sexta-feira, novembro 02, 2012

CAPA DA REVISTA VEJA


O que Valério contou ao MP, e o que ainda resta contar

Reportagem de VEJA desta semana mostra que o operador financeiro do mensalão já começou a falar o que sabe ao Ministério Público. Ele tratou do caso Celso Daniel e avisou que há mais o que contar


Em setembro, VEJA trouxe à tona alguns dos segredos guardados por Marcos Valério, operador financeiro do mensalão. Entre eles, a informação de que o ex-presidente Lula teve papel de protagonista no esquema. Pouco depois, o empresário informou o STF, por meio de um fax, que estava disposto a contar o que sabe. Ele também foi ouvido pelo Ministério Público. Reportagem da revista que chega às bancas nesta sexta-feira revela o que Valério disse ao MP, na tentativa de obter um acordo de delação premiada – um instrumento pelo qual o envolvido em um crime presta informações sobre ele, em troca de benefícios. À procuradoria o empresário informou, pela primeira vez, ter detalhes sobre outro caso escabroso envolvendo o PT: o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002.

O relato do publicitário é de que Lula e seu braço-direito Gilberto Carvalho (atual secretário-geral da Presidência) estavam sendo extorquidos por figuras ligadas ao crime de Santo André – em especial, o empresário Ronan Maria Pinto, apontado pelo Ministério Público como integrante de um esquema de cobrança de propina na prefeitura. Procurado pelos petistas para dar aos achacadores o dinheiro que eles buscavam, Valério recusou: "Nisso aí, eu não me meto", disse ele em um encontro com Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, e Ronan. Quem relata é o próprio publicitário.

Reforma tributária - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 02\11

Guido Mantega convocou os governadores do Sudeste para um tête-à-tête, quarta-feira, sobre reforma tributária.

Encontro marcado
O primeiro encontro de Dilma com o pernambucano Eduardo Campos, depois das eleições, será sexta-feira que vem, na Bahia, durante a participação da presidente na reunião de governadores da Sudene.

De volta para casa
O carioca FH comprou um apartamento em São Conrado, no Rio.

Nova parada
Rodrigo Bethlem será secretário de Governo de Eduardo Paes.

Corredor do Fórum
A desembargadora Nanci Mahfuz, da 12ª Câmara Cível do Rio, condenou o cidadão J. A. P. a indenizar em R$ 45.860,25 a ex-noiva e o ex-sogro. É que, segundo pai e filha, o danadinho apareceu para a cerimônia de casamento... bebum e agressivo, “chegando a constranger os convidados”. Mais tarde, já na festa, “as difamações continuaram” e se estenderam à própria noiva, coitada, ao sogro e a outros integrantes da família.

Novos tempos
As Casas Bahia, depois da Rocinha, vão abrir uma filial no Morro do Alemão, no Rio.

Aproveitadores
Tem taxista de Nova York cobrando US$ 200 por uma corrida de Manhattan até o aeroporto de Nova Jersey. Normalmente, o trajeto sai por uns US$ 45. 
Deve ser terrível... você sabe. 

A MULTIPLICAÇÃO DO VERDE
A Secretaria estadual do Ambiente ampliou a área do Parque Estadual da Serra da Tiririca, em Niterói. Incorporou a Reserva Municipal Darcy Ribeiro e três ilhas. Segundo o secretário Carlos Minc, 20 guardas vão trabalhar na segurança do parque, que receberá R$ 1,5 milhão para estruturar o Caminho Darwin (o naturalista inglês passou por ali em 1832), o Centro de Visitantes e incrementar o ecoturismo: “Será o primeiro parque a ter serviços concedidos para arborismo e um restaurante panorâmico”, conta Minc.

A Espanha e a seca
O governador Eduardo Campos trocou de mal com a espanhola Celpe. Acusa a empresa de ser responsável pela demora da abertura da Adutora do Pajeú, que vai levar água ao sertão pernambucano:

— A Celpe não faz nada para pobre. É uma empresa privada que lucrou mais de R$ 400 milhões ano passado. Uma banda do dinheiro foi para a Espanha, para ajudar o país em crise.

Cine Dilma
Segunda agora, vai haver uma sessão especial do filme “Gonzaga, de pai pra filho”, de Breno Silveira, no cineminha do Palácio do Planalto. Estarão presentes, para uma palestra antes da sessão, o diretor, a produtora Eliana Soares e Chambinho do Acordeon, o protagonista, que dará uma canja na sanfona.

Miúdas na TV Globo
A TV Globo vai transmitir os desfiles do Grupo de Acesso do Rio em 2013, na sexta e no sábado de carnaval. Os coleguinhas Alex Escobar, do “Globo Esporte”, e Mariana Gross, do “Bom Dia, Rio”, serão os apresentadores. Até aqui, a emissora só exibia os desfiles das escolas do Grupo Especial.

Aldo é ‘porco’
Aldo Rebelo, ministro do Esporte, aproveitou uma visita oficial à Argentina, para, digamos, estreitar seus laços futebolísticos com “los hermanos”. Deu de presente à ministra do Desenvolvimento Social de lá, Alicia Kirchner, e ao reitor da Universidade de La Plata, Fernando Tauber, camisas do argentino Barcos, que joga no Palmeiras e também na seleção argentina. É que Aldo é palmeirense roxo.

Paes 2017
No lançamento da coleção do “Cadernos de samba”, quarta, no Rio, o historiador Luiz Antônio Simas, que escreveu livro sobre a Portela, provocou Eduardo Paes, o prefeito portelense, que aguardava uma dedicatória:

—Mexeram no samba, prefeito! Pô...

No que Paes devolveu:

— Já disse: quando eu sair da prefeitura, vou virar presidente da Portela. Não vai ter isso...

Aliás...
Corre na Rádio Samba que o próximo presidente da escola será... o sargento PM Marcos Vieira de Souza, o Falcon, aquele que chegou a ser acusado de chefiar uma milícia.

Melhor assim
Sobre a foto publicada aqui ontem, mostrando o perigo para quem espera ônibus no ponto em frente ao prédio abandonado do antigo Iapetec, na Avenida Venezuela, no Centro do Rio (as janelas, com vidros afiados, podem cair a qualquer momento), a prefeitura, viva!, isolou o local. Além disso, o novo secretário de Transportes, Carlos Osório, prometeu, para a semana que vem, tirar os pontos de ônibus dali. Vamos torcer, vamos cobrar.

LINDEZA EM FORMA DE ATRIZ
Juliana Alves, 30 anos, a ex-big boa, perdão, a ex-big brother que hoje brilha como atriz nas novelas da TV Globo, enfeita, com seu sorriso, o pré-lançamento da edição especial sobre o Rio da revista “Vogue Brasil”, em Ipanema. Sorri pra eu

DO LADO ESQUERDO DO PEITO
Caetano Veloso, o grande compositor e cantor, dá um abraço fraterno no amigo Milton Nascimento, um dos ícones da nossa música, que completou 70 anos no dia 26

Ponto Final
Neste Dia de Finados, veja um sintoma da crise econômica em Portugal. Quem chamou a atenção foi o escritor e humorista da terrinha Rui Zink, que pôs no Facebook a foto acima, que mostra a manchete de um jornal de lá.

Escrever é um risco - PAULO SANT’ANA

ZERO HORA - 02\11


Eu, que já trabalho há 41 anos escrevendo em jornal, casualmente sem nunca tirar férias, embora escreva 30 ou 31 dias por mês, tenho experiência bastante para entender que muitas vezes um elogio que se faça na coluna é mais perigoso que uma crítica.

Também fruto da minha experiência, há críticas que a gente faz que são consideradas cruéis contra os criticados, embora verdadeiras.

Um exemplo, entre tantos: se você escrever que determinado jogador de futebol não joga nada ou não podia nem jogar na várzea, muita gente considera que isso é uma maldade com o jogador, embora passado algum tempo todos vão notar que esse jogador realmente não joga nada e não podia nem jogar na várzea.

O que eu queria dizer em resumo – e talvez não esteja sabendo dizê-lo – é que é muito arriscado e perigoso tanto elogiar quanto criticar alguém.

O fato é que, em última análise, é muito perigoso escrever, simplesmente. Basta que alguém que tenha firme opinião escreva alguma coisa para ser contrariado por muita gente.

Recentemente dei, sob certo aspecto, um exemplo disso: eu tenho sido tão insistente na minha opinião, há 41 anos, de que os presos gaúchos têm o direito de ser bem tratados, de morar em celas dignas, de ser medicados quando estiverem doentes nos presídios, que não podem continuar a ser assassinados nas prisões, que acabei recebendo cerca de 40 e-mails de leitores afirmando que estou redondamente enganado, que os presos devem ser maltratados e que até “morrem muito poucos presos assassinados e doentes, que tinham que morrer muitos mais”.

Chegaram ao ponto, esses meus discordantes, de achar que ao defender bons tratos aos presos e segurança nas cadeias para não virem a ser assassinados, que esses meus cuidados e essas minhas preocupações eu tinha de ter com as vítimas dos presos, o que nunca viram eu fazer.

É arriscado escrever, mesmo quando a gente elogia alguém ou então defende os mínimos direitos humanos de alguém, basta que este alguém tenha um dia errado. E, se errou, tem de sofrer ou tem de morrer.

Basta que surja um excêntrico jornalista que pregue apenas que as prisões não se tornem nem masmorras, nem campos de concentração, nem locais de execução sumária, para que sobre ele se derrubem todas as maldições e contrariedades.

