Sobra salvadora
GEORGE VIDOR
O GLOBO - 30/05/11
Nos meses de abril e maio as vendas de etanol caíram mais de 40% em relação a igual período de 2010. É provável que isso se repita ainda em junho. Por incrível que pareça, o recuo nas vendas agora é que poderá garantir um abastecimento mais tranquilo, sem nova disparada nos preços, durante os cinco meses da próxima entressafra, pois contribui para a formação de um maior estoque.
O Brasil levou 500 anos para atingir a produção anual de 350 milhões de toneladas de cana de açúcar. Em oito anos, impulsionada pela demanda interna de etanol, a possibilidade de exportações do produto e também pelas boas cotações internacionais do açúcar, a produção brasileira de cana simplesmente dobrou. Mas a crise financeira de 2008 interrompeu esse processo. Vários projetos voltaram para a gaveta e até 2014 a produção não deve acompanhar o crescimento da demanda potencial de etanol, decorrente da expansão da frota de automóveis com motor flex.
Assim, é pouco provável que os preços da gasolina (que tem uma mistura de 25% de álcool anidro) e do etanol 2011 caiam como em anos anteriores. Se, por um lado, os combustíveis não darão alívio para a inflação este ano, por outro, talvez não pressionem tanto os índices em 2012. Os donos de postos estão aflitos porque acabam levando a culpa pela alta dos preços.
A Statoil, companhia norueguesa, comemorou na semana passada o início da produção em Peregrino, na Bacia de Campos, que já atingiu o patamar de 32 mil barris diários. No ano que vem, a produção deve chegar a 100 mil barris (trata-se do segundo óleo mais pesado da Bacia de Campos, com 14º API). Mas a novidade é que estão indo bem as sondagens na parte sul de Peregrino. Se os testes confirmarem os resultados preliminares, nessa parte do bloco a Statoil poderá produzir outros 100 mil barris diários, com uma outra plataforma.
No mesmo dia desta celebração, a Rolls Royce bateu o martelo para instalar, em Santa Cruz (distante 50 quilômetros do centro do Rio) a fábrica que montará turbinas destinadas à geração de energia em plataformas de petróleo e propulsão de embarcações de apoio às atividades de exploração e produção. Será um investimento de R$100 milhões. Logo que saírem as licenças (provavelmente em agosto ou setembro), as obras começarão. Junto à fábrica - que ajudará as companhias petrolíferas a atingirem o percentual de conteúdo nacional exigido nas suas encomendas de equipamentos e serviços - haverá um centro de treinamento para futuros tripulantes de plataformas e embarcações. Ponto para a Rio Negócios, que colaborou na atração do investimento.
A biotecnologia estará cada vez mais presente nas nossas vidas no futuro, mas hoje pouco se conhece sobre o seu raio de ação no Brasil. Pesquisa encomendada ao Cebrap está mapeando o que já existe e o seu potencial de expansão (número de alunos nas universidades em áreas afins à biotecnologia, por exemplo). Levantamento inicial mostrou que há 230 empresas que podem ser classificadas como atuantes na biotecnologia, 90% das quais concentradas no Sudeste (46% em São Paulo, devido, especialmente, às aplicações no agronegócio).
Cerca de 80% dessas empresas são pequenas, o que é compreensível, pois, na verdade, o que elas produzem é conhecimento. Geralmente são empresas que se complementam, como uma cadeia produtiva, pois a identificação de uma molécula por uma delas pode servir para outra encontrar uma aplicação completamente diferente do propósito original.
A molécula que não dá o resultado esperado como medicamento acaba servindo muito bem para um cosmético, e por aí vai...
O mapeamento será importante para a definição de instrumentos de apoio ao setor. Uma das principais incentivadoras da biotecnologia brasileira é a Apex, a agência que promove as exportações do país. Em 2009, em decorrência desse interesse, surgiu uma entidade, a BrBiotec (presidida por Eduardo Giacomazzi, ligado à USP) que passou a estabelecer contatos internacionais. Há no horizonte uma real possibilidade de parceria com a China e o cluster de empresas americanas de biotecnologia do Illinois. Giacomazzi, aliás, representará o Brasil no fim de junho na convenção anual Bio International. A convenção chega a reunir 20 mil participantes e este ano será em Washington.
A maioria das empresas de biotecnologia surge em "incubadeiras" ligadas a universidades (UFRJ, no Rio, e USP, em São Paulo, são dois bons exemplos). Quando"decolam" precisam de espaços maiores, preferencialmente em parques tecnológicos. As áreas em que a biotecnologia está mais presente são saúde humana e animal, agricultura e energia. No entanto, o campo de atuação é vasto e, por isso, o parque tecnológico do Inmetro, em Xerém, começa a atrair esse tipo de empresa. A primeira delas é fonte para pesquisas com células tronco. Em breve, deve se instalar lá um banco nacional de material biológico. A Investe Rio, agência de fomento do governo estadual, está também preparando para levar ao forno um programa de financiamento a pequenas e médias empresas de biotecnologia.
Não basta ter a banda larga, é preciso dar utilidade à ela. No caso da maioria dos brasileiros, a banda larga deveria servir para que as pessoas pudessem ter acesso pela internet a informações e serviços públicos.
Dar mais utilidade à banda larga e à internet será o mote das discussões do 55º Painel da Telebrasil, que será realizado esta semana (quarta e quinta-feira) em Brasília.
