FOLHA DE SP - 04/06
BRASÍLIA - A presidente Dilma que vá nos perdoando, mas já virou rotina: todo dia é dia de má notícia, sobretudo na economia.
A de ontem veio da balança comercial, que voltou ao azul em maio, mas com um saldo positivo 74,3% menor do que há um ano e acumulando um resultado em 2013 que é simplesmente o pior da história.
É ou não é preocupante? Ainda mais dentro de um contexto em que tudo parece desandando. A previsão de crescimento do PIB de 2013 era de 4,5%, caiu para 3,5% e acaba de ser revista para 2,77%. Onde vai parar? Ou melhor, onde vamos parar?
Há convergência de crescimento baixo com inflação sempre no teto da meta, juros subindo, indústria acuada, famílias consumindo menos, superavit primário (economia para pagar juros) decepcionante e dólar disparando --a cotação da semana passada foi a mais alta desde 2009.
Tudo, então, fica assim: o pior desde não sei quando, o mais baixo da história, a maior queda em tantos anos... E o governo respondendo sempre com um mesmo dado: os altos níveis de emprego, o que é de fato muito bom e tem efeitos eleitorais certeiros, mas não é suficiente para salvar a lavoura.
(Aliás, a imagem não é adequada, porque, se há alguma coisa positiva, além do emprego, é a lavoura --que salva o PIB e mantém a balança comercial ainda positiva.)
Em meio às más notícias na economia, uma atrás da outra, a presidente agora está à volta com duas tabas em pé de guerra. Uma é literal, a dos índios, que se rebelam de norte a sul. Outra é o Congresso, onde índio quer apito e os caciques exigem muito mais.
Não bastasse, setores conservadores articulam-se em torno de temas como aborto e união gay para passeatas em Brasília e demonstrações de força em todo o país, mirando as urnas de 2014. Estão crescendo.
Esse cenário e o clima não são bons para a imagem de Dilma hoje e não ajudam a reeleição amanhã.
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