Eu, por exemplo, acho que as ruas estão cheias de bandidos e que as prisões estão também repletas deles, mas que também tem muita gente que assiste a esse drama ou é vítima dele que contém em seus corações maldades análogas às desses bandidos.

E que age e pensa com crueldade não por querer apenas vingar-se dos bandidos, mas porque guarda dentro de si crueldades equivalentes às empregadas por esses criminosos, perversidades essas que se travestem não raro de revolta contra o crime.

Uma conversa com os meninos surdos - DAVID COIMBRA

ZERO HORA - 02\11

Vou contar algo que aconteceu comigo esta semana, quando fui dar uma palestra para crianças surdas. Eram os alunos da Frei Pacífico, uma escola para surdos que fica nos altos do bairro Santo Antônio. Como entre as minhas incontáveis ignorâncias está a de não saber a língua dos sinais, a Libras, precisei da professora, a Andréia Didó, como intérprete.

Fiquei emocionado ao conhecer os alunos. Eles leram alguns dos meus livros, ou a professora leu para eles, e fizeram trabalhos a respeito. Descobri que surdos desenham muito bem e que são observadores sagazes. Em breves minutos, eles analisam uma pessoa, tiram conclusões sobre ela e criam um sinal para designá-la. Gostei do sinal que me designava.

Há algo sobre os surdos que a maioria dos ouvintes não sabe: é terrivelmente difícil, para um surdo, aprender a ler e a escrever. Porque a nossa escrita é fonética, cada letra representa um som. Aliás, outro dia disse isso para o meu filho, e ele:

– Todas as letras são sons, papai? Todas?

– Sim. Todas. – E o agá? Sacaninha.

Mas a verdade é que as letras representam, sim, sons, mesmo que o agá seja como o arroz e só sirva para combinações. Assim, os surdos precisam atravessar obstáculos do tamanho de cordilheiras para aprender a ler, e o trabalho de professoras como a Andréia é heroico.

Tentei incentivá-los garantindo que, se aprendessem a ler e a escrever com fluência, eles desbravariam mundos novos, mas logo percebi que, ali, eu talvez tivesse mais a aprender do que a ensinar. Descobri, por exemplo, o quanto o preconceito os amassa a cada dia.

Um menino bom de bola desistiu de ser jogador de futebol porque não conseguia entender o treinador, nem ouvir o apito do juiz. Uma menina pediu para uma senhora lhe indicar as horas no relógio, na parada de ônibus, e foi enxotada como se a estivesse assaltando. Outra confessou sentir profunda vergonha quando os ouvintes ficam olhando com intensidade para os surdos que conversam por sinais.

E, finalmente, havia aquele menino. Um garotinho muito inteligente, muito vivaz, muito participativo. Estava instalado na primeira fila, fazia perguntas e, quando soube que eu ia falar de pé, fez questão de pegar a cadeira que fora reservada para mim, só porque era onde deveria sentar-me. Gostei de imediato daquele menino tão espirituoso.

No final do encontro, ao ser acompanhado pela professora pelo pátio da escola, fiz algumas perguntas sobre ele. Soube, então, que o menino é portador de uma síndrome e que está ficando cego. A missão da professora é ensinar-lhe o quanto antes a linguagem dos sinais e o alfabeto, para que ele possa reconhecê-los pelo tato.

Cego, surdo e, por consequência, mudo. Meu Deus. Pensei nas minhas aflições, e senti vergonha.

Na saída, com o coração apertado, insisti:

– Mas a cegueira é irreversível? Não tem cura? Não há nada que se possa fazer?

– Não tem... – disse a professora. – A família já tentou tudo.

Ela abriu o portão e eu o cruzei. Da calçada, fiz uma última pergunta:

– Como ele é no dia a dia?

A professora sorriu e deu a última resposta:

– É um menino muito feliz.

Fui embora, deixando, ao pé do portão de ferro, um pedaço de mim.

Eduardo na muda - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 02\11

A incógnita do futuro próximo é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Não se sabe se ele repetirá 2006, quando foi candidato a governador e manteve o apoio ao PT por oito anos, ou se repetirá Belo Horizonte 2012, quando PSB e PSDB, juntos, afastaram totalmente os petistas da prefeitura da cidade


Na última quarta-feira, um grande amigo do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, me disse a seguinte frase: “O coração de Eduardo é 100% candidato a presidente da República já em 2014. Falta fechar esse percentual na razão”. Entre os parlamentares, os bastidores estão dominados por essa “novidade” no tabuleiro da sucessão presidencial. Uns entusiasmados, outros irados. O governador faz questão de manter o suspense e, em vez de passar por Brasília ontem para “aquela conversa americana” com a presidente Dilma Rousseff, preferiu ficar quieto, em Fernando de Noronha, onde passará o feriadão. Antes de viajar, no entanto, mandou um recado ao Planalto: seu partido não pleiteia mais espaço no governo. Leia-se, nem adianta oferecer um ministério a Ciro Gomes.

Desde o início deste ano, o ciclo “acende-apaga” do governador se repete. Eduardo faz um movimento mais ousado. Vitorioso na “ousadia”, dá entrevistas, desfila. E, em seguida, recolhe os flaps. Foi assim quando da eleição da deputada Ana Arraes, mãe dele, para ministra do Tribunal de Contas da União (TCU). Movimento idêntico se deu nesta eleição municipal. Talvez apareça por Brasília na segunda-feira, para uma audiência com Dilma, mas, até ontem, não havia nada fechado sobre o encontro. Há quem diga que o próximo movimento “ousado” será a candidatura de Júlio Delgado (PSB-MG) a presidente da Câmara, mas isso não está líquido e certo. Afinal, se Júlio tiver menos de 200 votos será mico para um governador cujos aliados acreditam ter colecionado uma série de eventos capazes de provocar uma candidatura presidencial.

Primeiro, vem o que alguns partidos chamam de crise do PT. Lula ganhou São Paulo, foi o grande vitorioso, o PT se uniu por lá, mas, no Nordeste, a derrota foi grande. Em segundo lugar, a situação econômica do país ainda não está tão segura ao ponto de levar Dilma a uma vitória. E, além de tudo isso, o principal adversário do governo, o PSDB, partido do qual Eduardo se aproximou nesta eleição, vive uma crise em São Paulo. Todos esses são fatores que, associados ao desejo de mudança do eleitorado, levam a uma pré-candidatura presidencial do PSB.

Internamente, os socialistas comparam os resultados de Campinas e de São Paulo com alguma réstia de esperança. Primeiro, em São Paulo, o que levou Fernando Haddad à prefeitura foram as classes de renda mais baixa, especialmente, nos bairros de periferia. Em Campinas foi o inverso. Jonas Donizete (PSB) empatou com Pochman (PT) na periferia e conquistou os votos que já eram do PSDB. Ou seja, se Eduardo for candidato, a tendência é dividir o Nordeste, tirando os votos do PT, de quem é aliado hoje, da mesma forma que Donizete tirou de Pochman.

Matemáticas à parte…
Todos sabem, entretanto, que a política está longe de ser uma ciência exata, na qual eleitores confirmem projeções ou repitam os mesmos movimentos. Mas, no que se refere ao PSB, dois momentos eleitorais são analisados: Pernambuco 2006 e Belo Horizonte 2012. Em 2006, Campos foi candidato a governador contra o PT, foi ao segundo turno e venceu. O PSB tem dito que se Eduardo for candidato a presidente — e ficar fora de um segundo turno — apoiará Dilma. Em Belo Horizonte, na eleição municipal, o que houve foi o PSB cabeça de chapa com o apoio dos tucanos e vitória no primeiro turno.

O PSDB hoje não trabalha seriamente a hipótese de se aliar aos socialistas em 2014. O partido tem candidato a presidente da República, o senador Aécio Neves, de Minas Gerais — o segundo maior colégio eleitoral do país. Aécio se colocou à disposição do partido, dedica-se à construção de um novo discurso partidário, mas, assim como Eduardo Campos, não põe o carro na frente dos bois. A única aposta segura no momento é que o PT caminha para enfrentar um terreno bem diferente daquele que encontrou em 2010, contra Serra — um candidato que, apesar de sair muito bem de São Paulo, não encontrou um discurso, nem era uma “novidade” capaz de tirar votos dos petistas. Ali na frente, embora a tendência seja o PT sair muito bem de São Paulo, o risco de enfrentar o novo é cada vez maior.

Por falar em novatos…
Os prefeitos eleitos pelos partidos aliados ao governo Dilma têm telefonado para a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para “exigir” audiências. É o velho movimento de quem se saiu bem nas urnas e tem quatro anos de mandato, posando hoje de vitorioso perante quem só tem mais dois anos pela frente e precisa de apoio para disputar a reeleição.

Porteira aberta? - SONIA RACY

O ESTADÃO - 02\11

Pelo menos um ministro do STF ficou preocupado depois que Marcos Valério enviou fax à corte se dispondo a falar – desde que tenha proteção.
Segundo confidenciou ontem à coluna, teme que outros réus sigam o exemplo para tentar pôr areia no julgamento. “Somos experientes nesse campo penal, sabemos do que muitos são capazes”, avisa. “É preciso serenidade para avaliara autenticidade das informações.”

Cloro na piscina
A doutrina jurídica se divide em relação ao tema. Há magistrados que aceitam a delação premiada a qualquer momento do processo – como juízes que tratam de lavagem de dinheiro. Outros são mais rigorosos.
O fato é que o STF vai aguardar o posicionamento do MP. Que pode arquivar o pedido de Valério, solicitar diligências ou a abertura de novo processo.

