ZERO HORA - 27/07
A pesquisa Ibope divulgada na quinta-feira, na qual a avaliação negativa da presidente Dilma Rousseff supera a positiva pela primeira vez desde março de 2012 e que mostra que os governadores dos Estados mais ricos e populosos também enfrentam a desconfiança dos eleitores, contém importantes pistas para se entender o que pensa o povo a respeito do momento político atual.
Salta aos olhos, em primeiro lugar, a tendência de queda na popularidade da presidente, já apontada em outras pesquisas. Erraram o alvo _ ou, pelo menos, ficaram longe de acertar na mosca _ os analistas que atribuíram a primeira onda de desaprovação a Dilma, expressa numa queda de avaliação positiva de cerca de 13 pontos percentuais, a aumentos sazonais de preços, boatos envolvendo o programa Bolsa-Família e seca no Nordeste. A esta altura, já não é segredo que a rejeição ao governo inspira, sim, graves preocupações.
Há, no entanto, duas ponderações importantes a serem feitas. Em primeiro lugar, a rejeição a Dilma não se distribui uniformemente no país. A se concordar com o diagnóstico do economista Edmar Bacha, segundo o qual o Brasil seria uma mistura de Bélgica e Índia, a fronteira entre as porções belga e indiana é a mesma da avaliação negativa e positiva da presidente. No Nordeste e no Norte/Centro-Oeste, 43% e 35%, respectivamente, consideram o governo ótimo ou bom. Esses números caem para 28% no Sul e 24% no Sudeste. Os índices de aprovação da maneira de governar e confiança na presidente seguem a mesma tendência. Em 2006 e 2010, Nordeste e Norte forneceram os mais altos índices de votação aos candidatos do PT, em parte graças aos programas sociais.
Em segundo, na avaliação dos governadores, a lógica regional, por assim dizer, impõe-se mais uma vez. Dos seis governadores com índice de ótimo ou bom acima da média, dois são do Nordeste (Pernambuco e Ceará) e outros dois, de Estados que se aproximam muito daquela região em termos econômicos e sociais (Minas Gerais e Espírito Santo). Na questão sobre confiança no governador, os dois Estados com maior eleitorado (São Paulo e Rio) estão entre os três com percentual mais baixo. Mais do que refletir alianças e alinhamentos, a pesquisa mostra que não há região de conforto para os governantes e que é preciso responder às demandas de um eleitorado cada vez mais desejoso de mudanças tanto em sua situação material como em âmbito institucional.
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