domingo, abril 24, 2011

Tensão entre petistas - REVISTA VEJA



Tensão entre petistas
REVISTA VEJA

O deputado Ricardo Berzoini ameaça revelar "segredo" do PT caso o governo continue reduzindo sua influência nos bancos oficiais


0 bancário Ricardo Berzoini foi presidente do PT ene 2005 e 2010, período em que Lula resistiu ao escândalo do mensalão e conquistou a reeleição. Também foi ministro duas vezes, da Previdência e do Trabalho. Desde fevereiro, cumpre o quarto mandato consecutivo como deputado federal. É uma das mais reluzentes estrelas petiscas. Uma estrela que sempre teve nas mãos o poder de indicar aliados e vetar desafetos para cargos de direção no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal e na Previ, o biliorário fundo de pensão dos funcionários do BB. Donatário de bancos oficiais e fundações, o deputado também conquistou respeito pela lealdade que sempre demonstrou nos momentos difíceis e pela presteza e discrição com que se desincumbiu de missões espinhosas no interesse do partido. Berzoini é um daqueles quadros partidários de atuação modesta sob os holofotes, mas eficientíssima longe deles. Ele sabe seu valor e se considera um dos principais responsáveis pela ascensão do Pr ao poder. Por isso tudo está ficando cada vez mais difícil esconder o fato de que o deputado Berzoini anda inconformado com a diminuição de suas prerrogativas no atual governo. Ele já falou até em se rebelar.
O isolamento de Berzoini começou já durante a campanha eleitoral que levou Dilma Rousseff ã Presidência da República. No ano passado, aves das eleições. houve uma disputa fraticida e silenciosa, algo muito comum entre os petiscas, para indicar o sucessor de Sérgio Rosa, então presidente da Previ e antigo aliado de Berzoini. De um lado estavam o deputado com seu esquadrão sindical tentando manter o controle do fundo que tem um património de 150 bilhões de reais. Do outro, o ministro da Fazenda. Guido Mantega. que defendia uma maior profissionalização na gestão da entidade. Em meio à queda de braço. foi divulgado um dossiê que acusava Marina Mantega, a filha do ministro, de ter tentado fazer tráfico de influencia no Banco do Brasil. O documento, apócrifo. foi distribuído a várias autoridades de Brasília. O ministro Guido Mantega não teve dúvidas em identificar Berzoini como o autor intelectual da operação. A maioria das informações em oriunda de áreas restritas do Banco do Brasil, precisamente de diretorias sob o controle e a influência de aliados do deputado. Com isco, o ex-presidente do PT não só perdeu a disputa pela Previ corra ganhou um desafeto poderoso. Com a vitória de Dilma. Mantega foi reconduzido ao cargo de ministro da Fazenda.
Escalado pela presidente para definir as novas diretorias dos bancos oficiais, Mantega contrariou fronalmente o camarada Berzoini. A primeira mas digerível estocada de Mantega no prócer partidário foi a declaração de que era preciso "profissionalizar" as diretorias dos bancos oficiais. Ainda sob Lula, Mantega já havia exonerado vice-presidentes do Banco do Brasil indicados por Berzoini. Não houve maiores traumas. Berzoini e sua turma engoliram a explicação de que o BB precisava melhorar sua gestão a fim de fazer frente aos concorrentes privados. Agora. com Dilma, foi a vez da Caixa Económica Federal. A renovação das diretorias afastou os últimos sindicalistas ligados a ele. Como é tradição no universo petisca a mágoa e a perda de prestígio andam de mãos dadas com o fogo amigo e as denúncias. Berzoini não escapa 8 regra. Em uma reunião partidária recente, ele fez questão de se mostrar Indignado". Reclamou de que Mantega havia se comprometido a não demitir os quadros do partido na Caixa e, na presença dos lideres do Pr na Câmara e no Senado. disse que o partido estava sendo deliberadamente afastado dos cargos de cromando nos bancos oficiais. Berzoini foi aos detalhes e aos nomes. Disse que a presidente Dilma Rousseff e Guido Mantega querem mestra isolar os petistas, principalmente quando eles são petistas-sindicalistas, como é o caso dele.
O encontro teve momentos de tensão. Segundo um petista com gabinete no Planalto. Berzoini disse que terá de reagir caso continue a ter seu poder esvaziado pelo governo. Ameaçou, conforme o relato, tornar públicos detalhes constrangedores para o partido e para pessoas do governo, citando especificamente o caso Bancoop. A Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo é um dos calos do PT. O Ministério Público acusa os petistas de desviarem dinheiro da entidade. que deveria construir casa para seus cooperados, e usá-lo em campanhas eleitorais do partido - uma modalidade de caixa dois. As investigações apontam João Vaccari Neto, aliado de Berzoini, sucessor do deputado na administração da Bancoop e atual tesoureiro do PT, como uni dos pivôs do crime. Berzoini também presidia o PT quando explodiu o escândalo dos aloprados, e petistas foram presos tentando comprar um dossiê falso contra os adversários com dinheiro cuja procedência ainda é desconhecida. O que Berzomi teria a revelar sobre esses episódios? Quem conhece as entranhas do partido sabe a resposta
Conhecedores das liturgias petiscas contam que Berzoini conseguiu se desgastar ao mesmo tempo com Lula e Dilma. Com Lula, por ter votado com os sindicaios e contra o planalto na questão do "fator previdenciário", que visa a retardar a aposentadoria Ficou mal com Dilma por ter apoiado a eleição do petisca gaúcho Marco Maia para a presidência da Câmara dos Deputados. A presidente tinha fechado com o nome do líder Cândido Vaccarezza Os pares de Berzoini tentam demovê-lo da ideia de se rebelar, lembrando que o PT manteve duas vice-presidências estratégicas na Caixa, a de recnologia da informação e a de logística °A disputa eterna entre sindicalistas e diretores vindos do mercado estava na raiz da ineficiência da Caixa. O governo esta montando uma equipe mais harmônica", diz um dirigente nacional do PT. Berzoini insiste que seu grupo vem perdendo espaço dentro do próprio partido. "A equipe que assumiu a Caixa é de gene do mercado mais afeita ao Fernando Henrique Cardoso. Se a Dilma quer governar com tucanos. obviamente não vai dar certo. Não vai terminar bem", diz um petisca que serviu de ombro e ouvidos amigos para as queixas de Berzoini. Amargas para ele e seu grupo, as lagrimas de Berzoini são um bálsamo para os brasileiros-quanto menos companheiros ocuparem cargos apenas por ser companheiros. melhor para a gestão da coisa pública e melhor para o Brasil.

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