Eu voltei
Kassab renomeou Alexandre Schneider secretário da Educação. Ele reassume apasta na segunda-feira, para comandar a transição.

Perigo no asfalto
Ibama e Polícia Rodoviária de SP terminaram operação de cinco dias para fiscalizar o transporte de cargas perigosas nas estradas do Estado. Resultado? Dos 46 caminhões vistoriados, 22 foram autuados... e 15, apreendidos.

Fundo do baú
Chegou ao TJ de São Paulo pedido de informações. Magistrado aposentado de Minas Gerais quer ajuda para localizar testamento de parente que morreu em... 1890.

Como só há registro desse tipo de documento a partir de 1970, a Corregedoria Geral da Justiça vai solicitar que todos os cartórios procurem a relíquia em seus arquivos.

Livreiro
Johnny Depp agora virou... editor. Acaba de se associar à HarperCollins para criar novo selo –Nothingis Forever, mesmo nome de sua produtora. O interesse pelos livros tem explicação. Seu irmão é escritore oj ornalista Hunter S. Thompson, seu melhor amigo.

Brasil, sil, sil
Da série “imagina na Copa”, loja de material de construção de Brasília avisa: só aceita cartões de segunda a sexta.
E explica: aos sábados, o funcionário que sabe operara máquina não dá expediente.

Already friends
E Gilberto Gil vai receber versão em inglês da canção BoasFestas, clássico de Assis Valente, composta por ninguém menos que... Stevie Wonder. A combinação veio depois de recente conversa em que o músico americano lamentou não ter podido ir a LosAngeles para o show do brasileiro, dia 23. Ambos se apresentam na noite de Natal, em Copacabana.

Friends 2
Longe do furacão Sandy, Gil está com a agenda cheia em Atlanta, onde se apresenta domingo.
Amanhã, ele e Flora ganham jantar do cônsul brasileiro na cidade, Hermano Telles Ribeiro.

Night and day
O túnel Noite Ilustrada, que faz a ligação da Avenida Rebouças com o Pacaembu, mais parece uma nova cracolândia, segundo relato de moradores da região. O local tem concentrado usuários.
Contatada, a Secretaria da Justiça informou que a Polícia Militar continua combatendo, com vigor, o tráfico e o consumo de drogas em todo Estado.

#Drummond110 - MÍRIAM LEITÃO

O GLOBO - 02\11

Pensei em Drummond. Pensamos. No dia todo, entre notícias de desemprego na Europa, supertempestade Sandy em Nova York, possível delação premiada de Marcos Valério, e risco de novos apagões de energia, o Twitter foi ocupado por pedaços de poemas de Drummond colorindo um mundo meio caduco com a beleza da sua palavra suspensa sobre o futuro.

Qual é o valor, já que esta é uma coluna de economia, da poesia que, nos 110 anos do poeta, permanece viva? Isso enfraquece a relação com a economia: falta o quantum em questões objetivas assim.

Drummond diz em "Confissão" que não amou bastante seu semelhante. Não amou sequer a si mesmo, "contudo próximo". Salvo "aquele pássaro - vinha azul e doido - que se esfacelou na asa do avião". A vida efêmera do pássaro azul - que, por desatino, se esfacelou na asa do avião - que valor tem? Viveu no anonimato, o pássaro, mas ao morrer foi amado pelo poeta, que escreveu seus versos e os publicou em 1951 no livro "Claro Enigma". Sessenta e um anos depois, está no Twitter, um planeta onde alguma poesia pode ser contida em 140 toques e achar o coração de alguém.

Foi quarta-feira, 31 de outubro, e nos EUA, ainda fustigado pelo feitiço do tempo, era dia das bruxas. Melhor "A bruxa" de Drummond: "Nessa cidade do Rio. De dois milhões de habitantes. Estou sozinho no quarto. Estou sozinho no América." Hoje, os solitários estão mais acompanhados. São, diz o IBGE, 6.320.446 os habitantes da cidade. O que intriga é a vida curta do inseto, uma bruxa, que ficou presa na zona de luz. Fez um barulho ao lado do poeta e foi o bastante. Não era nada, era um sinal de vida e virou poesia. "E nem precisava tanto... Precisava de um amigo desses calados, distantes."

O que vale um inseto que ao fazer um som, na sua sina de circular a luz, permite esses versos? "Tenho tanta palavra meiga, conheço vozes de bichos, sei os beijos mais violentos, viajei, briguei, aprendi. Estou cercado de olhos, de mãos, afetos, procuras. Mas se tento comunicar-me o que há é apenas a noite e uma espantosa solidão."

Na manhã de quarta, os que lembravam pedaços de poesias colocaram o #Drummond110 entre os tópicos mais publicados do Twitter. Imagine a cara dele diante deste mundo no qual era celebrado seu aniversário. O espanto duraria o instante de virar poesia, ou crônica.

Uma navegante das mídias sociais faz pouco e diz que Drummond como poeta era um excelente cronista. É o oposto. A poesia está também nas crônicas das notícias e não notícias. Como em "Telefonema II". "Alô, é o poeta? Boa Noite. Olhe, poeta, um conselho." E vem o aviso misterioso de cartas que só poderão ser abertas, com seu segredo, sobre Virgínia e Sinhá, no distante ano de 2015. "Não eram mulheres, nem se amavam." Que segredo haveria de ser? "Já falei demais, não devia explicar tanto. Durma bem, poeta."

O poeta fez 110 anos e nos enterneceu num dia comum, véspera de véspera de um feriado, em que o trânsito esteve horrível no Rio, enterrou-se a CPI do Cachoeira em Brasília, foi afastada a prefeita de Natal, a violência aumentou em São Paulo e o Supremo descansou da dosimetria do mensalão medindo o veneno do asbesto amianto de crisotila.

"Oi poeta! Do lado de lá da moita hem? Fazendo seus novent´anos..." escreveu ele para Manuel Bandeira. "E se rindo, eu aposto, dessa ideia de contar tempo, de colar números na veste inconsútil do tempo, o inumerável."

Inumeráveis vezes Carlos Drummond de Andrade nos tem encantado. "Isso nos deste, verso a verso". O valor do que foi dado não há medida que meça. Mas se pode repetir: "E nem precisava tanto."

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 02\11

Empresa investirá na produção de peça para plataformas de petróleo no RS
A Tomé Engenharia foi a terceira empresa a receber um terreno da prefeitura de Charqueadas (a cerca de 50 quilômetros de Porto Alegre) para se instalar no recém-criado polo naval da cidade.

A empresa irá investir R$ 110 milhões na construção de uma planta que fabricará módulos de plataformas para o setor de petróleo.

A companhia confirma o projeto, mas não fala sobre o assunto por ele ainda estar em fase "embrionária".

O contrato que cede a posse do terreno, porém, foi assinado nesta semana pelo prefeito do município, Davi Gilmar (PDT), e pelo presidente da empresa, Laércio Tomé, segundo a prefeitura.

A companhia irá ocupar um espaço de 26 hectares. Em contrapartida, deve gerar cerca de 1.500 empregos diretos.

A Tomé Engenharia irá instalar sua unidade perto do terreno cedido para a Metasa, que está investindo R$ 120 milhões em sua planta.

A Metasa deverá ser uma das fornecedoras de estruturas metálicas da Tomé.

A terceira companhia que também recebeu incentivo da prefeitura para formar o polo naval é a Iesa Oléo e Gás.

As empresas foram para a região atraídas não só pelos estímulos públicos, mas também pela localização e pela mão de obra local.

A cidade já é sede de fábricas da GKN do Brasil, de autopeças, e da Gerdau.

"Temos um polo metalomecânico que formou profissionais. Há funções semelhantes entre os que trabalham hoje nesse setor e os que atuarão na indústria oceânica", diz o prefeito da cidade.

PENTEADEIRA PRODUTIVA
O grupo Cless, especializado em cosméticos para alisamento, coloração e outros itens para cabelos, pretende expandir suas atividades com investimento em diferentes categorias de produtos e a instalação de uma nova fábrica no Rio.

Serão injetados R$ 35 milhões no projeto, que deve ficar pronto em três anos, segundo Luiz Piccoli, presidente-executivo do grupo, que tem marcas como Lightner e Charming.

A área de inovação criada pela empresa neste ano será reforçada em 2013.

"É um investimento adicional que intensificou o lançamento de produtos. Já entramos na parte de estética para o corpo", afirma.

De olho nas PPPs... 
Já são 17 as empresas que se cadastraram na Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo para as PPPs (parcerias público-privadas) dos novos hospitais estaduais.

...da Saúde 
As empresas interessadas têm até janeiro de 2013 para apresentar as suas propostas, que serão avaliadas pela secretaria estadual.

Depois de Sandy 
Após diversos cancelamentos, as principais empresas aéreas retomaram suas rotas regulares para Nova York. A TAM informou que espera normalizar o fluxo de passageiros até o final desta semana. As partidas da Delta e da American Airlines foram retomadas, mas as empresas não informam uma data para o embarque de todos os passageiros.

O QUE ESTOU LENDO
Julia Sweig, diretora de programas do Council on Foreign Relations

"Ike's Bluff: President Eisenhower's Secret Battle to Save the World"( "A Secreta Batalha para Salvar o Mundo do presidente Eisenhower"), de Evan de Thomas, é uma das atuais leituras de Julia Sweig, diretora do Programa América Latina e do Programa Brasil do Council on Foreign Relations. Para ela, a biografia dá uma outra dimensão ao presidente americano, a de "um supremo comandante aliado na Segunda Guerra". Sweig, que é também colunista da Folha, lê ainda "How Music Works", do músico David Byrne.

