Toma lá, não dá cá
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/10/09
BRASÍLIA - Lula tenta, convenientemente, manipular a candidatura Ciro Gomes, conter os arroubos do PDT e do PC do B para Ciro ou Marina e até articular a chapa da oposição. Enquanto isso...
As cúpulas e as lideranças do PMDB no Senado e na Câmara, à frente Sarney e Temer, estão doidas para pular logo na candidatura Dilma. Já as seções do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio, Minas, Mato Grosso do Sul, Bahia, Pernambuco, Pará e Acre continuam muito reticentes.
E cheias de problemas com o PT.
Os comandantes no Congresso têm força nacional, mas trazem pouca tropa para a convenção do PMDB que vai decidir os rumos na sucessão. Sarney traz Maranhão e Amapá. Romero Jucá, Roraima.
Henrique Eduardo Alves, Rio Grande do Norte. Renan Calheiros, Alagoas. São representações pequenas na convenção, diante de São Paulo, Minas, Bahia e Paraná, por exemplo. Temer traz o quê?
Reunidos em jantar anteontem, ministros, líderes e cúpulas decidiram dar uma prensa em Lula, exigindo que anuncie desde já que o vice de Dilma será do PMDB. E que quem escolhe o nome não é ele nem Dilma, e sim o partido.
Esperam, com isso, ter um trunfo para seduzir as bases estaduais peemedebistas. A oito meses da convenção, elas não parecem querer fechar com Dilma nem voar para outros ninhos. Preferem esperar os ventos. Ou as pesquisas.
Pragmático e experiente, Jader Barbalho foi aplaudido ao dar a palavra final no jantar: o acordo do PMDB governista é com Lula, e isso não significa ser automaticamente com Dilma. O que todos querem saber é se ele, Lula, é capaz ou não de transferir votos para sua candidata.
Se transferir, vai transferir também o PMDB. Se não, não.
Ou seja: a cúpula do PMDB exige um compromisso público de Lula em lhe dar a vice, mas não garante coisa nenhuma em troca -nem a ele, muito menos a Dilma.
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