Mais TV, menos debate
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 20/06/10
O comando da campanha de Dilma Rousseff está firmemente inclinado a poupar a candidata de debates na internet. O argumento é que, se aceitar todos ou mesmo parte dos convites apresentados, ela "não fará outra coisa". Assim, a ordem é priorizar, no primeiro turno, quatro debates em emissoras de TV aberta.
A despeito do discurso petista enaltecedor da internet como alternativa à "mídia tradicional", os coordenadores alegam que a opção preferencial pelos debates de televisão visa "atingir um maior número de brasileiros". O tema foi discutido em reunião na quarta-feira, enquanto a ex-ministra estava na Europa.
Blindagem A direção do PSDB está convencida de que a viagem de Dilma à Europa não teve por objetivo apenas afastá-la de eventos e assuntos com potencial de constrangimento, mas também garantir à ex-ministra dias seguidos de exposição "amena" nos principais telejornais, no exato período em que foram ao ar o programa e as inserções comerciais de José Serra no rádio e na TV.
Trator Serra e Marina Silva (PV) confirmaram presença em encontro da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) em Brasília no dia 1º de julho. Segundo o PT, Dilma não irá.
Fortunas 1 Candidato ao governo do Paraná, Beto Richa (PSDB) tenta trazer Joel Malucelli (DEM), dono de empreiteira, banco e um dos empresários mais ricos do Estado, para a vice na chapa.
Fortunas 2 O acordo para tentar acabar com a novela envolvendo o apoio de Osmar Dias (PDT) à candidatura de Richa também envolveu a instalação do presidente da Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados), João Elísio Ferraz de Campos, como seu suplente (e financiador da campanha) ao Senado.
Arranjo Com a candidatura de Ideli Salvatti ao governo de Santa Catarina na rua há meses, o PT nacional decidiu pressionar o diretório estadual para reabrir negociações para apoiar Ângela Amin (PP). Nesse caso, Ideli tentaria a reeleição ao Senado. A movimentação é uma resposta à tentativa de acerto do PMDB local com DEM e PSDB para ter palanque único no Estado.
Festa no apê Do candidato Flávio Dino (PC do B), que depois de ter perdido o PT para Roseana Sarney (PMDB) passou a flertar com o PSDB de Serra: "Terei um palanque-condomínio. Eu sou o síndico. Entra quem quiser mudar o Maranhão".
Há vagas Dino ofereceu composição na chapa, tanto para a vice quanto ao Senado, ao PSDB, PPS e PDT.
Herança Além do impedimento de candidaturas com a Lei da Ficha Limpa, atormenta as direções dos partidos a dúvida sobre se valerá ou não a pena ter esses políticos como cabos eleitorais. São os casos de Jackson Lago (PDT) e Joaquim Roriz (PSC), donos de grande estoque de votos no Maranhão e no Distrito Federal, respectivamente.
Imagem é tudo A avaliação nas mais variadas siglas é que o lema do "candidato ficha limpa" veio para ficar nestas eleições.
Exército No depoimento à Polícia Legislativa do Senado em que Mariângela Cascão, ex-chefe de gabinete de. Efraim Moraes (DEM-PB), atribui a ele nomeação de supostas funcionárias fantasmas, ela diz que, quando era primeiro-secretário da Casa, o senador "demo" tinha cem servidores na Paraíba.
com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER
Tiroteio
"Só 23% se lembram de ter visto propaganda do governo na TV. Mas a maior propaganda de Lula é a TV nova na sala, comprada em 12 vezes. Disso 100% se lembram." DO CIENTISTA POLÍTICO RUBENS FIGUEIREDO, sobre pesquisa encomendada pelo governo para investigar os hábitos de consumo de mídia dos brasileiros.
Contraponto
Não é para o meu bico
Marina Silva deixava a sede da TV Cultura, em São Paulo, depois de ser entrevistada no "Roda Viva". Com a atenção voltada para os jornalistas que a cercavam, a candidata do PV, quando conseguiu se desvencilhar do grupo, pulou rapidamente para dentro de um dos dois carros estacionados à frente da emissora.
Ao perceber que se tratava do luxuoso modelo do empresário e vice da chapa, Guilherme Leal, Marina cuidou de esclarecer aos curiosos repórteres:
-Eu não tenho como andar num desses aqui, não...
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