Por último, ela tem à cabeceira "The White House Diaries of Lady Bird Johnson". "Ela era um animal político, que manteve um diário de cada dia deles na Casa Branca, logo após o assassinato de Kennedy. A Sra. Johnson não era de queimar soutiens, mas herdou o papel ativista de Eleanor Roosevelt."

PERSPECTIVAS INCERTAS
Pequenos e médios empresários de países emergentes estão mais otimistas em relação aos negócios do que os de países desenvolvidos, de acordo com um levantamento da EIU (Economic Intelligence Unit).

Dos entrevistados no Brasil, na Rússia, na Índia, na China e no México, 78% acreditam que o volume de negócios irá aumentar nos próximos 12 meses.

Entre os empresários de países desenvolvidos (França, Alemanha, Japão, Reino Unido e Estados Unidos), a parcela é menor, de 68%.

Tanto em países ricos como nos em desenvolvimento, a maioria dos ouvidos espera aumentar as contratações.

Apesar disso, há um consenso de que o ambiente de negócio se deteriorou nos últimos três anos e que irá piorar nos três seguintes.

Foram entrevistados 1.070 empresários em dez países.

Malas... 
A americana LeSportsac, fabricante de bolsas, malas e acessórios, abriu sua primeira unidade no shopping Vila Olímpia, em São Paulo. Em novembro, inaugura uma unidade em Campinas.

...cheias 
Até o fim de 2013, a empresa, que utiliza tecidos semelhantes aos de paraquedas e velas, terá mais seis lojas no país. Os planos são levar a marca também para outras regiões do Brasil.

Noel doce Neste Natal, as indústrias de chocolates estimam crescimento de até 20% nas vendas, segundo a Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados).

QUERO PROVAS - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 02\11

O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, não deve apoiar com facilidade propostas de delação premiada de Marcos Valério. Ele já disse, em seus votos e a interlocutores, que o publicitário blefa, se contradiz e revela apenas meias verdades nas tentativas que fez de envolver outras pessoas -como Lula- no caso para tentar se livrar da prisão.

QUERO PROVAS 2
Barbosa disse aos mesmos interlocutores, nas últimas semanas, que até acredita que Valério tenha informações relevantes. Mas desconfia do fato de ameaçar trazê-las a público num momento crucial do julgamento. Só apoiaria livrar o réu da prisão em troca de informações se ele apresentasse provas "cabais" do que diz.

NADA A DECLARAR
O ministro está agora na Alemanha e não se manifestou sobre o novo depoimento que Valério deu ao Ministério Público. Marcelo Leonardo, advogado de Valério, diz que não tem "nada a declarar".

TANTO FAZ
Ministros do STF não se impressionam com o fato de Valério e seus sócios entregarem os passaportes às autoridades. Lembram que o médico Roger Abdelmassih fugiu sem o documento, depois inclusive de ter sido preso ao tentar renová-lo.

EM CASA
O advogado Marcelo Leonardo diz que Marcos Valério entregou o passaporte e nunca mais viajou, "ao contrário de vários outros". Nas duas vezes em que já foi preso, "foi encontrado dentro de sua própria casa".

BARÃO VER TUDO
A banda Barão Vermelho desembarca completa em SP para o show "+ 1 Dose", em 8 de dezembro, no Credicard Hall. Dé Palmeira, primeiro baixista do grupo e único membro vivo que não está na turnê, participará da apresentação paulistana.

GABRIELA DO CARIBE
Assim que terminou "Gabriela", Juliana Paes viajou para o Caribe com a família, a convite do departamento de turismo das ilhas Cayman. Ela se hospedou na suíte presidencial do hotel Ritz Carlton, que já recebeu Bill Clinton. Na segunda, a atriz chorou de emoção ao nadar com golfinhos e arraias.

DEUS DÊ CORAGEM
O cabeleireiro Celso Kamura enviou flores brancas ao prefeito eleito de SP, Fernando Haddad (PT): "Que Deus te ilumine e te dê muita coragem", desejou no cartão que mandou com o buquê.

PRIMEIRO-CABELO
E Kamura tem planos de cortar o cabelo da nova primeira-dama, Ana Estela Haddad. "O [marqueteiro do PT] João Santana tinha me pedido para cortar o cabelo dela, mas ainda não deu." O novo penteado não deve influenciar no comprimento dos fios. "Ela gosta de cabelão longo", diz.

TUDO JOIA NA BÉLGICA
A designer de joias Vera Cortez, 39, foi convidada a expor 20 de suas criações na mostra "Brazilian Modern", que aconteceu em Bruxelas em setembro. Depois da exposição, ela deixou os braceletes feitos de madeira, coral, ônix e ouro à venda na Bélgica. "De algum jeito, meu santo bate com o do país."

MEU RICO VAMPIRO
O jogador de polo Rico Mansur comemorou anteontem seu aniversário ao lado da namorada, a modelo Cintia Dicker, com uma festa à fantasia. A empresária Marina Mantega, a dasluzete Mirella Vieira e a modelo Bruna Tenório foram à casa noturna Disco para a balada.

DIGA NEUENSCHWANDER
A artista Rivane Neuenschwander abriu a mostra "Fora de Alcance" nesta semana. A diretora de arte Emmanuelle Grossi e a artista plástica Camila Valones foram ver no Galpão Fortes Vilaça, na Barra Funda. Márcia Fortes, diretora da galeria, levou seu filho Vicente.

CURTO-CIRCUITO
O fotógrafo russo Oleg Dou passa a ser representado por Laura Marsiaj em suas galerias de São Paulo e do Rio de Janeiro.

João Doria Jr. e João Carlos Saad serão os anfitriões da festa de 20 anos do programa "Show Business", no dia 12, na Bandeirantes.

A festa Talco Bells acontece hoje, a partir das 23h30, no Estúdio Emme. Classificação etária: 18 anos.

O filme "Tainá - A Origem" ganhou o prêmio de público no International Children's Film, na Califórnia, nos EUA.

O projeto da sede da XYZ Live em SP recebeu o prêmio o Melhor da Arquitetura da revista "Arquitetura & Construção".

Candidato avulso - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 02\11

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) não tem o apoio do governador Eduardo Campos (PE) para concorrer à presidência da Câmara. Ontem, Campos disse a Delgado, por telefone, que o partido não deve dar prioridade a essa batalha. Sobre a decisão da bancada de deputados pela candidatura, o governador lembrou que o tema não foi submetido à decisão da direção partidária.

Com os pés no chão
O governador Eduardo Campos não vê problema em que seja cantado em prosa e verso o seu nome para o Planalto. Mas não quer que o PSB deixe de integrar a base do governo Dilma nem quer brigar com o PT e o PMDB. Aos apressados, dirigentes do PSB alertam: "Este é um momento de serenidade e humildade." A posição de Campos hoje é a de apoiar a reeleição da presidente Dilma. Qualquer outra definição depende da evolução da crise no Brasil. A prioridade do PSB agora é salvar a gestão dos 442 prefeitos eleitos. O vice-presidente Roberto Amaral explica: "Se não fizermos isso, quem solta fogos de artifício para nós hoje vai nos detonar na próxima esquina.

"É mais fácil o PDT ter um candidato a presidente da República do que o governador Eduardo Campos se lançar ao Planalto em 2014"
Carlos Lupi - Presidente nacional do PDT

Onde está Wally?
O líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), mal participou das reuniões da Comissão Mista de Orçamento. O Planalto está sendo cobrado a indicar um vice-líder para participar, ao menos, dos debates na comissão.

Agora vai?
Os partidos acertaram que o primeiro item da reforma política a ser aprovado é o da universalização das eleições. Num único pleito será eleito de presidente a prefeito. O relator Henrique Fontana (PT-RS) avalia se os prefeitos eleitos em 2016 teriam mandato de dois anos, com eleição geral em 2018; ou, teriam mandato de seis anos, com eleição geral em 2022.

Cadê (a ministra) Ideli?
Os integrantes da coordenação da bancada do PT ficaram intrigados. Na quinta-feira, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) se apresentou a eles como sendo o negociador pelo governo na votação da nova Lei dos Royalties do Petróleo.

Vem aí um novo tucanato
O presidente do PSDB mineiro, deputado Marcus Pestana, define qual é a renovação necessária: "A mudança é de nomes, caras, atitude, métodos, ideias, conteúdo, estética e cultura. O ciclo 2002/2012 acabou. Que venha o futuro. O ciclo do Plano Real foi sucedido pelo do Bolsa Família. Agora abre-se um novo ciclo. É o que (Karl) Marx chamava de superação dialética." Entenderam?

Uma pedra no meio do caminho
Marina Silva está irritada com acordo fechado na Câmara para votar projeto que acaba com o direito a Fundo Partidário e tempo de TV para os novos partidos. Reclama que isso dificulta o projeto de fundar seu partido no ano que vem.

Dormindo no serviço
O relatório do Orçamento foi aprovado ontem em segundos. A oposição chegou atrasada à reunião. O presidente da comissão, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), brincou: "Invertemos a lógica e aprovamos o texto para depois debatê-lo.

O LÍDER DO PMDB, Henrique Alves (RN), pediu aos partidos que o apoiam à presidência da Câmara para que antecipem sua posição pública.