Mas o tema dos bastidores deverá ser o contrato que a Telebrás ressuscitada assinou para utilizar a infraestrutura de telecomunicações da Petrobras. Se tivesse feito uma licitação aberta a outros interessados, a Petrobras ganharia muito mais.
O Brasil levou 500 anos para atingir a produção anual de 350 milhões de toneladas de cana de açúcar. Em oito anos, impulsionada pela demanda interna de etanol, a possibilidade de exportações do produto e também pelas boas cotações internacionais do açúcar, a produção brasileira de cana simplesmente dobrou. Mas a crise financeira de 2008 interrompeu esse processo. Vários projetos voltaram para a gaveta e até 2014 a produção não deve acompanhar o crescimento da demanda potencial de etanol, decorrente da expansão da frota de automóveis com motor flex.
Assim, é pouco provável que os preços da gasolina (que tem uma mistura de 25% de álcool anidro) e do etanol 2011 caiam como em anos anteriores. Se, por um lado, os combustíveis não darão alívio para a inflação este ano, por outro, talvez não pressionem tanto os índices em 2012. Os donos de postos estão aflitos porque acabam levando a culpa pela alta dos preços.
A Statoil, companhia norueguesa, comemorou na semana passada o início da produção em Peregrino, na Bacia de Campos, que já atingiu o patamar de 32 mil barris diários. No ano que vem, a produção deve chegar a 100 mil barris (trata-se do segundo óleo mais pesado da Bacia de Campos, com 14º API). Mas a novidade é que estão indo bem as sondagens na parte sul de Peregrino. Se os testes confirmarem os resultados preliminares, nessa parte do bloco a Statoil poderá produzir outros 100 mil barris diários, com uma outra plataforma.
No mesmo dia desta celebração, a Rolls Royce bateu o martelo para instalar, em Santa Cruz (distante 50 quilômetros do centro do Rio) a fábrica que montará turbinas destinadas à geração de energia em plataformas de petróleo e propulsão de embarcações de apoio às atividades de exploração e produção. Será um investimento de R$100 milhões. Logo que saírem as licenças (provavelmente em agosto ou setembro), as obras começarão. Junto à fábrica - que ajudará as companhias petrolíferas a atingirem o percentual de conteúdo nacional exigido nas suas encomendas de equipamentos e serviços - haverá um centro de treinamento para futuros tripulantes de plataformas e embarcações. Ponto para a Rio Negócios, que colaborou na atração do investimento.
A biotecnologia estará cada vez mais presente nas nossas vidas no futuro, mas hoje pouco se conhece sobre o seu raio de ação no Brasil. Pesquisa encomendada ao Cebrap está mapeando o que já existe e o seu potencial de expansão (número de alunos nas universidades em áreas afins à biotecnologia, por exemplo). Levantamento inicial mostrou que há 230 empresas que podem ser classificadas como atuantes na biotecnologia, 90% das quais concentradas no Sudeste (46% em São Paulo, devido, especialmente, às aplicações no agronegócio).
Cerca de 80% dessas empresas são pequenas, o que é compreensível, pois, na verdade, o que elas produzem é conhecimento. Geralmente são empresas que se complementam, como uma cadeia produtiva, pois a identificação de uma molécula por uma delas pode servir para outra encontrar uma aplicação completamente diferente do propósito original.
A molécula que não dá o resultado esperado como medicamento acaba servindo muito bem para um cosmético, e por aí vai...
O mapeamento será importante para a definição de instrumentos de apoio ao setor. Uma das principais incentivadoras da biotecnologia brasileira é a Apex, a agência que promove as exportações do país. Em 2009, em decorrência desse interesse, surgiu uma entidade, a BrBiotec (presidida por Eduardo Giacomazzi, ligado à USP) que passou a estabelecer contatos internacionais. Há no horizonte uma real possibilidade de parceria com a China e o cluster de empresas americanas de biotecnologia do Illinois. Giacomazzi, aliás, representará o Brasil no fim de junho na convenção anual Bio International. A convenção chega a reunir 20 mil participantes e este ano será em Washington.
A maioria das empresas de biotecnologia surge em "incubadeiras" ligadas a universidades (UFRJ, no Rio, e USP, em São Paulo, são dois bons exemplos). Quando"decolam" precisam de espaços maiores, preferencialmente em parques tecnológicos. As áreas em que a biotecnologia está mais presente são saúde humana e animal, agricultura e energia. No entanto, o campo de atuação é vasto e, por isso, o parque tecnológico do Inmetro, em Xerém, começa a atrair esse tipo de empresa. A primeira delas é fonte para pesquisas com células tronco. Em breve, deve se instalar lá um banco nacional de material biológico. A Investe Rio, agência de fomento do governo estadual, está também preparando para levar ao forno um programa de financiamento a pequenas e médias empresas de biotecnologia.
Não basta ter a banda larga, é preciso dar utilidade à ela. No caso da maioria dos brasileiros, a banda larga deveria servir para que as pessoas pudessem ter acesso pela internet a informações e serviços públicos.
Dar mais utilidade à banda larga e à internet será o mote das discussões do 55º Painel da Telebrasil, que será realizado esta semana (quarta e quinta-feira) em Brasília.
Mas o tema dos bastidores deverá ser o contrato que a Telebrás ressuscitada assinou para utilizar a infraestrutura de telecomunicações da Petrobras. Se tivesse feito uma licitação aberta a outros interessados, a Petrobras ganharia muito mais.
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