem a necessidade de correr riscos ou conquistar mercado pela qualidade de seus produtos e serviços.
O caso da Controlar, responsável pela inspeção veicular em São Paulo, é um bom exemplo. Por meio de muito lobby, doações de campanha e sabe-se lá mais o que, o consórcio obteve uma fórmula infalível: ser o fornecedor exclusivo de uma certidão que cada dono de um dos 7 milhões de carros de São Paulo precisa, por força de lei, renovar anualmente, pela bagatela de R$ 61,98.
Não é um caso isolado. Há golpes contra o bolso do cidadão com chancela oficial em todas as áreas. A troca das tomadas foi uma jogada de mestre. Numa única canetada, fabricantes de plugues e adaptadores criaram "ex nihilo" todo um novo mercado. Mais interessante, conseguiram um raro equilíbrio: a mudança causa um inconveniente que não é grande o bastante para provocar muita mobilização, mas basta para gerar lucros fabulosos.
No mesmo nível, só a iniciativa das autoridades de trânsito que, alguns anos atrás, obrigou todos os motoristas a adquirir e carregar para cima e para baixo um pedaço de gaze, um rolo de esparadrapo e um par de luvas. Com isso, queriam nos fazer crer, estávamos prontos a atender a emergências médicas viárias.
Mais recentemente, esses mesmos administradores impuseram a todos os compradores de carros a obrigação de pagar por um chip de localização e bloqueio, agora exigido em todos os veículos novos, mas que é inútil a menos que o proprietário seja cliente de uma seguradora.
Se vamos ser capitalistas, deveríamos tentar jogar o jogo direito. E sermos um pouco mais republicanos. Não vale sequestrar o poder do Estado para gerar benefícios privados.
O caso da Controlar, responsável pela inspeção veicular em São Paulo, é um bom exemplo. Por meio de muito lobby, doações de campanha e sabe-se lá mais o que, o consórcio obteve uma fórmula infalível: ser o fornecedor exclusivo de uma certidão que cada dono de um dos 7 milhões de carros de São Paulo precisa, por força de lei, renovar anualmente, pela bagatela de R$ 61,98.
Não é um caso isolado. Há golpes contra o bolso do cidadão com chancela oficial em todas as áreas. A troca das tomadas foi uma jogada de mestre. Numa única canetada, fabricantes de plugues e adaptadores criaram "ex nihilo" todo um novo mercado. Mais interessante, conseguiram um raro equilíbrio: a mudança causa um inconveniente que não é grande o bastante para provocar muita mobilização, mas basta para gerar lucros fabulosos.
No mesmo nível, só a iniciativa das autoridades de trânsito que, alguns anos atrás, obrigou todos os motoristas a adquirir e carregar para cima e para baixo um pedaço de gaze, um rolo de esparadrapo e um par de luvas. Com isso, queriam nos fazer crer, estávamos prontos a atender a emergências médicas viárias.
Mais recentemente, esses mesmos administradores impuseram a todos os compradores de carros a obrigação de pagar por um chip de localização e bloqueio, agora exigido em todos os veículos novos, mas que é inútil a menos que o proprietário seja cliente de uma seguradora.
Se vamos ser capitalistas, deveríamos tentar jogar o jogo direito. E sermos um pouco mais republicanos. Não vale sequestrar o poder do Estado para gerar benefícios privados.
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