Protecionismo versus eficiência - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 02\11


Não há vítimas inocentes na guerra do protecionismo, intensificada desde a recessão de 2008-2009. As autoridades brasileiras entraram na luta, segundo alegam, sempre agindo em legítima defesa. Nos últimos seis meses, uma de cada três medidas de proteção comercial foi decidida em Brasília, segundo relatório divulgado por agências da ONU, pela Organização Mundial do Comércio e pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. A troca de acusações pode levar a uma longa discussão sobre quem violou as normas internacionais - e o assunto fica mais complicado quando se introduz no debate a questão das políticas monetária e cambial. Mas é preciso levar a discussão além do território da justiça internacional e das regras. Os brasileiros deveriam preocupar-se também com outras perguntas: a política seguida pelo governo torna a economia nacional mais eficiente e mais capaz de enfrentar a concorrência global? Não seria melhor concentrar esforços e recursos na solução de problemas estruturais internos?

A discussão é muito mais clara quando se trata das ações de outros governos. É mais fácil identificar o protecionismo e distinguir as ações legitimamente defensivas daquelas contrárias às normas internacionais. No caso da Argentina, as medidas protecionistas são inequívocas e indefensáveis, embora sejam toleradas e até estimuladas pelo governo brasileiro. Há, igualmente, elementos claros de protecionismo nas políticas agrícolas americana e europeia.

As questões cambiais são mais complexas e, de toda forma, continua muito difícil enquadrá-las na disciplina comercial. Brasília tem acusado o Federal Reserve, o banco central americano, de promover uma guerra cambial, ao emitir enormes volumes de moeda. Não há, no entanto, como atribuir esse objetivo à política monetária americana, embora o aumento da oferta acabe resultando na depreciação do dólar. Hoje é inviável levar esse assunto a julgamento na OMC. Muito mais claro é o protecionismo cambial da China, mas os chineses, como os americanos, se opõem à regulação do câmbio como instrumento de comércio.

O quadro brasileiro é muito mais confuso, porque o governo mistura objetivos. Pode-se pôr de lado, sem muita dificuldade, uma porção de medidas meramente defensivas, como as ações antidumping, mas sobra um emaranhado de iniciativas incluídas na chamada política industrial, ou, como prefere o governo, no Plano Brasil Maior.

Esse plano inclui umas poucas medidas estruturais, como o corte de encargos trabalhistas de algumas dezenas de setores. É uma solução mal construída, por ser improvisada, mas a direção é correta. A maior parte da política é voluntarista e confusa. Tarifas de importação de 200 produtos foram recentemente elevadas. Foram mantidas dentro do limite acordado com a OMC, mas, ainda assim, são claramente protecionistas. O objetivo é favorecer alguns setores, num estilo de ação típica da política do Mercosul. A isso se acrescenta a manipulação discriminatória do IPI, com alíquotas mais altas para veículos sem um determinado conteúdo nacional. Ações desse tipo são dificilmente defensáveis na OMC.

Mas a ilegalidade é apenas parte do problema. O Brasil tem longuíssima experiência de política industrial baseada em medidas protecionistas. Esse tipo de política durou muito além do prazo razoável, quando as indústrias só por brincadeira seriam classificadas como nascentes.

Qual o propósito dessas barreiras? O governo jamais respondeu de forma clara e convincente, assim como jamais realizou o esforço necessário para atacar a maior parte dos problemas estruturais. As mudanças tributárias são limitadas e improvisadas. Os investimentos em infraestrutura continuam lentos e o plano de logística, só recentemente anunciado, vai demorar a sair do papel. Discutir o câmbio necessário aos produtores brasileiros é quase uma brincadeira de mau gosto, quando fatores de produtividade de toda a economia são negligenciados. Para o Brasil, essa é a questão objetivamente mais importante.

Jornalismo que muda o mundo - MOISÉS NAÍM

FOLHA DE SP - 02\11


O artigo do "New York Times" sobre corrupção na China não poderia ser escrito por um blogueiro



David Barboza, do "New York Times", publicou um artigo importante sobre a corrupção dos familiares do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. A princípio, nada de novo.
Diariamente em algum país há escândalos que envolvem políticos, governantes e empresários. E dizer que há corrupção na China é revelar o óbvio. Mas este artigo e este escândalo são diferentes.
Como falar de corrupção? Os escândalos sobre corrupção fazem muito barulho, mas com frequência não são bem documentados e não dão em nada. As denúncias sem consequências geram grande ceticismo no público e corrompem a luta contra a corrupção.
Não é o caso do artigo de Barboza, que fez um dos trabalhos jornalísticos mais bem documentados e mais rigorosos que conheço sobre o tema da corrupção nas elites.
Ele se baseia em dados confirmados por múltiplas fontes, evidências irrefutáveis, complexas análises financeiras auditadas por contadores contratados para garantir a precisão do artigo, e um longo, árduo e evidentemente custoso trabalho de investigação jornalística.
É óbvio que um só artigo não terá efeito definitivo na China. Mas é igualmente óbvio que os dirigentes, que até agora pensavam estar protegidos pelo sistema político, já sabem que agora não há garantia de invisibilidade da corrupção.
O bom jornalismo vale muito... e custa muito. O grande artigo de Barboza não poderia ter sido escrito por um blogueiro, por ativistas nas redes sociais ou por uma organização de jornalismo que se limita a "agregar" -ou seja, reproduzir na rede- o conteúdo original de outros.
O artigo precisou da independência, organização, recursos financeiros e elevados padrões profissionais do "New York Times". Tudo isso tem um custo alto. Mas é o que produz jornalismo com valor social.
A internet e as tendências que hoje solapam a viabilidade dos grandes meios de comunicação têm muito de incontrolável. Mas artigos como o do "New York Times" ilustram de forma contundente quanto nos empobreceríamos se desaparecessem as organizações capazes de produzir informação objetiva.
A Grande Muralha chinesa não protege mais. Na antiguidade, a Grande Muralha não impediu invasões mongóis ocasionais da China. Hoje, tampouco. A grande cibermuralha que o governo de Pequim erigiu para censurar os conteúdos que viajam pela internet não garante que os chineses não tomem conhecimento das revelações do artigo.
O governo bloqueou os sites em inglês e em mandarim do jornal, assim como o acesso ao artigo através de redes sociais. Milhares de censores monitoram e bloqueiam a difusão dessa informação.
Mas essa história já está em todos os meios de comunicação do mundo, na internet, em redes sociais e, eventualmente, na boca de muitos na China. Com certeza a censura fará com que centenas de milhões de chineses nunca saibam que a família de seu primeiro-ministro acumulou uma fortuna de US$ 2,7 bilhões. Mas vários milhões já o sabem. E, antes, isso não acontecia.

Minha frustração: nunca fui do JT - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO


O Estado de S.Paulo - 02\11


Nunca trabalhei no Jornal da Tarde, mas vivi sua época. Era um assombro. Novo, ousado, espantava pela audácia. Todo jornalista invejava a equipe que produzia o JT. As primeiras páginas, as fotos explodindo, os grandes títulos, a inteligência dos textos, as reportagens imensas, bem escritas. Os furos que dava. Foi um tempo que exigia bons redatores. Jornalismo para o JT era sinônimo de escrever bem. Durante minha carreira conheci apenas três jornais que causaram tal impacto - o Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, o Última Hora¹, do Rio e de São Paulo, e o Jornal da Tarde. Nós, dos outros jornais, dizíamos do JT: é a "cortina do queijo fresco", por seu enorme número de mineiros em sua equipe. Da mesma maneira, diziam do Última Hora, é a "cortina do jabá", porque nela predominavam profissionais vindos do Nordeste, principalmente do Recife. Não havia preconceito nas expressões, apenas humor nas definições, era época da Guerra Fria, da "cortina de ferro" soviética, tudo era "cortina" para lá e para cá.

Agora, inveja do JT, tínhamos. Porque era o povo mais bem pago e mais bem vestido da imprensa. Ao menos, era o que pensávamos, imaginávamos. A cada edição, comentávamos: eles podem fazer tudo o que querem. Quando ele surgiu, todos dissemos: nossa, há futuro para nós, há futuro para a imprensa, haverá sempre inovação, revolução. Quando nasceu o JT, o Última Hora onde eu havia trabalhado nove anos, estava agonizando. Criado sob a égide de Getúlio Vargas, era um dos poucos a sustentar Jango, o que foi banido pelos militares em 1964. Fechado em abril, ao ser reaberto, trazia profundas brechas, pois Samuel Wainer, seu criador, tinha se exilado, muitos profissionais tinham sido presos ou estavam desaparecidos.

Tinha sido o jornal que mudara o design da imprensa. Nada mais de textos na primeira página e sim chamadas e fotos. Era um jornal alegre, vistoso nas bancas. Não vendia assinaturas. Quando o legendário bandido Promessinha foi preso, o UH estampou sua foto em página inteira, nada mais. Um assombro. Promessinha foi vivido no cinema por Reginaldo Faria no filme Cidade Ameaçada, dirigido pelo Roberto Farias. Os Farias eram uma família que começava a pontificar e está aí até hoje. O UH foi vendido à Folha, que depois de alguns anos o retirou de circulação por razões empresariais. Na verdade, já estava morto, Otavio Frias tentou lhe dar uma sobrevida.

Vi o fim do Jornal do Brasil. Testemunhei o desaparecimento do Última Hora e agora acompanho o adeus do Jornal da Tarde. Este, quando surgiu, era a esperança, o futuro, tudo parecia indicar que tinha sido descoberta a fórmula. Um tanto complicada pela mistura de valores como inteligência + talento + impetuosidade + coragem + experimentações + alma + arrojo + certa dose de loucura, sem falar em temeridade e imprudência, necessárias a tudo que é novo.

