BRASÍLIA - É difícil construir um discurso na oposição quando o país vive em estabilidade econômica e a presidente da República tem a fama de incorruptível. Nesta semana, foi a vez de a "New Yorker" perfilar Dilma Rousseff, elogiada no texto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Coincidência atroz para os tucanos. Ontem, o PSDB veiculou um comercial de 30 segundos atacando o governo do PT e de Dilma Rousseff.
O filme começa com uma imagem da famosa propaganda dos ratos comendo a bandeira do Brasil, usada pelo PT em 2002 -a primeira incursão de Duda Mendonça pró-Lula.
No comercial de ontem do PSDB, surge então um locutor interpretando o seguinte texto: "Há nove anos, nessa propaganda, o PT anunciava que, se o Brasil não acabasse com a corrupção, a corrupção iria acabar com o Brasil. Há nove anos, o PT está no poder... e o que era apenas uma propaganda do PT [aparece um rato comendo um pedaço da bandeira, arrotando e dando risada]... virou a realidade deste governo".
Propaganda boa é a que vende o produto. O PSDB está fazendo uma aposta. Os tucanos devem imaginar que exista um caldo de cultura no Brasil hoje semelhante ao visto no início da década passada: fadiga de material do governo e muitos eleitores aflitos com a corrupção.
Essa conjuntura era verdadeira em 2002, mas havia, à época, o desalento da estagnação econômica.
É possível, de fato, muitos eleitores se incomodarem com ministros demitidos em série por causa da corrupção endêmica em Brasília. Mas esses mesmos eleitores estão à espera de propostas para melhorar
sua vida. A oposição não conseguiu ainda explicar por que faria melhor se voltasse ao Planalto. Os ratos do PSDB de ontem podem ser uma boa sacada. A imagem choca. Só que pode não servir para vender a mercadoria dos tucanos.
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