Confesso que várias vezes tentei entrar para o JT. Avisava amigos, solicitava interferências, me exibia, mandava currículos, ainda que meu currículo dissesse apenas: repórter de UH, crítico de cinema, editor do caderno de variedades. Nada. No fim, ficou apenas o sonho. Fui trabalhar em revistas mensais, mudei o rumo, mas cada vez que apanhava o JT, eu me lembrava desse sonho. No fundo, o JT entrou num espaço que tinha ficado vazio na imprensa paulistana: o dos leitores da tarde. Antes, a Folha tinha tentado ocupá-lo com a Folha da Tarde e o Última Hora com sua terceira edição, cheio de cores vermelhas na primeira página, que ia para a bancas às 13 horas.

Quarta-feira, o JT terminou de vez. Coincidência ser hoje o Dia dos Finados? A vida, tenho dito aqui, é uma coleção de perdas. Perdemos pessoas amadas, perdemos amigos, perdemos ídolos que admiramos. A vida profissional, também. Nunca fui demitido², mas vi os grandes jornais e revistas morrerem em torno de mim. Momentos fundamentais de minha vida desapareceram. Publicações que acrescentaram, como os gibis a Vida Infantil e Vida Juvenil, a Edição Maravilhosa, O Cruzeiro, Manchete, Cinelândia, Cena Muda, Anhembi, Realidade, Diário Carioca, Correio da Manhã, Revista da Civilização Brasileira, Pasquim, Opinião e Movimento, Suplemento Literário do Estadão (felizmente hoje temos o Sabático). Agora, o Jornal da Tarde se despediu. Num momento em que discutimos a própria permanência da mídia impressa (essa tão odiada pelo PT que a culpa de todos os males, até do tsunami Sandy), um símbolo se acaba. E nunca trabalhei nele.

¹ Sendo jornal, a maioria dizia o 'Última Hora'. Mas nós, do jornal, por afeto, carinho, dizíamos a 'Última Hora'

² Na verdade, fui demitido uma vez, no fim dos anos 70, da Editora Três. No mesmo momento em que me demitiam, Luis Carta e Domingo Alzugaray me encarregaram, como free-lancer, de um projeto que me sustentou por dois anos, o 'Dicionário Biográfico Universal', série de fascículos. Mais tarde deletaram meu nome da edição do 'DBU'

Normal ter medo - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 02\11


RIO DE JANEIRO - Nova York, devastada pela furacão Sandy, não esperou a chuva estiar para sair às ruas, começar a passar o rodo e cuidar dos estragos. É como se milhões de pessoas tivessem se cansado de ficar sem energia -elevadores parados, gente presa no 80° andar, hospitais fechados em meio a cirurgias, telefones mudos, voos cancelados-, de metrô, trens e túneis alagados, prédios, garagens e estacionamentos idem, com pisos, móveis e carros destruídos, e ruas cobertas de lixo, lama e, dizem, ratos mortos, vindos dos subterrâneos.

Toda a Costa Leste americana foi atingida, mas é inevitável que Nova York atraia as atenções. Não se entende a cidade sem o comércio funcionando, as luzes piscando e o dinheiro girando. E não se a concebe também sem seus cidadãos se mobilizando de forma coletiva e solidária, todos se empenhando em resolver os problemas de todos -sem desprezar a ajuda dos poderes oficiais, apenas antecipando-se a eles e fazendo a sua parte.

Foi assim no 11/9, quando, poucos dias depois do ataque aéreo e com a poeira ainda no ar, Blossom Dearie começou a cantar "It's All Right to Be Afraid" num clubinho; os teatros reabriram as portas e as pessoas voltaram à vida em vez de ficar olhando para o céu. Normal ter medo, dizia a canção, desde que ele não as impedisse de fazer o que tinham a fazer.

A maratona de Nova York, a maior do mundo, programada há meses para este domingo, poderia ter sido cancelada. As ruas estão um caos e inúmeros participantes, vindos de toda parte, não tiveram ou terão como chegar. Mas será realizada assim mesmo. A imagem dos corredores cruzando os cinco distritos e terminando no Central Park simbolizará a invencibilidade desta cidade, ultimamente mais posta à prova do que nunca.

Os furacões passam longe das nossas costas, melhor assim.

Instintos primitivos - NELSON MOTTA


O Estado de S.Paulo - 02\11


Caetano Veloso disse que torcia para ACM Neto ganhar a prefeitura de Salvador, Gilberto Gil preferia o petista Nelson Pelegrino. Uma simples divergência política entre dois velhos amigos se tornou estopim para uma tempestade de lixo digital venenoso inundar a blogosfera. Foi preciso tapar o nariz para evitar o fedor de ódio irracional que emanava dos mal traçados dígitos dos comentários dos leitores.

Sentia-se vergonha pelos comentaristas, que sem saber falavam mais deles mesmos do que dos objetos de seu ódio, mas eram tantas ofensas, injúrias e mentiras absurdas sobre Caetano e Gil - e não sobre as suas escolhas eleitorais - que valeria a pena estudar essa patologia que está crescendo no Brasil, fazendo do debate político uma disputa primitiva em que o importante não é se opor às ideias, mas desqualificar o adversário.

Eram tantos crimes, canalhices, conspirações e covardias inomináveis que uns atribuíam a Caetano, e outros, a Gil, que estes grandes artistas que honram o Brasil e nos deram inestimável contribuição de beleza e alegria, pareciam piores do que os piores delinquentes. Porque ousaram ter opiniões políticas honestas, independentes e divergentes.

É óbvio que qualquer comentário desses jamais vai mudar a opinião de alguém sobre um candidato, que deveria ser o objetivo do debate político, mas eles não querem saber a opinião dos outros, mas encontrar nos outros o seu espelho e a sua manada. E um pretexto para botar no ar ressentimentos e rancores que têm menos a ver com a política do que com a história pessoal de cada um, de seus anseios e frustrações anônimos. É desalentador ver os instintos mais primitivos atrasando a civilização, a educação e a convivência democrática.

Passado o calor eleitoral, parece mais uma herança da era Lula, que trouxe para a política o estilo e as práticas do vale-tudo das eleições sindicais, baseado no "nós contra eles" e na aniquilação dos adversários. E encontrou na militância digital demo-tucana um oponente à sua altura, ou baixeza. Ou talvez tenha sido sempre assim no Brasil, só faltavam a internet e a liberdade de expressão.

Socuerro! Saiu o Furacão Dilma! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 02\11


Governador de NY diz que Sandy é catastrófica. Isso porque não viu ela cantar a música do "Titanic". Rarará!



Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

Piada da piada pronta: "Pastor é indenizado por comprar disco da Mara Maravilha e receber Ary Toledo". Eu indenizaria o Ary Toledo.

Diz que na hora do culto o pastor colocou o CD pensando que era da Mara Maravilha e os fiéis ouviram um monte de palavrão! Rarará!

E esta: "Governador de NY considera Sandy catastrófica". Eu também! Isso porque ele não viu ela cantar a versão da música do "Titanic"!

E sabe o que a Dilma gritou? "MAAAANTEGA! Eu também quero um furacão com o meu nome." E precisa? Rarará!

E esta outra: "Palmeiras vai contratar perito para analisar leitura labial da arbitragem". Só vão ouvir palavrão. Técnico Kleina: "Perito, o que o juiz falou?". "Que o teu time é uma merda!" Rarará! Vão ouvir o que não querem!

E hoje é Finados! Dia dos Mortos! E olha a lápide do hipocondríaco: "eu não falei que estava doente?". Finados: A Turma do PT e do PSDB que já morreram e esqueceram de cair. Finados é o Senado! A Turma do Já Morreu! E diz que Zé Dirceu é um finado vivo! Rarará!

E esta: "Viúvo esculpe réplica da vagina da esposa falecida em lápide". Ou seja, cada um chora por onde tem saudade!

E diz que a Vanusa vai reunir uma turma pra cantar o hino nacional em frente ao cemitério: Os Desafinados! E ontem eu vi a estreia daquele surreality show da Record: "Fazenda de Verão"! Um programa culturral! A nata da bagaça!

Se aquilo é a nata, imagine o fundo da xícara! Eu vi um rinoceronte tatuado! Isso é inédito em fazenda: rinoceronte tatuado! Tem porco, galinha e agora rinoceronte tatuado.

Nessa edição não tem lhama! Senti falta da lhama. Quem vai cuspir nos participantes pela gente? Estamos sub-representados! E eu já sei o que eles criam naquela fazenda: Celulite! Criação de celulite! Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como diz aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!

E Sandy foi um furacão de trocadilhos infames. Aqui ela é devassa, lá ela devasta! E quando a onda veio, ela começou a gritar: "Vamos pular! Vamos pular! Vamos pular!". E furacão é a minha sogra: vem uma vez por ano e bota a minha vida de pernas pro ar. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Doutor Trapalhão - TUTTY VASQUES


O Estado de S.Paulo - 02\11



Secretário de Saúde, não importa o Estado de sua influência, deve sempre, no mínimo, uma satisfação à população pela porcaria de serviço prestado nos hospitais públicos de todo o País, mas no caso do Rio o dono do cargo tem mais o que explicar nos jornais.

Sérgio Côrtes, para quem não liga de cara o nome à pessoa, ficou conhecido nacionalmente em maio como o mais animado daquela turminha do governador Sérgio Cabral flagrada numa farra oficial em Paris com o empreiteiro Fernando Cavendish. Tá lembrado? Nas fotos, era o sujeito que posava de líder do que, na época, ganhou apelido de "gangue do guardanapo na cabeça"!

Outra situação difícil de explicar protagonizada pelo personagem chegou à imprensa nos últimos dias, depois que sua cobertura dúplex com vista para a Lagoa pegou fogo na sexta-feira!

Além do comprovado uso irregular de ambulância pública para buscar atendimento no hospital mais caro da cidade, um suposto desmaio do secretário antes de sua remoção está sendo desmentido pelos bombeiros que o socorreram.

Por recomendação médica, Côrtes segue proibido de dar entrevistas até se desintoxicar por completo. Onde há fumaça, como se sabe, há fogo!

Delação premiada

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não confirma, mas corre na Praça dos Três Poderes o boato de que, em novo depoimento ao Ministério Público, Marcos Valério teria dito que foi Antonio Palocci que mandou matar o Max em Avenida Brasil. Tem gente torcendo para que a Justiça mande reabrir a novela!

Marca registrada

Onyx Lorenzoni, deputado gaúcho cujo nome o senador Antônio Carlos Magalhães já meio gagá confundiu certa vez com marca de chuveiro, teme que, com a chegada ao mercado do Chevrolet Onix, ele passe a ser associado a modelo compacto de carro fabricado no Brasil.

Nada é pra já

Ficou para outro dia qualquer a decisão do Congresso sobre as novas regras de distribuição dos royalties do petróleo. Como dificilmente haverá acordo a respeito antes da aprovação do novo Código Florestal, relaxa aí, vai!

Boas festas

O governo está cobrando das companhias aéreas um plano de contingência para evitar o caos aéreo no Natal. Por via das dúvidas, melhor levar travesseiro, biscoito e palavras cruzadas na bagagem de mão para passar o fim de ano com mainha!

Ora, pois!

O que tem de português desempregado há mais de um ano protestando nas ruas de Lisboa contra a medida de austeridade do governo cancelando quatro dos 14 feriados nacionais de 2013 é sinal de que os gajos estão com esperança de arrumar trabalho logo!

Remember Jamelão

O republicano Mitt Romney citou a definição de Jamelão para Bill Clinton na Mangueira ao comentar na intimidade de seu comitê eleitoral as imagens na TV da visita comovente de Obama a New Jersey: "Parece pinto no lixo!"

O fim dos ciclos monetários? - MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE


O Estado de S.Paulo - 02\11


Em 1997, a revista norte-americana Foreign Affairs publicou um artigo provocativamente intitulado O Fim dos Ciclos Econômicos?. Naquela altura, o mundo avançado vivenciava o início da "Grande Moderação", a era de baixa volatilidade macroeconômica que, apesar dos solavancos que caracterizariam o início dos anos 2000, se estenderia até 2007, quando apareceram os esqueletos dos subprimes. A ideia de que os ciclos econômicos haviam sido domados durou dez anos. Uma década. Parece uma eternidade. Sobretudo para os mercados. Mas, com a crise, a ilusão de que o ciclo econômico fora domesticado pelo alto grau de sofisticação da política econômica foi enterrada. O que sobrou?

Como todos já sabem, os bancos centrais dos países avançados reduziram drasticamente os juros em resposta à crise. Em certos casos, como nos EUA, a taxa básica foi levada a zero, limite abaixo do qual - em tese - não pode mais cair. A promessa do Fed de que os juros ficarão neste patamar por alguns anos e os ecos dos outros bancos centrais de países maduros de que a política monetária permanecerá inalterada induzem à pergunta, análoga à da Foreign Affairs: os ciclos monetários, os movimentos de altas e quedas das taxas de juros, foram abolidos? De certo modo, nos EUA, na Europa, no Japão e no Reino Unido, sim. Ao menos, até que se enxergue algum fim para a crise de crescimento, dívidas e desemprego que os assola. Esse fim não está próximo.

Curiosamente, muitos no Brasil têm proposto tese semelhante para explicar as mudanças na condução da política econômica. Acredita-se que há no País, agora, uma "meta de juros", o que equivale a dizer que os juros serão mantidos no patamar atual de 7,25%, independentemente das circunstâncias. E se a inflação subir além do tolerável? Bem, se isso acontecer, dizem, o Banco Central (BC) usará os apertos de crédito amplamente utilizados em 2011, esquivando-se de mexer nos juros. Ou seja, os ciclos monetários teriam sido abolidos.

Os ciclos monetários não foram abolidos no Brasil, insistiu o presidente do BC, Alexandre Tombini. A intenção é clara: derrubar a tese de que a Selic de 7,25% veio para ficar, aconteça o que acontecer.

O Brasil está no meio de um experimento, uma tentativa de normalizar a anacrônica taxa de juros brasileira. Afinal, a inflação por ora está contida, em parte em razão do cenário global. Mas as críticas ao Banco Central têm sido tão veementes quanto em 2011, quando o BC deu a guinada nos juros brasileiros e iniciou o ciclo de quedas. Ali, a inflação ameaçava ultrapassar 7,5%. Para piorar, o BC comunicava mal a sua estratégia e tudo parecia uma grande aposta. As críticas eram pertinentes. De lá para cá, o mundo ajudou a consolidar o cenário do BC. E a verdade é que a autoridade monetária mirou no que viu e acertou em tudo - dentro ou fora de seu campo de visão. As críticas sobre a atuação foram esvaziadas. Sobraram apenas as críticas sobre a comunicação.

Os dirigentes do BC reconheceram isso. No discurso que proferiu semana passada, Tombini disse que a autoridade monetária continua a se orientar pelas metas de inflação e que quer garantir que os preços convirjam para uma trajetória compatível com o regime. O BC merece o benefício da dúvida. Afinal, a inflação está, rigorosamente, dentro da meta, da banda de 2,5% a 6,5%, desde o início de 2012. O foco na banda, e não no centro de 4,5%, reflete uma maior preocupação com o crescimento. Essa maior preocupação no ambiente de inédita incerteza que caracteriza os quadros doméstico e global é legítima. Como já comentei aqui, o peso equivalente que o BC atribui aos desvios da inflação e aos desvios do crescimento de um objetivo específico, como os 4% almejados, sugere que estejam usando, informalmente, uma meta de PIB nominal. Não há nada de errado nisso, desde que não deixem a inflação fugir do controle.

É natural haver ciclos de humor com a atuação do BC brasileiro. Mas a atual onda de mau humor parece injustificada. Ainda mais quando há tantas outras coisas a criticar, como as artimanhas fiscais.

A indústria chinesa volta a crescer - LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

FOLHA DE SP - 02\11


A recuperação da indústria chinesa é mais uma peça importante para nosso crescimento no próximo ano


A indústria chinesa -finalmente- voltou a acelerar seu crescimento neste final de 2012.

O chamado índice PMI, que mede a porcentagem das empresas que devem acelerar sua produção nos próximos 30 dias, superou pela primeira vez -desde maio deste ano- a barreira dos 50 pontos percentuais. Ou seja, o número de empresas que esperam aumentar sua produção em novembro superou o das que reportaram estabilidade ou queda de atividade.

Embora a diferença seja mínima -o índice geral foi de 50,2%-, os números relativos à produção física foram mais robustos, com 52,1% dos entrevistados reportando aumento.

Outros dados dessa pesquisa mensal realizada pelo governo chinês mostram o mesmo quadro de recuperação. O índice PMI para o setor siderúrgico atingiu 52,7%, mostrando que esse importante setor da indústria chinesa também voltou a aumentar seu nível de produção.

Para o Brasil, essa informação é importante, pois nosso minério de ferro é dependente, em preço e volume de exportações, da produção de aço na China.

A recuperação da indústria siderúrgica chinesa é mais uma peça importante para nosso crescimento econômico no próximo ano.

Mas, para o analista, valem menos os números em si e mais as tendências de médio prazo que podem ser inferidas das estatísticas publicadas. E a tendência de recuperação da atividade industrial no gigante asiático é clara quando colocada em perspectiva.

O índice de novas ordens de produção passou de 48,7% em agosto passado para 49,8% em setembro e chegam agora a 50,4%.

No caso do índice de novas ordens de importação, a evolução no mesmo período de tempo foi semelhante, passando de 46,6% em agosto para 49,3% em novembro.

Mais do que apenas uma sequência de números melhores, no relatório divulgado fica transparente que a economia chinesa reage às políticas de estímulo -como reagiram à política de contenção da atividade econômica no ano passado- monetário e fiscal do governo central. E parece claro que o novo governo, que vai ser escolhido no Congresso do Partido Comunista Chinês, a ser realizado na próxima semana, vai acelerar as medidas de estímulos à economia a partir do início do próximo ano.

A recuperação da produção chinesa já começa a chegar a outros países da região, como mostram os índices PMI para Coreia e Taiwan e os índices de produção industrial na Índia. Na minha imagem do alinhamento dos astros para 2013 na economia mundial, é fundamental que essa recuperação na Ásia se realize.

No caso do Brasil, o fortalecimento do crescimento nessa região é um canal crítico para que a economia possa recuperar uma parte importante do dinamismo perdido nos dois últimos anos.

A correlação entre preços internacionais dos produtos primários exportados pelo Brasil e crescimento da economia é hoje muito forte para ser negada.

Certamente esses dados recentes ainda não serão suficientes para convencer os pessimistas a mudar suas previsões de um desastre iminente na China.

O quadro mais otimista para o país -no qual eu acredito- só vai chegar à dinâmica de preços nos mercados ao fim do primeiro trimestre do próximo ano, quando a recuperação da indústria chinesa deve ficar clara e o risco de uma crise fiscal nos EUA tiver passado.

Talvez este tenha sido o custo mais pesado da crise financeira, iniciada em Wall Street com o colapso dos derivativos ligados aos empréstimos imobiliários: a perda de confiança na capacidade das economias de mercado de superar as forças da deflação que atingem o mundo. A queda dos investimentos privados responde hoje -no Brasil e no mundo desenvolvido- pelas baixas taxas de crescimento econômico.

E a volta do chamado espírito animal dos capitalistas só vai acontecer depois que os riscos de uma volta à recessão estiverem realmente afastados. Não por outra razão é que a política monetária dos principais bancos centrais do mundo deva continuar fortemente expansionista no futuro próximo.

A indústria, ainda fraca - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 02\11


Não é por falta de torcida que o setor produtivo ainda segue prostrado. As apostas feitas pelo governo Dilma e por tanta gente otimista por personalidade ou dever de ofício continuam dando errado. O desempenho da indústria em setembro foi outra vez decepcionante e deve puxar ainda mais para baixo o avanço do PIB deste ano.

Quase sempre, são os números do segmento de veículos que chegam primeiro. Quando saíram os resultados de setembro (queda de 31,5% nas vendas de veículos leves em relação a agosto), os primeiros decepcionados ainda procuravam explicações. Assim, setembro teve quatro dias úteis a menos do que agosto; ou o comprador teria preferido esperar até outubro para trocar seu carro, para que aproveitasse os lançamentos dos modelos 2013; ou, ainda, seria equivocado comparar setembro com agosto, um mês excepcional que, por várias razões, tinha levado o consumidor a antecipar suas compras. As estatísticas confirmaram o desempenho medíocre e podem estar montando uma plataforma de resultados pouco encorajadores nos próximos meses.

Entre esses, está o do PIB deste ano. Após meses de projeções delirantes, de crescimento de ao menos 4,5%, o governo Dilma afinal se conformou com projeções mais modestas: "Abaixo dos 2,3% obtidos em 2011" - passou a garantir o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Aos poucos, analistas foram obrigados a rever também esses números, para perto de 1,6%. A pesquisa Focus, do Banco Central, que afere a expectativa de cerca de 100 instituições financeiras, consultorias e diretorias de Finanças, registrou nas duas últimas semanas projeções médias de 1,54% para o aumento do PIB de 2012. A partir das mais novas mensurações da atividade industrial, as estimativas deverão ser outra vez revisadas, provavelmente para alguma coisa entre 1,0% e 1,4%.

Também não se sustentam as últimas apostas do próprio governo Dilma, de que, no último quadrimestre do ano, o PIB retomaria velocidade de cruzeiro de 4,5%. Vai dando bem menos.

Essa nova correção das expectativas monta um panorama também mais fraco para 2013. Embora seja cedo demais para definir quadros mais firmes, dá para dizer que o ano que vem terá início num ritmo bem mais baixo do que os anteriormente projetados. Se algo de diferente não acontecer nos próximos meses, até mesmo as perspectivas mais conservadoras, de um avanço superior a 3,0%, podem mudar.

Um dos equívocos da atual política econômica foi dar ênfase demais ao consumo. Não era por aí que a economia vinha se arrastando. As vendas se expandiam e seguem assim, acima de 5% ao ano. O problema está na oferta e - não é demais insistir - na atual insuficiência de investimentos.

Mas, afinal, por que os empresários vêm adiando o lançamento dos seus projetos? A resposta a essa pergunta não mudou de alguns meses para cá: eles temem que a alta dos seus custos inviabilize seus negócios; sentem-se reféns de uma infraestrutura sujeita a tantos apagões de logística; e vão sentindo que a folha de pagamentos está se esticando mais depressa do que a produtividade de suas linhas de produção. Enfim, o empresariado sente que o custo Brasil lhe tira competitividade tanto no mercado externo como no interno.

As vitórias e derrotas de Lula - JOÃO MELLÃO NETO


O Estado de S.Paulo - 02\11


Lula adentrou o mês de novembro colhendo vitórias e revezes de imenso quilate. Dentre as suas conquistas, a joia da coroa, sem dúvida, é a Prefeitura de São Paulo, uma cidade que, sozinha, gera 10% do produto interno bruto do Brasil e tem o quinto orçamento da República.

Era um sonho inatingível para o PT, que padecia da maldição dos 30%, teto máximo alcançado por seus candidatos em qualquer eleição majoritária. Lula constatou que com essa trupe o partido não chegaria a lugar nenhum.

São Paulo cultiva uma autoimagem de cidade moderna, sem preconceitos. Tanto é que já elegeu para a Prefeitura uma retirante nordestina, um negro carioca, um cidadão com fama de louco e uma sexóloga.

Com sua sagacidade, Lula percebeu que, aos olhos do eleitorado, seu elenco cheirava a mofo. Pior: o discurso eivado de rancor, também. Para escolher o candidato ideal começou por descartar os indesejáveis. Marta Suplicy, Aloizio Mercadante e outros ganharam prêmios de consolação no Ministério e foram assim afastados da disputa.

Ao final desse processe de expurgo, eis que Lula apresentou o seu candidato ideal, Fernando Haddad, o homem que considerou o mais apropriado para enfrentar José Serra. Ninguém conhecia Haddad. Mas isso não representou nenhum obstáculo: já que era desconhecido, poderia ser moldado da forma que melhor conviesse.

Foi um evento inesquecível a sua apresentação inaugural na televisão. O então candidato parecia um super-homem, com poderes para esmigalhar qualquer oponente. Voz vigorosa e assertiva, gesticulação estudada. Acompanhando os seus passos, a sonoplastia cuidava para que soasse um bumbo. Tão grave que fazia a câmera tremer. Não tinha nada que ver com os antigos candidatos do PT.

Pobre do Serra, pensei eu. Ponderado como é, como ele vai lutar contra uma máquina de certezas como essa?

Não deu outra. Haddad venceu de lavada.

Mas a vida de Lula não é feita só de vitórias. Ele acreditava poder dobrar o Judiciário. Mas foi exatamente o oposto que ocorreu no julgamento do mensalão.

Pois bem, nossa Pátria pode continuar se refestelando em seu generoso leito porque agora tem uma Justiça que, se ainda está longe de ser perfeita, ao menos demonstrou celeridade e firmeza quando para tanto foi solicitada. Os réus eram poderosos, em sua maioria ricos, mas nem por isso os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se deixaram intimidar. Que essa rigidez de conduta frutifique e sirva de exemplo até se tornar norma em nosso país.

Ao ler este artigo, haverá quem me acuse de otimista ou mesmo precipitado. Afinal, a pena da trinca de ouros - José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino - ainda não foi definida e existe também a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff se valer de sua prerrogativa presidencial de conceder indultos ou reduções de penas.

No primeiro caso, não seria um comportamento coerente da parte do STF condenar o ex-carequinha Marcos Valério a nada menos que 40 anos de prisão e suavizar para os outros três, que foram considerados os principais mentores do esquema. Quanto à possibilidade de indulto presidencial, é sob todos os aspectos remota. Que motivos levariam a presidente a incorrer em tamanho desgaste perante a opinião pública? Teriam, por acaso, um passado em comum, enfrentando tortura na guerrilha?

Ora, esse passado em comum nunca existiu. Pelo que se sabe dos anos difíceis, dos quatro a única pessoa a sofrer maus-tratos físicos foi a própria Dilma. Delúbio na época não era nada. Dirceu, após gozar a hospitalidade de Fidel Castro em Cuba, viveu pacatamente alguns anos no Paraná sob identidade falsa. Quanto a Genoino, há uma suspeita disseminada de que no episódio da guerrilha do Araguaia ele teria mantido sua integridade física por demonstrar boa vontade nos interrogatórios...

Torna-se, então, altamente provável que essa gente funesta passe ao menos alguns anos na cadeia. E quando eles de lá saírem ainda arcarão para todo o sempre com o estigma de suas condenações. O que seus filhos e netos dirão na escola? De que forma seus vizinhos os tratarão? E quando forem reconhecidos no supermercado ou na saída do cinema e as pessoas sussurrarem em tom de reprovação? Há coisas que são, sim, piores que a morte. A perda da honra, por exemplo. Quando ela se vai, nada mais nos resta.

Os mensaleiros estão sendo abatidos, um após o outro, em absoluto silêncio. E fica no ar uma pergunta que insiste em não calar: a quem interessa ou interessou o crime?

Da maneira como as coisas estão colocadas, procura-se passar a impressão de que os mensaleiros estão todos bilionários. Não parece, no entanto, ser essa a realidade.

O problema não se resume ao açodamento de José Dirceu, que teria tomado a iniciativa de despender recursos de origem ilícita para comprar consciências sem o menor conhecimento de seu chefe. Acaso Lula é um imbecil? Não. A sua surpreendente biografia, a sua brilhante trajetória de vida, tudo isso nos leva a concluir o contrário. Ele é um gênio. Mas um gênio do mal, no meu entendimento.

Confesso ter medo dele. Se o seguirmos, caminharemos todos em direção ao abismo.

Mas, como a nossa Pátria já se encontra engalanada para recebê-lo em clima de festa, resta-nos uma única ponderação: é próprio da natureza humana, quando a sorte parece sorrir-nos, mandar a nossa consciência às favas, fazer pouco de nossos escrúpulos morais. Mas chega uma hora em que as consequências de nossos atos tresloucados se apresentam, e aí já se faz tarde. Tarde demais.

Lorde Byron soube revestir esses trágicos momentos com sublime poesia: "As dúvidas e os morcegos só alçam voo ao crepúsculo".